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História Sobreviventes - Emboscada - Parte 1 (Ágata)


Escrita por: HappyLys

Notas do Autor


Aproveitem o cap ·-·

Capítulo 25 - Emboscada - Parte 1 (Ágata)


Ágata subiu as escadas que davam para o corredor escuro e cinzento da entrada do quartel da Salvação com um sorriso no rosto. Há mais de um mês, a ruiva não era obrigada a lavar banheiros nojentos ou a saciar seu chefe; o dinheiro para pagar a diária nunca mais lhe faltara. Mila lhe falara algo em que Ágata, mesmo com toda a experiência que tinha, nunca havia pensado. A menina de vestido roxo contou que roubava o suficiente para pagar a diária e, depois, continuava roubando até cansar ou até escurecer. Dessa forma, Mila tinha não só a quantia que precisava, como também uma pequena quantidade a mais caso acontecesse algo. Desde que começara a fazer isso, mesmo quando ocorriam imprevistos, Ágata ainda tinha o dinheiro e conseguia ficar longe de Rick.

Enquanto atravessava o extenso corredor, as mãos indo devagar em direção à gola de sua blusa para levantá-la, lembrava-se da conversa que tivera mais cedo:

“ - Estou feliz – dissera, o rosto sereno, porém sério. Carregava em seu peito o ardor de uma fraca esperança de que talvez as coisas começassem a melhorar.

- Vai nos beijar? – falou Axel em tom debochado e com um sorriso malicioso instalado em seu rosto.

Ágata, na mesma hora, lembrou-se da tarde há alguns meses em que beijaram os gêmeos por impulso. Dissera, para explicar-se, que estava muito feliz.

A ruiva soltou uma risada fraca e relaxada:

- Bem que você queria – falou entre um imperceptível sorriso.

- Uau, você está mesmo feliz – Axel sorriu, surpreso porque a menina entrara na brincadeira.

Ágata levantou-se e se espreguiçou:

- Sobrou dinheiro, um bom tanto. Posso fazer algo com ele.

Comprar alguns cookies, talvez – pensou no momento.

- Ágata! – não reparara no que Mila fazia até aquele momento, para Ágata, a menina simplesmente surgira e começara a falar com um sorriso no rosto – Você devia comprar sapatos!

- Nem ferrando – dissera sem nem sequer parar para pensar.”

Agora Ágata caminhava pelas ruas de Uzberg, o tecido grosso da gola de sua blusa cobria sua boca e roçava em seus lábios confirme respirava. Era escuro, a noite estava muito negra e a ruiva percebia a ansiedade de Mila para chegar ao telhado do açougueiro onde os gêmeos a esperavam. Infelizmente para a menina, teriam que caminhar mais algumas horas naquele breu até chegarem ao seu destino.

A maioria das pessoas se sentia extremamente desconfortável na noite. Quando o sol começava a se pôr, todos corriam para suas casas e se trancavam da melhor forma possível. Alguns tinham dinheiro para comprar velas e, portanto, podiam dormir mais tarde. Mas a maioria, mesmo os que tinham as tão requisitadas velas, raspavam seus quase vazios pratos e iam dormir no canto mais confortável que podiam encontrar da casa, esperando ansiosamente que a escuridão desse lugar ao dia. Assim que amanhecia, todos já se levantavam e saiam de casa, sentindo-se minimamente seguras novamente.

Ágata era completamente o contrário. Ela adorava a noite. As ruas desertas e escuras, apenas com a lua como farol para iluminar tudo, davam à ruiva uma sensação de paz e tranquilidade. Naquele mundo apagado, adormecido e vazio, Ágata sentia-se a única viva, uma rainha em seu império. Não temia o escuro, não temia os monstros que se escondiam nas sombras das imaginações do povo, não temia os vagabundos, ladrões e assassinos que se escondiam: ela era um deles. A ruiva, no meio daquela escuridão e silêncio, sentia que podia fazer qualquer coisa, que tinha todo o poder do mundo. Era como se, na noite, tudo lhe pertencesse.

