Josefine observou o isqueiro verde em suas mãos, pensando em como aquele negocinho cheio de gás, que poderia fazer a chama do fogão acender em um simples mover de dedos, podia ser tão complexo. Suspirou fundo e tentou ligar o maldito aparelhinho para esquentar a água do café.
Nada.
Simplesmente nada.
Continuou tentando, e tentando, o dedo, frio como sempre, já dolorido de tanto apertar o pequeno gatilho do isqueiro. Riu da própria desgraça. Josefine nunca gostou muito de fogo, isqueiros, fósforos e tudo que envolvia a questão do calor, sua natureza era fria, tanto que suas mãos viviam geladas, iguais a de um cadáver.
Da mesma forma que uma criança magoada, Josefine foi até a sala, e agachou-se perto da figura semi-desmaiada de sua mãe.
"Liga a chama do fogão pra mim?"
Um múrmuro que se parecia com um "não" foi ouvido, enchendo todo o ambiente vazio e lotado de garrafas quebradas. Com um acenar de cabeça, a menina pegou apenas um copo de água, como todos os dias desde que seu pai partiu.
A bebida tinha lhe tirado tudo, inclusive o café das dez.
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