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História Só vejo você - Lágrimas De Sangue


Escrita por: MikaWerneck

Notas do Autor


Boa tarde, meninas <3
Acho que já deu para notar pelo título que o capítulo de hoje é tristinho. Fiquei com dó, mas tinha que ser assim, rs.
Não vou enrolar muito, vamos ler.

Capítulo 43 - Lágrimas De Sangue


Fanfic / Fanfiction Só vejo você - Lágrimas De Sangue

POV REBECA

Já fazia uma semana que eu estava trabalhando como caixa num supermercado e, apesar de ser bem tranquilo, eu chegava em casa todos os dias bem cansada. As moças que trabalham comigo eram legais, umas estressadas e irritadas e outras bem tranquilas. Era engraçado prestar atenção no comportamento de todas, cada uma com seu estilo. Isso era mágico. Ver que cada um pensa de um jeito, cada pessoa tem seus ideais, me fazia pensar que a vida ficava bem mais legal assim. Se todo mundo pensasse igual seria tudo muito sem graça. E toda vez que eu refletia sobre as pessoas e a vida eu me tocava no quanto eu estava sendo influenciada por Mel, ela quem me falava sobre essas coisas quando o assunto era as suas aulas da faculdade. Acho que não preciso dizer que a minha morena não saia dos meus pensamentos enquanto eu trabalha, isso estava bem claro por todos que me olhavam.

Mel estava indo me buscar todos os dias, pois como não nos víamos mais com tanta frequência durante as tardes, ficávamos morrendo de saudades uma da outra. Mel era e sempre foi a melhor parte do meus dias, podiam ser minutos ou horas, estar com ela era a minha alegria. E hoje não seria diferente, quando saí do supermercado, Mel já estava lá me esperando e me levou para casa, mas eu nunca entrava logo, sempre ficávamos namorando por um tempinho dentro do carro.

Com muita tristeza, nos despedimos e saí do carro, fiquei esperando ela ir embora, mas ela abriu o vidro e ficou me olhando.

ㅡ Te amo! ㅡ Falei para ela poder ir, mas Mel não foi, em vez disso, saiu do carro e me abraçou bem forte. Sorri e a abracei também.

ㅡ Não quero ir embora, eu ainda nem matei as saudades, só aumentou. ㅡ Mel falou e me olhou fazendo um bico.

ㅡ Eu também não quero te deixar ir. ㅡ Segurei o rosto dela e dei um beijo na ponta de seu nariz ㅡ São só mais alguns dias, prometo passar o fim de semana todinho com você. ㅡ Dei um selinho ao terminar de falar e Mel sorriu.

ㅡ Mesmo? Mas não pode voltar pra casa…

ㅡ Sim, minha linda, sem vir embora, serão dois dias inteirinhos com você. ㅡ Voltei a abraçar Mel e a rodei no ar.

ㅡ Não consigo nem acreditar, vou fazer contagem regressiva. ㅡ Mel sorria feliz e depois me beijou lentamente.

Eu amava ela demais e por ela eu era capaz de fazer loucuras. O que eu iria fazer com Lisa no fim de semana eu ainda não sabia. Deixar ela dois dias na casa da vizinha parecia ser muito abuso, mas talvez a Dona Lourdes gostasse da ideia. O problema maior seria Victória, quando eu não voltava pra casa ela fazia um escândalo e me dava uns tapas, mas depois eu pensaria nisso.

Aproveitei meus últimos minutos com Mel e entrei em casa contente, apesar de estar cansada do trabalho, ver Mel me deixava feliz. A casa estava escura e silenciosa, todos deviam estar na rua. Fui para o quarto, abri o guarda roupa para pegar roupas limpas, eu só queria tomar um banho e dormir, mas ainda precisava preparar o jantar. Pensar nisso me desanimava, mas quanto mais tempo eu demorasse, mais tarde eu iria poder me deitar.

Tirei minha blusa de frio e quando levei as mãos até minha calça para tirá-la também, minha cabeça foi puxada para trás com muita força, quase quebrando meu pescoço. Sentindo muita dor, não só no pescoço, como também na cabeça, meio que perdi o equilíbrio, mas consegui ficar em pé e me virei para ver quem havia puxado meu cabelo. Minha mãe ainda segurava uma mexa do meu cabelo e estava com uma cara horrenda.

