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História Sold My Soul. - Frank (Parte I)


Escrita por: mryiero

Notas do Autor


Oizinho, demorei novamente, mas apenas um pouco.

O capítulo de hoje é puro Frerard, ponto. Não tem muito o que falar, ainda que faltem os tipos de interações que vocês conhecem, mas é mais um daqueles que vai construindo uma ponte não só na relação dos dois, como também no que vão enfrentar dali pra frente. Pois, a gente sabe, o Gerard não é tão burro e ele percebe que tem alguma coisa acontecendo. Cabe ao Frank decidir o que ele deve compartilhar ou não.

Não vou resumir ou falar muito, pois vou acabar contando coisinhas demais, mas estou amando a receptividade disso aqui, SMS é uma história muito amorzinho pra mim, por mais que seja recheada de trevas, sangue e muito dramão. O post foi proposital no dia de hoje, quem me conhece sabe que eu gosto de colocar fics atualizadas nesse dia pra espairecer os ânimos e também pra deixar certas coisas de lado.

Eu espero que gostem desse capítulo e aguardem, pois o próximo já tem ação pra caralho, e dali em diante, vem só caos, drama, as coisinhas do jeito que a gente gosta. Eu sei que as senhoras se amarram em ver um desespero por aqui, então vou dar isso ao máximo. ♥

Claro que com nossos amorzinhos interagindo, PORQUE SINCERAMENTE, EU FICO DESESPERADA, ESSE CAPÍTULO É O ÁPICE DO MEU DESESPERO E OLHA QUE EUZINHA SEI O QUE ACONTECE COM ESSES DOIS, QUANDO VAI ROLAR AS COISAS.

Enfim, estou aparentemente calma.

Boa leitura, demoninhos. <3

Capítulo 13 - Frank (Parte I)


Fanfic / Fanfiction Sold My Soul. - Frank (Parte I)

Capítulo Nove – Frank

 

"Your angel cannot protect you against that which neither god nor the devil had made."

– Cassandra Clare

 

 

- Quer fazer o favor de me soltar? – Minha voz provavelmente havia repetido tal indagação nos últimos cinco minutos ao menos umas seis vezes, porém sem realmente implorar. Em tese, Gerard estava me ajudando, agindo como o bom samaritano que havia sido contaminado pela legião da boa vontade, mas sem o menor jeito. E isso impedia que Way sequer pensasse em me deixar tomar qualquer atitude e caminhar com meus próprios pés. Embora meu ferimento doesse... Doesse para caralho.

Você não é do tipo que gosta das coisas com delicadeza... Seus pensamentos obscuros revelam exatamente o oposto e... Cale a boca.

Gerard me carregava como um saco de batatas e, a partir do momento em que saímos do táxi (a distância entre a catedral e o hotel era ridícula, mas valia lembrar que eu estava bastante ferido), a fase de acertá-lo com chutes em suas costas e socos em seu abdômen já havia sido abortada. Da mesma forma que me colocou naquele táxi, ele me ajudou a sair: esperando que eu estivesse seguro, ainda que extremamente fraco e sempre prestes a me desviar e caminhar, seguir meu próprio caminho sozinho. Até eu ser pego de surpresa por aquele beato às avessas, pouco podendo ser feito. A não ser reclamar.

Meus desejos eram opostos. Quem eu queria enganar?

À mim, jamais. Eu deveria ter me precavido quando entrei nesse corpo, a necessidade de sexo é tão encubada, que eu tenho pena de você ás vezes.

Assim que Way me tomou em seus braços, antes que eu me engajasse a fugir ou bancar o temperamental, eu me impedi de me tornar o pé no saco que habitualmente era. As complicações se iniciaram quando as mãos grandes de Gerard ergueram meu corpo, tomando total precaução em não tocar meu ferimento, para logo me apoiar em seu ombro. Ele estava pronto para me tirar dali, com toda sua imponência, ainda que parte do seu orgulho não estivesse tão inflado desde que Way notou que só estávamos salvos por minha causa, aliás... Por minha causa, você sempre leva o crédito de tudo, enquanto eu tenho que cortar as asinhas desses pobres coitados por aí. Mas tudo bem, um dia eu ainda vou ser reconhecido novamente por todo o meu trabalho e poderes supremos. Um dia vão relembrar toda a minha grandeza e todos esses palhaços mequetrefes vão...

Você quer fazer silêncio só por um segundo?! Não, quando você fica perto dele, eu sou obrigado a me calar de alguma forma e tenho que mergulhar em um poço de perversão humana homossexual, é aterrorizante... Tem certeza de que esse pobre coitado não tem algum tipo de proteção demoníaca que me impede de tentar matá-lo? Você deveria checar.

