História Soldier Family - Tatoo

  Aqui é tão lindo, Hayes me trouxe em uma clareira no meio da floresta, por entre as árvores eu consigo ver as estrelas.

-Senta aqui –Hayes chamou a minha atenção e tirou a jaqueta a colocando no chão para eu me sentar.

  Nós nos sentamos e ficamos um tempo só olhando as estrelas e aproveitando a companhia um do outro.

  Quando me virei para perguntar como ele encontrou esse lugar, percebi que na verdade ele já estava me olhando, o que me deixou com um pouco de vergonha e senti minhas bochechas esquentando.

HAYES POV:

  Kens estava tão maravilhada com as estrelas que não percebeu que todo esse tempo eu não tinha sequer olhado para as mesmas, eu não conseguia tirar os meus olhos dela. Ela se virou começando a falar alguma coisa, mas parou abaixando a cabeça envergonhada quando percebeu que eu estava a olhando.

  Levantei o rosto dela segurando em seu queixo, nós nos olhávamos nos olhos e eu fui chegando mais perto, até que finalmente nos beijamos, ela tem lábios tão doces e macios, a minha vontade era de nunca mais ter que sair dali, mas o ar começou a faltar, terminei um beijo com um selinho e deixei nossas testas juntas enquanto sorria.

  Quando abri meus olhos vi que Kenzie ainda estava de olhos fechados, mas tinha um sorriso enorme no rosto, ela abriu os olhos e eu vi um brilho diferente neles, ela me olhou diretamente nos olhos antes de me dar mais um selinho e se afastar sorrindo e deitando na grama, fiz o mesmo e passei meu braço pelos seus ombros.

-Tá afim de fazer uma loucura?

-Depende de quão louca ela seja.

-Me leva pra fazer uma tatuagem? –Eu fiquei pasmo, ela tem 15 anos.

-Certeza disso? –Perguntei hesitante.

-Sim, eu tenho pensado nisso a alguns dias e eu tenho uma que eu realmente queria fazer.

-Então tá, mas se seu pai quiser me matar depois, eu faço questão de voltar só pra puxar seu pé.

  Ela levantou alegre e me estendeu as mãos como ajuda, eu peguei, apesar de não precisar, até porque se eu fizesse força eu a derrubava em cima de mim.

  Nós voltamos para o carro e dirigi até o estúdio que eu fui com Will, quando ele fez a tatuagem dele, enquanto estava dirigindo percebi que Kenzie olhava para o celular com algumas lágrimas escorrendo.

-Hey –Chamei a atenção da garota a olhando por um segundo antes de voltar a atenção para a rua- tá tudo bem? -Peguei em uma de suas mãos e a apertei levemente.

-Tá sim –limpou as poucas lágrimas que escorriam- é só saudades.

  Consegui ver de relance uma foto no celular dela a foto de três homens e uma mulher em roupas militares, um deles reconheci sendo o pai, e acho que a mulher deve ser sua mãe, mas não sei quem são os dois homens mais velhos.

-Quem são? –Perguntei apontando o celular com a cabeça.

-Meu pai, minha mãe, meu avô, Joseph, e meu bisavô, Ira.

-Você realmente tem uma família militar.

-Se não fosse pelo exército eu não existiria, meu bisavô conheceu minha bisavó na base militar dele, ela era enfermeira lá, eles começaram um relacionamento e se casaram, depois disso meu avô nasceu, quando ele ficou mais velho o pai o convenceu a entrar no exército também –Ela dava alguns soluços enquanto contava a história- ele conheceu a minha avó em um jantar em honra aos soldados, ela era a filha de um dos chefes da base, eles se casaram quando descobriram que ela estava grávida da minha mãe. Quando ela entrou para exército se apaixonou por um soldado mais velho, e por acaso ele também gostava dela –Eu parei o carro no estacionamento do lugar e a olhava enquanto a mesma falava

-Seu pai –Ela assentiu.

-Eles começaram a namorar, ainda dentro da base, e depois de um tempo meu pai a pediu em casamento, e obvio que ela aceitou. Essa foto foi tirada quando eles estavam voltando para a base depois do casamento. Alguns meses depois todos eles saíram de férias e minha mãe ficou grávida. Quando eu nasci, meu bisavô já tinha saído do exército e foi me visitar no hospital, mas logo que ele saiu do quarto ele teve um ataque cardíaco e morreu, eu lembro que a minha mãe me dizia que foi como se ele estivesse apenas esperando para me conhecer e depois poder partir.