ㅡ Ai, mãe, porque fez isso. ㅡ Meus olhos ficaram marejados.

ㅡ O que você pensa que está fazendo? ㅡ Perguntou virando um tapa bem forte em meu rosto, fazendo um estalo alto que ardeu muito, me pegando de surpresa e depois me encheu de tapas no braço. ㅡ Quando o Ricardo me contou eu não acreditei, achei que ele estivesse brigado com você, e estava inventando coisas, mas hoje ele me chamou para mostrar que falava a verdade e o que eu vejo? ㅡ Victória falava com a voz exaltada e após me perguntar isso me deu um beliscão. Tentei escapar, mas eu estava encurralada num canto entre a parede o guarda roupa e ela. ㅡ Minha filha beijando a amiga, lá na rua pra piorar a situação. ㅡ Disse voltando a me encher de tapas e eu não conseguia me defender e nem falar nada, minha voz havia sumido, eu só conseguia chorar sem som e me encolher. Fechei meus olhos e protegi meu rosto com minhas mãos.

De repente ela parou de me dar tapas e ficou quieta, achei que ela tivesse parado e descobri meu rosto, então vejo que nas mãos dela havia um cinto e a cara que ela fazia era a pior até o momento. Antes que eu pudesse falar alguma coisa, ela levantou a mão e a abaixou em seguida bem rápido, trazendo consigo o cinto que estalou em minha perna com muita força, me fazendo gritar de dor.

ㅡ Ai, para, mãe, por favor.

Mas Victória não parou, ela parecia estar domada pela raiva e voltou a me dar outra cintada e mais outra.

ㅡ Para mãe. ㅡ Pedi outra vez, me abaixando. Tentei me proteger ficando em posição fetal, mas a dor, os estalos e os gritos de Victória continuavam. ㅡ Porque está me batendo? ㅡ Eu tentava falar, mas eu já não tinha mais forças, minha voz quase não saia.

ㅡ Minha filha não é sapatão, eu não tenho filha sapatão. ㅡ Gritou, me dando mais cintadas e pegou em meus cabelos, os puxando com muita força, me arrastando pelo chão.

ㅡ Por favor, para… ㅡ Juntei forças para conseguir falar tentando ignorar as dores que queimavam meu corpo todo.

ㅡ Não, eu não tenho filha sapatão, fora daqui… ㅡ Esbravejou pegando em meu braço e tentou me levantar, mas como eu não tinha forças para me manter em pé, ela me arrastou sentada mesmo até a sala.

ㅡ Tata ㅡ Lisa correu até onde eu estava, e ficou me olhando, mas eu não consegui ver ela direito, minha visão estava embaçada. ㅡ Não chola. ㅡ Pediu e me abraçou, cortando meu coração.

ㅡ Larga essa desgraçada! ㅡ Vitória gritou e tirou Lisa dos meus braços, a jogando no sofá com força.

Quando eu vi isso fiquei com vontade de bater em Victória, ela podia me matar, mas não ia encostar na Lisa.

ㅡ Não faz isso com a Lisa! ㅡ Juntei forças e gritei, limpando meus olhos. Victória me encarou, me pegou pelos braços outra vez e me levantou.

ㅡ Cala a boca, você é uma vergonha, fora daqui. ㅡ Gritou outra vez, me empurrando até a porta.

ㅡ Não tem nada demais namorar com alguém do mesmo sexo, não faz mal pra ninguém e não é nenhuma doença.

ㅡ É doença sim, você só pode estar louca.

Foi nessa hora que vi Ricardo sentado no sofá, ele tinha um sorriso estampado no rosto, estava amando ver Victória me batendo e me colocando para fora. Isso só acabou ainda mais comigo, deixei as lágrimas lavarem meu rosto, eu amava tanto eles e eles pareciam me odiar.

