Era um dia entediante no escritório, eu não era obrigada a trabalhar ali, mas justo hoje meu chefe resolver querer falar comigo.
- Srta.Monroe. - Minha secretária Giliana entrou em meu escritório.
- Sim.
- O Sr.Adams solicita sua presença.
- Obrigada, já estou indo. - ela saiu da minha sala e eu coloquei os dois pés em cima da mesa. - Vou só daqui meia hora. - é eu sou folgada mais do que permitem, mas eu sei o que aquele chato ia perguntar: "Já terminou o texto, que eu te pedi, sobre aquele artigo personalidade forte?". O problema nem é fazer o texto, o problema é como ele quer. Eu não sei criar um garoto com tanta personalidade forte, pra falar a verdade nunca vi um, e ele não para de me cobrar isso.
Eu to sob a pressão de recém laçamento de um livro meu, e eu já tenho seguidor demais. A verdade eu nem sabia como eu ia fazer esse personagem, ele tinha que ser único, um personagem que fosse forte, tivesse seus defeitos, mas que isso o deixasse mais engraçado e legal. Onde eu ia achar inspiração, num escritório? E eu odeio trabalhar em escritórios.
Me levantei dali e fui em direção da sala do Sr.Adams que era o meu chefe e não sei porque me chamava pra falar pessoalmente com ele. Peguei o elevador e fui pro andar de cima o da sala dele, passei pelo corredor e entrei na sala dele, a secretária dele sabia que eu estaria entrando.
- Jennifer. - ele disse com a maior naturalidade do mundo.
- Oi, John. - eu podia chama-lo assim. - E antes que pergunte eu ainda nem comecei a escrever.
- Jen, sabe que tem que terminar isso.
- Eu sei, é que eu não to achando uma inspiração pra eu escrever. - respondi.
- Sabe que você pode trabalhar em casa, você só trabalha em casa mesmo. - ele disse e eu ri. Eu optei por trabalhar em casa, porque eu odiava escritório, mas eu tive que vir hoje porque John queria conversar comigo.
- Posso sair agora de tarde? Quero ver se consigo pensar em alguma coisa.
- Claro, pode sim. - ele disse.
- Obrigada. - agradeci e saí da sala dele. Passei pelo corredor e pela secretária dele, mas ela me chamou.
- Jen. - ela me chamou e eu voltei na mesa dela. - Parabéns por seu livro.
- Ah, obrigada, aquilo foi um sonho realizado. - disse. Eu tinha acabado de lançar um livro e isso foi ótimo pra mim.
- Já está indo? - ela perguntou. Eu gostava de sair com ela.
- Já, mas liga pra minha irmã, a gente combina de sair.
- Ok, sou louca pra sair com sua irmã. - ela disse me fazendo rir. Todos eram, minha irmã virou ícone dessa empresa. Saí de lá correndo pro elevador e entrei já com pressa.
Quando cheguei no térreo, desci as escadas e saí da empresa. Eu estava com vontade de comer um doce, então resolvi ir à um café que tinha perto da empresa, mesmo eu estando com carro. Entrei em meu carro e dirigi até o café, era menos de um quilômetro dali. Estacionei perto do café e desci com meu caderno de anotações entrando no estabelecimento. Ele estava vazio, tinha apenas uma senhora em uma das mesas.
- Olá, Jen. - a moça do balcão disse. Resolvi me sentar lá.
- Oi, Mary. - disse. Ela já me conhecia, adorava aquele café.
- O bolo de sempre? - Mary perguntou. Eu sempre pedia bolo de prestígio.
- Ah, claro. - respondi. Ela abriu o lugar onde os bolos ficavam e tirou um pedaço do bolo de prestígio, colocou num prato e me deu.
- Novidades? Algum livro ou texto em mente? - ela me perguntou.
- Eu tenho que escrever um artigo.
- Nada demais pra você. - Mary disse.
- Ah claro, se você tivesse uma inspiração. - disse comendo um pedaço do bolo.
- Qual o tema?
- É sobre um garoto de personalidade forte. - disse e escutei o sino da porta ser tocado, alguém entrou no café. - Só que aonde eu vou achar um garoto de personalidade forte?
- Pode me seguir com o olhar por um segundo? - ela perguntou maliciosa e eu assento com a cabeça.
- Mas porque? - perguntei, mas ela não respondeu. Saiu de trás do balcão e foi até uma mesa onde tinha um garoto de cabelo colorido vermelho, ele que acabou de entrar no estabelecimento. Ele estava com a mochila do lado e um caderno escrevendo nele.
- Oi, Mike. - ela disse.
