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História Sold My Soul. - Frank (Parte I)


Escrita por: mryiero

Notas do Autor


Oizinho, pessoas amadas!

Demorei dessa vez? Acho que não. HUAHUAHUA O capítulo de hoje tem umas coisinhas muito interessantes, além de caminharmos apenas com a história em um geral. Como acho que já mencionei aqui, alguns poucos capítulos irão trabalhar como "fillers" e eu vou sempre pontuá-los. Esse é quase um, mas o próximo vai ser basicamente o primeiro "filler" de Sold My Soul. Afinal, antes de qualquer coisa, de demônios e entidades, essa fic é Frerard, né não? ♥

Aqui, novamente, temos algumas respostas, mas, antes de qualquer coisa, vemos um pouco melhor a relação do Frank com a "criatura" dentro dele e isso é muito engraçadinho. É sério, gente. HUAHAUHA E, em partes, acho que algumas coisas vão se desencaixando, dicas são dadas e tudo mais. Eu adoro ver as teorias e suposições de todas vocês, pois me ajudam a ver se deixei algo errado ou se estou pelo caminho certo, porém não vou mentir e nem desmentir o que vocês falam, pois pode perder a graça. :(

E EU SEI. Como sempre, eu parei em uma parte muito fodida das ideias, vocês provavelmente vão me odiar por isso, mas eu juro, de coração, que semana que vem já venho atualizar como nunca. Afinal, como já disse pra algumas pessoas, o capítulo seguinte merece e muito. Ou seja, se preparem. ♥ O que mais gosto desse capítulo é o fato de ser um dos finais antes da "aventura" propriamente dita começar. A introdução está acabando, as explicações estão sendo amarradinhas e resumidas e, daqui pra frente, vocês já vão ficar familiarizados com tudo e com todos. Claro, coisas e personagens novos vão surgir, mas o foco principal já está quase todo destrinchado.

Novamente, obrigada pelos comentários, pelo apoio e tudo mais. Essa história tá se tornando ainda mais incrível graças à vocês e tudo o que falam/surtam comigo. Obrigadinha, de coração. ♥

Boa leitura, demoninhos. ♥

Capítulo 9 - Frank (Parte I)


Fanfic / Fanfiction Sold My Soul. - Frank (Parte I)

Capítulo Sete – Frank (Parte I)

 

“We know what we are, but know not what we may be”

– William Shakespeare.

 

 

 

 A cada vez que eu pregava peças em mim mesmo, os ensinamentos de meu avô surgiam, sua voz lenta e cautelosa ecoava em minha cabeça, lembrando-me dos conselhos de um velho Iero para um insolente menino. “Nunca conte mentiras que não possa sustentar”, era o que me dizia, quando lhe escondia desde doces que roubava em mercearias, a notas ruins na escola... Pequenas coisas que nunca, sob os alicerces minha criação, iriam desencadear algo maior. Eu nunca havia sido um mentiroso, mas dizer que eu nunca havia sido um era a maior mentira que eu poderia pregar.

 Minha notável falsa inocência a respeito do que Alicia havia revelado era quase ridícula. Se Way havia notado, eu não me preocupei... Bert me olhava com certa desconfiança, enquanto eu não esboçava qualquer reação de surpresa diante daquela “revelação”, e apenas tinha certeza de que meu amigo estava imerso em seus próprios mistérios e pensamentos.

 Anjos, Samyaza, o que queriam em nosso mundo... Já não era mais novidade para mim e para aquele que se achava no direito de deter poderes sobre a minha alma. Senti a indiferença de Way queimando dentro de mim, em um falso disfarce que correspondia a vontade de questionar, de querer arrancar de Alicia mais informações sobre aquilo, afinal, eu havia aprendido duas coisas com ele: o mal nem sempre detinha toda a verdade, mas, sem sombra de dúvidas, era a supremacia da mentira.

 Ele disseminava em minha mente todas as histórias que sabia, os conhecimentos milenares, flashes de discussões entre almas perdidas, que pareciam se encontrar no caminho errado... Mas sua maldade era algo milenar, adormecida dentro de mim, longe de sua zona de conforto, longe da torre onde podia avistar a tudo e controlar a todos. Não sabia o seu papel, isso era escondido de mim à sete chaves, e eu já havia passado da fase que tentava descobrir mais... Eu só assimilava seus conceitos, suas histórias, sua suposta vida... E as espelhava na realidade em que seus estimados irmãos pareciam despertar e tornar o mundo suas próprias covas.

 De toda forma, eu tentava ser compassivo e controlado em minhas atitudes e olhares, ainda que o monstro dentro de mim quisesse perguntar sobre Samyaza, Azazel e toda a corja de traidores. Sua irritação era semelhante a de Gerard e eu me sentia equiparado a Way, devido a tamanha presunção que volta e meia despertava em mim, por ter minha curiosidade despertada. Ou melhor, a dele.

 Então, eu havia buscado uma nova abordagem, talvez a mais genuína de todas.

 Falar a verdade.