ㅡ Mãe… ㅡ Solucei, segurando na porta ㅡ Por favor, eu não tenho para onde ir…

ㅡ Se vira, nessa casa você não pisa mais, você não é mais minha filha. ㅡ Victória falava muito grossa, tentando me empurrar para fora.

ㅡ O Ricardo está usando drogas. ㅡ Falei sem pensar e pude ouvir a risada de Ricardo.

ㅡ Prefiro um filho que use drogas do que uma filha sapatão. Fora daqui!!! ㅡ Esbravejou e tirou minhas mãos que seguravam a porta, me jogando para fora. Depois bateu a porta.

Cai sentada no chão e fiquei olhando para a porta, a vontade de chorar me matando por dentro. Me deixei ficar ali e me encolhi. Eu tinha sido expulsa de minha própria casa, traída pelo meu irmão e espancada pela minha mãe, porque? Pensar nisso doía tanto, que em vez de lágrimas, parecia que o que saia de meus olhos era sangue. Para onde eu iria? Tentei respirar fundo e me levantar, mas era como se meus pulmões não estivessem recebendo o ar gelado da noite direito, eu sentia pontadas muito fortes toda vez que tentava respirar. Mas não desisti de tentar levantar e fui me arrastando até sair da minha casa. Lá fora, me virei novamente para olhar para a casa que morei dezessete anos e dessa vez não consegui me controlar, deixei o choro sair e fui andando sem rumo. Meus braços e pernas e costas estavam queimando de dor, cada vez que o vento gelado batia em meu corpo, eu sentia meus braços arder muito.

Não sei se tinha pessoas pela rua, eu não enxergava nada, apenas as lâmpadas dos postes que iluminavam a rua. Lembro de ouvir algumas buzinas ao atravessar as ruas, mas eu não estava me importando com nada, eu só conseguia lembrar da raiva da Victória, dos tapas, das cintadas e da dor. A cada novo flash de lembranças, meu corpo estremecia como se estivesse levando a surra outra vez. Eu não tinha noção de quanto tempo andei ou me arrastei pelas ruas, a única coisa que eu sentia era que eu iria desfalecer a qualquer momento. Eu estava com dificuldades para respirar e chorar só piorava a situação, trancando minhas vias respiratórias. O vento gelado e forte me castigava ainda mais. Sem saber o que fazer, apenas querendo morrer, deixei meus pés me arrastarem para qualquer lugar e então percebi onde eu estava. Em meio a tanta dor e lágrimas, senti uma pontinha de esperança e fui até a porta, apertei a campainha e me abaixei, apoiando as mãos nos joelhos enquanto tentava respirar pela boca.

ㅡ Rebeca? ㅡ Ouvi a voz de Thomas me chamando e endireitei minha coluna ㅡ Meu Deus, o que aconteceu com você? ㅡ Levei a mão até o rosto para secar as lágrimas e enxergá-lo melhor. Senti uma coisa estranha na cabeça e tudo começou a rodar e escurecer, como se alguém apagasse as luzes.

 

POV MELISSA

Eu estava sentada entre meus pais, estávamos assistindo um filme que um professor recomendou. Ele seria o tema de nossa próxima aula e com jeitinho e muito drama consegui convencer meus pais a ver comigo. Eu sempre via os filmes com Beka, mas como agora ela trabalhava e estávamos nos vendo menos, eu não tinha mais com quem ver.

Papai ainda estava chateado, mas agora estava aceitando mais. Desde que ele ficou sabendo que Beka era minha namorada, ele meio que se fechou, conversava pouco, mas eu não desistia, sempre puxava um assunto, ele não podia deixar de ser o pai que eu sempre admirei, um pai exemplar. Eu sabia que ele só tinha aceitado nosso namoro por causa de minha mãe, mas isso iria ter que mudar.

Deitei minha cabeça no ombro dele, o filme era um documentário sobre o cérebro humano e apesar do tema ser interessante, estava muito chato. Olhei para meu pai e ele estava achando a mesma coisa. Quando viu que eu o olhava, fez uma careta, sorriu e apontou para minha mãe, virei o rosto para olhar e ela estava muito empolgada com o filme. Sorri e abracei meu pai, voltando a olhar para a televisão, ganhando um cafuné muito gostoso dele.

