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História WSU's: Soldado Fantasma: Honra e Monstros - Não Valeu a Pena


Escrita por: Nemo7

Notas do Autor


Primeiramente gostaria de agradecer a Natália Alonso, por ter me ajudado com a revisão, ao WSU por essa história poder existir.

Capítulo 2 - Não Valeu a Pena


 

Não Valeu a Pena

 

  Após aquela ligação James ficou pensativo e muito nervoso, Karen entendia que ele precisava de tempo e ela respeitava isso. Sabia que ia ter suas respostas sem precisar invadir sua mente.

  No outro dia ao levantar, ela encontrou um saboroso café da manhã a sua espera: café, leite e dois pães torrados com margarina. Mas isso não era tudo, suas malas estavam arrumadas.

  Apesar de parecer frio e insensível, Karen sabia a verdade, era tudo intimidação. James podia preferir se manter apático e sem laços, mas não é o que ele queria. Por trás do assassino, havia um jovem confuso consigo mesmo, um jovem com sentimentos, dedicado, falho e que detestava a solidão. Na sua opinião o Soldado eram duas pessoas distintas, dois eus:

  O soldado assassino/o poder: agressivo, vingativo e a parte que se preocupava, que se responsabilizava, se culpava. O jovem estilhaçado/ a alma.

Vendo ela parada a porta, ele convidou amavelmente:

— Venha comer baixinha. — Em seguida, colocou outros três pães na mesa e retirando o avental, se sentou à mesa. A cozinha era simples uma pia, geladeira, um armário e dois bancos, possuindo como iluminação a janela em frente a pia.

— Desculpe por não ter dito nada ontem... — disse ele cabisbaixo.

— Não se preocupe seu boco, entendo. Quem é seu amigo especial? Como ele sabe de você?

— Porque eu não sou o único Soldado aprimorado... — disse James enquanto suas memórias vinham à tona: A de um guerreiro impiedoso — Ele e eu fomos os únicos a sofrer os ‘’experimentos’’ do Guardião. Ele por ser fisicamente melhor que eu, foi o primeiro a ser escolhido. Guardihan o tornou mais forte e rápido do que eu, sem falar que o fator de cura dele é três vezes melhor que o meu.

— Lutaram entre si? — indaga ela curiosa, em seguida tomando mais um gole de leite.

— Sim, várias vezes entre as décadas, em treinamentos ou quando eu me rebelava.

Ele enche o copo de café enquanto vai dizendo:

— Quando nós voltamos para casa, ele decidiu ficar com a família e se casar. eu por outro lado, precisava reorganizar minhas ideias, e ter certeza que poderia confiar em mim mesmo, tive medo de acordar um dia... — Derrama o leite, pega o pano do meio da mesa e começa a passar no local derramado.

— Mas a fuga acabou e a hora de retornar chegou. — disse o Soldado em um misto de desgosto e reprovação. Arremessa o pano na pia.

— Vai deixar de ser um vigilante? — Ele se volta para Karen e diz de forma incerta:

— Depende do que for decidido. — Apanha o café e completa o copo — Se ele achar que devo ficar e parar... vou ter que ficar.

— Senão?

— Ele vai contar a minha família que estou vivo, o homem que eu fui e tenho sido. O resumo é que o Soldado Fantasma estará morto e adivinha? Conheço várias pessoas que dariam o rim para me machucar diretamente ou indiretamente. – Ele toma o café com um olhar de desafio.

— Para onde vamos? — indaga ela levantando e indo até a pia.

— Para onde não quero ir...

 

 

 

  SP-Itaberá, Rodoviária 3:25

  

Ao descerem do ônibus James, viu um casal a sua espera e quase enfartou, o motivo era bastante simples: Sirehen estava gravida. Rodrigo era da mesma altura de James, pele alva, olhos castanhos e cabelos negros, trajava uma calça preta e um casaco branco, usava óculos, mas provavelmente eram de enfeite. O maior diferencial entre os dois, era de que Rodrigo tinha um corpo mais definido que James.

  Sirehen possuía um físico considerável, tinha cabelos e olhos negros, vestia uma camisa vermelha com uma jaqueta marrom, e uma calça preta. Ambos sorriam para um James perplexo. Ele desceu do ônibus acenando, enquanto abria o compartimento de baixo. Quando terminou de retirar todas as malas, sentiu uma mão pousar sobre seu ombro:

— Bem-vindo de volta parceiro.

 

 

 

18:03

 

  Eles colocaram as malas no carro e foram para a casa de Rodrigo, que era quase uma mansão, afinal os pais de Rodrigo tinham sua empresa e deixaram uma fortuna considerável para ele e sua irmã. Embora aquele fosse o primeiro ano administrando a fortuna da família, Rodrigo se demonstrava um excelente planejador e executivo, gerenciando com perfeição a empresa.