 Então você decidiu ser um homem de bem, que vive e explora a verdade... Se você falar isso em voz alta, três vezes, tenho certeza de que um anjinho do inferno sobe das chamas do Tártaro para rir da sua cara.

 

- Eu acredito nela... Em cada palavra. – Chamei atenção para mim, sentindo os olhares dos demais recaindo em minha direção, pouco me importando e terminar aquela maldita garrafa de cerveja em um gole só. Way tinha razão, eu só não queria admitir e deixá-lo intrometer-se em minha vida... Eu estava me tornando escravo do álcool e ele parecia se divertir ao ver que eu precisava me destruir ao encontrar no alcoolismo a única forma de controlá-lo. – A entidade que possuiu Michael me disse sobre Samyaza... Estava trabalhando para ele. – Bert era sempre um leal amigo (sequer pensou duas vezes em se adiantar para sentar ao meu lado novamente), mesmo que eu fosse um idiota de marca maior e houvesse demorado, ainda que algumas poucas horas, a expor aquele “segredo”. Talvez eu fosse covarde... Um grande covarde que estava esperando Alicia colocar as cartas na mesa para completar o jogo. “O quê?! Você deveria ter dito isso antes, você...” Gerard passou a circular pela sala, juntando as peças daquela afirmação, enquanto eu o seguia com meu olhar, esperando que ele não presumisse mais... Que não se preocupasse com meus meios de saber sobre tudo aquilo. – Não comece, todos nós estávamos ocupados e precisávamos fugir... Isso aconteceu há menos de duas horas, pare de criar caso só pela necessidade de querer me azucrinar!

 

- Vocês dois! Parem com essa merda! – Alicia se antecipou, acertando a palma da mão sobre a mesa, em um tapa estalado, no momento certo em que Gerard havia caminhado em minha direção, inclusive prestes a atropelá-la, como a criancinha birrenta que naturalmente era. Apenas arqueei uma das sobrancelhas, desafiador, antes de voltar a encarar a garota diante de mim, que agora se dirigia a Bert. – Eu não sei como você aguenta esses dois discutindo a relação o tempo inteiro... Impressionante. – “Nem eu sei como, minha cara... Nem eu sei como.”, Bert definitivamente havia encontrado em Alicia uma amiga para aturar situações ridículas como aquela, onde o meu comportamento e o de Way desciam ladeira abaixo. – Enfim... Antes que vocês dois comecem novamente... – Ela ergueu uma das mãos no ar, indicando a mim e a Gerard em um gesto exagerado, logo retomando sua fala. – Antes que alguém comece a questionar, eu nunca mantive contato direto com o meu pai... Muito menos quero procurá-lo para retomar os laços familiares ou alguma merda do gênero. Eu tenho plena noção de que o plano de Samyaza é totalmente suicida e infeliz. Eu sou mais humana do que o que quer que eu tecnicamente seja, então... Fora de cogitação. Acho que puxei minha mãe no meio de toda essa coisa, ela sempre me dizia que havia tentado matar o banco de sêmen que havia a ajudado a me gerar e eu deveria tê-la escutado melhor e a levado a sério. – Robert riu daquele tagarelar, levando as pernas sobre o sofá e as cruzando naquela típica posição indígena e até adorável para alguém que era tão pequeno quanto eu, e eu busquei manter a seriedade, enquanto o meu “radar Gerard Way” fingia não ligar ao que aquele falso padre resolveu perambular minha sala e revirar livros e anotações, como se tivesse permissão para aquilo. – Decidi fugir dele, quando recebi “o chamado”... Um dos meus irmãos problemáticos apareceu na porta da minha casa, me contou toda essa história cabulosa e eu achei que era o momento de fugir do país, se eu não quisesse me internar em uma clínica de reabilitação. Foi quando eu comecei a pesquisar a fundo, encontrar padrões... Encontrar pessoas como eu e tentar ser aliciada a todo instante... Foi quando eu percebi que eu não estava ficando louca e que coisas estranhas estavam acontecendo.

 

- Pode ser que tudo isso esteja ocorrendo exatamente por sua causa... Um pai irritado com a desobediência da filha é capaz de tudo. – Gerard quase deixou uma das bíblias do meu avô cair no chão, antes de colocá-la segura em uma das prateleiras da estante, sob um olhar meu que, se eu possuísse poderes sobrenaturais de verdade, teria o desintegrado naquele mesmo instante. “Eu sei, acho que pode ser alguma espécie de punição... Mas os padrões parecem estar mudando... Saindo desse continente, inclusive... Sendo disseminados pelo mundo.”, Alicia respondeu com uma calma soberana em sua voz e eu escutei um Gerard irritado passar atrás de mim, segurando-se para não gritar as seguintes palavras. – Pessoas estão morrendo e você fala isso com tamanha naturalidade?!