Eu já estava quase dormindo quando meu pai levantou minha mão que o abraçava.

ㅡ Deixa que eu atendo. ㅡ Meu pai falou e se levantou.

Eu devia ter cochilado, porque não ouvi a campainha. Me endireitei no sofá e olhei para a porta para ver quem era.

ㅡ Rebeca? Meu Deus, o que aconteceu com você?

Rebeca? Eu ouvi direito? Sem pensar de novo, me levantei rápido e corri até a porta, levei um susto com a cena que eu vi: Meu pai estava segurando Beka, e ela parecia estar... morta.

ㅡ BEKA! ㅡ gritei e fui para fora, levantando os cabelos dela ㅡ O que ela tem? ㅡ Perguntei ao meu pai. Ela estava de olhos fechados, o rosto molhado, desfalecida. Papai carregou ela e a levou para dentro.

ㅡ Eu não sei, Mel, ela não disse nada. Desmaiou quando me viu. ㅡ Meu pai terminou a frase e a deitou no sofá.

ㅡ O que são essas manchas? ㅡ Perguntei, vendo os braços dela cheios de vergão e me abaixei ao lado dela, passei o dedo de leve sobre os vergões e senti que estavam em alto relevo. Alguns estavam sangrando, e eu me desesperei. Abracei Beka e passei a mão em seu rosto.

ㅡ O que fizeram com você, meu amor. Acorda, por favor. ㅡ Comecei a chorar e minha mãe pegou em meu ombro.

ㅡ Calma, Mel. Me deixe examiná-la.

Eu não queria soltar ela, mas mamãe precisava examiná-la. Me levantei à contra gosto e dei espaço para minha mãe cuidar dela. Fiquei ajoelhada ao lado de Beka, dando um beijo em sua testa.

ㅡ Tom, pegue álcool e uma toalha de rosto. Rápido.  ㅡ Minha mãe pediu, segurando no pulso de Beka fazendo uma cara de preocupada.

ㅡ O que foi, mãe? ㅡ Fiquei ainda mais assustada.

ㅡ A pulsação está muito fraca, se ela não acordar, vamos ter que levá-la ao pronto socorro.

ㅡ Beka... acorda... não me deixa aqui. ㅡ Desesperada e tremendo muito, passei a mão pelo rosto dela ㅡ Me deixe ver seus olhos verdes... Deus! ㅡ Eu já estava chorando outra vez. Ver Beka desse jeito era horrível.

ㅡ Pronto, aqui está o álcool, Nick. ㅡ Meu pai apareceu e entregou as coisas para minha mãe.

Sem perder tempo, minha mãe despejou álcool na toalha e levou perto do nariz de Beka, sem encostar. Eu olhava a cena rezando para que Beka acordasse logo, eu não conseguia pensar em outra coisa, Beka precisava reagir.

Após mais uma tentativa de minha mãe, Beka deu um suspiro e abriu os olhos. Ela parecia estar assustada, a respiração ficou ofegante.

ㅡ O que está acontecendo, mãe? ㅡ Me desesperei outra vez.

ㅡ Calma, Rebeca, está tudo bem. Respira... ㅡ Minha mãe falou com Beka e colocou a mão sobre o peito dela. ㅡ Fica calma, você está segura agora.

Beka estava imóvel, fiquei em dúvida se ela estava ouvindo ou não, vê-la assim era assustador.

Passei outra vez a mão pelo rosto dela e dei um beijo em sua testa.

ㅡ Eu estou aqui, meu amor,  fala comigo.

Beka se mexeu, virou os olhos e me olhou, para o meu alívio. Ela tinha me ouvido.

ㅡ Beka... ㅡ Chorei deixando as lágrimas inundar meu rosto. ㅡ Você me assustou. Não faça mais isso. ㅡ Pedi e enchi ela de beijos.

ㅡ Mel, deixe ela respirar, ela precisa de ar.

Minha mãe pediu e eu obedeci. Me levantei e abracei meu pai. Eu ainda sentia um nó na garganta, mas ao mesmo tempo eu estava feliz por ela ter me ouvido.