- E aí, Mary. - ele disse.
- Quer o sanduíche de sempre?
- Ah, claro. - ele disse. Mary caminhou de volta até o balcão. Aquele garoto me chamou a atenção, ele era alto e não parecia ser muito velho, usava roupas pretas e blusas de banda, seu cabelo era vermelho e ele tinha um piercing na sombrancelha. Quantos anos ele tinha?
- Gostou do Michael? - Mary me tirou a atenção do garoto que estava concentrado no caderno.
- Ah? - perguntei.
- Ele te atraiu não é? - ela perguntou. Na verdade eu queria saber se o garoto tinha personalidade.
- Quantos anos ele tem? - perguntei.
- Dezoito. - ela disse. Eu tinha vinte e um, não era muito velha. Mas porque eu me preocupei com isso? - Ele seria um bom personagem no seu texto.
- Sério? - perguntei. - De onde conhece ele?
- Já nos beijamos. - ela disse e eu abri a boca num perfeito "O".
- Mary, você tem quase vinte e três anos. - Cochichei.
- Eu sei, mas acha que eu ia perder um gatinho desse? - ela perguntou apontando pro garoto. - Ele tinha dezesseis anos.
- Dezesseis! - cochichei mais alto que devia.
- Eu disse, ele tem personalidade. - ela disse. - Pena que ainda ta no colégio.
- Ele ainda ta no colégio? - perguntei. Não seria má ideia eu jogar minha irmã pra cima dele.
- Jen, você ta surda? - ela perguntou rindo de mim. Eu perguntava tudo o que ela dizia.
- Não estou. - disse e ela riu.
- Ele sempre vem aqui depois do colégio, ele gosta de fazer o dever dele aqui. - ela disse. - Vai lá conversar com ele. - ela disse colocando o sanduíche dele na minha frente.
- Ta doida? Eu nem conheço ele. - disse.
- Ele vai precisar de ajuda, já é um motivo pra você conversar com ele. - ela disse.
- Ta bom. - disse pegando o sanduíche dele e o meu bolo.
- Boa sorte. - Mary disse irônica. Levei até a mesa do garoto, quase travei eu não sabia o que falar. Vamos Jen, você escreve histórias, invente uma rápido.
- Hey, posso me sentar aqui? Tenho que escrever uma redação e a Mary não cala a boca. - disse e o garoto apenas me olhou e apontou pra poltrona na frente dele, me sentei. - Ah, a Mary pediu pra te entregar seu sanduíche.
- Ta. - foi o que ele respondeu. Puxou o sanduíche e deu uma mordida. Fingi estar escrevendo e comecei a observar. Ele nem se movia do lugar, ele mordia o sanduíche e escrevia no caderno dele, ele era mais chato que eu e eu sou escritora, ele é estudante. Peguei o meu bolo e comi mais um pedaço.
- Sabe, eu achei que você tinha amigos. - escutei a voz dele. Como assim ele achou alguma coisa da minha vida?
- O que? - perguntei e ele riu.
- Achei que tinha amigos, Monroe. - ele me chamou pelo meu sobrenome. Ele me conhece? Caramba, ele me conhece.
- Pode me chamar de Jen, e como me conhece? - perguntei.
- É o assunto do momento não é? Seu livro "Our Secret" fez sucesso com as garotas da minha escola. - ele disse.
- Você leu? - perguntei.
- Claro que não, seu romance é pra meninas. - ele disse. Machista.
- E você lê? - perguntei.
- Gosto de alguns livros, mas isso não vem ao caso. - ele disse.
- Já que me conhece, vamos parar de rodeios? - perguntei.
- O que você quer? - ele perguntou.
- Preciso de uma coisa sua. - disse.
- E o que seria?
- Sua personalidade. Preciso de um garoto com personalidade forte, você é bom para o meu personagem. - disse.
- E o que você quer que eu faça?
- Apenas aja naturalmente. - eu disse.
- E o que eu ganho em troca? - ele perguntou. Ele é ótimo negociador.
- Um sanduíche desse todos os dias. - respondi.
- Ok, mas quero mais coisa.
- O que você quer? - perguntei.
- Uma coisa, mas isso eu te falo depois. - ele disse.
- Ok, mas vai ter que se mudar. - eu disse.
- Pra onde? - ele perguntou.
- Pro meu apartamento, tenho que ver cada coisa que você faz. - eu disse. Ok, eu exagerei, mas já foi.
- Não tem medo que eu faça alguma coisa? - ele perguntou.
- Você só tem dezoito anos, e eu luto karatê. - disse e ele sorriu. Era um sorriso sínico.
