1. Spirit Fanfics >
  2. Sociopathy >
  3. Capítulo 3

História Sociopathy - Capítulo 3


Escrita por: Beecolors e OnlyLoveFH

Notas do Autor


Ei galerinha, Jess aqui \o
Primeiramente, FORA Temer...Em segundo lugar gostaria de me desculpar pela demora, estava meio sem inspiração para esse capítulo. Espero que vocês gostem, de verdade, dei o meu melhor.
Comentem sobre o que estão achando e não sintam vergonha de falar com a gente no tt ou por aqui mesmo. Vou deixar as redes sociais nas notas finais e indicar dois canais do YouTube, um é de uma amiga e ela fala sobre política.
Beijos de mel

Capítulo 4 - Capítulo 3


Fanfic / Fanfiction Sociopathy - Capítulo 3

Pov Ally


É estranho voltar para um lugar depois de tanto tempo e encontrar todas as coisas exatamente como você deixou. É como se tudo tivesse congelado enquanto você esteve fora. Nada havia mudado desde o dia que me trancaram naquele lugar, os móveis estavam no mesmo lugar. A cor da casa ainda era a mesma, até o clima infernal entre Dinah e eu era o mesmo, não que eu esperasse que fosse mudar mas...Eu jamais a perdoaria por ter me colocado naquele inferno! 
Ela me considerava o lixo da família, a viciada sem futuro, o oposto da estrela Dinah Jane.
Passei pelo corredor observando as paredes com os retratos, ouvi a porta bater com força e já sabia exatamente o motivo.
- Por que você é assim? - Dinah falou alto quando chegou atrás de mim. Não virei o meu corpo, continuei andando com passos apressados até o meu quarto. - Mal agradecida! Eu tentei te ajudar, tentei mudar a sua vida, te ajudei e como você retribui? Me tratando assim desse jeito. - A voz dela estava me irritando e eu estava prestes a ter um ataque. Coloquei a mão na maçaneta e girei, mas a porta não abriu. Estava trancada.
- Você pode abrir a porta pra mim? - Olhei para ela e a vi suspirar.
- Você não está ouvindo o que estou falando com você? - Sua voz permanecia alta.
- Abre a porta, quero entrar no meu quarto. - Estava me controlando o máximo que conseguia, meus dedos apertavam-se contra a palma da minha mão e eu sabia que eles estavam ficando brancos pela falta de circulação sanguínea.
- Não vou abrir essa porta até você conversar comigo, Allyson!
- Abre essa merda, agora! Eu não quero conversar com você. ainda não deu pra perceber? 
- Você vai ficar com essa atitude até quando? Eu sou a única que estou aqui por você. Desde sempre eu estive aqui por você. Eu fui a sua família. Eu te quis quando ninguém mais te quis. - As palavras me atingiram e eu deixei meu corpo agir, parti para cima de Dinah e ela caiu no chão, comecei a bater nela. Ela se defendia como podia enquanto gritava me chamando de louca. Senti braços passando em minha cintura e meu corpo sendo tirado de cima da garota.
- Me solta! - Gritei enquanto me debatia contra os braços de Lauren. Dinah ainda estava no chão e me olhava com os olhos cheios de lágrimas. - Como você tem a coragem de dizer que sempre esteve aqui por mim? Você me abandonou! 
- Ela não te abandonou, Ally. - Ouvi a voz de Lauren quase em um sussurro.
- Eu não estou falando com você e quer saber? - Tentei retirar os braços dela do meu corpo - Me solta! Eu não sei nem o que você está fazendo aqui. Não tem nenhum paciente para olhar? Uma garrafa de whisky para secar? - Lauren me soltou devagar e fixou seu olhar em mim. 
- Você não faz ideia do quanto sofremos sem você. - Soltei uma risada sarcástica e apontei o dedo para as duas. 
- Vocês não fazem ideia do quanto a hipocrisia de vocês me enoja! Me deixem em paz. - Esbarrei em Lauren e saí em direção a cozinha. Não queria falar com elas, não queria ficar no mesmo espaço que elas.