 

- E eu tenho certeza de que elas vão continuar morrendo, mesmo se eu sair por aquela porta e decidir apoiar o meu pai, é por isso que eu vim... Pra procurar uma saída e por um fim nisso. E eu não estou calma, eu só escolho o melhor momento pra explodir. Não o faço o tempo inteiro. – Naquele momento, eu quis me levantar e aplaudir Alicia incessantemente, mas tudo o que eu fiz foi esboçar um sorriso mínimo, uma linha tênue curvando-se em meus lábios, automaticamente elegendo-a a melhor nefilim que eu já havia visto em toda vida, mesmo tendo certeza de que nunca havia visto algum. – Eu já disse, o plano dele só se expande e ganha novos aliados... Não existe qualquer outra informação a mais que eu saiba.

 

 Mas você sabe, não sabe? E está louco para mostrar ao seu queridinho que pode esconder muito mais coisas do que pensa. Me acorde quando todo esse flerte demorado acabar.

 Cale a boca!

 

-Azazel está no meio disso! – Exclamei, talvez mais alto do que todos esperavam, arrancando reações adversas. Bert quase saltou do sofá, esticando-se um tanto, arrastando-se para o outro extremo, observando-me com seus olhos azuis alarmados. Alicia ficou pálida, deixando exposto que sabia quem Azazel era, que entendia a gravidade de termos mais um suposto demônio colocando terror em prática. E Gerard... Bem, ele não hesitou em parar bem ao meu lado, apenas o braço gasto do sofá nos separado, enquanto eu me direcionava a ele, erguendo o rosto ligeiramente e fazendo o que ele julgava tão certo: me exibir. – Foi o que a entidade em seu irmão disse... E talvez isso seja o eixo. Inclusive, foi tudo o que consegui arrancar daquele demônio teimoso... Ironicamente, toda essa merda que Alicia despejou pra cima d’a gente faz completo sentido agora... As possessões, as mortes planejadas, os símbolos desconhecidos... Até mesmo você trabalhando conosco, Way. – E ele estremeceu, fechando as mãos em punho e prontamente cruzando os braços, protegendo-se de minhas palavras e de nossa troca intensa de olhares. Por dentro, eu era o caos de sempre, mas, em minha face, eu não transparecia nada além de calidez. – Existe um propósito maior e sob a menção de Azazel, acredito que seja muito mais do que crianças perdidas ou demônios brincando de pique - esconde no corpo das pessoas... Eles querem algo maior. E eu só não consigo cogitar exatamente o quê.

 

 Aquela era a minha forma de perguntá-lo exatamente o quê. Pois é, dentro de meses, eu fugia de conversas e de olhares quando dizia respeito de Gerard Way e, agora, além de ajudá-lo, além de passar as últimas quase vinte e quatro horas ao seu lado, eu o incitava a pensar comigo... A elaborar uma teoria que eu poderia arriscar em diversas suposições, mas que eu queria a versão dele. Exclusivamente dele.

 Ah, pelas chamas do Inferno, você e essa paixonite cada vez mais me causam náuseas. Agarre logo esse homem e poupe o meu precioso tempo.

 

- Maior do que aniquilar humanos?! Existe algo mais alarmante do que isso?! – Gerard fingiu não pescar a isca que eu deixei, não era difícil de notar... As bochechas coraram, o olhar escapou e a irritação estampou seu rosto bonito, ao que empinava o nariz e surpreendentemente se sentava sobre o braço do sofá. Apenas míseros centímetros me separando de uma de suas coxas bem delineadas pela calça escura. Eu... Eu precisava controlar aquilo. Não precisava não. – O que mais aquele demônio disse à você e o que está escondendo? Eu sempre soube que existia a probabilidade de você e esses dois estarem armando algo... – E, ao apontar para nós dois e Alicia, que subitamente revirou os olhos, eu a imitei e o respondi, jogando meu corpo para trás, as mãos erguendo-se no ar, a impaciência reinando. “Você é a pessoa mais paranoica que eu conheço! Eu não estou armando porra alguma pra destruir você ou seu irmão... Eu tenho muito mais o que fazer, Way! Principalmente agora!”, a vontade era de chutá-lo e derrubá-lo do sofá, mas me contive. E foi bem difícil, principalmente quando continuou. – Certo, então me faça compreender como um demônio contou a você sobre Samyaza, Azazel e todo o clubinho de anjos caídos por livre e espontânea vontade?!

 

