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História Só vejo você - Balançada


Escrita por: MikaWerneck

Notas do Autor


Oiiie, alguns contratempos me impediram de vir aqui antes, porém agora vai ;D

Capítulo 66 - Balançada


Fanfic / Fanfiction Só vejo você - Balançada

POV BIANCA

Parei na recepção em busca de novas informações sobre Rafa e me disseram que ela estava sendo submetida a uma cirurgia, mas que ainda não tinham informações sobre o quadro clínico dela. Ouvir isso me deixou mais aliviada, finalmente estavam realizando a cirurgia que ela precisava, mas mesmo assim eu ainda sentia meu coração apertado, pois me lembrava que o recepcionista havia dito que qualquer cirurgia poderia colocar a vida dela em risco. Após passar meus dados para a recepcionista, ganhei um adesivo para visitante com meu nome, o andar e o número da sala onde eu deveria esperar até a cirurgia terminar. Também recebi instruções de que era para colar o adesivo na altura do peito, no lado esquerdo da minha blusa e só retirar quando eu deixasse o hospital. Me virei para ir até o elevador e quase trombei com um homem alto e forte, num terno engomado. Levantei meu rosto para olhá-lo e notei que ele possuía traços muito semelhantes aos de Rafa, tendo a mesma tonalidade castanho nos cabelos, a mesma cor de pele e de longe, tirando a estatura exageradamente alta, se via que ele era o primo dela.

ㅡ Não pude deixar de ouvir a conversa, você conhece a Rafa? ㅡ Perguntou sério, mas pude ver que estava muito curioso ㅡ Eu sou primo dela.

ㅡ Sim, sou uma amiga ㅡ Menti, afinal, não sabia se Rafa já tinha contado sobre nós para ele. ㅡ Eu que falei com você no telefone aquela hora.

ㅡ Que bom que te encontrei aqui, eu queria mesmo te agradecer pessoalmente por ter se preocupado tanto com a tampinha. ㅡ Falou e me estendeu a mão direita com um leve sorriso ㅡ Prazer, Maurício!

ㅡ Bianca. ㅡ Sorri e peguei a mão dele com educação. ㅡ Não precisa agradecer.

ㅡ Claro que precisa, a Rafa é tão sem juízo, fico feliz em saber que ela tenha em seu círculo de amizades pessoas que se preocupam com ela. Muito obrigado mesmo. ㅡ Deu mais um sorriso ㅡ Está indo para a sala de espera?

ㅡ Estou.

ㅡ Podemos ir juntos, também estou indo para lá.

Concordei e fomos juntos até a sala de espera que ficava no bloco da Unidade de Terapia Intensiva. Na sala havia várias pessoas, então nos sentamos num canto onde parecia estar mais tranquilo. Como parecia que a cirurgia iria demorar, liguei para Mary e avisei que não tinha hora para voltar para casa, depois pedi que meu motorista fosse embora pelo mesmo motivo. Guardei meu celular na bolsa e notei que o primo da Rafa me olhava, não sei se já fazia alguns minutos, pois eu estava distraída enquanto fazia as ligações e nem tinha percebido.

ㅡ Quando falei com você pelo telefone não imaginei que fosse assim tão elegante, normalmente as amigas da Rafa são todas descuidadas.

ㅡ Obrigada pelo elegante. ㅡ Dei um meio sorriso me perguntando se ele estava só sendo sincero, porque eu era mesmo muito vaidosa perto da Rafa, ou se ele estava flertando comigo. Decidi mudar o assunto ㅡ Vejo que conseguiu falar com os pais da Rafa sobre a autorização para a cirurgia.

ㅡ Na verdade eu liguei aqui no hospital antes de falar com meus tios e exigi que começassem logo a cirurgia senão eu iria processar o hospital e toda a equipe médica por esse descaso.

ㅡ Fez muito bem, eu achei um absurdo saber que talvez ela não pudesse mais mexer o braço e por isso fui procurar alguém que pudesse ajudar. Por sorte encontrei a Tatiane e ela te ligou.

ㅡ Obrigado, espero que dê tudo certo na cirurgia, a Rafa irá surtar se não puder mais mexer o braço.

Eu também esperava e torcia para que a demora em ter conseguido a autorização para a realização da cirurgia não tivesse afetado os movimentos do braço dela. Apesar de todo o mal que ela quase causou em minha família, eu não queria que nada de mal acontecesse com ela. Ao pensar nisso, lembrei dos pais dela, ela estava correndo risco de vida, será que nem assim eles tinham compaixão?

