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História Só vejo você - Uma Nova Chance


Escrita por: MikaWerneck

Notas do Autor


Hi, guys!!! Mil desculpas mesmo, foi mau deixar vcs assim tanto tempo sem história, sem notícias.
Não morri, ainda to viva o/
Eu estava com um bloqueio horrível, mas parece que agora desbloqueei. Perdão de coração!
Saudades de vcs, beijos e boa leitura ;)

Capítulo 70 - Uma Nova Chance


Fanfic / Fanfiction Só vejo você - Uma Nova Chance

POV RAFAELA

Perdida, essa era a palavra exata para dizer como eu estava me sentindo no momento. Sabe quando você acorda sem saber onde está e nem que dia da semana é? Foi assim que acordei. Virei a cabeça para o lado e ao ver minha mãe lendo um livro, estranhei, o que ela estava fazendo aqui? Será que eu estava sonhando? Era possível, pois minha mãe nunca iria ficar lendo um livro ao meu lado enquanto eu dormia. Virei a cabeça lentamente para o outro lado e só então entendi, eu estava num hospital. Meu coração acelerou quando um flash back contendo cenas de um carro avançando contra mim e de Bianca me contando que eu havia quebrado o braço passou por meus olhos com a velocidade de um raio. Desesperada voltei a olhar para minha mãe. Não, eu não podia ter quebrado meu braço, isso devia ser um pesadelo, eu precisava falar com Bianca urgente, ela precisava me explicar melhor tudo o que estava acontecendo.

ㅡ Mãe… ㅡ Um sussurro fraco foi tudo o que saiu, mas foi o suficiente para que ela parasse de ler e me olhasse surpresa ㅡ Cadê a Bianca?

ㅡ Ela não está aqui. ㅡ Respondeu colocando o livro de lado, se levantou e veio até mim. ㅡ Como está se sentindo?

Não sabia como eu me sentia, a única coisa que eu precisava no momento era que Bianca me explicasse como estava meu braço.

ㅡ Chama a Bianca, preciso falar com ela.

ㅡ Ela foi para a casa, Rafa, fica calma. ㅡ Deu um meio sorriso e passou a mão em meu rosto. ㅡ A febre baixou, isso é ótimo.

Eu só podia estar mesmo sonhando, minha mãe quase nem falava comigo e agora estava tão prestativa. Tudo estava muito estranho, parecia um quebra cabeça faltando peças. Apertei meus olhos por alguns segundos e os abri em seguida esperando que minha mãe desaparecesse, mas ela continuava do meu lado, me olhando.

ㅡ Eu estou delirando, não estou?

ㅡ Porque acha que está delirando? ㅡ Franziu o cenho curiosa.

ㅡ Você aqui, só posso estar delirando.

ㅡ Não é um delírio. ㅡ Deu um sorriso ㅡ Estou mesmo aqui com você. Logo seu pai fecha a loja e vem te ver, ele vai trazer seus irmãos. Jason está louco pra falar com você, ele veio hoje cedo, mas você estava dormindo.

Agora tudo tinha ficado ainda mais confuso, minha família toda tinha vindo me ver, mas como meu pai ainda estava trabalhando?

ㅡ Não estou entendendo, vieram todos me ver?

ㅡ Sim, ficamos muito preocupados contigo, só demoramos para ir te visitar porque foi difícil deixar tudo aqui.

ㅡ Aqui? ㅡ Minha mãe não estava falando coisa com coisa.

ㅡ Sim, te trouxemos para cá, pois não íamos poder ficar contigo em Beverly Hills.

ㅡ Como, não estou mais em Beverly Hills? ㅡ Agora as coisas estavam ficando mais claras, eu estava na praia onde meus pais moravam, por isso não conseguia mais sentir o perfume de Bia. Uma tristeza tocou forte meu peito, Bia não iria mais vir me ver, nem brigar comigo. Eu queria tanto poder vê-la mais uma vez.

ㅡ Pedimos transferência ontem, você estava dormindo, por isso não viu nada. Aqui poderemos ficar perto de você e como seu pai conhece um ótimo ortopedista, que inclusive já está cuidando de você, achamos que era o melhor a se fazer.

Tudo parecia lindo na teoria, mas não passava de falsidade. Eles nunca se preocuparam comigo, só queriam me esconder de tudo e todos. Virei a cabeça para o lado, se eu pudesse escolher nunca viria para esse fim de mundo, preferia ficar sozinha lá naquele hospital.