- Eu não sei! Talvez demônios gostem de mim! Talvez eles vão com a minha cara, ao contrário de você! – Foi minha vez de colocar-me de pé, em súbito, saltando a mesa de centro, pedindo desculpas mentalmente para Alicia, quando quase a atingi com meu pé. Meu lema a respeito da verdade e de como sempre colocá-la primeiro lugar fazia parte de um lindo e gigante nada, da lista de inúmeras coisas que eu me prontificava a fazer e falhava. – Eu só sei que Azazel pode estar por aí, estamos perdendo tempo com essas especulações que não levam a lugar algum... E eu não sei se você sabe exatamente como ele é conhecido, mas acho que devo refrescar a sua memória... Sacrifício. – Parei de andar, dessa vez me opondo a Gerard, Alicia e a mesa de centro novamente nos separando, enquanto eu me sentia tremer e queimar cada vez mais. Os dedos formigando, congelando e entrando em combustão, em um misto causado por ele, como se quisesse sair e romper a barreira naquele momento. – Azazel é um dos principais aliados do Rei do Inferno... Ele não gosta de brincar com humanos, como Samyaza faz... É o rei da sodomia, da mutilação humana... Recebia as filhas virgens de homens desafortunados em troca de dinheiro e as torturava por diversão. Sabe o que mais, huh? – Anos de estudo, anos escutando aquelas histórias, estudando demonologia exaustivamente por diversão estavam servindo de algo. Não só me engrandecer diante de Gerard, mas de juntar as peças por conta própria... Assustar Robert e Alicia quando então eu me dava conta de toda a gravidade. Era pior, eu estava certo e, pela primeira vez em anos, eu não me odiava por ter me tornado tudo aquilo contra a minha vontade. – Existem arquivos e relatos antigos que ligavam Hitler e outros tiranos a cultos satânicos diretamente conectados a Azazel... Eles dizem que o demônio havia pedido almas, centenas de milhares delas, apenas para inchar o purgatório e sanar sua sede de sangue, em algum hobby macabro e fodido. Essas almas eram dadas em troca de poder, um poder no qual um homem doente se embebedou até a morte... Eu não estou aqui pra ver outra porra de um Holocausto acontecer, Gerard Way! Definitivamente não estou!

 

 Em súbito, busquei a outra garrafa de cerveja sobre a mesa, a que ainda estava parcialmente preenchida, ingerindo o líquido com sofreguidão, embebedando o demônio dentro de mim, para que não ascendesse e me interrompesse no pior momento possível.

 Longe de mim, eu até acho uma gracinha quando você mostra ao mundo para o quê veio exatamente... Foi uma bela aula de história demoníaca, Sr. Iero, acho que vou chorar de tanto orgulho. O meu pequeno exorcista de bolso está crescendo!

 

- Eu achei que nunca fosse dizer isso, mas... Eu não sei você, irmãozinho, mas eu estou topando qualquer coisa que esse cara venha a propor. – Michael me assustou, quase fazendo com que eu cuspisse a cerveja de volta a garrafa, uma vez que eu estava tão concentrado nos olhos esverdeados de seu irmão e em como eles tentavam perfurar minha alma e descobrir mais. Não conseguiram, claro, fugiram para o mais novo dos Way, que se escorava na parede da sala, próxima ao corredor, tendo surgido silenciosamente. – Não faço ideia do que está acontecendo, mas eu quero saber... E quero dar um jeito de mandar o maior número de demônios possíveis para o quinto dos infernos. – Sua aparência era um pouco melhor, ainda que sonolento, e quase me fez suspirar de alívio... Até eu notar que todos nós estávamos unidos demais e que por mais que não fizesse o menor sentido... Fazia o maior sentido.

 

- Ei, cara, você está melhor? Quer comer alguma coisa? Acho que tenho alguns biscoitos de chocolate, você pode comer tudo, se quiser... Essa sua magreza precisa chegar ao fim. – Robert era a pessoa mais aleatória que eu conhecia, jogando uma água fria nos ânimos exaltados daquela sala, ao colocar-se de pé e rumar até cozinha tão próxima, continuando a tagarelar. – Sabe, o Way mais magro tem razão... Temos que mandá-los todos diretamente para o Inferno... O mais rápido possível. E vamos precisar de armas mais pesadas, não digo só de Bíblias e textos ensaiados. – “Ele tem razão, não sei o que podemos encontrar... Até agora só fugi feito uma galinha tonta.”, Alicia o interrompeu, sob o olhar fascinado de Michael, que não demorou a praticamente correr, um tanto quanto desajeitado, até o sofá e sentar-se ao lado do irmão. Estrategicamente em frente a Alicia. – Se vamos ser uma maldita equipe descontrolada, temos que fazer isso certo... Nós precisamos confiar, ao menos um pouco, uns nos outros.

 

- Eu não confio nem um pouco em vocês... Mas... – Gerard e Michael se entreolhavam, ao que o mais velho falava, as mãos apoiadas sobre as coxas, enquanto parecia ponderar sobre o que falar. E eu não pude deixar de notar, desde que seu irmão adentrou aquele cômodo, como a postura de Gerard pareceu se alterar. Menos tenso, mais propenso a falar exatamente o que sabia que iria falar. – Eu acredito no meu irmão. E isso é o suficiente para que eu embarque nessa loucura, além da dívida moral que eu tenho por me ajudarem... Talvez eu me arrependa, talvez eu acabe enlouquecendo, mas eu já me conformei que estou amaldiçoado desde o momento em que segui vocês dois até aqui.

 

- Não vai mais gritar conosco? – Bert perguntou, curioso, debruçando-se sobre o balcão da cozinha, poucos segundos após arremessar um pacote de biscoitos para Michael, que agilmente o pegou no ar e ocupou-se em abri-lo lentamente, enquanto o irmão resmungava algo contraditório. No fundo, ele nunca pararia de implicar conosco, então meu amigo apenas riu, um tanto quanto implicante, voltando-se para Alicia, que parecia um tanto quanto curiosa a respeito do jeito galanteador de Michael ao oferecê-la um simples biscoito. – Então, se temos que aniquilar o seu doce pai... Para onde deveremos ir, capitã?

