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História Soggy Words - As they, I fall


Escrita por: Zarupy

Notas do Autor


Olá! Boa leitura!

Capítulo 1 - As they, I fall


“Lágrimas são palavras que não precisam

ou não podem ser ditas”

 

 

Quando eu era criança, me especializei em uma habilidade especial.

Eu era especialista em chorar.

Era só me esforçar um pouco e, sem demora, as lágrimas vinham. Eu podia controlá-las; para mim, era a coisa mais fácil do mundo.

Mamãe queria que eu fosse ator e ao meu pai eu só dava dor de cabeça. Eu era teimoso e mimado. Havia mais pessoas que me detestavam do que amigos que gostavam de mim. Eles eram muito poucos e, a maioria, não sei nem se gostavam de verdade.

O único que eu tinha certeza era meu melhor amigo, Bae Jinyoung.

Eu poderia passar cem páginas tentando explicar a importância dele nos meus vinte e dois anos de vida, mas cada vírgula só faria real sentido para mim. Ninguém mais conseguiria entender da mesma forma se não tivesse vivido tantos anos com ele ao seu lado.

Jinyoung é o tipo de amigo leal e carinhoso que nunca te deixaria sozinho, mesmo que tivessem que enfrentar alguma coisa da qual também sentisse medo. Ele dividiria os brinquedos e te faria sentir amado. Ele riria de qualquer bobagem sua e, mesmo que você cometesse um erro, não seria capaz de ficar bravo e te ignorar por muito tempo.

Embora eu ache que nunca tenha o merecido, ele era meu amigo. Meu melhor amigo.

Mas eu não era o melhor amigo dele.

O melhor amigo dele é e sempre foi Lee Daehwi, que só veio a se tornar meu amigo muito tempo depois de termos o conhecido. Naquela época, com cinco anos na cara, eu ainda era incapaz de gostar dele.

Porque Jinyoung gostava demais dele. Daehwi era seu preferido. Entre eu e ele, a sua escolha era sempre a mesma.

Daehwi era a primeira estrela do anoitecer. Ele era brilhante, alegre e sabia fazer de tudo. Não dava para competir com a companhia dele, quando ele era todo sorrisos e encantador. A culpa não era de Jinyoung. Qualquer um pensaria o mesmo.

Mesmo assim, eu abria o berreiro toda vez que eles me deixavam de lado. E isso acontecia quase sempre, porque eu ficava triste de verdade e sentia saudades de quando meu melhor amigo era só meu.

Eles sempre vinham verificar o que tinha acontecido e me chamar para brincar junto, porém, a partir de algum momento, Daehwi passou a me ignorar. Aquilo era comum demais para que tratasse como se fosse importante.

Mas Jinyoung nunca parou. Ele vinha correndo e não saía do meu lado até que eu parasse, enxugando todas as lágrimas e me abraçando com força; às vezes, até rindo, para eu perceber o quanto estava sendo bobo.

Jinyoung sempre odiou me ver chorando. Se discutíamos, as brigas sempre acabavam quando a primeira lágrima caía.

Frequentemente eu olho para o nada e fico me perguntando se ele gostaria mais de mim se eu não fosse tão difícil de lidar.

Todas as desarmonias eram culpa minha.

Enquanto íamos crescendo, Daehwi conquistava mais e mais amigos; e eu arranjava problemas e confusão. Tinha diversas cicatrizes, das costas ao calcanhar. O único motivo de nunca ter me isolado totalmente, foi os dois terem me arrastado com eles por todos esses anos, enquanto nosso grupo de amigos aumentava.

Jinyoung nunca me deixaria para trás e eu podia perder todos que eu tinha, mas ele não. Ele, nunca.

Sem ele, eu não teria quem se esforçasse para tentar me entender. Sem ele, ninguém teria me acolhido quando as coisas ficavam complicadas em casa. Sem ele, eu não teria alguém para enxugar as lágrimas que, através dos anos, passaram a cair somente escondidas, não mais como um show para que todos vissem.

Eu confiava nele mais do que em mim mesmo.

Mas não era recíproco.

Os seus segredos mais profundos, era Daehwi quem guardava. As suas angústias, era ele quem amenizava. Até nos seus sonhos, ele estava.

Quando Jinyoung me ligou na primavera de quatro anos atrás, de madrugada, dizendo que precisava me contar um segredo que Daehwi não podia ficar sabendo, eu obviamente estranhei. Ele normalmente não faria isso, porque confiava mais ele. Amava mais ele.

Jinyoung o amava.

E, três e quarenta e sete da manhã de uma quinta-feira, foi isso que ele me disse. Ele disse que o amava.

Jinyoung estava apaixonado por ele.

