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História Solitária realeza. Travessuras marotas - Capítulo 21


Escrita por: Sirukyps

Capítulo 21 - Capítulo 21


Fanfic / Fanfiction Solitária realeza. Travessuras marotas - Capítulo 21

- A resposta é 4. – Batia o dedo decidido no meio das palavras duma página preenchida com desenhos de sereias e outras criaturas mágicas. Largando o livro aberto sobre o colchão, esparramava-se exausto.

- Isto é história da magia, Pad. – Cutucando o amigo com o pé, Lupin mordia outro pedaço de chocolate. O perdido combate não fazia o amigo levantar. Encolhido próximo a cabeceira, o ar adentrando a janela lhe causava calafrios, principalmente como a frase de James ressoava continuamente em sua mente, apesar de... Não! Ficando mais sério, praticamente chutou o preguiçoso. – Levanta, Padfoot.

- Fui golpeado. – Dramatizou, rolando na cama enquanto segurava o braço aparentemente machucado. Remus ria, embora não quisesse. Preparava-se para bronquear novamente, quando teve o pé direito capturado, sendo arrastado sobre a bagunçada cama. – Ah, mas esta perna agressiva me paga.   

- Pare, Sirius, temos que terminar a atividade! – Rispidamente sério, o mais velho o soltou num susto risonho.

Retornando ao local anterior, nenhuma palavra.

O clima sério.

Comprimindo as pernas, reabriu o livro, voltando ao ritual de morder a doce barra marrom, percorrendo os olhos pela velha página amarelada. Haviam faltado as últimas aulas do período para atualizar as atividades e se preparar para os testes, no entanto, o animago permanecia deitado, visivelmente entediado.

Por um segundo, tendo a cabeça quase escapando dos limites acolchoados numa possível queda ao piso de madeira, a atenção escapou para a melancólica brisa invernal cumprimentando a primavera naqueles últimos minutos de fraco Sol. O dia morria como se nunca houvesse reluzido. Assim como...

Levantando um pouco para algo comentar, os dourados olhos lhe observavam discretamente. Droga! O que falaria? O que poderia acontecer de pior do que aquele infindável aperto no peito diante tamanho silêncio? E se o perdesse?

Buscando dissimular a preocupação, apontou o dedo para o horizonte, advertindo assombrado:

- Nossa, Moony! O que é aquilo?

Intrigado, o garoto demorou alguns segundos procurando algo diferente na janela atrás de si. O céu colorido num laranja azulado. Os salgueiros calmos. O vento adentrava o cômodo cada vez mais gelado. Piscando algumas vezes, realmente não compreendia.

- O que, Sirius?

- O céu.

- Idiota! – Disse, deferindo outro leve chute, não conseguindo interromper as irritantes gargalhadas diante o sereno rosto descreditado. Encurvando os joelhos, os pés descalços percorriam o macio edredom quando uma súbita inquietação lhe dominou. Observava o amigo... Seu sorriso... O modo como aquele tórax contraia suavemente... A branca pele revelada pelos primeiros botões da camisa desabotoados... Maleando a cabeça para afastar os pensamentos que lhe atormentava em sonhos por algumas noites, arremessou um travesseiro, questionando por brincadeira. - É pra isto que quer um namorado?

O silêncio predominou.

- Quer dizer, estamos namorando, Sirius? – Direto. Os dedos quase cravados nas bordas da capa dura. O arrependimento imediato, ainda assim, os confusos olhos dourados reuniam toda coragem existente aguardando uma resposta.

- Sim. – Sentando-se na cama, fitava Lupin, quem desviou os surpresos olhos diante a inesperada confirmação. Tentando transpassar inexistente casualidade, apesar do nervosismo, arriscou num sorriso desconcertado. – Não sabia? 

- Não. – Esforçava-se para encará-lo, todavia a seriedade naqueles espelhos cinzas... Teria que ser brincadeira, não? Tentando ri, igualmente angustiado, observou. - Eu não acho que estejamos namorando, Sirius.

- Dormimos juntos, acordamos juntos, comemos juntos, fugimos juntos, nos ferramos juntos, eu digo que te amo baixinho no meio da noite e você sorri.

- Mas...  É muito diferente.

- Então, talvez seja um matrimônio. – Recolhendo as mãos suadas contra suas, a determinada voz assegurou com franqueza. – Como eu já disse: Não me importaria de passar a vida ao seu lado. Aliás, meu caro Lupin, quero passar a eternidade.

Retribuindo o olhar, as orelhas queimavam. O rosto completamente vermelho. A felicidade lhe preenchendo o peito até causava certa falta de ar. Não negava, adorava a companhia de Sirius apesar das diferenças de ideias, gostos e costumes. Todavia, um namoro? Um namoro. Aquela coisa de relacionamento sério e consequências.