- Ok, mandona, aceito sua proposta. - ele disse. Voltei á comer meu bolo, mas eu tinha perdido um pouco da fome ou era o doce que estava me enjoando.
- Hmpf. - rosnei empurrando o último pedaço do bolo pro lado.
- Quer trocar? - ele perguntou. Estava com metade do sanduíche.
- Sério? - perguntei.
- Você tem alguma doença na boca? - ele perguntou.
- Não. - disse. - E você?
- Muito menos. - ele respondeu e trocou nossos pratos.
- Não tem nojo da minha boca? - perguntei quando o vi colocando a minha colher na boca.
- Sua boca é gostosa, estava chupando balinha de cereja? - ele perguntou. Como ele sabe? Minha boca gostosa?
- E-estava. - gaguejei. - Como sabe?
- Da pra sentir na colher. - ele disse comendo um pedaço do bolo. - Gosta do mesmo bolo que eu. - ele disse. - Sabe, acho que comer na sua casa vai ser bom.
- Você colocou a colher na boca que passou na boca de uma desconhecida. - disse e ele riu.
- Eu conheço você, Jen. - ele disse. - Uma escritora, e acredito que por isso você nunca vai ter o hálito cheirando a bode. - ele disse me fazendo soltar uma gargalhada. Nisso ele tinha razão, meu hálito sempre era tratado.
- Vai fazer alguma coisa depois daqui? - perguntei comendo um pedaço do sanduíche, que era muito gostoso.
- Não. Porque? Quer me levar à algum lugar, escritora? - ele perguntou com ironia. Agora ele tava chato.
- Me chama de Jen, não precisa ficar me chamando assim. - disse e ele terminou o bolo.
- Já que é boa em manuscritos, pode ajudar em minha redação? - ele perguntou. Ele estava fazendo uma redação?
- É uma tarefa de casa? - perguntei pegando seu caderno e o lápis que ele estava usando.
- Sim, mas eu sou péssimo com isso. - ele disse. As idéias dele não eram ruins, mas tinha erros gramaticais, espaços muito largos e não tinha parágrafo.
- Quer que eu te ajude? - perguntei.
- Sim, vale três pontos só esse texto. - ele disse. Decidi anotar no canto as coisas que ele tinha errado naquele texto. Terminei de escrever e passei pra ele que iniciou a ler. - Erros gramaticais, fazer parágrafos... Ta me achando com cara de escritor?
- Acha que escrever é fácil? - perguntei e ele se calou.
- Pode me ensinar isso?
- Posso, mas não aqui. - disse. - Quer sair comigo?
- Porque não? - ele respondeu sorrindo. - Me leva no meu colégio pra eu pegar um caderno.
- Ok. - disse e me levantei com ele.
- Isso é loucura. - ele disse e eu ri. Paguei Mary, o meu bolo e o sanduíche dele. Saímos dali e entramos no meu carro.
- Eu sei que é loucura, Michael. - disse e ele me olhou curioso.
- Não te disse meu nome, como sabe? - perguntou desconfiado.
- Mary me disse. - respondi colocando o cinto.
- Ah, Mary. - Ele respondeu esperei ele colocar o cinto, mas ele continuou parado.
- Coloca o cinto. - disse e ele me olhou com uma cara de dúvida.
- Não! - praticamente berrou. Tenho que anotar essa teimosia dele. Escrevi no bloco de notas isso que ele fez e coloquei em cima do meu colo.
- Você vai colocar. - disse e me estiquei pegando o cinto e passando nele.
- Você é chata, em? - perguntou enquanto eu ligava o carro.
- Só não vou pagar multa por sua causa. - respondi e ele riu.
Dirigi até o colégio dele, que por sinal era o mesmo da minha irmã. O caminho foi silencioso, ele não falava muito, na verdade ele estava meio calado.
Quando chegamos ao colégio, estacionei numa vaga e ele desceu do meu carro chamando atenção de um monte de garotos clichês de colégio.
- Clifford, saindo com garotas fora da escola? Essa é boa. - um babaca de casaco do time disse, revirei os olhos encostando a cabeça no volante.
- Vê se não enche, Carl! - Mike reclamou e saiu dali. O garoto olhou em minha direção e veio até mim. Pena que o vidro estava aberto.
- Aí, gata, quer sair comigo?- perguntou.
- E porque eu sairia? - pertuntei.
- Para a melhor experiência da sua vida. - ele disse convencido e eu comecei a rir.
- Faça-me um favor, eu sou três anos mais velha que você. - disse rindo dele. - E tem outra, quer se aproveitar do meu dinheiro.
