História Série Solução - Escolhi especialmente para você

Capitulo 10

Escolhi especialmente para você

Eadlyn Schreave

Percebi que já estava virando rotina acordar nos braços de Kile. E eu não estou reclamando. Muito pelo contrario, era muito bom dormir com ele. Que também estava dormido calmamente, pois consigo ver seu peito subir e descer com sua leve respiração.

Vendo o sol invadir o quarto decido que iria trabalhar hoje, novamente, eu tinha que enfrentar isso. Talvez eu não precisasse ficar no meu escritório, poderia trabalhar com Liza na sala de espera ou ir procurar Ahren ou Kaden, quem sabe Osten, ele com certeza ia fazer muitas piadas e me distrair. Então devagar me desvencilho dos braços de Kile e sento na cama, permaneço imóvel por alguns segundo para ter certeza de que ele não havia acordado. Eu estava nua e ia ser embaraçoso se ele acordasse bem agora enquanto corro para o banheiro.

Todo um banho rápido, me seco e faço minha higiene matinal. Quando olho ao redor para por a minha roupa e lembro que ela ficou na sala por conta da noite passada. Enrolei-me na toalha e piso fora do banheiro dando de cara com um Kile meio acordado que me olhava intrigado.

“Eu.... eu esqueci...”, conforme eu tentava formular uma frase comecei a corar e Kile começou a sorrir assim que percebeu do que eu estava falando. “Não diga uma palavra!”, eu disse e sai do quarto indo para a sala e comecei a recolher minhas roupas que estava por toda parte.

Quando voltei para o quarto Kile estava tomando banho e me troquei ali mesmo, vestindo as minhas roupas do dia anterior. Fui para a cozinha e fiz café, porque eu amo café. Mãos tocando a minha cintura e sinto o perfume de Kile, aquele aroma que o perfume masculino tem. Viro-me dando de cara com seu sorriso e seus olhos.

“Bom dia!”, ele diz.

“Bom dia”, respondo dando um selinho nele.

“Vejo que encontrou sua roupa”, ele brinca comigo e eu dou tapa falsa em seu ombro e me desvencilho de seus braços.

“Vejo que encontro seu sarcasmo”, retruco sorrindo. “Eu vou indo!”

“Aonde vai?”

“Trabalhar!”, respondo firme e ela abre a boca, mas não deixo que nenhum som saia de lá, pois continuo a falar. “Eu sei o que você vai dizer, mas só vou ver se Liza precisa de mim ou quem sabe ver meus irmãos. Eu não quero chegar perto daquele escritório tão cedo.”

“Tudo bem, Senhorita Schreave”, Kile faz uma reverencia e pisca para mim. “Qualquer coisa me liga!”

“Pode deixar”, digo pegando a minha bolsa.

O taxi me deixa na porta da empresa da minha família e pego o elevador confiante. Quando chego ao meu andar e vou até a área onde fica a sala de espera e o meu escritório dou de cara com Liza contando caixas, e tanto a sala de espera quando o meu escritório estão vazios.

“O que está acontecendo aqui?”, eu pergunto a assustando.

“Eadlyn!”, Liza coloca a mão no coração e grita o meu nome com o susto que levou. “Seu pai não lhe contou?”

“Meu pai? Contar o que?”

“Você está de mudança! O seu novo escritório fica no andar abaixo do Sr. Schreave”, Liza fala empolgada. “Ele me pediu para pedir a você que fosse vê-lo assim que chegasse.”

Acenei com a cabeça e bufei enquanto seguia de volta para o elevador apertando o botão que ia ao andar onde o escritório da presidência ficava. Não esta entendendo nada.

“Ah senhorita Schreave já faz um tempinho que você não subia aqui me cima não é mesmo”, a secretaria do papai fala animada assim que me vê. Era uma mulher já de idade, mas com grande disposição.

“Já falei que pode me chamar de Eadlyn, June”, falo carinhosamente. “Meu pai esta me esperando?”

“Está sim, pode entrar, querida”, ela fala apontando para a porta. E caminho até ela abrindo a porta, meu pai estava escrevendo alguma coisa, mas parou assim que me viu e se levantou.

“Como está Eadlyn?”, ele perguntou me abraçando.

“Poderia estar melhor se soubesse o que esta acontecendo”, respondi e ele beijou minha testa com ternura.

“Oras estou te mudando para o escritório do andar de baixo”, ele respondeu como se fosse obvio. “Sua secretaria não te informou?”