ㅡ Então você conseguiu falar com os pais dela? ㅡ Perguntei.

ㅡ Consegui, eles ficaram bem preocupados, mas falei que iria cuidar da Rafa e de toda a parte burocrática.

ㅡ Mas então eles não virão para cá? ㅡ Fiquei indignada.

ㅡ Meus tios são muito cabeça dura, mas eu consegui convencê-los a vir, talvez cheguem no sábado.

ㅡ A filha deles está correndo risco de vida e eles não estão nem aí, que pais desnaturados são esses?

ㅡ É uma longa história, eu até te contaria tudo, mas a Rafa odeia quando tocamos nesse assunto, prefiro deixar ela mesma te contar.

ㅡ Tudo bem, o importante é que eles vão vir. ㅡ Não contei para Maurício que já sabia o motivo por eles serem assim e muito menos que eu era o motivo. Ele não sabia quem eu era e achei melhor assim, se soubesse poderia até me expulsar do hospital.

Não sei por quanto tempo ficamos conversando sobre Rafa e coisas aleatórias, ele conseguiu me distrair e a minha ansiedade até diminuiu um pouco, mas eu ainda continuava preocupada e quanto mais os minutos passavam, mais eu tinha com medo de algo ter dado errado. Sempre que alguém com um jaleco branco passava pela sala, eu imaginava que iriam vir falar conosco, nos dar alguma informação, mas esse momento nunca chegava. Olhei para minhas mãos num minuto que Maurício e eu ficamos sem assunto, tentando ter pensamentos positivos de que tudo iria dar certo e então ouvi a voz de Tati, perguntando como a Rafa estava, levantei a cabeça e pude confirmar a presença dela. Por um segundo não gostei de vê-la, mas depois pensei que tudo o que Rafa precisava agora era ter por perto pessoas que gostavam dela, não tinha porque eu ser egoísta nesse momento. Deixei ela e Maurício conversando e tentei manter meus pensamentos positivos, balançando os pés ansiosa. Vi mais um homem com um jaleco branco entrando na sala, ele tinha jeito de ser médico e estava muito sério. Olhou na prancheta e disse o nome completo de Rafa num tom de voz que todos ali presentes pudessem ouví-lo. Meu coração acelerou e antes que eu pudesse dizer alguma coisa, Maurício e Tati se levantaram. O médico, vendo o gesto deles, se aproximou e eu acabei imitando-os, ficando em pé também.

ㅡ Boa noite! ㅡ Disse o médico primeiramente, nos olhando ㅡ A cirurgia foi muito bem delicada, tivemos algumas complicações pelo fato dela estar com os sinais vitais muito baixo, o que acabou atrasando um pouco a cirurgia, mas conseguimos realizá-la, preservando a vida da Rafaela. ㅡ Ouvir que Rafa estava viva aliviou o meu medo e respirei fundo, dando um leve sorriso ㅡ O tempo para a realização da cirurgia fez um grande diferencial.

ㅡQue bom, doutor, então ela vai ficar bem? ㅡ Maurício perguntou preocupado, como se estivesse lendo meus pensamentos.

ㅡ Ainda é cedo para afirmar, mesmo tendo feito tudo o que podíamos para mantê-la viva e movimentando o braço, só vai depender de como o organismo dela irá reagir. As primeiras 24 horas são muito importantes, por isso iremos mantê-la em observação e em um coma induzido para que ela não sinta dores. Imagino como vocês devem estar se sentindo com toda essa situação, por isso vou permitir que façam uma breve visita e entrem um de cada vez no quarto por cinco minutos.

Meu alívio não durou muito tempo, assim que o doutor disse que não podia afirmar se ela iria ficar bem, voltei a ficar apreensiva. Como eu não tinha nenhum grau de parentesco com a Rafa e apesar de estar morrendo de vontade de vê-la, deixei Maurício entrar no quarto primeiro e me sentei. Tatiane se sentou ao meu lado me dizendo que a Rafa iria sair dessa, mas eu não conseguia ficar tranquila.

ㅡ Você vai ver, logo ela estará em cima de um skate outra vez. ㅡ Deu um sorriso e tocou a minha mão. Eu estava tão insegura, que deixei ela me tocar.