 

- Escócia. – Com simplicidade e de boca cheia, Alicia pontuou, quase fazendo Michael engasgar, Gerard saltar do sofá, Bert arregalar os olhos e eu... Bem, eu me mantive impassível. Ele já havia sussurrado aquilo para mim mais cedo, assim que retornamos ao apartamento e eu precisei respirar fundo uma ou duas vezes, antes de digerir a ideia. Viajar para outro país, que não fosse a Inglaterra (aquele ainda era um campo viável, eu ainda possuía contatos pela região), estava muito longe dos meus planos financeiros... Meu amigo e eu poderíamos ter feito um trabalho exemplar nos últimos meses com exorcismos e consultas periódicas, mas aquilo iria estourar o nosso orçamento. E eu me sentia ainda mais esquisito em me preocupar mais com dinheiro, do que com o bem-estar da humanidade. Talvez nós dois tenhamos mais coisas em comum do que imagina. – Não me olhem desse jeito, é algo certo. Venho o rastreando pelos últimos meses e ele está completamente instalado lá... Parte dos meus irmãos está migrando para a região de Edimburgo, sendo mais precisa. É incerto o que estão preparando, mas é aonde Samyaza criou suas raízes... É lá que mora, é lá que ele aparentemente quer que todos os seus filhos o procurem e o ajudem com o que quer que seja.  

 

- Então o único plano que temos é nos mandar pra Escócia, correndo risco de você nos trair e deixar que seu pai nos mate... Por Deus! – Gerard afirmou, com uma pitada de desconfiança e razão plausíveis, até o irmão o interromper com outra verdade. “Ela ajudou vocês a me salvar, se você para nos entregar ou nos arrastar para o inferno, acredito que ela já teria o feito, irmãozinho.”, Michael ofereceu um biscoito, cujo negou, antes de colocá-lo na boca, ao que eu fazia o mesmo com a cerveja em minha mão, quase a finalizando com um só gole. – Então nós vamos para a Escócia, sem mais nem menos? Com uma estranha que acabamos de conhecer e já quer estipular o que devemos fazer pra derrotar demônios? Aliás, anjos caídos!

 

- Sim, tem alguma ideia melhor, Gerard? Ficar aqui e esperar que mais pessoas morram ou que seu irmão seja possuído novamente e mate mais almas indefesas por aí? – Indelicadeza era o meu forte, ainda melhor acompanhada da minha impulsividade natural. Dramaticamente, deixei a garrafa sobre a mesa de centro e cruzei meus braços, faíscas pairando no ar, devido a forma com que Gerard e eu trocávamos olhares provocadores. Causava arrepios em mim, uma ânsia por algo que eu não compreendia, mas me trouxe um silêncio que era melhor do que qualquer resposta implicante de Way ou um revirar de olhos. Pois ele só sustentou o olhar, afirmando com a cabeça, em um ato sutil demais, quase imperceptível. Ele e aquele narizinho empinado estavam concordando comigo, finalmente, e, ali, olhando seus olhos verdes e ainda afetados pelo problema recente com o irmão, eu vi que Gerard era incapaz de fugir do seu senso de justiça. E ele clamava por revidar o que quer que tivesse acontecido com Michael. – Nossa ausência vai ajudar Quinn a abafar todas as pistas sobre o que aconteceu hoje... E, por mais que eu saiba que iremos nos arriscar até o último fio de cabelo, é no que eu quero me agarrar. É a única coisa que pode me afastar de... Enfim. Eu não sei vocês dois, mas Bert e eu vamos nessa viagem suicida com Alicia. E nós vamos o mais rápido possível, por isso acho ideal partirmos de avião o quanto antes.

 

 O piscar de Robert, docemente debruçado e com seu maior sorriso animado, era um bom sinal. Meu amigo era sempre o primeiro a contrapor minhas ideias preocupantes, do tipo que eu tomava quando meu instinto negativo permeava minha mente, a cada vez que eu me cansava do que estava fazendo. Se Bert entendia, concordando veementemente com a cabeça e rodopiando, ao sair da cozinha em direção à sala, era sinal de que eu estava voltando tomando o velho Frank de volta para mim. A versão que havia desaparecido no instante em que ele surgiu.

 Longe do que Gerard Way esperava, nós rapidamente traçamos um plano. Não só Bert e eu, mas os outros três se uniram em formular nossa ida para outro país... Seria mentira reconhecer que o fizemos rapidamente, mas, após algumas discussões, olhares e falas ácidas, os Way não me pareceram tão soberbos quanto antes, principalmente ao aceitar a ideia de Robert em partirmos de Bordeaux com passaportes falsos para Edimburgo. Essa última opção ficaria a cargo de Robert e seus contados, um velho amigo que tínhamos em comum naquela cidade e que produzia documentos do gênero para errantes não muito prudentes. Arrepiava-me pensar que dali a pouco estaríamos na Escócia, caçando o desconhecido não tão desconhecido assim e mergulhando em uma trama que me parecia cada vez mais repleta de nós que eu não fazia a menor ideia de como soltar. Muito menos ele.