“Informou sim, só estou tentando entender o por quê?”

Não havia contado a ninguém sobre o meu pequeno pavor de ficar naquele lugar, apenas para Kile. 

“O Kile falou com você, não falou?”

“Não brigue com o rapaz, eu liguei perguntando de você e ele comentou. Eu decidi, como seu pai, lhe ajudar. Não é saudável permanecer naquele lugar se ele lhe trás lembranças ruins”, meu pai explicou indo até a porta. “Agora vamos, quero lhe mostrar seu novo escritório.”

Decidi que não iria ser tão ruim assim. Ah que eu quero enganar foi a melhor coisa que poderia ter me acontecido. Poderia começar a chorar de emoção por meu pai ter se preocupado comigo.

Pegamos o elevador e descemos um andar, assim que entro o local é bem diferente. Mais amplo e iluminado e Liza já estava arrumando tudo. Passamos pela recepção e entramos no meu mais novo escritório. A mesa já esta posta e tudo á estava organizado em cima dela.

E ao em vez em uma gigantesca estante de livros havia uma enorme janela de vidro onde eu poderia ter uma vista incrível da cidade. Era reconfortante não ter mais aquela estante, mas ainda tinha varias prateleiras espalhadas com meus livros.

“Pai isso é incrível”, falei dando alguns passos para dentro.

“Fico feliz que gostou”, ele respondeu.

“Obrigada”, falei o abrando o mais forte que pude. Era bom saber que sempre poderia contar Maxon Schreave.

Ficamos alguns minutos em silencio e decidi perguntar alguém já que me estava preocupando.

“Pai...”

“Sim, filha!”

“O que aconteceu entre você e August Illéa?”, perguntei e percebi sua postura ficar mais ereta.

“Não vamos falar disso.”

“Pai, Marid é filho dele. E deu para perceber que você e August se conhecem há muito tempo e ele estava te provocando aquele dia na delegacia”, comentei. Ele suspirou e percebi que iria me contar.

“August ele....”

“Olha quem chegou de viajem? Eu mesma!”, fomos interrompidos por uma voz super animada que eu reconhecia como sempre de tia Brice. “Falam-me que vocês estavam aqui!”

“Finalmente já estava mandando alguém ir atrás de você”, papai falou a abraçando.

“Você como sempre é muito preocupado, meu irmão”, ela respondeu rindo. “Eu só fiquei fora por duas semanas e parece que perdi grandes novidades!”

Brice Mannor é meia irmã de papai. A verdade é que meu avô, Clarkson Schreave, foi um verdadeiro cretino tanto com minha avó, Amberly, quanto com meu pai. Ele escondeu a filha de todos e morreu sem contar a verdade, papai estava desconfiado na época e depois de muito esforço a encontrou quando ela já tinha mais de vinte anos. Papai sempre apoiou e ajudou tia Brice. Hoje ela trabalha na empresa. E estava de férias viajando por vários países nessas duas semanas. 

“Ah Eadlyn então quer dizer que você e o Kile andavam se pegando escondidos por ai fazendo...”, tia Brice ia dizendo enquanto me mandava uma piscadinha quando foi interrompida por papai.

“Acho que não quero escutar o resto dessa frase senão irei matar Kile com minhas próprias mãos”, ele disse se despedindo e saiu, sem dar a respostas que eu queria ouvir. Mas tudo bem, depois eu pergunto de novo.

Tia Brice riu de papai pois ela estava provocando ele, pois sabia muito bem que eu era virgem.

“Então vai me contar as novidades?”, tia Brice perguntou se sentando no sofá. Juntei-me a ela.

Se tem uma pessoa que eu posso contar a verdade e ainda pedir conselhos essa pessoa é Brice Mannor. Ela apareceu quando eu era bem pequena e sempre foi à tia divertida e ao mesmo tempo firme e sensata. Muito inteligente e de confiança.

“Tia posso te contar um segredo?”

“Minha boca é um tumulo!”

“Meu namoro com o Kile é de fachada.”

“Como? Mas sua mãe me disse que vocês pareciam muito felizes juntos, um casal e tanto!”

“Eu estava namorando um cara, mas eu o peguei me traindo, só que eu já tinha contado aos meus pais que eu estava namorando e não queria contar a verdade. Kile esta fugindo de uma garota que acha que eles são alma gêmea”, eu torci meu nariz involuntariamente. Alice era realmente um grude. “Então pensamos em fingir um namoro para ajudar um ao outro.”