- Quero mesmo. - ele disse. - Deve ser filha daqueles empresários.
- Ah não, eu não sou, eu sou outra coisa...
- Jennifer Monroe? - uma menina gritou de longe me olhando com um sorriso enorme no rosto. - Ai caramba, eu to de frente com a minha escritora.
- Oi, tudo bem? - perguntei quando ela chegou perto do meu carro.
- Posso tirar uma foto com você? - ela perguntou.
- Claro. - respondi. Ela tirou a foto comigo e na mesma hora Mike entrou de volta no carro.
- Michael? - ela perguntou surpresa.
- Ah, oi Becca. - Mike disse meio azedo.
- Aonde conheceu ela? Você está com ela? Estão namorando?
- Caramba, calma. - Mike reclamou.
- Somos apenas amigos. - respondi e ela sorriu.
- Vou contar pra todo mundo, Michael. - ela disse e saiu correndo.
- Chata. - Mike resmungou. Os outros idiotas continuavam ali nos observando. - E vocês tratem de sair daqui.
- Até mais, Clifford. - o garoto disse saindo dali.
- Mike, não tem muitas amizades, não é? - perguntei. Ele tirou a jaqueta xadrez que estava usando, ficando com uma camisa cavada.
- Não tenho, porque? - perguntou. Olhei pra mão dele, aquele tinha "X" no dedo do meio.
- Isso é uma tatuagem? - perguntei.
- É. - ele disse.
- Quantas tatuagens tem? - perguntei.
- Não te interessa, são minhas tatuagens, curiosa! - ele disse me olhando cínico.
- Nossa, Michael sério você precisa de amor. - disse e ele sorriu malicioso.
- Tem razão, faz um tempo que não faço amor. - sorriu malicioso.
- Caramba, você só fala besteira. - disse e ele revirou os olhos me remedando. - E o que foi buscar lá dentro?
- Meu violão. - ele me mostrou.
- Coloca no banco de trás. - Sugeri e ele colocou lá atrás, pelo menos nisso ele obedeceu.
- Pode me levar pra casa agora? - perguntou e eu balancei a cabeça que sim. Esperei ele colocar o cinto, mas ele não colocou. Me estiquei de novo e coloquei o cinto dele.
- Sério? - ele perguntou sugestivo me olhando nos olhos. - Vai colocar o cinto em mim toda vez que eu entrar?
- Vou, se acostume. - disse colocando o meu cinto.
- Quer que eu me mude que dia? - perguntou.
- Hoje. - disse e ele me olhou assustado.
- É sério?
- Sim, tenho um mês pra entregar meu trabalho, tenho um tempo limitado e eu preciso de você o quanto antes. - disse com o rosto próximo do dele. Ele me olhava com os olhos bem abertos.
- Porque eu? Não é apenas que tenho essa personalidade.
- Realmente, mas é de você que eu preciso, você se encaixa perfeitamente no que o meu chefe quer. - disse me afastando do rosto dele.
- Tudo bem. - ele disse.
- Vamos à sua casa pegar suas coisas. - disse e ele concordou com a cabeça
(...)
Fui até o apartamento dele, que era de tamanho normal, o ajudar à pegar apenas as roupas dele. Ele puxou uma mala e foi em direção ao guarda roupas, abriu o guarda roupa e eu me impressionou ao ver tudo desarrumado, bagunceiro esse.
Ele ele pegou tudo e jogou de uma vez na mala, espero que ele se comporte na minha casa.
- Michael arruma essa mala que nem gente. - disse rindo dele.
- A mala é minha, Monroe. - ele disse terminando de colocar tudo o que precisava na mala. Foi até o banheiro pegou as coisas que precisava e colocou na mala. Eu deixei de observar e peguei meu celular.
- Já peguei tudo. - ele disse. Deixei a atenção de meu celular e o olhei. Era só uma mala.
- Vamos. - chamei ele. Caminhou atrás de mim até sairmos do apartamento dele. Coloquei a mala dele no porta-malas. Entrei no carro e coloquei o cinto nele, mais uma vez ele revirou os olhos. Coloquei o cinto e liguei o carro saindo dali.
- Jennifer. - Mike me chamou.
- Diga. - respondi.
- Quais as regras da sua casa? - perguntou e eu o olhei.
- Regras? Não tem regras, só não faça bagunça. - disse e ele concordou com a cabeça. - Não quero que se sinta pressionado lá, tem que ser você mesmo pra eu ter informações da sua personalidade.
- Ok. - ele respondeu monossílabo. Não quero que ele se sinta mal perto de mim, afinal eu preciso que ele seja mais aberto com tudo isso.