Enfim. Não havia uma promessa propriamente dita, mas a linguagem corporal de Gerard me trazia uma única clareza, ao contrário de todos os mistos de sentimentos e desesperos que o cercavam: segurança. Mesmo que eu o chutasse, me pseudo contrapusesse a tudo o que Gerard estava disposto a fazer para me salvar, ele me sustentou, ignorou as agressões, até que me levasse são e salvo para o exterior da Catedral de St. Giles. E eu só conseguia projetar meus pensamentos em vertentes deturpadas do que havia acontecido naqueles últimos minutos... A preocupação, a conversa, os olhares, minha fragilidade tão exposta e a força que eu havia utilizado para nos tirar daquela, arriscando ser descoberto e, possivelmente, punido. E, se eu o fosse de verdade, eu jamais me perdoaria pelas consequências que surgiriam.

Michael e Bert arrastavam o nosso "refém" logo atrás de mim, ambos assumindo posturas ridiculamente bêbadas e exageradas, chamando atenção, em súbito, dos curiosos que já se aglomeravam nas proximidades. Alicia completava tudo aquilo (parecendo um tanto quanto mais pálida do que o normal), escorada em um táxi escuro, estacionado quase por inteiro na calçada, "quebrando" um pequeno grupo de jovens que insistia em tentar adentrar a Catedral (gritavam algo sobre atentados terroristas, o que chegava a ser ridículo) e eram impedidos por alguns sacerdotes ainda assustados, com olhares precavidos ora em nossa direção, ora diante do público não muito bem vindo ali. Nada poderia ser dito ou dedos iriam ser apontados, eu sabia muito bem que aqueles homens de fé não iriam se atrever a mostrarem sua fé abalada e que havia sido posta à prova naqueles últimos minutos de caos.

Simmons, além de McCracken, inquietou-se com o meu estado mais apático, principalmente ao perceber-me sendo carregado, prontamente querendo nos ajudar, sendo interceptada por um Way que a ignorou e avançou comigo até o táxi. Dali em diante, eu pouco conseguia lembrar, ao que a dor parecia me dilacerar e fazer com que eu ficasse encolhido em um extremo do automóvel, aguardando Gerard e Robert, enquanto Alicia e Mikey seguiam em outro táxi, arrastando o nosso "companheiro bêbado". Ainda era estranho lidar com a presença daquele estorvo, sentado ao lado de um motorista que parecia alarmado com todo o sangue que não só manchava as mãos de Gerard, mas também a minha camisa e com o quanto eu me tornava ainda mais arfante do que antes. Se não fosse pelo o que quer que estivesse utilizando meu corpo como hospedeiro, eu tinha absoluta certeza de que eu estaria estirado naquele banco, entre a vida e a morte, nos braços de Robert.

De nada, meu docinho.

Foi irônico notar que, assim que atingimos nosso objetivo (Gerard arremessando notas de dinheiro no colo do motorista, predominantemente arrogante e resmungando algo em agradecimento), carros de polícia surgiam para reforços e uma multidão já deveria se formar por toda a rua, enquanto eu só conseguia pensar no quão ridiculamente salvos iríamos sair daquela merda. Em minhas alucinações causadas pela dor e, em partes, por ainda sentir as mãos de Gerard me agarrando pelos quadris, estas mesmas mãos surgiram em súbito, carregando-me, com um Robert divertido demais com aquela situação nos seguindo. Mas que logo se adiantou para ajudar Mikey a carregar nosso hóspede nem um pouco bem vindo, em uma entrada talvez triunfal, se eu não estivesse muito ocupado em me manter acordado e minha mente sã.

Meu maior temor era deixar que ele aflorasse, ganhasse espaço e envergasse ainda mais a estrutura de confiança quase plena que os Way tinham para comigo. E eu não iria nem mencionar Robert, caso visse no que eu havia me tornado, eu já tinha muito o que pensar e justificar, a respeito do teatro macabro que exerci naquela igreja, fugindo por inteiro das regras subentendidas criadas por exorcistas. Desde os mais inescrupulosos, como eu, aos metódicos, como Gerard, a execução de rituais pesados e de temática ocultista era completamente proibida. E não era a toa que ele me carregava e não me tirava de vista (foi a desculpa inicial que eu plantei em minha mente), Gerard só aquietaria os ânimos quando obtivesse respostas. E eu estava intencionado a nunca dá-las.

- Como você ousa me carregar dessa forma?! – Tentei exclamar, assim que chegamos diante do apartamento e vi Alicia abrir a porta para que aquele grupo nada discreto adentrasse o pequeno local que ela havia alugado. Eu não me perguntei como havia arranjado tanto dinheiro ou como subimos sem passarmos despercebidos e impunes de uma vistoria policial, ele simplesmente sabia do que ela era capaz... E ele me orientava a não temer, a deixar que Alicia cuidasse das coisas, afinal, ainda que eu possuísse aquela força dentro de mim, era mais coerente que a nefilim tivesse as habilidades... Não eu. – Eu posso ter uma hemorragia ainda maior!

