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História Sobre o primeiro dia em que... - Capítulo Único.


Escrita por: wonhui

Notas do Autor


A história é do ponto de vista do Hansol/Vernon.
Há uma pequena menção de bullying no início, por isso coloquei o aviso de violência e angst, mas é só no início mesmo. Apenas avisando caso alguém se sinta desconfortável pra ler esse tipo de coisa.

Capítulo 1 - Capítulo Único.


Fanfic / Fanfiction Sobre o primeiro dia em que... - Capítulo Único.

Eu lembro quando eu era criança, quando estava na escola, e riam de mim. Pela minha aparência, pelo jeito quieto, pela minha falta de coordenação motora, por tudo isso junto, vai saber. Crianças são crianças, não sabem nada do mundo, por isso sabem ser cruéis. Enfim, eu lembro que todo dia, quando eu voltava da escola, triste e desanimado porque todos me odiavam, eu tentava me reanimar planejando uma reinvenção de mim mesmo. Toda a semana eu planejava meticulosamente que na próxima semana eu seria um outro eu, eu seria uma pessoa completamente diferente, da qual as pessoas realmente gostariam. Eu tinha esses sete dias para planejar “minha nova personalidade”. Nunca dava certo. Nem lembro direito o porquê. Talvez porque eu tentava ser uma pessoa que não sou, em vez de apenas mostrar o verdadeiro eu que eu escondia com medo de as pessoas fazerem piada de mim (como se já não fizessem...). Talvez porque no fundo eu sabia que aquelas pessoas não me mereciam. Talvez porque eu era jovem demais para ter um verdadeiro eu, se é que isso existe. Um dia, quando eu percebi, aqui estou, uma pessoa completamente diferente daquele garoto, e ao mesmo tempo ainda sou ele. Eu não percebi as mudanças acontecendo, e elas não foram nada como planejei. E agora pessoas gostam de mim. Verdadeiramente gostam de mim, com todos os meus inúmeros defeitos. Talvez a gente só morre quando esquece que pode morrer a qualquer momento. O mesmo vale para nascer de novo.

Eu lembro quando conheci Seungkwan, talvez foi no início do meu amadurecimento. Talvez ele ajudou nisso e nem percebemos. Eu me encantei de imediato. Em parte, ele sempre foi o contrário de mim: extrovertido, amável, talentoso, naturalmente divertido. Eu sempre me encantei com pessoas extrovertidas, elas parecem sempre saber como tirar o melhor de nós. A gente esquece que eles também têm suas inseguranças, que sofrem.

Lembro quando o beijei “sem querer” na festa de aniversário do Soonyoung. Um lugar pequeno, lotado, escuro, iluminado apenas por luzes neon coloridas, abastecido de comida e energia, com nossos amigos loucos pulando ao som de alguma música disco estranha e divertida.

“Desculpa...”

Ele só riu. Riu para caramba. Uma risada escandalosa. Eu sabia que ele ria da situação e não de mim – tecnicamente – então eu também comecei a rir sem parar. Não sei se algum dos nossos amigos na nossa volta tinha visto aquilo, ou entendido porque a gente ria descontroladamente. Não me importava, sinceramente. Eu tentei parecer que foi sem querer, mas ele não é desligado ou desatento como eu. Ele entendeu. No meio de toda aquela bagunça, ele olhou para mim e prestou atenção. Ele sempre presta atenção em mim?

Nós ficamos embriagados em uma festa pela primeira vez em nossas vidas. Não de álcool, como boa parte dos nossos amigos ali, mas um do outro, e daquela sensação desconfortável e ao mesmo tempo tão boa que se sente quando está com alguém que realmente te atrai. A palpitação no coração e o sorriso bobo que sai espontaneamente quando se é amado. Porque afinal queremos tanto ser amados? Ora, porque é bom demais.

Naquele dia eu percebi que ele sempre presta atenção em mim, e eu prestava tanta atenção nele que nem via isso. Não sei se dizer algo do tipo faz sentido para alguém mas para mim faz. Às vezes a gente olha tanto para algumas pessoas, mas não enxerga. Olhar e enxergar, nesse sentido, são coisas bem diferentes. 

Dividimos um quarto a quase 2 anos. Nos conhecemos a quase 4, eu acho. Não sei em que momento eu percebi que realmente era apaixonado por ele, quando eu tento lembrar, as lembranças sempre parecem confusas e desconexas. É como se tudo tivesse acontecido de uma hora para a outra, mas eu sei que não foi assim. Me pergunto porque nossa mente faz truques do tipo.

Depois do beijo e da nossa crise de risos que deve ter durado umas 3 músicas, ou seja, uns bons 10 minutos, ele pegou na minha mão. Pegou na minha mão e saiu me puxando para a rua. Disse que precisava respirar um pouco.

O que foi estranho, afinal como ele poderia se restabelecer... nisso. Quando saímos da festa e encaramos a rua, o ar lá não era limpo ou feliz ou uma escuridão colorida como era lá dentro. Era poluído e triste e simplesmente escuro com suas poucas luzes amarelas fracas e feias.

“Você tá com o olhar ‘vi uma coisa que me inspirou e vou escrever 400 músicas sobre’.” Ele disse, me acordando dos meus pensamentos.

“Dá pra saber quando eu penso essas coisas?”

“Sim.”

“Porque você sempre repara em mim?”

“Ora, porque sim.”

Realmente eu queria escrever. Sobre como o mundo era realmente meio feio, mas a gente podia fazer parecer melhor simplesmente sendo mais legal as vezes. Que todos nós temos o nosso valor e nossa beleza. Sobre as besteiras que já fiz tentando fazer as pessoas gostarem de um eu que eu provavelmente nem era, e como apareceram pessoas especiais na minha vida quando eu parei de tentar tanto. Tipo o Seungkwan.

Talvez a gente só acha o amor quando esquece que ele existe, que é quando mais se precisa dele.



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