  Após uma breve refeição, eles foram para a sala, onde poderiam discutir. Esta era espaçosa, tinha uma Tv de 50 polegadas, porém se encontrava desligada. Rodrigo estava junto de Sirehen, do outro lado estava Karen e James, eles conversavam de forma animada.

— Lutando contra vigilantes, matando bandidos, combatendo mercenários e inimigos do futuro, deve ser uma loucura. — exclama Rodrigo, em seguida sorrindo.

— E apesar de tudo, não chega aos pés da loucura que vivemos... — apontou James se lembrando de seus tempos amargos. Ele não conseguia olhar nos olhos de ninguém, apenas o chão.

— Sebastyan, já se passaram mais de seis meses, fora o tempo que você ficou em Ocultgard. — disse Sirehen com sotaque — Me adequei a esse mundo ou pelo menos estou tentando, e está na hora de você voltar para sua família.

 — Acontece — disse James resoluto — Que não posso, não sou igual ao Rodrigo.

— Tales, sei que você passou por coisas piores que eu, que você tentou resistir todos aqueles anos, enquanto eu era o capacho do Guardião, e mesmo desmemoriado você mostrou a todos nós que o caminho que seguíamos não era correto, sei que minhas vítimas não eram como as suas e estou longe de compreender a dor que você passa... — disse Rodrigo em enquanto se levantava e continuava seu sermão — Mas se afastar, se tornar um vigilante não vai te ajudar...

— Eu não quero me ajudar. — disse James, agora olhando de forma fixa para seu amigo — Não mereço isso, o que quero é ajudar aqueles que precisam. E o que eu faço, faz a diferença.

— Você matou aqueles homens Tales, você perseguiu e matou todos eles. — disse Rodrigo irritado — Me diga porque, me dê uma boa motivação pra deixar que você continue.

— Eu não matei tanta gente assim, a imprensa mente, na pratica matei uns seis — disse ele convicto — Além disso todos os homens que foram mortos, morreram porque ou iam ferir pessoas, ou eram pessoas que simplesmente não tinham solução e eu estou dando tudo de mim para não fazer mais isso.

— Se você matar um assassino, o número de assassinos ficara igual no mundo. — disse Rodrigo.

— Talvez seja por isso que eu tenha matado alguns.

Rodrigo colocou a mão sobre a testa desconcertado.

— Você é um idiota.

— E você é um retardado. — disse James assumindo uma postura descontraída.

— Pelo menos isso não mudou. — Rodrigo riu, depois adentrando numa postura séria, enquanto tentava se recompor — Serio, você não tem consciência?

— Ele tem. — disse Karen — Toda a noite repete o nome de cada um deles antes de dormir.

— Ei. —  James esbravejou — Eles não precisavam saber disso.

— Me dê uma garantia que não vai matar mais. — disse Rodrigo, sem qualquer sorriso ou afetuosidade no rosto.

— São Paulo. —  disse James, enquanto passava a mão pela testa.

— Sim. Você fez em uma noite, o que eles não fizeram em um ano. — Relembrou Rodrigo com certo orgulho.  Seu semblante mudou, ficou mais entristecido, com um olhar para baixo — Mas e sua mãe? Sua família?

  A pergunta criou um clima desconfortável na sala, o Soldado se lembrava do tempo em que ajudava a familiar no sitio, as tardes cansativas de trabalho pesado ao sol. As conversas alegres. O amor e a união de uma família. Eram dessas coisas e muitas outras, que o Soldado pensava. Sua vontade era de rever aquele terno abraço que sempre recebera dá avó, a comida simples e a preocupação para com seus entes queridos.

— Vão ficar melhor sem mim. — disse o rapaz tentando ocultar seus verdadeiros sentimentos — Não sou confiável, e além disso você sabe que não sou como você...

 — O que quer dizer com isso James? — indagou Karen — Porque não diz logo o que você quer dizer com isso...

— Karen. — disse o rapaz tentando manter sua compostura — Eu ia te contar, ia fazer isso ontem, mas a verdade é que... Não envelheço.

— Hã? Como pode não envelhecer? — Nisso Rodrigo não muito surpreso, resolveu esclarecer a ela:

— Eu e Sirehen envelhecemos bem devagar, mas ele... O que estou tentando dizer é que, o motivo de toda essa relutância, é que ele vai ver todos nós morrermos.

  Karen ficou petrificada. Não conseguia pensar em como seria perder todos que a quem amava, um por um, até só restar ela. Sozinha no mundo. Era esse o destino dele.