 Na manhã seguinte, Robert, os Way e Alicia iriam se ocupar daquele assunto, enquanto eu acreditava ter tempo para as minhas próprias loucuras e as que haviam vindo de brinde com o que quer que diariamente precisava sugar minhas energias e minha psique.  Tudo estava devidamente ajeitado, quando Gerard começou o interrogatório, recheando Alicia de perguntas que, pacientemente, respondeu e eu muito menos interferi. Era fato que eu confiava em toda sua anormalidade e os instintos dele me levavam a crer que Alicia estava muito longe do lado das trevas, porém, meu avô sempre havia me ensinado a tirar minhas próprias inferências a respeito de tudo. E não havia demônio algum que me impedisse de assumir minhas decisões, ainda mais se estas girassem ao redor de mudar repentinamente de ares.

 Eu precisava da maior e mais drástica mudança que poderia exercer na minha vida... Algo em mim gritava para me unir a gente nova e que eu aparentemente não ia com a cara, passar tempo indeterminado caçando criaturas angelicais endemoniadas e precisar esconder minha alma degenerada diariamente. Ao mesmo tempo em que soava como a melhor ideia do século, as evidências de que eu poderia ser descoberto, de que Robert talvez sequer fosse me perdoar... Eram enormes, brilhavam em neon bem diante dos meus olhos e faziam minhas entranhas ameaçarem me corroer pouco a pouco. Mas eu escutei? Claro que não, você é uma criaturinha insolente e tanto.

 Após longos minutos de Alicia falando sobre a falecida mãe, como ela havia sido assassinada por um dos servos de seu pai, e mais alguns argumentos, todos eles obrigados por Gerard e sua teimosia latente, sobre sequer conhecê-lo fisicamente e só ter rastros de seus irmãos, decidi que era meu momento de descansar. Aquele dia havia sido um dos meus exaustivos em anos de exorcismos e pesquisas, e tudo o que meu corpo e alma clamavam era um bom banho, minha cama e noites recheadas de pesadelos inevitáveis. Afinal, ele parecia se divertir com a minha constante insônia.

 Meu quarto era menor que o de Robert e a sensação de estar aprisionado em uma jaula era meu bônus cotidiano, toda vez que me largava diante da cama pequena e encarava o teto esverdeado e gasto daquele aposento. Não havia nada de especial ali... Não há muito tempo. Havia perdido minha identidade, tornando-se apenas um recinto onde largava minhas roupas sobre a cama ou uma cadeira antiga, ao lado da porta, e não mais me ocupava em decorar com pôsteres de bandas que gostava, filmes ruins de terror (as paredes gastas ainda possuíam meia dúzia de imagens coladas, escondidas pelas cortinas escuras do quarto, nada mais) e todo ou qualquer apetrecho que gritava “Frank Iero” havia sido consumido por uma tempestade que ainda não possuía nome e nem sobrenome. Nem mesmo a TV, localizada próximo ao armário escancarado e repleto de roupas escuras, era ligada há certo tempo, denunciando que aquele quarto era apenas uma fração da minha vida que eu havia perdido. Não apenas para as chamas que habitavam dentro de mim, mas para tudo... Eu havia parado de viver.

 E viver doía ainda mais, quando a sensação de prisão não tende a esmaecer. Nem nos melhores dias, nem mesmo quando o pressentimento de que sua vida está prestes a ganhar uma guinada... Nada parecia saciar ou apaziguar aquela angústia.

 E não seria diferente naquela noite, eu já havia passado da fase problemática que contava quantas vezes despertei atormentado por imagens repletas de perversidade e elementos obscuros, estas que não eram apenas mecanismos utilizados para me enfraquecer. Eram memórias... E por estarem entranhadas em mim, sem meu consentimento, era ainda mais difícil afastá-las e ter uma noite tranquila de sono. O que não ocorria há mais de seis meses... O que não ocorreu naquela noite, nem mesmo quando o exótico grupo na sala resolveu se emudecer e entregar a madrugada ao silêncio supremo. Nem mesmo quando consegui relaxar em meu pequeno e discreto quarto, nem mesmo quando o sol adentrou a fina cortina escura e rebateu-se contra os meus olhos, acordando-me de um cochilo que havia durado no máximo meia hora.

 Levantei-me, exausto, arrastando-me pelo corredor do apartamento, em busca de uma outra boa dose de banho demorado, naquele outro cubículo denominado que Bert chamava de banheiro. Não era o bastante para me deixar acordado, mas me isentava de certa preguiça e fazia com que eu conseguisse iniciar minha manhã com menos mau humor, ainda mais ao lembrar que o apartamento estaria vazio, eu desfrutaria de solenes horas de paz e tranquilidade, até que os Way e Simmons surgissem com uma movimentação que eu jamais iria me acostumar, por mais que Bert fosse sinônimo de risadas altas, músicas orientais estranhas e um divertimento que há tempos não sabia partilhar.