Não negava, o modo como Sirius lhe abraçava tão forte perturbava seus pensamentos. Depois de meses, terminou se acostumando. Afinal, ele sempre foi assim: intenso, em tudo... Impulsivo... E... Conhecia sobre sua licantropia e, mesmo assim, estava lá, todos os meses, preparado para abraçá-lo após a fase difícil da mudança lunar. E ele...  

- Você está sendo precipitado. Deveria... – Puxava as suadas mãos, buscando desvencilhar. - Aquela menina da Corvinal. Vocês combinariam... – Não conseguiu terminar de falar quando teve os lábios selados como, a muito tempo, o explosivo adolescente almejava fazer.

Um beijo calmo.

Sirius sentia o sabor daquela almejada fruta proibida, mordiscando e acariciando os lábios de chocolate com a língua. A gélida mão tremulava pelo receio em perdê-lo. Inicialmente surpreso, Remus fechou os olhos. Enlaçando os dedos na compartilhada aflição, arriscava acompanhar.

Recostando-se no colchão, permitia o amigo engatinhar sobre si.

A astuta língua percorria sua mandíbula entre beijos apaixonados. Mordiscando o pequeno queixo, os dedos glaciais ousavam adentrar o cardigã cinza como sempre tiveram vontade de fazer quando dormiam juntos por sucessivas noites, ou...

- Não! – Praticamente gritando, abaixava a blusa. Aquilo não! Franzindo a testa, os olhos tristes repreendiam as investidas do amigo, o qual lhe fitava sem compreender. Afugentando daqueles olhos enevoados, estava feliz pelo beijo, entretanto, não sabia como explicar. – Não... Não, Sirius. Você merece alguém melhor. Alguém tão atraente como você. Eu...

O provocante contorno quase num sedutor sorriso, Sirius não perdeu a pequena deixa:

- Então, me acha atraente?

- Sim. - Efusivamente vermelho, Remus assentia, balançando a cabeça repetida vezes. Os neurônios não processavam a explicação corretamente. As palavras não se completavam corretamente. Nada fazia sentido corretamente. – Quer dizer, toda escola acha.

- Não quero saber sobre toda escola. – Mantendo a mão repousada entre o seio do peito, a voz se tornava mais rouca conforme a aproximação. - Quero saber de você. – O hálito quente afagava o contorno do ouvido esquerdo. – Você me acha atraente, Moony?

Lupin concordou acanhado. A gradativa friagem não conseguia concorrer com aquela pessoa em chamas. Empurrando-o de leve, tentava fugir da forte mão em seu abdômen, impedindo-o de levantar do espaço repleto de livros.

Inútil.

A inquietação lhe denunciava. As desregulares pulsações. A respiração acelerada. O olhar desnorteava em desejo por aqueles lábios, aquele toque...

O fraco riso comemorava a violenta alegria. Tracejando os contornos recobertos pela lã, Sirius driblava a insegurança do amante, arriscando tocar a carne da lânguida cintura. Aos poucos, explorava cada uma das memorizadas cicatrizes entre proibidos murmúrios.

- Eu não esperava, Remus. - Mordiscando o lóbulo da avermelhada orelha, descia com beijos, segredando a censurada confissão -  Por que faz com que eu me apaixone mais e mais por ti? Amo tudo em você. Amo seu jeito calmo, indiferente... – Beijando a cicatriz do rosto até chegar na orelha, prosseguia em sussurros ardentes. – Amo seu jeito forte, destemido. A cor dos seus olhos, seus gostos, sua licantropia, seu corpo... Eu amo você, Remus.

Calafrios percorriam a pele em estímulos que nenhuma lua cheia nunca havia lhe proporcionado. Ofegante, os pensamentos se esvaíam em sensações, as quais nem desconfiavam acerca da existência durante aquele curto espaço de vida. Era calor. Carícias. Desejos.

O desespero transmutava para um recém sentimento ainda não nomeado sobre aquela cama tão pequena, o quarto álgido, o fim da tarde. Todavia, nada importava para os dois amantes.

Cerrando os olhos fortemente, Lupin levava as mãos aos lábios, repreendendo os involuntários gemidos, excitado a cada toque da habilidosa mão lhe explorando cada pedaço sem pressa numa infinita brincadeira como havia surgido aquele amor dentre a eterna amizade.  

- Amo sua voz, seus segredos, seus gemidos, Remus. – Retirando o empecilho com carinho, ia ao encontro daqueles lábios finos, reiniciando outro beijo. Desta vez, intenso, necessário.

Permitindo-se, os finos dedos inseguros adentravam os longos cabelos ondulados, enlinhando-os, trazendo o amado para mais perto como se toda distância fosse insuportável.

Entregando-se sem medo, culpa ou restrição para aquele que sempre teve o seu coração, admitiu baixinho:

- Eu também te amo, Sirius. 



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