Minha voz soou mais fraca do que eu gostaria, denunciando que eu estava a um passo de rastejar para fora dali... Não literalmente, mas figurativamente, a escuridão pairando sob meus olhos, enquanto os mantinha abertos, tentava enxergar a sala rústica ao nosso redor, escutar vozes ou associar algum elemento do plano real, para que eu não mergulhasse de vez. Então veio, a clareza tornando-se gradativamente parte de mim, quando Gerard pareceu colocar-me de pé, no chão, ainda escorado nele, para que viesse a tomar-me em seus braços, um cuidado incabível em não atingir meu corte, quando um de seus braços se encaixou na parte traseira de meus joelhos e o outro aconchegou-me por minhas costas, trazendo-me novamente para si.

Eu estava prestes a desmaiar, entregar as cartas e qualquer outra analogia que denunciasse que ele poderia me dominar, que poderia me curar e foda-se todas as consequências. A primeira vontade que surgiu era a de gritar, de espalhá-lo por mim e implorar para que me fizesse mais forte, mas esta desapareceu, como se eu tivesse levado um forte tapa no rosto ou alguém me salvasse do ápice de uma tempestade. Não houve tapa propriamente dito ou mãos me resgatando, ainda que as dele fossem quase experts nisso. Houve a sua voz, não muito distante de um dos meus ouvidos, ao que aparentemente caminhava com meu corpo em segurança.

- A princesa prefere que o carregue assim? – O foco veio de uma só vez, como se eu estivesse em alguma realidade paralela e subitamente a vida nada comum e muito menos apática que eu vivia houvesse sido arremessada bem diante dos meus olhos. Daquela vez, era diferente de todas as outras em que despertava com a mesma quantidade absurda de sangue besuntando meu corpo... Dessa vez eu vi aquele rosto bonito, feições preocupadas, os olhos escurecendo sob a luz fraca do corredor estreito, ao que aparentemente me levava para um dos quartos. "Michael, me livre do seu irmão!", foi tudo o que consegui proferir, talvez nem tivesse concluído a frase, embora Gerard estivesse rindo demais da minha cara. – Não precisa se preocupar, ele é o médico da família e vai dar um jeito em você.

- Falando assim... Parece que vai deixar seu irmão me... Esquartejar. – As palavras e meu tom foram lentos demais para a rapidez tão habitual minha, e eu mantive meus olhos bem focados no perfil de Gerard, agarrando-me àquela visão, ao que o escutava chutar a porta de um dos quartos para adentrá-lo comigo bem firme em seus braços (Ele era realmente mais forte do que eu imaginava. Pelas coisas que você realmente imagina dele, isso não seria nenhuma novidade, chaveirinho.). Estava me sentindo constrangido, quase corado (se não estivesse quase morrendo de hemorragia), quando Michael realmente surgiu, em passadas rápidas, um "Ele é todo seu agora" sendo sussurrado por Gerard, enquanto eu não fazia a menor ideia se aquilo havia sido para mim ou para o irmão.

- Tome cuidado com ele! – Michael era sempre muito escandaloso, ao que o irmão se inclinava e deixava meu corpo sobre a cama espaçosa demais para aquele pequeno quarto, possivelmente ensopando o lençol claro com meu sangue logo em seguida. Eu não me atentei a qualquer outro detalhe, a não ser que eu era pequeno demais para aquele colchão e eu sentia como se houvesse sido perfurado novamente, o ferimento latejando e sendo prontamente estancado por uma de minhas mãos, ao que Way sumia de minha vista e seu irmão surgia em meu campo de visão. Tudo era muito turvo novamente, mas pude ver Mikey ajeitar os óculos, inclinar-se para retirar minha mão do ferimento e analisá-lo com uma quase falsa superioridade, se não fosse por fazer algumas caretas dramáticas demais. – Meu irmão é insuportável quando gosta de alguém, me perdoe por toda a indelicadeza dele. – O desviar do assunto me fez tentar associar se aquilo era real ou não (optei pela segunda possibilidade, a fim de não criar falsas suposições), então me vi obrigado a aceitar que eu estava nas mãos do segundo Way, tudo aquilo acontecendo de forma tão repentina, que eu sequer era capaz de me processar ou impedir. Eu só deixei que me salvassem. – Talvez vá doer um pouco, mas vou tentar ser o mais ameno possível.

Para ser sincero, eu não sei exatamente por quanto tempo fiquei ali. No momento em que Gerard surgiu, uma última vez antes de eu desmaiar ao ter meu ferimento limpo por Mikey, carregando um kit de primeiros socorros simples, possivelmente pertencentes a eles, me senti um pouco melhor e quase preparado para uma nova enxurrada de piadinhas e comentários maldosos, até que toda a minha avareza e desassossego retornaram em dobro quando ele repentinamente saiu e sumiu pelo corredor. Sequer tive tempo para questionar ou voltar a encará-lo com total falta de vergonha na cara, esperando que qualquer olhar em minha direção fosse forte o bastante para me ancorar aquele mundo, quando Michael iniciou seus cuidados.