— Eu sou de certa forma. — disse Rodrigo com calma e seriedade — Um protótipo, mas ele, foi a versão final, feito parar servir a Guardihan pela eternidade, ser durável e aprimorável, é por isso que ele se libertou tantas vezes. E isso é o que sabemos...

— Karen, você não sente que entrar na mente dele está se tornando mais difícil? — indagou Sirehen.

— Sim...

— Haverá um dia, que você só vai poder entrar se ele consentir. — disse Rodrigo.

— É por isso que não desejo voltar para casa, sei que não posso ter uma vida normal, tentei ficar sozinho... Mas as pessoas precisavam de mim... Você precisava de mim... — James tremia enquanto tentava dizer o que sentia — Me tornei o que o mundo precisava, mas enquanto brincava de justiceiro, firmei laços com vigilantes, heróis e com uma garotinha triste e confusa...

— É isso que eu sou para você? — indagou Karen com raiva.

— Nunca foi... Apesar de você precisar de mim... era eu quem precisava de você...  — disse James de cabeça baixa.

— Porque me evitou? Porque não me procurou? — indagou Rodrigo consternado — Eu sou seu amigo.

— Porque você tem sua vida, tem seus problemas e está tentando construir uma família, eu só iria atrapalhar tudo.

— Sinto muito parceiro — disse Rodrigo — Mas você precisa voltar. Nós precisamos de você. Eu não sou você e não tenho seus problemas, mas sei como você se sente — Ele continuou:

— É por isso vocês vão ficar aqui até sábado, haverá uma reunião da turma e você vai estar nela.

— E o que vai dizer a Renata? — indagou o Soldado, sugerindo que eles tinham se visto.

— Não me diga que você se revelou? — perguntou Rodrigo perplexo com a situação.

— Não, mas ela achou ter me reconhecido.

Rodrigo ficou surpreso, mesmo ele não reconheceria James, o que a levaria a isso?  Mas continuou:

— Não se preocupe, já tenho os álibis criados, não vão suspeitar de você ou da Karen. Você é meu segurança pessoal e a Karen é prima da Sirehen.

— Tales, antes de qualquer coisa, você precisa saber de uma coisa sobre a Renata...

— Eu sei que ela está namorando... — disse o rapaz em seco — Eu vi.

  Rodrigo ficou mudo. Não esperava pela última resposta, muito menos por essa, mas conhecia seu amigo sabia que ocultar isso era inútil, ele iria descobrir de qualquer jeito e ia ficar bem bravo com ele.

— Não é bem isso que eu quero dizer... Eu sei que você tem sentimentos por ela...

— Vá direto ao ponto. — disse James — Estou preparado, fiz minhas escolhas e aceito as consequências.

— Ela está noiva. — disse Rodrigo. — Sei o que ela significa para você...

— Por que está nervoso? — indagou James. — Ela não me pertence, não é meu monopólio. Ela tanto, quanto qualquer um tem direito de fazer suas escolhas, compreendo e aceito isso, pois fiz as minhas. Todas as escolhas que fiz desde que cheguei aqui, são minhas, algumas eu gostaria de não ter feito, mas seria totalmente injusto viver a minha vida e ainda exigir algo dos outros que abandonei. — resguarda o soldado enquanto se levanta e vai para fora.

  Rodrigo fez menção de tentar confortá-lo, mas Karen o deteve, sabia que seu amigo precisava de tempo. E enquanto cada um se preparava para dormir, James estava recostado contra o muro da casa, com as mãos entre os cabelos, enquanto lagrimas deslizavam lentamente pelo rosto.

  Renunciou sua família, seus amigos, seu futuro e as pessoas que mais tinha amado. Sua missão continuava a mesma, certamente nunca mudaria. Será que valia a pena? A resposta veio em um sussurro, que somente o céu escuro da cidade poderia presenciar.

— Não valeu a pena...

 

 

 

Itaberá, 23:56, Parte Norte da cidade

 

 

  As ruas estavam desertas, graças aos desaparecimentos, e poucos se atreviam a sair, mas ainda haviam aqueles que arriscavam. Seja porque acreditavam que não ia acontecer com eles ou porque havia certa necessidade nisso.

  Um casal voltava de uma festa, eles conversavam animadamente sobre a noite. Até que ao virarem a esquina se depararam com cinco indivíduos, todos bem trajados, duas mulheres, uma adolescente e dois homens. Era algo incomum de se ver, ainda mais naquele horário. O grupo ficou parado em frente ao casal. A moça tomou a iniciativa:

— Posso ajudar?

A adolescente de olhos vermelhos, respondeu:

— Mas é claro.



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