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História Só um tempo - Quando o Sol aparecer


Escrita por: s2Beatriz04

Capítulo 1 - Quando o Sol aparecer


Mais um dia, queria que tudo acabasse bem sem precisar ser mais uma pessoa que não sou, todos querem de você algo que nunca vai existir, mas se pararmos pra pensar, sempre tem um lugar que somos nós mesmos, por exemplo... a biblioteca. 

"Mãe! Preciso ir à biblioteca para devolver o livro que tinha pegado semana passada."

Estava tudo em silêncio e eu não sabia onde ela estava, procurei na sala, no quintal, e por fim fui no quarto, vi ela jogada no chão chorando.

"Mãe? Mãe? O que foi?"

Ela segurava uma pasta pesada cheia de papéis, aquelas com vários exames médicos que a gente nem sabe o que quer dizer, por causa das letras horríveis dos médicos. 

"Olha...." 

Ela me puxou e eu me sentei do lado dela, queria ter sido avisada antes dos exames, assim teria me preparado melhor para receber um tapa tão grande. 

Quando ela me contou que tinha câncer de pele o meu mundo simplesmente caiu, as vezes a vida te deixa confortável por muito tempo, e quando isso acontecer pode ter certeza que algo horrível vem por aí. 

Mas digamos que isso não foi uma das piores coisas, minha mãe começou o tratamento logo e estava melhorando. 

No 6 mês de tratamento minha mãe foi vizitar meu pai no trabalho (ele era diretor da escola que eu estudava). Eu estava passando pelo corredor em frente a sala dele, quando vi minha mãe.

"Oi filha, como você está?" 

"Bem.... e pelo visto a senhora também"

Ela me abraçou como nunca mais fez, um sorriso tão lindo que jamais verei novamente, sua felicidade que caiu em um poço sem fundo assim que abriu a porta da diretoria.

Minha mãe saiu correndo, eu fui atrás dela, mas eu não consegui, não fui boa o suficiente para segura-la, como também não fui forte para erguer a voz contra meu pai toda vez que ele me batia e dizia coisas horríveis sobre minha mãe e quanto sua nova mulher era mil vezes melhor que ela. 

Eu sabia que não era verdade, aquela mulher jamais seria melhor que minha mãe, e meu pai nunca seria um homem de verdade, por culpa dele eu não tinha mais mãe, não tinha nem forças para andar pelo corredor da escola e ser encarada, ser motivo de piada, pelas pessoas que diziam ser meus amigos.

Com tudo que estava acontecendo eu preferia passar meu aniversário sozinha, estava muito nervosa para ler, e chorava a dias, meus olhos estavam ardendo e meu estômago começava a doer por comer só migalha a dias.

Peguei 100,00 da carteira da minha madrasta que dizia para eu pegar sempre que quisesse, e eu sabia que o nome disso era culpa, por ter destruído minha vida, e não vou dizer que eu não aproveitava a situação, porque eu pegava sempre o quanto que queria e não recebia nenhuma reclamação da quantidade. 

Pesquisei um restaurante que pudesse ir sozinha e pudesse ler pelo menos 4 linhas do meu livro favorito que já havia decorado cada palavra. 

Me sentei numa mesa bem no fundo, era muito confortável e as pessoas não eram rudes, não me perguntaram se eu iria comer sozinha como se fossem achar ruim, ou me olhar de cima a baixo pensando que eu não poderia pagar. 

Em meio de tanta confusão, eu sorri, eu me senti feliz, e do nada me veio um sentimento famíliar, e sim, era ali que eu e minha mãe íamos se esconder do mundo, passávamos horas pintando desenhos, comíamos panquecas deliciosas, e em quanto ela conversava com seus amigos que trabalhavam ali, eu brincava com um menino que hoje nem sei mais quem é. Ele sempre me protegia pelo fato de ser mais velho, e por querer o meu bem estava sempre me controlando. 

"Não corra, você vai se machucar! Sorria ou você vai ser uma velha enrugada, coma se não você vai ficar fraca, não fique triste, eu pego outra moeda pra você jogar e fazer um pedido" 

Aquela velha fonte de moedas é td que restou do meu passado. Ela ficava no meio da praça em frente o restaurante e ....

"Com licença, gostaria de fazer o seu pedido agora?" 

O mundo é engraçado, ele faz da nossa vida um caminho de rato, mas no final, todos achamos o lugar certo, achamos a saída a onde nos leva a felicidade. Queria que o meu caminho tivesse banquinhos para eu sentar depois de uma corrida imensa, mas infelizmente, a cada parada que eu dava para respirar parecia que o caminho ia se contorcendo cada vez mais. 

"Oi... oi, desculpa, ahmm.. que tal panquecas?" 

"Só as melhores! Mais alguma coisa?"

"Leite, e xarope" 

"Logo estará pronto"

"Obrigada!"

Ele sorriu, e foi um sorriso tão familiar, e a cada segundo que eu ficava ali, passava um filme diferente na minha cabeça. 

Quando acabei, pedi a conta e sai do estabelecimento, encarei seriamente a fonte, contei o trocado e peguei umas moedas. 

Só o que eu queria, era que pudesse ter pelo menos um último dia feliz com a minha mãe, ver aquele sorriso sincero e ser observada horas e horas por ela, parecia que era incansável me olhar, era tudo tão simples, tão bonito. 

E na hora que a moeda caiu na água eu sabia, que minha vida estava apenas começando. 






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