E eu nem deveria ter ficado surpreso, deveria?

Mas fiquei. Fiquei tanto tempo calado que Jinyoung teve que me chamar, perguntando se eu ainda estava na linha.

Eu estava lá, tentando manter a voz estável enquanto o respondia. Eu não era o melhor amigo de Jinyoung, mas naquele momento precisava ser o melhor possível. Ele estava preocupado e precisava de um ombro amigo para desabafar.

Ninguém ficou sabendo, mas eu também.

No momento em que Jinyoung admitiu estar apaixonado, eu percebi que nunca poderia contar o único segredo que escondi dele por mais tempo do que podia lembrar. Eu percebi que havia perdido qualquer chance e, agora, ele morreria comigo.

Eu também estava apaixonado por alguém.

Se você leu todas as palavras até aqui, eu não preciso dizer o nome dele.

Ele virá a seguir.

Bae Jinyoung — escuto o padre improvisado pronunciar com alegria, sorrindo. —, você aceita Lee Daehwi como seu legítimo esposo?

Respiro fundo e me obrigo a manter a cabeça erguida, assistindo em silêncio enquanto Jinyoung amplia o sorriso que está em seu rosto desde que a cerimônia começou, olhando para o noivo, que compartilha sua felicidade.

Se eu olhar em volta, provavelmente irei ver que, com exceção daquele ao meu lado, todos estão felizes.

É tanta felicidade reunida, que eu não aguento mais.

— Eu aceito.

Começo a chorar.

Nunca antes chorei em um casamento. Eles pareciam todos iguais e entediantes, mas esse é verdadeiramente emocionante. Sinto os olhos arderem com cada lágrima, como se fosse lava, porque elas são todas de verdade.

Todo o amor, todo contentamento e toda a história deles é de verdade.

Os dois vão ficar juntos para sempre, como naqueles dramas água com açúcar que passam em horário nobre. Toda manhã os dois vão acordar com passarinhos cantando e o caminho do futuro deles está repleto de flores que nunca morrem.

Tudo tão bonito. Tudo tão perfeito.

Eles sempre foram assim. Perfeitos um para o outro. Como pude me deixar acreditar que esse dia podia não chegar, se era tão óbvio que chegaria?

O “padre” diz que eles podem se beijar e eu cubro os olhos, ignorando as palmas a minha volta ao que meu choro se intensifica.

Hoje seria um ótimo dia para chover, mas o sol brilha mais que nunca nesse jardim. O rastro das minhas lágrimas também brilha na palma das minhas mãos quando olho para elas, tentando parar meu choro compulsivo.

Sinto uma mão sobre o meu ombro, tentando inutilmente me consolar, e desvio o olhar para aquele que está sentado ao meu lado, mas Samuel não está olhando para mim. Seus olhos estão fixos sobre o — agora oficialmente e eternamente — esposo de Jinyoung.

No últimos mês, ele se tornou o amigo mais valioso que eu tenho, depois de Jinyoung. Nós conversamos sobre as mais diversas coisas e fomos a diferentes lugares, tentando aplacar a aflição que sentíamos juntos. Eu nunca o contei meu segredo; não precisei. Ele tinha um igual.

A única coisa que havíamos dito um ao outro era que não choraríamos. E aqui estou eu, quebrando a minha promessa.

Mas Samuel manteve sua palavra. Seus olhos estão secos.

Mesmo que seu coração esteja tão machucado quanto o meu.

Eu me lembro de ter bebido um pouco além da conta ontem à noite e ter me deitado ao seu lado — na cama do hotel onde estávamos hospedados nessa cidade estranha onde os dois pombinhos vão morar agora —, rindo enquanto ele dizia que ficaríamos bem. “O que tinha para ficar bem?”, indaguei com um último riso fraco, sentindo o peito pesado e ficando em silêncio pelo resto da noite, até acordar nesta manhã com uma dor de cabeça latente e Samuel dizendo que chegaríamos atrasados.

Não queríamos nem ter vindo.

Eu só vim porque, em um daqueles raros dias em que quem precisava de apoio era ele, eu havia prometido a Jinyoung que sempre estaria ao seu lado.

O que seria de seu casamento sem seu mais antigo amigo, seu querido Park Jihoon?

Não que ele esteja dando a mínima para mim agora.

Noto que os convidados estão se levantando e Samuel faz o mesmo, levando-me com ele. Os outros estão se aglomerando em volta dos donos da cerimônia e Samuel tenta ir para o lado contrário, mas eu o seguro pelo seu smoking azul-escuro. Ele não pode fugir, não agora. Não posso fazer isso sozinho.

Ele suspira, mas caminha comigo em direção aos recém-casados. Esperamos nossa vez.