  Nós estávamos encostados no carro, e eu ouvia atentamente a história que a menina contava.

-Meu pai e meu avô foram para casa depois disso, e meu avô se aposentou, no mesmo ano aconteceu o ataque as torres gêmeas e os meus pais ajudaram nos resgates, depois disso minha mãe voltou para a base, mas não ficava tanto tempo como antes, por minha causa. Tudo ia uma maravilha, até que ela foi enviada para o Iraque com o meu pai quando eu tinha 7 anos, e meu pai teve que presenciar a morte da própria esposa, quando ele voltou para casa, ele ficou alguns anos fora de serviço, nesse meio tempo meu avô morreu de câncer, e então meu pai voltou à ativa, e a minha vida se tornou essa loucura.

  Ela começou a soluçar muito ao falar da mãe e do avô. Ela não aguentou mais e se jogou em cima de mim agarrando minha blusa, eu passei os braços envolta da cintura dela em um abraço, e logo eu senti o meu ombro um pouco molhado.

-Eu sinto tanta falta deles –Ela murmurou me apertando mais.

-Eu não posso dizer que eu sei pelo o que você passou –Eu comecei a falar, colocando uma mão de cada lado do seu rosto a fazendo olhar para mim- mas eu posso dizer que você não está mais sozinha, você tem os meninos, a Lox, e principalmente a mim.

  Eu limpei os rastros que as lágrimas deixaram com o meu dedo, e depois lhe dei um beijo na testa, seguido de um selinho rápido. Nós entramos no estúdio e logo um homem apareceu para nos atender.

-Em que eu posso ajudar?

-Eu quero fazer uma tatuagem no braço.

-O que exatamente?

-Quatro nomes, dois em cada pulso.

                                                          [...]

  Nós saímos do estúdio de tatuagem, e agora Kenzie tem eternamente, Kurt, Ellie, Joseph e Ira, nos braços.

  Eu parei o carro na frente da casa de Kens e desci rápido, indo para o outro lado abrir a porta dela, nós fomos andando com os braços entrelaçados e ela com a cabeça apoiado no meu ombro.

-Está entregue –A olhei sorrindo, vendo que ela fazia o mesmo.

-Obrigada pela noite Hayes, foi maravilhosa, eu nunca vou me esquecer.

  Ela me deu um beijo na bochecha e destrancou a porta, antes que ela entrasse eu a puxei pela cintura e lhe dei um beijo calmo. Assim que nos separamos ela entrou em casa murmurando um “tchau”, com um grande sorriso estampado no rosto.

MACKENZIE POV:

  Assim que eu terminei de colocar meu pijama, que era basicamente uma legging e uma blusa de moletom, eu me joguei na cama, mas não conseguia dormir, a história da minha família passava como um filme, sem parar em minha cabeça.

  Peguei o celular na mesinha ao lado da cama, 22:30, mandei uma mensagem para Hayes, ele ainda deve estar acordado.

*mensagens ON*

-Hayes?

-Oi pequena, aconteceu alguma coisa?

-Eu não consigo dormir, aquela história toda fica se repetindo na minha cabeça, você pode vir aqui?

-Por que você não vem aqui em casa? Tá todo mundo acordado ainda, eu e Nash estamos indo jogar um joguinho de tabuleiro com a Sky, se você não quiser tudo bem, eu passo a vez e vou ai.

-Não precisa, eu vou ai, vai ser bom, assim eu me distraio um pouco.

-Ok, estou te esperando.

*mensagens OFF*

  Coloquei uma meia e meu vans vermelhos e fui correndo para a casa dos Grier. Quando toquei a campainha Liz atendeu sorridente.

-Oi querida.

-Oi Liz.

-Ah, que isso, pode me chamar de tia mesmo, já estou acostumada –Ela abriu um sorriso gentil- deve estar aqui pelo Hayes, certo? –Assenti um pouco envergonhada- entre querida, ele está na sala.

  Ela foi comigo até uma outra sala, onde eu vi Nash e Sky sentados no chão arrumando um tabuleiro de jogo, Hayes estava sentado no sofá, parecia um pouco nervoso, enquanto chacoalhava a perna sem parar.

-Hayes –Tia Liz o chamou a atenção, indicando a minha presença. Ele se levantou com presa e veio rápido em minha direção logo me dando um abraço apertado colocando o rosto a curva do meu pescoço.