 O problema dos passaportes estaria resolvido até o meio da tarde e, de acordo com as minhas contas, estaríamos em um maldito avião no fim da noite, rumando para o fim das nossas vidas. Embora eu acreditasse que o fim da minha já havia se iniciado há algumas horas atrás... A sensação acentuando-se quando encontrei Gerard Way sentado no sofá de seu apartamento, uma xícara de café na mão, cabelos ligeiramente úmidos e a mesma roupa do dia anterior, denunciando que Bert havia feito jus ao “Vou fazê-los se sentir em casa” que o escutei alegremente exclamar, pouco antes de me largar na cama. Way havia tomado banho e cheirava à algo familiar e agradável, que quase me fez sorrir ternamente. Algo que me fez parar diante do portal entre a sala e o corredor, com uma pequena toalha secando meus cabelos, ao identificar toda aquela familiaridade: Gerard Way cheirava a Frank Iero, cheirava ao café bem feito que Bert fazia... Cheirava aos cigarros gastos sobre o cinzeiro na mesa de centro e ao que ele distraidamente tentava acender com uma das mãos e o tubinho branco preso entre seus lábios, enquanto eu o encarava. Ele cheirava a “casa” e eu me desesperei.

 Confesse, você o foderia nesse exato momento... Sem sequer pestanejar.

 

- Você não vai com os outros? – Perguntou, sem sequer precisar olhar para mim, arremessando o isqueiro prateado sobre a mesa de centro, me fazendo perceber algo: desde que nos esbarramos, Way não havia acendido um cigarro sequer. E o reflexo de sua abstinência estava na pequena pilha de mais de seis bitucas de cigarros sobre o cinzeiro, denunciando que alguém havia tido uma manhã muito esfumaçada. Eu já disse para você parar com essas piadinhas, não disse?! Pelas chamas do Inferno! Você nunca aprende! – Achei que fosse o tipo de coisa que você gostasse de acompanhar... Aliás, controlar. – Gerard e eu estávamos sozinhos naquele apartamento. O silêncio denunciava isso, a ausência da voz exótica de Bert era o primeiro sinal de que ou aquilo seria uma ideia recheada de surpresas, ou eu seria preso por homicídio doloso. “Não quando o maldito fornecedor é um ex-amante seu... Ás vezes ficar em casa é mais saudável.”, forcei um sotaque típico dele, fazendo-o franzir o nariz em irritação e erguer o olhar para mim de imediato, uma vez que eu me senti livre em expor minha desastrosa vida amorosa para o cara mais detestável que eu conhecia. – Intrigante saber que existe algum “ex” alguma coisa na vida de Frank Iero... Esse rapaz deve ter garantido uma passagem direta para o Paraíso. – E lá estava... O olhar de sempre, o atormentador. De cima a baixo, as íris esverdeadas dele checaram minha roupa mais casual, as jeans rasgadas, a camisa escura e de meia manga que me fazia exibir as tatuagens que eu por vezes escondia. E checou mais, encontrou minha expressão afetada por ele, por sua presença, por tanta coisa... Que eu não me assustei ao vê-lo sorrir triunfante.

 

 Acho que alguém vai precisar de um banho de água fria o mais urgente possível. Está quente aqui ou eu trouxe o Inferno junto comigo?

 Depois eu sou péssimo com trocadilhos. Sinceramente.

 

- Se a vossa santidade o encontrar lá, mande-o descer alguns andares e ir direto para o inferno por mim... Aproveite e dê uma volta por lá, tenho certeza de que você vai gostar, Way. – Retomei minha dignidade, antes tão amortecida por um olhar que eu ainda não conseguia decifrar, vendo-o ajeitar-se no sofá, ao que eu largava a toalha sobre a bancada da cozinha e decidia me servir de um pouco de café. Eu precisava do meu segundo principal combustível, se quisesse ter aquela conversa matinal com Way. “Nós vamos mesmo precisar de passaportes falsos? Não é ainda mais arriscado? Não é mais fácil irmos de carro?”, como era de se esperar, Gerard, o psicótico, mudou de assunto. – Você deveria tratar essa paranoia, cara. Não tem problema algum! Bert consegue facilmente com que Quinn nos acoberte até fora do país e ir de avião é o que menos esperariam e o mais rápido também. A principal preocupação é chegarmos vivos lá e nos certificarmos que limpamos a barra do seu irmão totalmente... Só isso. – Gerard se manteve em silêncio e eu o imitei, esperando por algum comentário indolente qualquer, por mais que eu soubesse que o havia calado. Então, após preencher uma xícara de café com o líquido escuro contido na garrafa térmica azulada sobre a bancada da cozinha, decidi que minha terapia matinal seria torturar Gerard Way. Na minha cabeça, aquilo era uma ideia fascinante... Eu só me esqueci que ele era tão bom em me azucrinar, quanto eu era em tirá-lo dos eixos. – Você ainda não disse o que acha disso tudo... Sobre o que estamos fazendo. O papo de acreditar em seu irmão não me convence, Way... Isso tudo é curiosidade sua ou você está perdidamente apaixonado por mim ao ponto de aceitar essa missão suicida? – Perguntei, tudo muito rápido, um sorriso quase maquiavélico brincando em minha face e ousadia queimando por meus olhos que não tardaram ao encontrar os dele, quando decidi largar-me no sofá, alguns poucos e desgraçados centímetros nos separando novamente.