ㅡ Não deixe ela fazer isso nunca mais. ㅡ Só de imaginar a Rafa andando num skate, eu já ficava apavorada.

ㅡ Proibir a Rafa de fazer o que gosta será uma tarefa difícil. ㅡ Tati riu, mas logo parou, ficando em silêncio por alguns segundos pensativa. Tocou em meu ombro e quando virei meu rosto para olhá-la, disse: ㅡ Quer ver a Rafa no meu lugar? Ao invés de cinco, ficaria lá por dez minutos.

Essa proposta era irrecusável, mas eu não podia aceitá-la, Tati também era amiga da Rafa e há muito mais tempo que eu e, mesmo não estando deixar aparentar, ela também estava muito preocupada.

ㅡ Sei que você também quer ver ela, eu não posso aceitar o seu convite.

ㅡ Mas eu aposto que a Rafa iria preferir mais a sua visita do que eu a minha.

ㅡ Eu também acho, mas é melhor você entrar para vê-la também, até porque não iríamos convencer o doutor, ele foi muito claro nos cinco minutos.

ㅡ Você tem razão, mas pensa no que eu falei? Mesmo que não queira admitir, eu sei que você a ama, assim como ela te ama. Dê mais uma chance, escuta o que ela tem pra te falar…

Maurício voltou e interrompeu o que Tati dizia, pedindo pra uma de nós duas acompanhar uma enfermeira até o quarto onde Rafa estava. Tati deixou que eu fosse antes dela e assim eu fiz. Me levantei e acompanhei a enfermeira que estava nos esperando. Fui pensando nas últimas palavras de Tati, dar mais uma chance parecia besteira, eu só estava preocupada, só queria saber se Rafa ficaria bem, só isso!

A enfermeira abriu uma porta após passarmos por um imenso corredor com vários quartos. Assim que entrei no quarto e vi Rafa tão pálida, meu coração acelerou mais uma vez. Me aproximei e parei ao lado da cama, onde Rafa dormia serenamente. Ela ainda precisava da máscara de oxigênio para respirar e ainda tinha um aparelho irritante que indicava como estava seus batimentos cardíacos, me deixando ainda mais preocupada. Agora eu podia ver o braço dela quebrado, todo enfaixado descansando sobre a sua barriga. O outro braço, que antes recebia uma transfusão de sangue, agora estava recebendo lentamente um líquido incolor. Em seu rosto havia alguns arranhões e hematomas, imaginei como tudo isso devia estar doendo e dei graças por ela estava dormindo e não sentir nada. Senti a necessidade de tocá-la, mas fiquei com medo de machucá-la ainda mais. Afaguei os cabelos dela, imaginando que ali talvez não estivesse tão sensível como o resto de seu corpo, e sorri com tristeza. Vê-la tão fragilizada e imóvel estava despedaçando meu coração.

ㅡ Oh, Rafa... sua doidinha convencida, fica bem logo, tá? ㅡ Pedi tentando conter que minhas lágrimas escorressem por minha face.

Foram os cinco minutos mais rápidos da minha vida e quando fui informada que o tempo havia acabado, fitei Rafa pela última vez e, sem conseguir evitar, depositei um beijo em sua testa. Talvez essa imagem dela nunca mais saísse da minha cabeça, estava sendo horrível vê-la assim. Sem vontade, deixei o quarto e acompanhei a enfermeira novamente até a sala de espera. Tatiane, ao me ver, me abraçou sem dizer nada e depois seguiu a enfermeira. Fiquei meio que embaraçada com este gesto e me sentei ao lado de Maurício, ele sorriu meio sem graça.

ㅡ Foi estranho ver minha prima nesta situação também, mas ela vai sair dessa, você vai ver.

“Também”? A minha cara devia estar péssima para Tati ter me abraçado do nada e agora estava Maurício falando assim. Joguei meus cabelos para trás e ajeitei-os, numa tentativa de melhorar a minha imagem.

ㅡ Eu sei, ela vai ficar bem. ㅡ Sorri levemente, ela tinha que ficar bem.

ㅡ O doutor disse que o melhor que podemos fazer no momento é irmos para casa descansar. A Rafa vai dormir nessas 24 horas, não há necessidade para ficarmos aqui.

ㅡ Está bem, mas você me mantém informada?

ㅡ Claro que sim. ㅡ Disse e abriu o terno, tirando um cartão do bolso interno e me entregou ㅡ Aqui está meu número, pode me ligar a hora que quiser.