Não soube, em um primeiro momento, se ele era realmente bom naquilo... E se eu havia morrido, quando fechei meus olhos e me entreguei a um torpor sem fim, livrando-me de um padecimento que já não mais cabia em mim. Algumas vezes senti-me atordoado, preso em labirintos que ele construía em minha mente, porém, em nenhum momento houve um despertar ou qualquer indício de que queria assumir o controle. Talvez eu fosse sortudo demais às vezes.

Talvez eu apenas esteja criando um jogo mental capcioso que tem como principal objetivo ver até onde você consegue ir com todo esse engodo.

A claridade me despertou em súbito, em um arfar sutil e piscar de olhos que percebiam sutis mudanças em meu entorno. Percebi que eu estava sozinho no quarto e um silêncio imperava por todo o apartamento, enquanto eu parecia ter permanecido na mesma posição durante horas, ao julgar pela dormência presente em quase todo meu corpo. A ausência de minha camisa foi notável, uma vez que deslizei uma das mãos por meu peitoral, encontrando um curativo mais além, na lateral esquerda do meu corpo, recobrindo também quase a parte frontal do meu tronco integralmente, enquanto o latejar mais calmo que me fazia lembrar que o corte de um tamanho médio e não tão profundo, mas que possuía uma fundura capaz de me fazer sentir espasmos e ter a certeza de que eu havia levado pontos ali.

Franzindo o cenho, tentei – completamente em vão – ajeitar-me sobre o colchão nada confortável daquela cama, recebendo uma pequena série de elucidações para que eu não o fizesse. A dor foi a primeira, a sensação do corte sendo comprimido, ao que tentei sentar-me, sendo inquietante demais em um breve instante, seguida daquela serena voz, bem no fundo da minha mente, sussurrando um "Eu não faria isso, se fosse você... Opa, eu sou você, então vou forçá-lo a ficar grudado a essa cama. Você é o espécime mais marroaz que eu conheço e preciso desse recipiente pequeno intacto.", que inevitavelmente me estagnou ali. Se não fosse por um pigarrear, dessa vez nem um pouco originário do meu âmago, bem ali... Sentado em uma cadeira, que havia surgido sabe-se lá de onde, braços cruzados e nitidamente recém saído de um banho.

Gerard de roupas comuns, uma calça de moletom escura, acompanhada de uma camisa de tom parecido, acentuando a palidez de sua pele. Gerard de cabelos molhados, empurrados para trás, revelando uma expressão obstinada e olhos atentos. Gerard que insistentemente eu me conduzia a acreditar que não o suportava e que não aguentaria mais um dia de tamanha proximidade. Gerard que eu queria por perto.

- Você usou magia negra em St. Giles. – Era uma constatação, não uma pergunta ou uma de suas insinuações tão irritantes. Gerard parecia impassível, se não fosse pelos olhos esverdeados, faiscantes e precisos sobre mim. E, encarando-o de volta, eu não temi pelo o quê viria, já tramando a desculpa mais esfarrapada que viesse em minha mente, se Way gritasse aos sete ventos o que eu havia me tornado de verdade. Mas ele não sabia... Claro que não sabia, estava calmo demais para alguém que não suportaria um combo "Frank Iero + demônio" com tamanha facilidade. Gerard já teria me matado enquanto eu dormia, se soubesse. – Eu peguei umas anotações do seu amigo Robert, enquanto ele, meu irmão e aquela garota se ocuparam do nosso hóspede surpresa... – Enquanto fez uma pausa, eu senti a vontade de questionar o que havia acontecido enquanto eu estava dormindo crescer dentro de mim, prontamente sendo interceptado por um Gerard que falou ainda mais alto, sem a menor necessidade. Afinal, eu ainda estava lento e apático pelo sono e os acontecimentos recentes. – Felizmente, ele deixou os diários da mãe na sala e não demorei muito pra juntar as peças, pra encontrar os símbolos. Você usou um rito satânico avançado e pouco conhecido para expulsar entidades. – Utilizou o seu tom arisco, uma viés de sua versão arrogante e intragável, que queria mostrar-se, porém temeroso e até mesmo decepcionado. Não me afetei, ao menos superficialmente, afinal, apesar de toda a proximidade, era sobre aquilo que nós dois éramos... Sobre disputas, sobre Gerard alucinado atrás do real motivo pelo qual Robert e eu éramos tão requisitados. E lá estava a resposta.

Ao menos a parte menos divertida, só consigo rolar os olhos e esperar impacientemente vocês dois queimarem tanto quanto as chamas do inferno. Acorde-me quando as donzelas pararem de discutir.

