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História Sobre telas vazias - Capítulo Único


Escrita por: Lorde_Oh

Notas do Autor


oie
caso alguém fique em duvida, é narrado pela Tae

Capítulo 1 - Capítulo Único


 

'''Para minha calmaria e minha tempestade,

que me tingiram com suas cores singulares,

que só elas poderiam me proporcionar.''

 

 

Começou com uma garota de cabelos castanhos esbarrando no meu braço, depois com sorrisos e palavras sendo jogadas sem importância, então goles e mais goles vieram e eu me perdi nas suas curvas delicadas e nos seus lábios nudes.

Mas agora encarando o teto com a pintura descascada e com marcas de infiltração, me perguntava como a garota que eu observava, sempre com um copo de café borrado de batom vermelho, nos corredores da faculdade, poderia estar deitada seminua do meu lado.

Virei para o lado, decidida a gravar todas as feições do seu rosto, observei sua pele pálida, seus cílios longos, seus olhos borrados da maquiagem, seus cabelos ruivos com os fios quebrados e seus lábios sem aquele batom vermelho de sempre, foquei minha visão na porta entre aberta atrás de si, vi um par de pernas saindo da banheira, provavelmente era a garota de ontem, Jessica acho que era o nome dela.

Olhei para o outro lado, em cima de uma mesa ao lado da cama havia um relógio que marcavam seis horas da manhã, suspirei cansada cobrindo meu rosto com os braços, joguei os lençóis para qualquer lugar expondo meu corpo nú, adoraria que aquela ruiva estivesse acordada para vislumbrar-me, sorri sarcástica com isso.

Sentei no chão, tonta, provavelmente pela bebedeira de ontem, peguei um cigarro e um isqueiro de cima do criado mudo, levantei menos tonta, ascendi-o e abri uma janela, não queria que aquela fumaça tomasse o lugar daquele perfume doce que havia impregnado no meu nariz.

Uma brisa suave entrou no quarto e a garota remexeu-se na cama, sorri com aquilo, me senti tão calma observando seu sono, suas costas tinham linhas tão suaves quanto as da outra garota, peguei meu celular e registrei aquela cena.

As cinzas do cigarro caíram nos meus pés, me acordando do transe que aquela garota me induzia, peguei uma calcinha e uma camisa do chão que não eram minhas, vesti-as e sentei no parapeito da janela, balancei os pés, sentindo o vento acariciar minhas pernas, enquanto ouvia o som das buzinas na rua abaixo dos meus pés, olhei mais uma vez para a cama e me senti no controle da situação pela primeira vez.

Imaginei estar no controle até terminar de fumar minha carteira de cigarros e ver o sol aparecer tímido no céu, então compartilhamos alguns beijos e palavras, e nesses últimos três anos, tive a confirmação de que eu nunca estaria no controle com Jessica e Tiffany.

Tiffany era a calmaria, doce, me prendendo com aquele sorriso, distante, pensativa, ela desconstrói, destrói e se destrói, se cala, guarda, pensa, então fala e suas palavras me perfuram, eu grito incitada pela tempestade, ela pensa outra vez, cala-se novamente, aceita e sorri.

E aquele é o pior momento de todos os momentos, porque ela sorri e uma versão mais feliz daquele sorriso já era direcionado a outra pessoa, seu batom vermelho e suas unhas agora marcavam outro corpo, e ela não seria mais minha calmaria.

Enquanto Jessica era a tempestade, intensa, excitante, viva e como vive, e me faz sentir viva em alguns momentos, ela xinga, me apaixona e se apaixona, então quebra e reconstrói mais uma vez, vive até o ultimo suspiro, mal sabia eu que seu ultimo suspiro já havia escorregado por entre seus lábios a tempos.

 Ela viveu até saber que não era amada, não como queria, viveu até o ultimo gole, até o ultimo tocar de lábios.

E eu? Bom, eu sou uma tela vazia, que você acha entre um bar e outro, que deixa ser tingida por cores vivas e cores neutras que nunca duram, sempre volto a ser vazia, procuro, encontro, mas nunca fico.

Mas dessa vez fiquei e passar pela garota dos lábios vermelhos que se tornou minha calmaria e ela me olhar nos olhos e então desviar o olhar, constrangida demais para lembra de tudo, me mata de dentro pra fora.

Agora não tenho mais a tempestade para me fazer viver, porque ela cansou, cansou de me tingir e foi a única que realmente me tingiu, porque Tiffany se tornou minha calmaria, mas nunca esteve disposta a me amar e eu a deixei ser livre com ele, a deixei ser livre até ficar grávida, trancar a faculdade e se mudar para um apartamento no subúrbio, até conseguir um emprego para não deixar seu filho passar fome nas mãos daquele bêbado que chamava de marido, até apanhar por deixar se envolver com uma colega do trabalho, por estar tão perdida e carente de amor, até esbarrar comigo na rua e relembrarmos o dia que nos conhecemos e ela desabafar tudo que estava preso dentro de si e logo depois sair correndo me deixando com meia dúzia de desculpas e uma garrafa de um vinho barato nas mãos, até voltar a usar o mesmo batom e tomar o mesmo café.

Eu a deixei ser livre e quando ela se dispôs a me tingir, eu já havia cedido aos braços da única pessoa que me amou.

Por que foi nos braços da tempestade que eu encontrei minha calmaria.



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