ㅡ O que você está sentindo, Rebeca? ㅡ minha mãe perguntou.  ㅡ Consegue responder?

ㅡ Está queimando. ㅡ Beka respondeu quase sem voz e uma lágrima rolava por sua face. ㅡ Não consigo respirar.

Minha mãe virou o rosto e olhou para meu pai ㅡ Tom, acho melhor levarmos ela par o hospital.

ㅡ Eu também acho, vou pegar a chave. ㅡ Meu pai parou de me abraçar e foi às pressas pegar a chave do carro.

ㅡ O que houve com você?

ㅡ Minha mãe me bateu. ㅡ Respondeu ficando agitada outra vez e se sentou no sofá, estava fazendo muita força para puxar o ar.

ㅡ Sua mãe fez isso com você? ㅡ Mamãe sentou ao lado dela e a abraçou com cuidado.

ㅡ Sim. Ela me expulsou… ㅡ Beka começou a chorar, perdendo o fôlego e minha mãe tentou acalmá-la.

ㅡ Você precisa se acalmar, assim ficará difícil de respirar. ㅡ Minha mãe me olhou preocupada. ㅡ Mel, corre lá no quarto e pegue a minha bolsa que levo no trabalho.

Concordei e saí correndo, subi a escada em segundos. Eu queria muito ajudar Beka, como a mãe teve coragem de fazer isso com ela, porque apenas não a expulsou? Eu já não gostava das atitudes dela antes, agora eu a estava odiando. Mulher chata, não merece ter a Beka como filha. Bufando de raiva, peguei a bolsa de minha mãe e voltei para a sala.

ㅡ Aqui mãe, ela está melhor? ㅡ Perguntei e me sentei ao lado de Beka, a olhando com compaixão.

ㅡ Ela está muito nervosa, e isso só piora a respiração dela. Vou aplicar um calmante, vai ser bom.

Balancei a cabeça, e abracei Beka, fazendo carinho em seu rosto. ㅡ Fica calma, meu amor, o pior já passou. ㅡ Beijei o rosto dela e observei o que mamãe fazia. Ela estava preparando uma seringa, bateu o dedo nela três vezes e depois apertou um pouco, deixando um pouco de líquido cair.

ㅡ Não se mexa, Beka, vou aplicar a injeção. ㅡ Pediu e esticou o braço de Beka, aplicando a injeção diretamente na veia.

Beka nem se mexeu, nem deve ter sentido dor, estava chorando e respirando com dificuldade, além dos soluços de três em três segundos.

ㅡ Mãe, vamos levar ela para o quarto, é mais confortável, talvez seja melhor.

ㅡ Vamos, ela vai precisar se deitar, o calmante é um pouco forte. ㅡ Minha mãe concordou e se levantou, meu pai apareceu na sala e nos ajudou a levar Beka até o quarto.

Minha mãe explicou para o meu pai que tinha dado um calmante para Beka e que logo ela ficaria bem. Não seria necessário levá-la ao hospital. Também nos deixou a sós, pois sabia que Beka não estava em condições de conversar no momento e lembrar de tudo só iria piorar o seu quadro.

Me deitei com Beka na cama e a cobri, ela ainda estava gelada e precisava se aquecer. Apesar de ela estar acordada e já estar mais calma, ela estava bem distante. Ficava olhando para o teto sem se mexer. Vê-la assim cortava meu coração, nada que eu fizesse iria tirar ela de suas lembranças ruins.

ㅡ Mel… ㅡ Minha mãe entrou no quarto com um pote nas mãos. ㅡ Passe isso no machucados dela, vai aliviar a dor, ela deve estar sofrendo muito.

ㅡ Está bem mãe, vou passar. ㅡ Me sentei na cama e peguei o pote de pomada que minha mãe me entregava. ㅡ Ela está estranha mãe, é normal?

ㅡ Sim filha, o calmante é forte, mas ela precisava dele. Logo ela pega no sono. ㅡ Mamãe  se sentou na cama e sorriu. ㅡ Amanhã ela estará melhor. Quer ajuda para passar a pomada?