- Eu não me lembro. – Dei de ombros sutilmente, a posição em que eu me encontrava não sendo muito satisfatória no quesito "olhá-lo" ou "fazer qualquer movimento sequer", o que eu sabia facilmente mascarar com minha expressão cansada e até mesmo sonsa."Não se lembra de saber uma arte demoníaca tão facilmente?! É o que você e Robert fazem, não é? É assim que..." Gerard iria começar as acusações, uma atrás da outra, todas repentinamente ecoando por aquele quarto da mesma forma que minha cabeça passou a latejar e a ideia de respondê-lo inventando desculpas causando-me um instantâneo descompasso. Contrariamente ao seu tom hostil, eu permiti que soasse fraco (buscava sensibilizá-lo e tentava ser um bom manipulador para isso) e rouco. – Fazemos o que podemos. O que está ao nosso alcance para salvar vidas, Gerard. – Então, eu respirei fundo e incomodei o ser que tanto me atormentava (ele, não Gerard) e tentei sentar-me sobre a cama. Antes mesmo que eu precisasse fazer algum esforço mais exacerbado, Way aproximou-se em um misto de solidariedade e afronta, as mãos voltando por meu corpo, diretamente sobre a minha pele. E eu achei que fosse morrer novamente, dessa vez não só por dentro... Pois, assim que Gerard voltou a me tocar, eu pude me sentir queimar por inteiro.

Ele havia se erguido, se inclinado em minha direção com uma necessidade transparente em seus olhos, estes inquietos, assim que tocaram-me o corpo. Com os dedos firmes sobre meus braços, permiti que me ajudasse a erguer-me, Way demonstrando novamente ser muito mais forte e musculoso do que imaginei (não pude deixar de notar alguns músculos ligeiramente definidos, o que me levava a questionar, mais uma vez, o que diabos eles ensinavam em monastérios por aí). Toda a sua facilidade em arrastar meu corpo pelo colchão era questionadora, mas eu pouco poderia falar algo... Há tempos eu andava perdendo peso, tornando-me escravo de nada mais do que qualquer tipo de bebida alcoólica que surgia diante de mim.

Gerard não usou travesseiro para me fazer mais confortável ou me ajudou a apoiar-me sobre a cama, mas me olhou com cautela, antes de afastar-se e jogar-se sobre a cadeira como se nada houvesse feito e eu só conseguia permear entre encará-lo com total incógnita em minha face e cuidar do ferimento em meu corpo, assim que o latejar quase tornou-se desconfortante novamente. Eu não podia fugir, muito menos afetar-me com todo o jogo que Gerard fazia.

- Cale a boca, antes que fale alguma merda que sequer tem conhecimento. – Ajeite-me, as costas colidindo sutilmente com a madeira gélida atrás de mim, ao que levava uma das mãos para os meus cabelos e os ajeitava, o olhar de Gerard finalmente encarando qualquer coisa naquele quarto que não fosse meu rosto ou meu corpo. Era quase gratificante e digno de curiosidade, se não fosse pela expressão raivosa em seu rosto, por perceber que eu havia voltado ao meu estado "normal". – Porque você não sabe, não faz ideia...

Não faz ideia de que você é o grande mago supremo das artes obscuras por ter um demônio magnífico dentro de você? Não faz ideia do pacto que fez comigo e de todo o sangue que cedeu por conta de todo esse egoísmo e inconformidade que facilmente dominam você? Se o seu queridinho soubesse...

Gerard nunca iria saber. E muito menos é meu queridinho.

- Eu não faço ideia?! – Não havia realmente nada de querido quando Gerard elevava seu tom de voz, o sotaque gritando mais do que os decibéis que eu era obrigado a escutar com todo aquele escândalo. Muito menos quando se levantou e passou a transitar pelo quarto, cujo notei ter sido apenas decorado com a minha bagagem e a de Robert, largadas no canto esquerdo, próximo à pequena janela recoberta por uma cortina bege pavorosa. Mais uma vez, Way teve minha total atenção, todo pálido e funéreo com aquelas roupas, sobressaindo-se por completo naquele ambiente em tons de bege e marrom. – Você está usando forças obscuras e proibidas para solucionar coisas simples. – Ele gesticulava, em um drama só, quase bonitinho demais com seu nariz fino empinado e bochechas coradas, por toda a quase teatralidade que exercia ao se dirigir a mim, parando bem em frente à cama, enquanto eu me policiava entre não sorrir e disfarçar o incômodo do meu adorável ferimento. – E em solo sagrado ainda por cima! Vocês... – A pausa não havia sido proposital... Ele não tirava os olhos de mim e era óbvio que Gerard perceberia meu mal estar, meus olhos se fechando e a respiração mais pesada evidenciando meu desconforto. – Frank? – Presumi que estava prestes a se aproximar, quando abri os olhos repentinamente, uma das mãos erguida no ar, impedindo-o de me desgraçar mentalmente com seu cuidado, ao mesmo tempo em que parecia querer me matar a todo segundo."Eu estou bem... Não se aproxime novamente de mim, sua cara me atordoa. É redonda demais... Já te disseram isso?", zombar era uma boa saída, esperta demais, mas não tanto quanto Way e a facilidade que tinha em perceber cada entrelinha minha. – Vá pro inferno. Não mude de assunto.