- No café você disse que queria uma coisa, o que é? - perguntei.
- Nada. - ele respondeu.
- Michael, sei que nos conhecemos há menos de um dia, mas preciso que me dê algumas aberturas. - disse e ele pensou um pouco.
- Eu preciso de uma guitarra nova. - ele disse. Era só isso?
- O que aconteceu com a última? - perguntei.
- Quebrou. - ele disse. Como se quebra uma guitarra?
- Como se quebra uma guitarra? - perguntei rindo. É sério, pra mim isso é impossível.
- Quando um idiota pega sua guitarra e junta com outros babacas pra quebrar. Isso tudo porque você não dá confiança para as babaquices deles. - ele disse de cara fechada.
- Foi aquele idiota, o tal do Carl? - perguntei.
- Sim. - Mike respondeu ainda de cara fechada. - Quebraram ela no pátio do colégio, todos ali riram.
- Ah. - disse.
Ok, isso doeu em mim, eu tenho um certo problema que é de não gostar de ver ninguém magoado, eu tinha que deixar ele animado de novo. E eu sei que quando se está no colégio essas coisas ruins te marcam, eu não passei coisas boas na minha época de colégio.
Virei uma esquina, indo para a maior loja de instrumentos de New York. Parei em frente ela e desliguei o carro.
- O que estamos fazendo aqui? - ele perguntou. Tirei meu cinto e ele fez o mesmo.
- Comprar sua guitarra. - disse abrindo a porta do carro, mas ele se esticou e fechou a porta de novo. O rosto dele estava perto do meu, não me importei com isso.
- Não quero sua pena. - ele disse eu nao estou com pena dele, só odeio as pessoas ficarem magoados perto de mim.
- Não estou com pena, eu apenas quero te dar a guitarra. - disse. Ele largou a porta e me olhou.
- Estou abusando demais indo pra sua casa...
- Michael! - o calei. - Eu te coloquei nisso, você vai aceitar.
- Você é bem mandona quando quer. - disse sorrindo irônico.
- Eu sou muito mandona mesmo, principalmente com garotos birrentos. - disse e ele desfez o sorriso revirando os olhos.
- Chata. - ele disse.
- Anda, desce do carro. - mandei. Ele abriu a porta e saiu, fiz o mesmo e tranquei o carro. Entrei na loja ao lado dele, tinha umas duas meninas ali dentro, elas me olharam e começaram cochichar.
Um cara veio até nós e se direcionou até mim.
- Olá, o que desejam. - ele disse.
- Qual a melhor guitarra da loja? - perguntei e Mike me cutucou com o cotovelo.
- Me acompanhe por favor. - ele disse andando na nossa frente. Mike me olhou com o olhos cheios de repreensão.
- Essa guitarra deve ser a mais cara da loja. - ele cochichou. Passei a andar atrás do homem.
- E daí? Se não quiser eu fico pra mim. - disse.
- Jennifer, uma igual eu tinha já está bom. - ele tentou me parar puxando meu braço.
- Michael, eu vou comprar, não vai me fazer deisitir disso. - disse caminhando e ele vídeo atrás de mim. Quando eu coloco uma coisa na cabeça não tem a pessoa que tire ela de lá.
- Aqui. - o homem me mostrou uma guitarra vermelha com alguns adesivos nela. Peguei ela e passei pra Mike.
- Vê se você gosta. - disse. Mike tocou a guitarra, que por sinal parecia ótima, e me olhou com um sorriso. - Gostou?
- Humhum. - respondeu.
- Ótimo, vou levar ela. - disse pegando minha carteira. Mike observava a guitarra que até eu achei demais, acho que esse pode ser um bom começo pra ele se sentir menos pressionado.
- Qual a forma de pagamento? - perguntou.
- Débito. - respondi. Ele passou meu cartão, coloquei a senha e peguei minha nota fiscal.
- A guitarra tem garantia, qualquer problema é só trazer aqui. - disse o homem. Guardei a nota fiscal na minha carteira.
- Obrigada. Vamos, Mike? - perguntei e ele assentiu carregando a guitarra. Saímos da loja e entramos em meu carro. Assim que entrei ele me olhou com um sorriso de orelha a orelha. - O que foi?
- Você me deu a guitarra que eu queria. - ele disse sorrindo. ADORO SORRISOS!
- É só um presente de boas vindas, e agora trate de me ajudar, preciso que seja você mesmo em meu apartamento.
- Sim, senhora. - respondeu. Esperei ele colocar o cinto, mas ele não o fez. Me estiquei e coloquei o cinto nele.
Isso ainda vai durar muito tempo.
Continua...
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