Eu só percebo que ainda não parei de chorar quando Jinyoung me encontra em meio às pessoas e corre para me abraçar, ignorando tudo a sua volta.

— Hyung! — Ele me aperta com força contra o peito e eu o envolvo com meus braços, um pouco mais fraco. Sentindo o seu calor e o seu perfume, percebo que nunca deveria ter vindo. Meu lugar não é aqui, eu não estou comemorando nada, eu não estou feliz. Assim como recusei ser o padrinho dele, deveria ter recusado o convite, deveria ter recusado fazer parte disso. — Por que você está chorando?

— Porque eu te amo.

Minha resposta sai abafada e quase inaudível, mas ele consegue ouvir.

Jinyoung ri e toca o meu cabelo, afagando.

— Eu também te amo, hyung.

Me ama.

Eu sei que ama. Jinyoung não teria me carregado consigo todos esses anos se não amasse. Ele me ama, me ama muito. Assim como ele, seu amor por mim é puro e sincero.

Muito mais que o meu, um amor amaldiçoado e inferior, que não me permite sorrir hoje, satisfeito somente com a felicidade dele.

Respiro fundo, me sentindo acolhido pelo abraço. Jinyoung ainda é meu melhor amigo. Mesmo sendo a causa da dor, ele também pode amenizá-la.

Ele foi o único que sempre pôde.

Separo-me dele lentamente e abro os olhos, notando na mesma hora uma cabeleira loira atrás de si, de um jovem que nos olhava um pouco preocupado.

Apresso-me a abraçá-lo também, tentando fazer parecer menos estranho o fato de que fiquei abraçando só um dos noivos por mais de um minuto.

— Amo você também — digo em voz alta, abraçando Daehwi pelos ombros. Ele retribui com um leve toque sobre as minhas costas, agradecendo.

Amo você por cuidar tão bem dele.

Quando nos separamos, tento não olhá-lo nos olhos. Sei que encontraria neles uma gentileza que, agora, não acho que mereço.

Daehwi sabe. Ele sempre soube.

Mas ele não poderia se afastar de Jinyoung por minha causa. A única coisa que ele pode fazer por mim, é fazê-lo feliz.

É o que ele vem fazendo por todos esses anos, dia após dia, que eu desperdiço pensando em como poderia ter sido diferente se ele nunca tivesse aparecido.

Talvez... Não. Ainda é difícil aceitar, no entanto, a verdade é que Jinyoung ainda assim teria se apaixonado por alguém como ele, não por mim. Nunca foi de mim que ele precisou.

Ele precisa de alguém como Daehwi e eu... Eu preciso parar de precisar dele.

Vejo Jinyoung abraçando Samuel e dou um sorriso, pensando que é bom que sejamos todos amigos, por mais desconfortável que seja. Por mais que, quando chegasse a vez do outro noivo, Samuel o abraçasse com excessivo e delicado cuidado, como se Daehwi fosse murchar ou rachar, mesmo que fosse ele quem estivesse se quebrando, pedacinho por pedacinho.

Não importa. Está tudo bem.

Jinyoung está feliz. Está tudo bem.

Eu estou bem.

Eu estou...

Prestes a vomitar.

Não posso mais... suportar.

Corro. As pessoas abrem espaço, saem do meu caminho. Sinto que todos me olham, mas não tento me explicar. Não poderia dizer. Não posso dizer.

Corro para o lado de fora, corro virando esquinas. Jogo-me na calçada atrás da casa, recostando-me ao muro e puxando os joelhos para cima, escondendo minha face, meu choro. Escondendo-me.

Espero. Espero e espero. Não quero que qualquer um me encontre, só um.

Mas, dessa vez, ele não vem.

Ele nunca mais vai vir.

 


Notas Finais


Eu sou livre para escolher pelo que sofrer e escolho sofrer por Winkdeep porque é beautiful e se tiver que ser com lágrimas vai ser porque vale a pena e é isso aí desculpem eu tô com sono eu queria postar antes de dormir mas já é de manhã porque eu passei horas tentando fazer uma capa (e é difícil terminar rápido quando seus "modelos" são duas das pessoas mais lindas que já respiraram na Terra) que nem ficou tão maravilhosa assim porém eu supero o que eu não supero é essa vontade de chorar saibam vocês que um ship não morre até que a última shipper deixe de shippar e para isso teriam que se livrar de mim primeiro e sim eu coloquei menção Samhwi na fic me processem eu não consigo me impedir
Para eu estar ignorando vírgulas e pontos, é, essa fic me traumatizou.

*A tradução de Soggy Words é "Palavras encharcadas".

E é isso. Desculpem por essas notas de pessoa surtada, bom dia e até a próxima.


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