- Não lembro direito o que aconteceu, estou falando sério... – Argumentei, contra a minha vontade, atormentado do início ao fim com aquela conversa. E eu sabia que ela poderia ser finalizada dali a alguns segundos ou horas, que poderíamos fingir esquecer por um dia sequer... Mas retornaria, cada vez mais pujante e adornada pela teimosia de Way. Ele não cansaria até arrancar a verdade de mim. E eu não seria tão condescendente assim. – Mas, se é o que quer ouvir, nós não somos tão santinhos como você e o seu irmão... Não mesmo. – Encarei Gerard, lhe dando um pouco do que eu queria. Não, não era me contradizer ou soar mais louco do que originalmente eu era. A única jogada que me cabia, para que me desse paz, era lançar uma isca, não muito robusta e aprofundada, mas o suficiente para que Way tivesse ainda mais ferramentas para deixá-lo ainda mais desparafusado. – Esse é o nosso segredo, você finalmente o tem, deve estar realizado... Não é o que queria ouvir? – Arqueei uma das sobrancelhas, ajeitando o cós da jeans que usava com uma das mãos, em um gesto sutil e inócuo, mas não imperceptível a ele. Enquanto me encarava com ferocidade, mais rubor surgindo em suas bochechas, notei minhas mãos em um relance, com um vermelho ainda bruto as manchando, quase me fazendo sorrir com amargura. Era tão ridículo me acostumar com aquilo e as únicas pessoas que conviviam comigo não faziam ideia do quão habitual aquela cena havia se tornado. "Não, não estou... Estou desapontado, achei que fosse melhor do que isso.", Way cuspiu as palavras e, pela primeira vez, eu me senti ferido. Algo que ardia mais do que o estrépito ser que vivia dentro de mim ou o corte em minha barriga... Algo que eu vi em seus olhos e que me fez respondê-lo com uma fugacidade atípica. E sério, mais sério do que todas as vezes nas quais nos confrontamos, gritamos, atiramos coisas um no outro. Ali nada seria atirado, a não ser as palavras e elas soaram exatamente como deveriam soar: atormentadas e procelosas. – Quando digo que você não faz ideia... É melhor não saber, é melhor não cavar mais isso. Para o seu bem e o do seu irmão.

Era preocupação em minha voz? Você quer mesmo que eu responda?

A resposta não me dizia a respeito, eu não queria cogitar, eu não queria continuar a acreditar no que estava acontecendo, no que toda a proximidade estava resultando. No tipo de coisas que eu estava me sujeitando, desde o ritual na igreja, salvar Michael, aquela conversa naquele quarto... E a intensidade de tudo, atropelando-me e destruindo toda a redoma fictícia que eu havia erguido ao meu redor.

Será possível que eu vou ter que soletrar "apaixonado" pra você entender, seu palerma?!

Vá à merda.

- Eu vou até o fim, Iero... Quer você queira ou não. – Eu deveria acreditar naquilo? Mesmo com Gerard cruzando os braços e bancando o "policial mau", eu quis rir e até caçoar infinitas vezes daquela ameaça. E é claro que era real, que não desistiria e bateria em mim, me esmurraria se tivesse coragem, para arrancar cada exímio fiapo da verdade que eu escondia. Nem que enfiasse aqueles dedos bonitos no corte em minha barriga, que os abrisse e tudo mais, ele iria arrancar

Mas o pobre coitado tem outros métodos... E já está os utilizando, você só é uma toupeira em formato compacto humano e não percebe. Ou deve fingir não perceber, por gostar. Ou... Quer saber?! Eu nem deveria estar me metendo, para falar a verdade, eu deveria fazer você se levantar e sair gritando para todo mundo quem você é de verdade... Aliás, quem eu sou. Mas não... Claro que não, um "não" bem grande e voluptuoso como o meu pau. Eu achei uma primorosa ideia colocar uma cláusula em nosso contrato que acentuava que a minha nefasta pessoa seria apenas um hospedeiro e que dividiríamos esse corpo, essas emoções pútridas e um estarrecimento sem fim a respeito de tudo. Eu devo ter perdido minha inteligência juntamente com todo o esplendor que eu deixei para trás.

Corrijo o que eu disse, você é mil vezes mais dramático do que Gerard Way.

Não me chamam de rei de todo o drama à toa.

- Já acabou? – Desconectei-me dele, Gerard então sendo novamente o foco do meu olhar e de todo aquele ponderar que me causava dor de cabeça, fazendo com que eu percebesse duas coisas. A primeira, era que ele havia acabado, não iria sustentar aquela discussão no estado em que eu me encontrava e no que provavelmente teríamos que lidar com o pseudo-prisioneiro que havíamos trazido para lá. A segunda, era que ele poderia ter se calado, desistido de extirpar qualquer fato vindo de mim, mas seu olhar estava fincado em mim. Mais precisamente, em meu corpo. – O que você está olhando?