ㅡ Quero. ㅡ Dei um sorriso fraco e abri o pote, tirei um pouco de pomada e comecei a passar a pomada com cuidado nos machucados que tinha por todo o braço de Beka. Ela gemia de dor toda vez que eu encostava nos machucados. Quando minha mãe começou a me ajudar e Beka gemeu ainda mais, e eu fiquei morrendo de dó de continuar, mas a pomada iria tirar as dores, era necessário.

ㅡ Como uma mãe tem coragem de fazer isso com sua própria filha? ㅡ Perguntei para minha mãe, inconformada.

ㅡ Nem todas as pessoas são boas, Mel… Eu jamais faria isso com você.

ㅡ Eu sei que não. ㅡ Sorri para ela. ㅡ Te amo, mãe.

ㅡ Também te amo, Mel. ㅡ Mamãe sorriu para mim e só não nos abraçamos porque Beka estava entre nós. ㅡ Acha que ela tem mais machucados pelo corpo?

ㅡ Eu não sei, mãe, tomara que não.

ㅡ Posso ver? ㅡ Ela me perguntou e eu balancei os ombros, também estava curiosa, mas não sabia se a Beka iria se importar com isso. Olhei para o rosto dela e agora ela dormia.

ㅡ Ela está dormindo, não dá pra perguntar, mas se tiver machucados, o remédio irá diminuir a dor. Acho que ela iria querer isso.

Minha mãe balançou a cabeça concordando e puxou o cobertor, ela estava realmente preocupada, levantou a blusa dela e não tinha machucados na barriga. Senti um alívio, mas quando viramos ela de lado, vimos que as costas dela estava cheia de machucados e sangrando.

ㅡ Nossa, isso deve estar doendo muito, pobre Rebeca...ㅡ Minha mãe falou analisando-a e pediu que eu a segurasse sentada, para ela poder fazer um curativo.

Sem dúvida, as costas dela era o local mais judiado, estava praticamente em carne viva. Minha mãe cuidou do local com cuidado e depois de abaixar a blusa dela, pediu que eu a deitasse novamente.

Olhamos nas pernas dela e também encontramos vergões, mas como ela estava com calça jeans, a pele foi protegida e não sangrava. Cuidamos dela e voltamos a cobrí-la. Beka agora dormia profundamente e mesmo se mexêssemos nela, ela não se mexia e nem sentia mais dores. Isso me deixava mais tranquila, mas eu sabia que era efeito do calmante, quando ela  acordasse tudo viria à tona novamente.

ㅡ Não se preocupe, Mel. ㅡ Minha mãe disse e veio do meu lado, pegou em meu ombro ㅡ Ela vai ficar bem, vamos cuidar dela.

ㅡ Dói ver ela assim, mãe. É muito cruel o que fizeram com ela.

ㅡ É horrível, a mãe dela não tem coração. Vamos esperar ela acordar e se ela quiser, podemos fazer um boletim de ocorrência. ㅡ Disse e me abraçou ㅡ Agora vá dormir e se a Beka precisar de algo é só me chamar.

Eu sorri e me deitei ao lado de Beka. ㅡ Obrigada, mãe, você é um anjo.

ㅡ Sou apenas uma mãe, agora descansa, Mel. ㅡ Me deu um beijo na testa e sorriu. ㅡBoa noite meu amor.

ㅡ Boa noite, mãe. ㅡ Dei um leve sorriso e assim que ela saiu do quarto me virei para olhar meu amor.

Tão linda e tão sofrida, eu não conseguia entender porque Victória era tão má com ela Beka não merecia passar por tudo isso, e a partir de hoje ela não iria sofrer mais. Eu não iria permitir que mais ninguém fizesse mal a ela.

Me levantei para dar um beijo, nela e passei a mão em seu rosto com carinho.

ㅡ Dorme em paz, meu amor. Vou te proteger, não se preocupe. Te amo muito!

Me deitei tomando cuidado com o braço dela e encostei meu rosto no dela. A partir de hoje minha ruiva linda seria apenas feliz.


Notas Finais


Perdão por ter judiado da ruiva =/


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