-Me desculpa, é tudo a minha culpa, eu que fiz você me contar a história, eu sinto muito mesmo –A respiração dele batia na minha pele levemente, o que me fez arrepiar.

-Tá tudo bem, a culpa não é sua, você não me obrigou a nada, eu te contei aquilo porque e achei que você merecia saber, você é uma das pessoas que eu mais confio no mundo, então não se sinta culpado de nada –Eu o confortei passando meus braços envolta do pescoço dele, brincando com seu cabelo.

-Obrigado –Ele me deu um beijo na testa e me puxou para sentar com os irmãos, eu fiquei envergonhada ao perceber que Nash e a tia Liz viram tudo isso.

  Nós jogamos um pouco de “cobras e escadas”, mas Sky logo se cansou do jogo e quis ver um filme, nós colocamos A Dama e o Vagabundo, pouco depois do filme começar tia Liz apareceu perguntando se nós queríamos chocolate quente, os irmãos falaram que sim, e eu me ofereci para ajudar a fazer, então fui para a cozinha com ela.

-Querida, eu não quero me fazer de intrometida, mas é que eu nunca vi Hayes agindo desse modo, sobre o que vocês estavam falando quando você chegou?

-Bom, é que depois que nós saímos do restaurante Hayes me levou em uma clareira e eu pedi para ele me levar fazer uma tatuagem, e enquanto nós estávamos indo eu estava vendo uma foto do meu celular e comecei a chorar –Eu a mostrei a foto- Hayes perguntou quem eram essas pessoas e eu falei eram meu pai, meu avô, meu bisavô e minha mãe –Falei indicando o nome de cada um nos meus pulsos- e ele comentou que eu tenho uma família militar, e eu comecei a contar a história da minha família, meio que explicando o porque de eu querer fazer essa tatuagem, já que dos quatro, o único vivo é o meu pai, e quando eu cheguei em casa e tentei dormir eu não consegui, porque toda a história se repetia em forma de filme na minha cabeça, então eu mandei uma mensagem perguntando se ele podia ir lá pra casa, e ele se sentiu culpado por eu ter contado aquilo e não conseguir ficar sozinha depois.

-Oh querida, me desculpe, eu não sabia –Disse me abraçando e eu percebi que ela estava com os olhos levemente lacrimejados- pode ficar aqui o tempo que quiser, deve ser horrível ter que ficar sozinha naquela casa enorme.

  Eu agradeci e ela me pediu para pegar as canecas e os marshmellows no armário, deixando o assunto para trás.

                                                         [...]

  Quando o filme acabou Sky estava dormindo no meu colo e Nash já tinha ido para o quarto, então Hayes a pegou no colo e a levou para o quarto, eu o acompanhei e olhava da porta enquanto ele colocava Sky na cama, ele seria um ótimo pai, ele sempre cuida e protege a irmã mais nova, e eu acho isso muito bonito.

  Ele estava parado perto da cama olhando a pequena, eu cheguei perto e parei ao seu lado, ele passou o braço ao redor da minha cintura me puxando para mais perto, em seguida me dando um beijo no topo da cabeça. Nós ficamos um tempo lá até que a mãe deles apareceu na porta.

-Vocês estão aqui, vi que Nash está na cama, mas vocês não, obrigado por trazer sua irmã para a cama meu amor. Boa noite crianças.

  Hayes me puxou pela mão até seu quarto e disse que eu podia deixar minhas coisas em qualquer lugar, tirei meu tênis o colocando perto da porta, quando me virei vi que Hayes estava pegando uma coberta e um travesseiro no armário.

-Pra que isso?

-Para o sofá.

-Sofá?

-É, você fica com a minha cama, eu durmo lá em baixo.

-Não precisa, você pode dormir comigo, senão daria na mesma se eu tivesse ficado na minha casa, eu ia continuar sem conseguir dormir.

-Certeza que não tem problema? –Fiz que sim com a cabeça e estendi a mão o chamando.

  Hayes ignorou minha mão e me agarrou pela cintura e pulando comigo na cama, fazendo os dois caírem no colchão.

-Você é louco menino –disse rindo, ele se levantou e foi até o banheiro, pouco tempo depois saiu com uma calça de moletom, sem camiseta, me dando uma vista maravilhosa (e bota maravilhosa nisso).

  Hayes se deitou na cama comigo e abraçou minha cintura por trás.

-Boa noite princesa –senti ele me dar um beijo de leve no pescoço, sorri antes de fechar os olhos logo dormindo.