Ao mesmo tempo que eu odiava aquela clínica eu odiava ter que voltar a dividir o mesmo espaço que Dinah Jane. Eu não sei explicar o que sinto em relação a ela, se me perguntassem qual sentimento nutro por essa garota talvez eu não saberia responder.
Eu lembro exatamente como foi quando começamos a fazer isso, lembro como foi quando ela entrou em minha vida, ou melhor, quando eu entrei na vida dela.
Eu tinha 8 anos quando tudo começou, era nova mas lembro de cada detalhe de um dos piores dias da minha vida.
Minha família era do Texas e quando nos mudamos para Miami meu pai abriu uma loja de instrumentos musicais. Era a loja mais famosa da região, éramos conhecidos pelo bom preço e atendimento. Lembro-me de ficar escondida em algum canto da loja tentando acertar as notas enquanto soprava uma flauta doce. Meus dedinhos pequenos tentando tapar os buraquinhos, por diversas vezes o meu pai me encontrava e brigava comigo devido ao ruído que incomodava os clientes. Quando tinha 5 anos ele me colocou em uma aula de piano e aos 7 eu já tocava muito bem.
Se eu fechar os olhos a cena vem viva em minha mente como se fosse ontem, o cheiro da loja, o piso escorregadio, meu pai tirando as dúvidas de alguns clientes, era um dia normal como qualquer outro. Meu pai estava bem perto de fechar a loja e eu estava sentada fazendo meus dedos dançarem tranquilamente pelas teclas do piano de cauda no centro da loja, quando de repente três homens encapuzados entraram na loja, as armas já levantadas na direção das pessoas e anunciando o assalto. Dois deles baixaram as enormes portas de ferro e o outro começou a pedir que as pessoas se abaixassem. Meu pai me lançou um olhar e eu me joguei no chão na lateral do piano, ele ficava em uma superfície mais alta e eu abaixei na esperança que eles não me vissem. As pessoas gritavam e eles pediam silêncio, gritavam pedindo às pessoas que jogassem no chão todos os pertences de valor e dinheiro. Meu pai permanecia em pé atrás do balcão, imóvel e com as mãos para o alto. O homem que estava apontando a arma para ele gritou pedindo todo o dinheiro que ele tinha em caixa, meu pai abriu com calma e deu o dinheiro que tinha lá, porém o assaltante desconfiou que algo estava errado porque era final do dia e meu pai não tinha lhe entregue muito dinheiro. Gritou ainda mais alto e meu pai nervoso disse que não tinha mais nada e foi quando tudo aconteceu. Ele apontou a arma para a cabeça do meu pai e começou a xingar e balançar a arma. Meu pai negou mais uma vez e o assaltante acertou a arma em sua nuca. Vi meu pai cambalear e me levantei gritando e indo em sua direção, o assaltante virou-se em minha direção e atirou no susto. Eu vi apenas meu pai se jogando sobre o braço do homem, seu corpo passando por cima do balcão, os dois travaram uma luta no chão e um disparo foi ouvido. O homem soltou o corpo do meu pai e saiu correndo, eu o vi morrer em minha frente. Meu pai nunca foi um exemplo de pai, marido ou homem, mas era o meu pai. Ele era o meu herói e eu não queria que ele morresse. Quando a polícia chegou o meu vestido estava manchado e meu rosto sujo de sangue. eu abraçava o corpo do meu pai e não queria sair de cima dele. Minha mãe foi a responsável por me tirar de cima do corpo, ela não chorava, parecia um robô, uma máquina, completamente sem sentimentos. Ela foi forte até o dia do enterro, ela foi forte na primeira semana em que me forçava a comer, mas eu não sabia que ela não comia. Ela foi forte quando me forçava a ir a escola, mas eu não sabia que ela não ia trabalhar. Ela foi forte quando me abraçava em meio aos meus pesadelos, mas eu não sabia que ela nem ao menos dormia. 