“Quer dizer vocês não estão namorando nem nada no tipo?”, ela perguntou erguendo uma sobrancelha.

“Isso!”

“Então por que você falou “uma garota” com essa voz carregada de ciúmes?”, tia Brice perguntou.

Ciúmes? Eu?

“Não falei com voz carregada de ciúmes coisa nenhuma”, me defendi. E ela apenas me lançou uma cara acusatória. Suspirando eu contei. “Tudo bem! O namoro é falso, mas sentimos uma... uma atração um pelo outro. E estamos curtindo a companhia um do outro. Ver no que dá!”

“Rá! Eu sabia que tinha alguma coisa, então você gosta do Kile?”

“Eu... eu não sei, estou confusa, durante minha adolescência eu senti algo por ele, mas então não permiti que esse sentimento crescesse por sermos amigos e tudo mais. Então agora depois de tanto tempo começamos a nos envolver e tenho medo de me machucar porque não sei o que Kile esta sentindo.”

“Ah querida creio que o único conselho que eu posso te dar é: de tempo ao tempo. E eu acredito que Kile nunca iria magoar ou usar você”, ela disse dando um sorriso sincero.

“Eu também, mas você sabe que eu sou virgem e com Kile eu tenho vontade de... entregar tudo a ele!”

“E você se sente pronta?”

“Eu sempre pensei que iria perder minha virgindade com o homem que eu amasse e que estivesse compromissada. Mas com Kile o nosso namoro é de mentira e não sei o que sinto por ele.”

“Eadlyn sexo não tem nada a ver com compromisso de relacionamento. Sexo é confiança, carinho, é se sentir bem em estar com a outra pessoa de uma forma tão intima, eu me lembro de perder minha virgindade com um amigo de infância, uma pessoa que eu conhecia muito bem e que confiava a minha vida então foi fácil. É dessa forma que você se sentem em relação a Kile?”, tia Brice perguntou cautelosamente.

“Acho que sim”, concordei.

“Ótimo agora cabe a você decidir o que fazer”, ela disse. “Agora preciso que você me ajude a escolher um vestido para o evento de hoje à noite!”

“Evento? Que evento?”

“Hoje é o jantar anual entre os sócios não acredito que você esqueceu.”

A meu Deus o jantar anual dos sócios das empresas do papai. E toda a nossa família sempre comparecia, como eu pude esquecer! Mas também com tudo que tem acontecido na minha vida é até normal eu ter esquecido.

Kile Woodwork

Eu estava de excelente humor. A noite havia sido de grandes descobertas, o modo o Eadlyn se entrou para mim fez o meu ego inflar não posso negar. Saber que ela confia em mim era muito importante. Estava com medo de a Eadlyn ficar tímida e envergonhada pelo que fizemos, mas assim que eu a vi apenas de toalha não conseguir ficar sem sorrir. E depois ela mesma fez com que o ambiente ficasse leve.

Ela foi trabalhar e eu também. Havia uma pilha de papeis para eu assinar e passei o dia todo no meu escritório trabalhando e quando o meu celular tocou e vi que era Eadlyn um sorriso se espalhou pelo meu rosto.

 “Então quer dizer que você e o meu pai andar conversando”, ouvi ela disser assim que atendi a ligação.

“Sabe como é... ele é meu tio”, respondi rindo e ela riu também. “Está brava?”

“Deveria estar, mas foi uma boa ideia”, Eadlyn respondeu suspirando.

“Então como esta o trabalha?”

“Liza ainda estava perdida nos papeis então não tinha nada para eu fazer. Tia Brice chegou de viajem e passamos o dia procurando um vestido para o evento de hoje à noite”, ela explicou. “Você vai?”

Estava tentando me lembrar de que evento ela estava falando. E depois de alguns segundos em silencio me lembrei do jantar anual dos sócios das empresas Schreave que também englobava alguns dos melhores clientes, como o meu pai.

“Isso é um convite?”, perguntei provocando-a.

“Você já recebeu o seu convite formal a alguns semanas atrás”, Eadlyn falou correspondendo a minha provocação.

“Mas você pode me fazer um convite informal e com certeza eu responderia sim!”

Ela bufou do outro lado da linha.

“Me pega as noves?”

“Em ponto”, respondi.

“Só você mesmo Kile e por causa disso irei provocar você a noite toda”, Eadlyn falou com uma voz sedutora e desligou antes que eu pudesse responder.

