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História Sold - 038 - II


Escrita por: SamiaGreen

Notas do Autor


Momentos finais ...

Capítulo 41 - 038 - II


Dulce

Ainda com um pouco de dor e com as costas apoiadas, permaneci sentada controlando a respiração e esperando que alguém aparecesse naquele lugar e me arrancasse de lá, ou até mesmo o som das sirenes serviriam para me dar mais esperança. Mas eram ilusões de alguém com expectativas.

Naquele exato momento a única coisa que consegui pensar foi nas palavram de Wayne suplicando a minha permanência na mansão "é perigoso" ele disse, mas o meu maldito orgulho herdado da família Escobar, e o medo, foram mais uma vez os meus maiores inimigos.

Não havia o que fazer. Como eu poderia raciocinar com a boca seca e amordaçada, ao mesmo tempo em que meus braços eram envolvidos por cordas com seus nós apertados. Meu corpo estava praticamente impossibilitado de se mover, e quando acreditei que ficaria mais alguns dias aprisionada daquela maneira, os passos firmes de alguma pessoa se aproximando me restauraram a atenção.

— Tirem a venda — ordenou a voz feminina.

Quando a modesta luminosidade atingiu meus olhos, bati os cílios repetidas vezes até me readaptar. O homem que seguiu as ordens também retirou a mordaça.

Umidifiquei os lábios ressecados com a língua jurando que isso mataria a minha sede.

— Bom Dia, Srtª Escobar.

O meu sobrenome. Ela sabia o meu sobrenome e quem eu era, mas por mais que eu me esforçasse para relembrar dela, nada além da escuridão da minha mente surgia.

— Tem alguma pergunta a fazer? Você parece tão a fim de falar — o sarcasmo daquela fala me dava nos nervos, e por causa disso eu tremi.

— O que querem comigo?

— Muitas coisas. — Respondeu breve — Dentre elas, vingança.

— Contra quem?

— Você mesma, maldita — Zombou — Por sua causa eu acabei sendo bastante humilhada, e para alguém como eu isso é bem grave. Requer prejuízos.

— Eu não lembro de nada do que fiz...

— Claro que não, você agora é uma demente. Não é isso? — A pergunta foi feita sob uma risada maquiavélica.

Por um segundo minha cabeça doeu, e aquele som ecoou dentro do meu cérebro. Aquele riso. Eu sabia que o conhecia de alguma forma.

Leonor.

No meio da sua exibição a mulher ficou rígida e fechou os punhos quando uma outra voz, mas desta vez masculina, adentrou o cômodo e fez com que os capangas dela se afastassem.

Até então ele não tinha rosto algum, mas depois de alguns segundos sua presença foi parar na minha frente, e mais uma vez recebi o olhar de alguém que me reconhecia.

As frustações de não saber de nada maltratavam mais do que a situação em si.

Ele era um homem velho e aparentemente poderoso. Todos ali o reverenciaram com covardia assim que entrou.

— Está intimidando nossa convidada?

— Estávamos apenas conversando, senhor.

— Leonor — Repetiu depois de um curto silêncio reflexivo — Dulce tem um valor para nós, e você sabe bem disso. Não a assuste agora, entendeu? — Ao ouvir a repreensão a mulher confirmou balançando a cabeça e me lançando um olhar cruel.

Engoli em seco e desviei a vista. Meus olhos foram em direção a ele que parecia prever minha ação. Com uma calma segura, o homem esperou por mim.

— Que valor eu tenho? Porque estou aqui?

— Quer mesmo saber?

— Sim.

— Bem... — Começou a falar caminhado de forma serena e propícia a sua idade — Eu matei seu pais.

Quando ouvi aquilo minha razão desapareceu e um nó na minha garganta me sufocou. Com os lábios trêmulos, fiquei estarrecida, e pela primeira vez completamente consciente de que estava correndo perigo.

Uma primitiva lágrima escorreu decorrente da indiferença em que ele se referiu a morte.