Mila, a sua vez, parecia incomodada, o que era estranho para Ágata –  nunca imaginou que a menina teria medo do escuro.

- Mila – começou, sem desviar o olhar do caminho que percorria – você parece desconfortável.

A menina atrás dela emitiu um barulho que, Ágata imaginou, fosse um modo de concordar.

- Você tem medo do escuro? – lançou a bomba, olhando por cima do ombro, nunca diminuindo o ritmo de sua caminhada.

- Claro que não! – a garota respondeu na lata, sem desviar o olhar. Muito pelo contrário, cravara os olhos sérios em Ágata e respondera de forma firme para não deixar duvidas. Parecia ultrajada com a pergunta.

- Então qual é o problema?

- Estamos sendo seguidas – falou como se fosse a coisa mais normal a se dizer.

Ágata estacionou como se seus pés, de repente, tivessem criado raízes e se enterrado na terra. Mila, no entanto, continuou andando no mesmo ritmo e a ultrapassou rapidamente.

A ruiva voltou a andar assim que percebeu o que a menina estava fazendo: se estavam mesmo sendo seguidas, precisavam ser discretas. O melhor a fazer era deixar que o perseguidor acreditasse que elas não sabiam de nada.

- Como você sabe? – falou baixo. Apesar disso, sua voz em meio ao cortante silêncio da noite parecia soar como um grito mesmo que fosse um sussurro. Torceu para que o suposto perseguidor estivesse a uma distancia grande o suficiente para não ouvi-las.

- Eu senti – respondeu – Sempre estou certa quando sinto algo.

Ágata não sabia se podia confiar nos instintos de Mila, mas era melhor prevenir do que remediar.

- O que fazemos? – perguntou Mila, ainda caminhando na frente de Ágata.

Ainda estavam na zona periférica de Uzberg, o lugar mais perigoso de toda a cidade e, por isso, quem quer que as estivesse seguindo, devia ser de lá. Obviamente.

- Talvez ele desista quando chegarmos ao limite da periferia e chegarmos mais perto do centro – falou por baixo do pano que cobria sua boca.

Mila assentiu devagar com a cabeça como se dissesse “então temos que chegar lá logo”.

As duas aceleraram o passo gradativamente, para não parecer que haviam percebido e estavam fugindo, parecia que tinham combinado fazer isso. Ágata apressou-se para ficar ao lado de Mila, seria mais difícil ataca-las se estivessem uma ao lado da outra.

A ruiva não desviava o olhar do caminho que percorriam, mas todos seus outros sentidos tentavam desesperadamente captar qualquer sinal de que havia alguém atrás delas. Seus ouvidos estavam atentos a qualquer som, mas nada além das respirações ansiosas das duas chegava a eles.

- Tem certeza, Mila? – perguntou mais uma vez.

- Tenho – foi a resposta.

Então Ágata decidiu que era a hora de confirmar por si própria. Fechou os olhos, deixando que os pés a guiassem sozinhos pelo caminho que há tanto já conhecia.

Seria mais fácil se eu estivesse parada – pensou.

Tentou concentrar-se ao máximo em sentir o que ocorria abaixo de seus pés, mas era difícil com uma camada de concreto desgastada e cheia de gretas cobrindo a terra. Ágata cerrou os olhos com mais força, tentou privar-se de todas as outras sensações.

Então ela sentiu. Precisou fazer um discreto sinal para que Mila diminuísse um pouco o passo, mas finalmente sentiu. Pequenas vibrações espalhavam-se, quase imperceptíveis, pela terra abaixo do concreto, a cada passo que elas davam. E toda vez que Ágata encostava o pé no chão, sentia.

Mas não sentia apenas os passos de Mila que caminhava ao lado dela. 


Notas Finais


Desculpem se não teve muita coisa no capítulo de hoje :/ É que eu divido os capítulos pelo número de palavras e pelo andamento da história, então foi mal se ficou um pouco parado... Mas faz parte ^^
O próximo capítulo é mais tenso, só adianto isso pra vocês :v
Bjss e até a próxima :3


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