História Sob a proteção do lobo - Esquecimento

O loiro observava atentamente ao convite que tinha roubado do outro. Suspirou. Observando o homem caído a seus pés. Tocava o objeto com cuidado para não suja-lo com o sangue. Suspirou profundamente, observando as roupas molhadas de sangue. Negou enquanto andava ate a porta. Ouvia o som alto da boate quando abriu a porta e chamou um dos capangas para levar o corpo. Bufou. Pegando os objetos pessoais e saindo do local. Teria pouco tempo para se arrumar.

Entrou no veiculo ao jogar as coisas em um dos bancos. Observou a pasta escura sobre o banco do motorista. Tinha demorado tanto tempo para conseguir aquilo. Não perderia a chance.

...

Akira tomou um banho longo para se livrar do cheiro de sangue que impregnava sua pele. Observou-se no espelho após enrolar a toalha na cintura. Tinha mudado tanto nos últimos anos... Os cabelos não eram mais escuros, tinha ganhado tanto músculos quanto cicatrizes depois de decidir seguir aquela vida. Suspirou, observando as tatuagens que agora cobriam boa parte da pele clara.

Caminhou lentamente para o quarto e suspirou ao ver as roupas que teria que usar na ocasião. Cogitou a possibilidade de dispensar as peças formais, mas chamaria muita atenção, e não precisava disso ate que confirmasse todas as informações.

Virou-se de costas para o guarda roupas, analisando como deveria vestir aquelas roupas. Deixou a toalha cair ao pegar a calça social. As portas espelhadas do guarda-roupas refletiam a grande tatuagem em suas costas, o dragão vermelho se enrolava por seu corpo, prendendo suas garras afiadas em seu abdômen e enrolando sua calda longa em uma das pernas musculosas do loiro. O animal parecia ganhar vida cada vez que ele se movia e seus músculos tencionavam.

Vestiu a calça rapidamente e logo passou a camisa, irritando-se por ter tantos botões. Teve que manter o controle para não rasga-la naquele momento. Pegou o paletó e vestiu, negou, deixando a gravata de lado e abrindo os primeiros botões da camiseta. A máscara obrigatória ajudaria a preservar sua verdadeira identidade ate o momento certo. Colocou o objeto preto no rosto e bagunçou um pouco os cabelos com os dedos. Observou sua imagem refletida nos espelhos e sorriu discretamente. Não parecia tão mal assim naquelas roupas.

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Catherine tomou os remédios pela segunda vez no dia. Perguntava-se por que deveria toma-los, mas sabia o que acontecia com quem se recusava. Suspirou, sentindo os olhos pesarem, como todas as vezes que tomava aquilo. Negou, sentindo os pensamentos nublando enquanto fazia a maquiagem chamativa da noite. Observou as outras garotas se trocando ao seu redor. Às vezes tentava se lembrar de como chegou ali, mas parecia que ela estava naquela vida desde sempre.

Suspirou ao ouvir o alerta sonoro, a noite começaria em 5 minutos. Observou como estava vestida, as roupas curtas e escuras cobriam o mínimo de sua pele e os cabelos brancos estavam presos em um coque frouxo, deixando que alguns fios caíssem em seu rosto. Os olhos estavam brancos. Se perguntava a quanto tempo eles estavam assim, ou “Desde quando deixaram de mudar?”.

Observou o próprio pulso, olhando o azul tomar forma lentamente. Era sempre a ultima coisa que fazia. Cobrir aquela tatuagem. Ela adorava olha-la, como se ela pudesse responder todas as suas perguntas. Mas o que um desenho poderia dizer?

Olhou o pequeno dragão azul se enrolando em seu pulso e mordeu os lábios. Cobrindo-o lentamente com a base. Observando as linhas sendo apagadas. Seu coração se apertava todas as vezes que fazia isso. Já tinha se cansado de tentar se lembrar de quando tinha feito aquilo. Poucas as vezes saia daquele local, e sempre que tinha essa oportunidade era acompanhada. Nada explicava ter conseguido fazer aquela tatuagem.

Em poucos minutos não se lembrava de mais das perguntas, ou do que a estava fazendo olhar o pulso. Não tinha nada na pele. Nenhuma marca a vista. Olhou ao redor. Seguindo as outras garotas para o grande salão. A música tocava. Batidas fortes fazendo seu corpo estremecer e seu coração bater mais rápido. Os vários clientes estavam espalhados em mesas pelo local. Alguns em grupo e outros sozinhos, mas todos seguravam um grande catalogo.

...

Catherine não olhava nos rostos deles, mas aquele era diferente. Ele não parecia se encaixar. Se sentou em uma mesa ao fundo e foleou rapidamente o catalogo. Não tinha duvidas e não esperou. Ele parecia saber o que estava fazendo. Mas era a primeira vez que o via.

Se surpreendeu mais ao ser chamada a mesa dele. Ouviu reclamações e gritos por onde passava. Os outros clientes estavam indignados por não terem chances de requisita-la. Não entendia porque eles a escolhiam, mas nunca era bom. Estavam ali para serem acompanhantes. Qualquer serviço fora esse era negociado com um superior. Suspirou, abaixando o rosto, mas não conseguindo desviar os olhos dos olhos do loiro. Seguiu a passos lentos e se sentou sobre as pernas do homem. Se encolhendo ao perceber a altura do outro.

Percebeu o homem ficar tenso com o ato e olhou nos olhos dele. Ele parecia assustado, mas não sabia dizer com o que. Sentiu a mão dele apertar sua cintura sobre os tecidos e se arrepiou quando o rosto dele tocou seu pescoço. Ele respirou fundo e ouviu o gemido baixo quando ele se afastou, não parecia gemer de prazer. Talvez frustração? Olhou o catalogo sobre a mesa, esperando que ele a trocasse por outra das garotas, mas se surpreendeu quando ele puxou-a mais para si. Ouviu o suspirou baixo e se arrepiou quando a voz rouca dele soou pela primeira vez.

– É você... Droga... É realmente você! – Catherine abaixou o rosto. Se ele não a queria porque escolheu tão rápido? – Eu finalmente te achei, mas não queria que estivesse em um lugar como esse! – Ele continuava falando, mas a cada palavra tudo ficava mais confuso. Em sua cabeça.

Olhou para o loiro e abaixou as orelhinhas, com medo da reação do outro. Encontrou um sorriso triste em seus lábios e se encolheu mais contra ele. Sentindo os dedos dele acariciando suas costas.

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Era ela. Com certeza era ela, mas parecia errado. Ela não reagiu como esperava. Parecia que não o reconhecia. Negou, se lembrando das palavras no relatório. Estava mesmo sobre o efeito de drogas. Parecia mais magra e seus olhos estavam brancos. Akira forcou um sorriso ao perceber que ela olhava. Precisava pensar rápido e tira-la daquele lugar.