ㅡ Obrigada! ㅡ peguei o cartão e li: “Maurício G. Collins, advogado criminalista” e logo abaixo o endereço de onde ele trabalhava. Guardei na bolsa e peguei meu celular, levei um susto ao ver que já eram duas e meia da manhã, eu estava completamente perdida no tempo. Vi que havia uma ligação perdida e uma mensagem, ambos de Beka. Abri a mensagem que perguntava como Rafa estava e fiquei olhando para a tela do celular pensando numa resposta.

ㅡ Sabe que olhando seu sobrenome, ele não me é estranho… ㅡ Maurício comentou olhando no adesivo em minha blusa.

ㅡ Tem tanta gente por aí que tem ele, deve ser por isso ㅡ Falei sem dar muita importância, guardando meu celular e só então me lembrei que a Rafa havia comentado que foi o primo dela que era advogado quem fez a denúncia contra meu pai.

ㅡ É deve ser isso…

Ficamos em silêncio depois disso, eu tinha quase certeza que ele se lembrava perfeitamente de onde havia visto o meu sobrenome e pensar nisso me deixou irritada.

Tati voltou para a sala de espera com os olhos lacrimosos, sentou-se ao meu lado e me abraçou como se já nós já tivéssemos intimidade. Fiquei sem reação, vê-la assim estava me dando vontade de chorar também.

ㅡ Diga que ela vai ficar bem, eu não quero perder minha amiga. ㅡ Tati fungou ao terminar de choramingar e eu queria poder dizer isso, mas como eu poderia dizer isso se esse também era o meu medo?

ㅡ Ela vai ficar bem, Tati, não fica assim. ㅡ Maurício pediu.

ㅡ Foi horrível, eu estava conseguindo ser forte, mas quando a vi naquela cama me bateu um medo. ㅡ Tati me soltou, seus estavam olhos marejados. Tive vontade de dizer que a entendia, mas me contive.

ㅡ Não pense bobagens, vem, vou te levar para casa. ㅡ Maurício disse se levantando e pegou a mão de Tati para que ela se levantasse também, depois me olhou. ㅡ Quer uma carona?

ㅡ Não precisa, vou chamar meu motorista. ㅡ Eu não queria ir embora e deixar Rafa.

ㅡ Ouvi quando você ligou e o dispensou, uma hora dessa ele já deve estar dormindo, vem com a gente Bianca, é o mínimo que eu posso fazer por ter nos ajudado.

ㅡ Está bem… ㅡ Me levantei sem vontade e segui os dois.

Expliquei onde morava, após entramos todos no carro, e logo já estávamos a caminho da minha casa. Estávamos todos quietos e isso me fez pensar neles, tanto a amiga de Rafa, quanto o primo dela, eles eram pessoas legais, Rafa tinha sorte em tê-los em sua vida.

ㅡ Espera, você mora nessa mansão? ㅡ Maurício perguntou ao parar em frente à minha casa e me olhou boquiaberto ㅡ Você é filha de Heitor Thompson? ㅡ Ele ficou surpreso e eu já sabia o que ele estava pensando.

ㅡ Exatamente, sou a filha dele.

ㅡ Então é você… ㅡ Ele parou o que dizia, não sei se estava em choque ou com medo de terminar a frase por ser o autor da denúncia contra meu pai.

ㅡ Sim, e foi você quem denunciou o meu pai, não é mesmo? ㅡ Como Maurício não me respondeu, abri a porta e saí do carro. ㅡ Mas meu pai é honesto e conseguiu dar a volta por cima. Obrigada pela carona, boa noite!

Me sentindo vitoriosa por ter agido assim e ao mesmo tempo irritada com tudo isso, dei às costas para ele e entrei em minha casa. Mary ainda estava acordada me esperando na sala e tive que contar em detalhes tudo o que havia acontecido, depois fui para meu quarto me sentindo muito cansada, tomei um banho e me deitei, mas eu não conseguia dormir, só pensava em Rafa e em tudo o que Tatiane tinha dito. Esperava que ela se recuperasse logo, ainda não sabia se a tinha perdoado, mas eu desejava do fundo do meu coração que sua recuperação fosse rápida e sem sofrimento.


Notas Finais


Para mais gifs, fotos e outras coisinhas: http://passionelesb.tumblr.com/


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