Muitas velas iluminavam aquele lugar lotado de poucas dezenas de soldados. Reunidos em poucas mesas — muitos de pés —, conversavam entre si enquanto quatro ou cinco mulheres os serviam com vinho apropriado para heróis apropriados. Celebravam em família, ouvindo palavras e mais palavras de bondade e afeto do discurso de Lorde Walder Frey.
Todos os soldados dali brindaram e beberam daquele vinho, orgulhosos. As mulheres não provaram porque não podiam. Walder Frey levou seu cálice próximo aos lábios, mas não tomou um gole sequer. Em vez disso, certificou-se de que todos ali bebessem, enquanto sorria internamente de maneira tão desastrosa que um singelo sorriso maléfico esboçava em sua boca. Naquela situação, sorrir era tão involuntário quanto pensar alto, embora não fosse problema às suas intenções.
Lorde Frey parabenizou seus homens presentes pelo Casamento Vermelho. Relembrou cada ato cruel formidável; desde a mulher grávida esfaqueada até o corte na garganta da loba mãe de cinco. Seu tom de voz mudava a cada palavra cuspida. Primeiro em elogios e festejos, depois em ironia e, finalmente, em ódio e vingança. A tensão alastrou-se naquela atmosfera.
E então começava. Tossiam sangue. Derrubavam a prataria em desespero pela vida. Morriam envenenados. Algumas velas apagavam-se quando atingiam o chão. As últimas palavras que ouviram antes de perderem a vida para o vinho tóxico eram sobre terem errado em não matar todos os lobos.
Quando todos morreram, o homem satisfeito na mesa principal não era Lorde Walder Frey. Era Arya Stark, uma dos Homens Sem Rosto, do Deus de Muitas Faces. Estava ali para mostrar que o Norte se lembrava. Estava ali para trazer o inverno para a Casa Frey.
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