Eu era uma criança e não percebia as coisas acontecendo, não percebia que minha mãe estava se afundando. As coisas começaram a ficar claras quando ela foi chamada na escola por não pagar a mensalidade, e não foi. Quando eu fui proibida de estudar porque ela havia atrasado 3 mensalidades. Quando ela não fez minha festinha de aniversário. Quando a empregada não ia mais arrumar a casa  e eu precisava lavar um copo se quisesse beber água. percebi a coisa ficando feia quando eu só a via quando entrava no quarto e encontrava remédios espalhados, mau cheiro e ela jogada na cama. Eu não tinha parentes próximos, precisei aprender a me virar, fazer minha própria comida. Tentava tirar ela do quarto mas não conseguia, passava dias e madrugadas inteiras chorando sozinha. Um belo dia uma vizinha me viu chorando na escadinha da porta da casa. Eu estava com fome, não tinha dinheiro e nem comida em casa. Isso se repetiu por alguns dias e finalmente o conselho tutelar foi até lá. Me levaram para um abrigo e minha mãe para uma clínica, ela estava com depressão profunda. 
Eu fiquei um ano sem ver minha mãe e só tive notícias dela quando me falaram que ela havia se jogado do terraço da clínica. No meio da noite, sem ninguém ver. 
Eu estava sozinha no mundo, não tinha mais ninguém por mim. Me colocaram em um orfanato e eu sabia que as chances de ser adotada eram minúsculas. Dificilmente adorariam uma criança de 8 anos de idade. Eu odiava aquele lugar, as freiras pareciam não gostar de mim, as crianças me olhavam torto e eu vivia fugindo. Virei especialista em pular muros e passava horas, dias na rua. Às vezes tomava chuva ou voltava com a pele queimada pelo sol, mas sempre que voltava era castigada. Era simples, você quebrava as regras e era castigado. Tinha que lavar banheiros, não podia sair para brincar e raramente participava das reuniões de escolha de crianças.
Um belo dia enquanto andava pela rua, após 3 dias fora do orfanato, minha barriga doía de fome. Sentei em frente a uma pequena lanchonete e observei as pessoas saindo e entrando do outro lado da rua. Um garoto passou correndo e jogou algo atrás de mim, em seguida policiais passaram correndo atrás dele. Estava fugindo! Quando olhei o que ele havia jogado eram algumas pedras enroladas em um papel brilhante. Foi quando eu conheci o crack. 
Eu não fazia ideia do que era aquilo, mas decidi guardar, o que eu não sabia era que do outro lado da rua alguém me observava. Uma chuva caiu completamente sem avisar e eu fiquei ali escondida bem embaixo de uma marquise. Adormeci e quando acordei bem ao meu lado tinha um pão enrolado em um papel e um copo com um pouco de leite. olhei em volta mas não achei quem pudesse ter deixado aquilo. Algumas horas depois o mesmo rapaz que havia passado fugindo da polícia apareceu procurando pelo seu produto, eu precisava de dinheiro e ele da droga. Disse que entregaria se ele pagasse um preço, ele deixou comigo uma pedra e me deu 5 reais. Era o preço do meu silêncio, eu questionei e disse que não queria algo que nem sabia o que era. Foi quando ele sorriu e disse que me mostraria. Tirou do bolso o que parecia um cachimbo, colocou a pedra dentro e acendeu. No começo foi difícil, parecia queimar tudo por dentro, mas depois a sensação foi maravilhosa. Novamente alguém me observava do outro lado da rua. Depois daquele dia eu passei a querer mais e mais e em troca de sustentar o meu vício ele deixava um carregamento comigo. Pessoas passavam e compravam e eu usava a droga e ainda podia comer. Isso não durou mais