ㅡ Ana, como ela está? ㅡ Ouvi a voz de meu pai e olhei para a porta.

ㅡ Ela acabou de acordar, está sem febre.

ㅡ Que bom! ㅡ Meu pai exclamou entrando no quarto e vi meu irmão caçula entrando logo atrás dele, este me olhou e deu um sorriso. ㅡ Você nos deu um susto, mocinha, não faça mais isso. ㅡ Meu pai continuou.

Acho que eu deveria ter dado risada, mas não consegui, uma porque ficamos muito tempo distantes e outra porque ainda não estava entendendo porque meus pais estavam sendo legais comigo.

ㅡ E aí, cara? ㅡ Jason veio do meu lado e sorria ㅡ Levanta logo dessa cama, tá?

ㅡ Tá… ㅡ Tentei sorrir para ele, Jason era o único que não sentia vergonha de mim, era um menino doce e estava sempre animado.

ㅡ Acho que você não está entendendo o que está acontecendo aqui, não é? ㅡ Meu pai perguntou e voltei a olhar para ele, nem precisei responder, pois minha expressão já falava por si só. ㅡ Sua mãe e eu queremos te fazer um pedido de desculpas por todos esses anos que não fomos bons pais.

Agora eu tinha a plena certeza, eu estava mesmo sonhando, meus pais me pedindo desculpas sem mais nem menos era muito esquisito.

ㅡ Queremos recuperar o tempo perdido, se assim você quiser, somos uma família, você é nossa filha, não é correto ficarmos tão distantes.

Estas palavras de meu meu pai mexeram comigo, depois de tantos anos excluída de tudo, agora eles apareciam tão amorosos, como se fosse fácil passar uma borracha em tudo.

ㅡ Mas porque, o que mudou assim tão de repente?

ㅡ Não foi de repente, sempre quisemos muito estar perto de você, te amar e proteger, mas você não era nada fácil. Quando soubemos que sofreu um acidente ficando entre a vida e a morte, ficamos desesperados, demos um jeito de deixar os meninos aqui e fomos te buscar. Quando chegamos lá, uma amiga sua veio conversar conosco e nos explicou algumas coisas, disse que você precisava de nós e nos contou que você não teve culpa nenhuma em ser expulsa daquele Colégio.

ㅡ Que amiga? ㅡ Olhei de meu pai para minha mãe, será que Bianca teria conversado com eles?

ㅡ Não lembro o nome dela, ela estava no hospital, uma moça bonita, loira, olhos azuis penetrantes…

ㅡ Bianca. ㅡ Só podia ser ela, mas porque ela conversou com meus pais, eu não conseguia entender. Minha cabeça estava começando a doer, conversar estava me deixando cansada.

ㅡ Isso, é assim mesmo que ela se chama, ela nos contou que fez de tudo para que te expulsassem do Colégio por ser bolsista.

ㅡ Precisou ela contar para vocês acreditarem, nunca acreditaram em mim em todos esses anos, e eu que era a menina problemática, não é mesmo? ㅡ Não consegui evitar que lágrimas escapassem dos meus olhos.

ㅡ A diretora do colégio falou tanto de você, que acabei acreditando nela, foi difícil para nós acreditarmos no começo, pois lutamos todos juntos por aquela conquista e de repente tudo desmoronou sem mais nem menos, não tinha cabimento, mas como você adquiriu um comportamento fechado e rebelde depois disso, acabei achando que a diretora falava a verdade.

ㅡ Como é que eu iria ser a mesma, se meus próprios pais achavam que eu era uma mentirosa, se acabei me tornando uma vergonha pra vocês?

ㅡ É difícil, hoje eu compreendo porque as coisas chegaram nesse ponto, mas gostaríamos de tentar mudar isso, agora que tudo foi esclarecido, gostaríamos de ser os pais que você sempre mereceu.

Os pais que eu sempre mereci, essas palavras ficaram ecoando em minha mente sem parar, mas como eles queriam que tudo mudasse de repente?