 

- Você tem uma queda por mim, seja sincero. – Gerard me fitou de soslaio, o cigarro entre os lábios, tragando-o em um ato que deveria ser julgado como crime a integridade, enquanto eu me antecipava em respondê-lo com um “Nunca, Way... Nunca.”, antes que eu me perdesse demais naquilo. Anos sem encostar em outro ser humano estavam me afetando miseravelmente perante a um espécime como aquele... Eu era teimoso, implicante, odiava como parecia voltar-se completamente para religião e ser um chato conservador do caralho, mas eu não era idiota em negar: Gerard era estonteante.  – Curiosidade... Ou quem sabe fugir da rotina. – Deu de ombros, liberando rapidamente a fumaça de seu cigarro, enquanto eu me ocupava de beber um pouco mais de café, sentando-me de lado e colocando os pés sobre o sofá, quase abraçando minhas pernas junto ao meu corpo. Escutei aquela voz ainda mais prepotente quanto atenuava o sotaque britânico, atiçando o pequeno monstro que morava em mim e não aceitava qualquer desaforo vindo dele. – Ou talvez eu tenha um maldito instinto de super-herói que não me permite deixar o destino da humanidade nas mãos de duas criaturas tão desajeitadas como você e o seu amigo.

 

- Meus métodos são tão exemplares e meticulosamente calculados como os de vocês, mas são eficazes. Você sabe disso. – E eu tinha ótimos argumentos também, sem tanta paciência quanto antes, ao inflar um tanto aquela disputa. Era divertido? Claro que sim, ás vezes me pegava refletindo sobre comentários maldosos e a expressão frustrada de Way quando nos confrontávamos, mas, no estado atual das coisas, aquilo estava se tornando um tanto cansativo. Afinal, eu havia descoberto que havia outros métodos de importuná-lo, algo muito além do que somente comentar sobre trabalho e quem exorcizava mais demônios nas horas vagas. Algo que me fazia sentir palpitações e soar tão insinuante e indiscreto perante a ele. – Sabe... Eu ainda não escutei um agradecimento formal e sincero sobre ter trazido seu irmão de volta. Não precisa ficar de joelhos, eu aceito um simples “obrigado” e... – Da mesma forma com que agia em disparate, Gerard se levantou, suspirando ruidosamente e decidindo me ignorar pro completo, apagando o cigarro no cinzeiro. Checou os bolsos da calça, enquanto eu bebericava meu café, pacientemente esperando-o com um pedido de desculpas que talvez nem viesse, ao que o acompanhava em movimentos muitos rápidos, antes de vê-lo direcionar-se para a porta do apartamento, sem uma palavra sequer. Okay, ele estava de saída?! – Para onde você está indo?

 

- Eu lhe devo satisfações? – Gerard parou seu trajeto para buscar o paletó, ainda largado sobre uma de minhas estantes, como se fosse um ato muito casual e que quase me causou uma forte vertigem. Havia outra familiaridade ali, juntamente de risadas sarcásticas que ecoavam e minha cabeça, como se percebesse e entendesse mais do que eu... E claro que ele entendia, ele estava se divertindo às minhas custas. Principalmente quando eu quase derrubei café sobre mim, assim que Gerard virou-se em minha direção, decepção pairando em sua face por sua tentativa de me ignorar e seguir com o que quer que tivesse em mente, ter sido falha. – Argh... Combinei com o meu irmão de comprar algumas coisas, roupas e suprimentos... Não vamos ter tempo algum para voltar a Londres e pegar o que é nosso. Não sei se já notou, mas estou usando esses trapos há dias. Por isso, me dê licença. – Estava prestes a voltar-se para a porta, a mão já estendida em direção à maçaneta, quando saltei do sofá e deixei a xícara parcialmente cheia sobre a mesa, junto a dele. Não pensar era a opção soberana dos últimos dias e foi o que eu fiz, rumando até a lateral de uma das estantes, onde um par de tênis antigos jazia, há meses largados naquele local. O calcei, conforme me certificava de que Gerard me olhava com todo o ceticismo do mundo, ao que o respondia com um “Achei que usasse a mesma roupa todo santo dia, nunca o vi sem o seu uniforme de negócios.”, casual demais, bem longe da versão diária que vivia do sadismo de atormentá-lo. Era como se fossemos velhos amigos, que mais se ajudavam do que se atrapalhavam... Eu havia encontrado alguma coisa em Gerard, que ainda não conseguia identificar. Sexo casual, talvez? – O que é que você está fazendo?

 

- Indo com você? 

 

 

[Continua...]


Notas Finais


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TRAILER LINDINHO, ASSOMBROSO E MARAVILHOSO DE SOLD MY SOUL, GENTE.

https://www.youtube.com/watch?v=6g_G7Ioj7uU

Playlist de Sold My Soul : https://open.spotify.com/user/12146824956/playlist/0JEieaGAAfRir5sQawkngv


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