As tatuagens. Gerard havia estagnado, o verde de seus olhos sendo quase enigmático até entregar sutilmente seus pensamentos, afinal, eu era quase capaz de lê-lo mais do que deveria. Os lábios entreabertos, em uma respiração calma e quase silenciosa, enquanto me diziam o contrário: internamente, Way aprisionava um oceano de palavras, atos e sensações que eram quase translúcidos. Quando meu olhar desceu um tanto mais e notou os braços cruzados, as mãos quase escondidas fechadas em punho, eu percebi que era muito mais do que um superficial flerte de olhares.

Gerard via algo nos desenhos em meu corpo, em cada traço que coloria meus braços e peitoral, desde os símbolos de proteção aos desenhos feitos por pura futilidade ou real falta do que fazer. As marcas que tão bem me definiam e, principalmente, haviam surgido como uma válvula de escape desde que meu avô havia morrido e me entregado, contra sua vontade, a aquele destino deplorável. Naquela mesma época, eu havia compreendido que nada, desde que nasci, parecia realmente belo em minha vida.

Fiz dos desenhos a beleza e importância que não enxergava em mim há muito tempo... Que talvez nem houvesse realmente enxergado, afinal. Cada um deles tinha uma história, mas a trama principal era o fruto da minha constante insegurança. E era ela que estava sendo ameaçada, quase apagada, quando Gerard me olhava como se houvesse entrado em uma galeria de arte, com obras preciosas demais para que o mundo compreendesse. Só de olhá-lo, de compreender além de sua personalidade moldada pela igreja e por pais rígidos, além de anos encontrando criaturas podres e maléficas... Eu conseguia perceber que eu era a principal obra da galeria dele. Talvez a única.

Aquilo era encantador para alguém tão fodido quanto eu. E assustador também.

- Vai ficar olhando? Da última vez que alguém me encarou assim, ele ficou ajoelhado bem diante de mim e... – A minha tentativa de acalmar os ânimos era ainda pior do que Gerard parecendo descascar cada parte do meu corpo com um simples olhar. Tentei soar irônico, mas a sutil malícia em minhas palavras era o completo oposto de tudo o que eu falsamente queria passar e a sombra disso veio com Gerard me interrompendo, apressado e a voz saindo mais alta do que sua pseudo calma de sempre.

- As tatuagens... Estava só olhando as tatuagens. – Ele se embolou nas palavras, pigarreando, demorando segundos demais para olhar qualquer coisa que não fosse os encantamentos em enoquiano que adornavam a lateral oposta do ferimento em meu corpo. "O que tem? São as minhas proteções... Não comece com esse papo de desenhos satanistas, sabe muito bem que tudo isso aqui são símbolos sagrados.", movi uma das mãos, indicando meu torso e o braço oposto, onde as inscrições eram menos confusas, livres dos desenhos aleatórios que adornavam o resto do meu corpo. – Eu sei... É só... – Gerard arregalou os olhos sob o efeito de algum pensamento ou coisa que havia visto, prontamente os desviando do meu corpo, de mim ou de qualquer coisa que girasse ao meu respeito. E eu entendi o porquê, vendo-o em uma erupção sem fim, ao virar-se de costas, fingindo entreter-se com a cômoda sem graça logo atrás de si. – Elas ficam bem em você.

Oh, okay. Esse cara vai precisar ser ainda mais óbvio pra você notar que...

Gerard estava longe do meu campo de visão, principalmente quando decidiu voltar a mover-se pelo quarto. E eu o assisti, em completo silêncio, indo até a janela, ajeitando uma das cortinas, enquanto me perguntava o que ele ainda fazia ali, se havia se esquecido de onde a saída do quarto se encontrava, até perceber que, ao contrário de mim, Gerard não se aquietava quando estava em completo estado de vergonha. Enquanto eu xingava e pensava em formas de colocar meu caos para fora, ele o fazia tão facilmente, até quase adorável demais, que era impossível não desgrudar os olhos dele.

Movia-se e falava consigo mesmo, imerso em um mundo que eu ainda não conseguia acessar, mas compreendia ao analisá-lo, ao vê-lo, até percebê-lo acalmar-se minimamente, afastando-se da janela e parecendo tomar o rumo da porta, sob uma expressão determinada pairando em seu olhar. De fato, havia decidido se afastar de mim, como tantas vezes o fazia com ele, e preocupar-se em definitivo com o que tínhamos que lidar fora daquele quarto. Era com o que eu tentava me preocupar, mas constantemente parecia falhar naquilo... Aqueles minutos trancado em um quarto com Gerard respondiam com clareza àquela questão.