ㅡ Rafa... ㅡ Minha mãe tocou em minha perna e olhei para ela, ela estava com os olhos marejados e vê-la assim me deu uma vontade de chorar ㅡ Eu sei que fui uma péssima mãe todos esses anos, e mesmo que tudo indicasse que você era uma péssima aluna naquele colégio, eu nunca acreditei nisso, lá no fundo eu sabia que você era uma boa menina. Fomos cruéis com você, eu sei, mas por favor, nos perdoe. Nos dê essa oportunidade de mudar o futuro para o bem. ㅡEssas palavras tocaram fundo nos meus sentimentos, mas eu ainda estava muito machucada para perdoá-los e ainda tinha a minha orientação sexual, eles nunca aceitaram isso, eu precisava saber o que eles pensavam a respeito.

ㅡ E como vocês vão lidar com relação a eu ser lésbica? Ainda sentem vergonha de quem eu sou?

ㅡ Não vou mentir que aprovo, porque ainda acho que é errado, mas vergonha é uma coisa que não sinto mais, todos já sabem a sua orientação sexual, não temos mais motivos para querer esconder você do mundo. Se você quer namorar mulheres é um problema seu, mas ainda sou a sua mãe e mesmo sem gostar vou apoiar o que você decidir.

ㅡ Penso como a Ana, acho que a vida é sua e você faz o que você quiser, vou respeitar suas decisões.

Meus pais falando assim, nem pareciam mais os mesmos. Não era bem exatamente o que eu queria ouvir, mas só pelo fato deles respeitarem quem eu era, já era um grande avanço. Quem sabe com o tempo eles percebessem que ser homossexual não é errado. Errado é se esconder atrás de uma máscara fingindo ser quem você não é, só para agradar uma sociedade preconceituosa.

ㅡ Com licença, está na hora de medicar a paciente. ㅡ Uma enfermeira bateu na porta com educação e após meus pais darem espaço, pois o quarto era pequeno, ela adentrou, pegou alguns frascos no armário após destrancá-lo. Vi ela preparar duas seringas e em seguida aplicar uma no soro que eu tomava. ㅡ Essa injeção vou aplicar no seu braço, tudo bem? ㅡ Balancei a cabeça concordando ㅡ Como está se sentindo?
ㅡ Com uma leve dor de cabeça e muito fraca. ㅡ Percebi que ela estava tentando me distrair com perguntas enquanto aplicava a injeção, mas comigo isso não funcionaria, apesar de eu não ter medo de agulhas.

ㅡ Hum, e não teve mais febre? ㅡ Perguntou assim que terminou e descartou as seringas numa lixeira ao lado da cama.

ㅡ Não, verifiquei várias vezes. ㅡ Minha mãe respondeu.

ㅡ Ótimo, você está se recuperando muito bem. ㅡ Ela sorriu para mim ㅡ Vou ver se você já pode começar a se alimentar. Mais tarde o Doutor virá para conversar com vocês.

Depois de trancar o armário, ela saiu e meus pais voltaram do meu lado. Jason, muito educado, esperava sentado a nossa conversa terminar.

ㅡ Rafa… ㅡ Meu pai continuou e voltei meus olhos para ele ㅡ Você aceita ficar aqui conosco enquanto se recupera? Eu sei que nos perdoar agora é difícil pra você, mas se puder aceitar essa oferta de paz que estamos te oferecendo, poderá ver com seus próprios olhos que mudamos e só queremos o seu bem.

Não consegui responder logo, se tinha uma coisa que eu não queria era ficar na praia, longe de tudo o que eu gostava, mas por outro lado, meus pais pareciam estar sendo tão sinceros e como eu sempre sonhei com essa aceitação, com uma família feliz, pensei com carinho em dar uma chance a eles.

ㅡ Fica aqui conosco filha. ㅡ Minha mãe pediu, tocando minha perna e me deu um sorriso.

ㅡ Tudo bem, eu fico. ㅡ Dei um sorriso fraco, já que no momento eu não tinha muitas alternativas, mas meus pais ficaram tão contentes com a minha resposta, que se abraçaram na minha frente. Eu nem me lembrava mais que eles tinham esse carinho um com o outro, acho que fiquei tão cega de raiva esse tempo todo, que não enxergava mais nada além disso.

O remédio que a enfermeira me deu a pouco tempo já estava fazendo efeito e um sono forte sem controle começou a bater em mim. Fechei meus olhos por alguns segundos enquanto ouvia meus pais conversando, eles pareciam felizes e isso me animou um pouco. Mesmo eu estando longe da loira mais linda de todas, eu sentia que podia ter esperança na vida, que nem tudo estava perdido.



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