que uma semana, mas foi o suficiente para que eu viciasse. O pessoal do orfanato me encontrou e me levou de volta, fugi mais três vezes e retornei para o mesmo lugar até que um dia o senhor que era dono da lanchonete que ficava bem em frente ao meu posto me chamou, receosa fui até ele. Ele me ofereceu comida, um lugar para tomar banho e dormir, mas em troca eu teria que varrer a lanchonete todos os dias e lavar pratos. Perguntei porque ele estava fazendo aquilo e ele disse que gostava de ajudar as pessoas e que via em mim uma criança com o futuro brilhante, coitado não sabia que eu não estava nem aí para o meu futuro. Diversas vezes preferia ter morrido junto com meu pai. 
No começo foi tranquilo, eu dormia na lanchonete em um colchão confortável, fazia minhas obrigações e saía atrás das minhas drogas e vendas. Porém ele me questionou sobre os meus negócios e disse que eu precisava parar se quisesse continuar ali. Eu relutei, mas foi quando fui pega pela polícia e aquele senhor me livrou que eu precisei tomar uma decisão. 
E foi aí que a vida de Dinah cruzou com a minha, ela a única filha dos Hansen. Eles me levaram até o orfanato e preencheram toda a papelada necessária, me adotaram e me acolheram como filha. Eu me sentia estranha, mas pelo menos agora tinha uma família e era amada. Era amada sem merecer, eles não tinham obrigação de me amar, apenas me escolheram para isso. Bem, ao menos o Sr e Sra Hansen fizeram isso.
Toda família tem seus monstros, seus pesadelos, suas dificuldades. o lar dos Hansen não era diferente. Com o tempo eu fui vendo que aquela família não era tão diferente da minha biológica. Eu via coisas que odiava, presenciava outras que preferia não o fazer, mas amava-os e precisava de um lar. 
Foi difícil se adaptar, principalmente por causa de Dinah. Ela foi forçada a me apresentar suas amigas e eu criei um vínculo com elas, nunca muito forte, mas o bastante. Na casa dos Hansen era proibida até bebidas alcoólicas, mas com 14 anos eu já bebia devido às amizades da escola. Com 15 anos eu já usava a maconha diariamente, dentro ou fora da escola. Em casa, com os problemas da família que eu achava ser perfeita, eu não tinha mais atenção. Dinah muitas vezes saía para festas e não me levava, mas eu fazia minha própria festa. Alguns telefonemas e horas mais tarde eu já estava no carro de alguém rindo com uma lata de cerveja na mão. 
Com 16 anos eu já comercializava maconha e todos da escola me conheciam. Passei a andar mais com Lauren e já íamos em algumas festas juntas. Dinah me julgou por dias e disse que estava influenciando a amiga dela. Mal sabia que Lauren fumava mais que uma chaminé e isso muito antes de eu ser amiga dela. 
Aquilo para mim era só diversão, maconha e álcool eram coisas normais entre os jovens, mas foi quando os pais de Dinah morreram que eu me entreguei. 
Conheci a cocaína na minha primeira festa da faculdade e de longe vi algumas pessoas fumando crack. Não parei mais! Minhas viagens eram o meu porto seguro, minha corda e minha válvula de escape.
Ninguém me ouvia, ninguém falava comigo, ninguém ligava para mim. Não tinha mais família, nem amigos, nem amor. Vozes martelavam em minha mente dizendo o quanto eu era inútil e deveria morrer, apenas as drogas me davam paz. Minha viagem era silenciosa e eu não prejudicava ninguém. 
Nunca me perguntaram meus motivos para usar, nunca conversaram e tentaram me entender. Dinah Jane fez a única coisa que ela fez a vida inteira, me ignorou.
Eu odeio Dinah Jane, é talvez esse seja o sentimento...ódio
 


Notas Finais




Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...