— Ainda não chorou o suficiente? Desculpe, mas você me parecia tão feliz ao lado do seu "santo protetor" que achei que tinha superado.

— Porque fez... — Tentei questiona-lo, mas as palavras permaneciam presas junto com as lágrimas.

— Ahh, os porquês da vida — Debochou — São tantos. Por exemplo, deve estar se perguntando porque seus pais morreram; porque foi tão desobediente, porque está aqui.

— Senhor, não temos muito tempo. Os federais já estão atrás dela — A mulher alertou depois de desligar o celular na nossa frente.

Eu nem se quer notei a ausência momentânea dela.

— Está vendo Dulce. Seu querido Wayne já deve saber o que aconteceu.

— Ele vai...

— Não — interrompeu — Ele não vai te achar. Pelo menos, não com vida. Prometo que preservo seu rostinho para o funeral, tudo bem? Acredite, eu detesto ter que matar mulheres bonitas.

Theo

Pela terceira vez eu falava a mesma versão do testemunho para mais um dos investigadores da delegacia local e mesmo assim ninguém parecia entender os motivos de aquilo ter acontecido.

Como alguém podia invadir um hospital daquele porte, matar seguranças de alta capacidade e sair sem ser visto? Naquela altura estávamos certos de que os responsáveis eram pessoas perigosas e altamente armadas. No meio de todo aquele alvoroço e perturbação depois de sair da sala e ser direcionado a uma outra, particular, segurei a cabeça com as mãos e me desesperei um pouco mais. Dulce estava em uma situação de risco e com um bebê no ventre, totalmente inconsciente disso. Ela podia ser machucada, violada, e incapaz de revidar por pura ignorância dos fatos.

A culpa foi a minha companheira mais desumana naquele momento. Mesmo sob tantas desculpas, nada me tranquilizava.

A porta antiga e um pouco enferrujada fez barulho revelando a face inexpressiva de Wayne. Ele me observou por alguns segundos até caminhar na minha direção e me pegar pelo colarinho da camisa, suspendendo o meu corpo.

— Onde ela está, seu idiota?! — Sua pergunta foi feita pausadamente, impaciente.

Não me ofendi com o xingamento porque não seria justo. Ele tinha todos os motivos e direito de para estar como eu. Incapaz.

— Já dei o meu depoimento, Wayne.

— Depoimento? Está de brincadeira comigo?! — Gritou — Eu a deixei nas suas mãos!

Fui sacudido repetidamente antes de minha tia Samantha surgir, segurando-o pelos braços para conter sua fúria. Ele passou as mãos nos cabelos várias vezes visivelmente desesperado, bagunçando tudo. Christopher não tinha cabelos lisos, e por isso, os seus cachos se desfizeram do gel deixando-o com uma aparência derrotada.

Novamente me sentei e entrelacei os dedos, voltando a me perder na minha própria aflição.

Dulce

Meus braços pulsavam tanto que era notável presenciar minha pele se dilatar pela interrupção da passagem do sangue. Ninguém ali se importaria se eu perdesse algum deles, e nem se os danos seriam eternos. Na mente dos capangas eu já estava morta. E na minha própria mente também.

Quando pensei que as dores de estar ali eram o suficiente, uma bem maior, e mais invasiva me atacou abaixo do umbigo. Segurei meu ventre com as mãos libertas e reclamei baixinho para que nem um deles pudesse me ouvir.

Que dor é essa meu Deus?

Embora eu entendesse que seria impossível manter sigilo, tentei ser cautelosa até ser flagrada pelo chefão. Meus gemidos foram audíveis para ele que já se aproximava desconfiado.

— Vamos Dulce, levante, precisamos sair daqui — Sua voz parecia aflita.

— Para onde vai me levar?! — Contestei por cima da incômoda sensação corporal.

— Desde quando você acha que pode fazer oposições e perguntas? – Revidou ele, golpeando meu rosto para dar ainda mais impacto a sua fala.

Virei o rosto com vigor e deixei ele me puxar enquanto todos me encaravam silenciosos.

****


Notas Finais


#SamiaGreen


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