- Hey, Gerard... Obrigado por bancar o cavaleiro medieval e salvar a minha vida. Não lembro de ter agradecido antes. – Disse tudo com muita rapidez, como se arrancasse o curativo em meu corpo, tão fixo em Gerard, que não pude deixar de vê-lo quase tropeçar no meio do caminho, uma vez que parecia direcionar-se para a porta do quarto, a fim de livrar-se de mim, da mesma forma que eu estava a fim de me livrar dele. Ah, como é uma gracinha quando você acerta o ponto em ser contraditório. "Estamos quites agora, Iero.", havia algo em Gerard que ainda não era completamente compreensível à mim, ainda mais quando o vi realmente fugir. Minhas palavras não o fazendo ficar, embora eu quisesse... Embora eu não soubesse e nem quisesse realmente pedi-lo em voz alta. Eu ainda tinha o meu sagrado orgulho que me obrigava a engolir o fato de que eu gostava da presença dele ali, apesar das brigas, apesar de quase sufocar em esconder-lhe tantas coisas... Apesar de tudo o que eu empurrava no caminho para me provar o oposto. – Sim, estamos.

- Frank. – A mão de Gerard já alcançou a maçaneta da porta, ele ainda estava de costas para mim e as seguintes palavras soaram exatamente como o tipo de coisa que eu diria. Aliás, que eu havia dito de verdade e que Gerard havia sido esperto o suficiente para revidá-las mais rápido do que imaginei. E mais inesperado também... Afinal, eu nunca iria me acostumar com a sexualidade de Way, ela era a única coisa na qual eu não conseguia negar a mim mesmo ou sequer ofuscar. Ela era cada dia mais evidente, "gritante" e... Libertadora. Você não vai assumir, mas eu vou fazê-lo para você. – Da última vez que um cara me olhou assim, nós passamos boas horas em um quarto de motel.

Ele disse tudo aquilo sem sequer olhar, mas ciente de que eu o seguia descaradamente, desde suas costas tensionadas, ao abrir a porta, assim que falava tudo aquilo, até como eu decidi olhar para sua bunda. Afinal, que se foda, ele podia ter seus pensamentos eróticos e nada inapropriados por mim, enquanto eu era um inútil machucado e estirado naquela cama, então eu tinha todo o direito de ver como aquela maldita calça era quase que apertada e curta demais para ele... Eu também tinha todo o direito de imaginar o que eu quisesse. E eu preferia não revelar o tipo de coisa que minha mente conturbada decidia elaborar quando via Gerard tão promissoramente relaxado e aberto a muito mais do que discussões.

Mas eu estou e eu posso muito bem ressaltar que você o prefere aberto em muitas outras questões, principalmente quando...

- Gerard?! – Quase realmente gritei seu nome, quando o vi abrir a porta e a oportunidade de respondê-lo à altura quase me escapar. Naquela rodada em questão, eu estava disposto a me tornar o "vencedor", em encurralar Gerard e esperar pelo desastre iminente que poderia resultar de tudo aquilo. "Hum?!", ele resmungou, surpreso, mas ainda sem se virar, sem demonstrar qualquer sinal de que iria se mover tanto para o corredor, quanto para dentro do quarto. E eu sabia muito bem a resposta que eu teria ao que eu me atrevi a sugerir, tão descaradamente. – Quando quiser.

O baque forte da porta, logo em seguida, poderia significar minha irritação, até mesmo algum tipo de mágoa que brotaria do além e que desencadearia um Frank raivoso para todo sempre... Poderia significar tantas outras obviedades, que também não era nada inédito perceber que eu não me surpreendi com Gerard saindo daquela forma. Pois eu via muito mais do que uma porta sendo trancada brutalmente e resmungos de sua parte, antes de sumir do meu campo de vista... Eu via o que nós dois nos tornaríamos, se não agíssemos com cautela. Se parássemos de fingir não enxergar mais do que as entrelinhas já "gritavam" para nós dois.

Escutar a voz dentro de mim era algo que eu poderia culpar, me desculpar com a ideia de que eu era uma marionete para ele e que todo o tipo de comportamento que já estava se tornando fatídico entre Gerard e eu, era algum fruto de seus "poderes" e de toda a manipulação que tão bem sabia fazer. Mas eu sentia, eu conhecia cada artifício e era a maior vítima de seu controle... Eu sentia, não era induzido. E sentir fazia com que ele me repudiasse por inteiro e se calasse, como se calou, tão confuso e enevoado pelo o que eu deixava entrar e me dominar, sem qualquer aversão. Porque eu queria... E não só para calá-lo, para fazê-lo rastejar de volta a sua escuridão, mas por simplesmente ansiar mais do que qualquer coisa.

Mais do que ver anjos caídos apodrecerem diante de mim e perderem uma batalha que mal havia se iniciado... Mais do que apenas voltar ao normal, vê-lo retornar às chamas do inferno e me deixar em paz. Mais, muito mais. Eu estava me reencontrando novamente, atingindo um ponto que eu havia abandonado quando assinei um contrato à sangue e lágrimas, quando decidi vender-me por inteiro e abandonar qualquer rastro de humanidade que me habitava.

Gerard estava me trazendo de volta. 

 

 

[Continua...]  


Notas Finais




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