Ela conseguiu me deixar intrigado, e passei o resto das horas só pensando nela. Quando cheguei ao meu apartamento eu tomei banho e coloquei o meu melhor terno. Estava louco para vê-la, e ver o que ela estava querendo dizer quando iria me provocar a noite toda.

Estacionais em frente ao apartamento dela e quando saiu do carro Eadlyn já vinha em minha direção. Ela estava linda e com certeza meu queixo foi parar no chão. Eadlyn usava um vestido presto longo parecia um tomara que caia, mas havia duas alças cada uma ao lado dos ombros quase caiando dos braços. Seus seios ficam bem evidentes o que já estava me provocando sem contar que o vestido tinha um corte na lateral da perna esquerda o que fazia uma pele parecer enquanto andava. Com certeza eu estava sendo provocado.

Então eu decidi fazer jus a sua beleza e assim que ela se chegou bem perto eu a segurei pela cintura, a ergui no ar e rodei Eadlyn como se estivéssemos em um filme romântico. Quando a coloquei de volta no chão ela estava sorrindo.

“Uau!”, Eadlyn falou me abraçando pelo pescoço. “O que foi tudo isso?”

“Eu não poderia apenas dizer como você está linda eu precisei demostrar”, respondi a puxando mais perto ainda do meu corpo.

“Então você gostou do meu visual?”

“Com certeza!”

“Saiba que escolhi especialmente para você”, Eadlyn falou baixo bem perto da minha orelha, praticamente sussurrou. Meu sangue ferveu com essa declaração.

“Então senão quiser que eu agarre você aqui agora mesmo e leve você lá para cima acho melhor entrar nessa caro!”

Os olhos de Eadlyn brilharam como se estivesse tentada a escolher a primeira opção. Mas ela apenas balançou a cabeça concordando, se desvencilhou dos meus braços e entrou no carro. O caminho até o evento foi... como posso dizer, seria normal como sempre com Eadlyn mudando o radio toda hora e cantando com a musica, mas o fato dela ficar se mexendo toda hora fazia com que o vestido cada vez mais mostrasse sua perna.

Chegamos ao evento e entramos sem demora depois de tirarmos algumas fotos.

“Eu me esqueci de dizer que você também está muito bonito nesse terno”, Eadlyn disse enquanto andávamos pelo salão. Cumprimentando algumas pessoas pelo caminho.

“Escolhi especialmente para você”, usei sua resposta. E ela sorriu um daqueles sorrisos sinceros.

Seus olhos desviaram de mim para uma pessoa que estava se aproximando. Um homem que deveria ter a minha idade.

“Srta. Schreave?”, ele perguntou se aproximando.

“Sim”, ela respondeu.

“Sou Eikko Koskinen, o Sr. Schreave me mandou vir conversar com você sobre a empresa, ele disse que você poderia me convencer a investir aqui”, ele comentou sorrindo e brincando com ela. “Você deve ser Sr. Woodwork.”

“Pode me chamar de Kile”, disse estendendo a mão. Ele aceitou.

“Podem me chamar de Erik.”

“Mas é claro que posso convencê-lo, Sr. Koskinen”, Eadlyn respondeu e começou a falar um pouco de como funcionava a empresa e como ela atuava. Permaneci ao seu lado o tempo todo, pois esse tal Erik pode estar se comportando muito bem, mas seu olhos não.

“Filho!”, ouvi a voz do meu pai me chamando. “Eadlyn...”, ela falou cumprimentando-a e então se virou para Erik. “Sr. Koskinen ouvi falar de você. Gostaria de ficar para a conversa, mas preciso roubar o meu filho um minuto. Se nos derem licença!”

Trincando os dentes segui o meu pai até onde o pai de Eadlyn estava junto com outros sócios conversando. Não prestei muita atenção no conversar, respondi quando era perguntado e só, minha atenção estava no Erik que estava praticamente se jogando em cima da Eadlyn.

Começou a tocar uma musica mais lenta e pedi licença a todos e caminhei em direção a Eadlyn que ainda conversava com Erik.

“... como eu disse trabalhamos com uma grande variedade, basta apenas escolher aquilo lhe agrada mais”, ela estava dizendo quando eu cheguei. “Kile!”, ela me chama animada e se agarra ao meu braço sorrindo.

“Não queria atrapalhar, mas eu adoraria dançar com a minha namorada”, falei descontraído.

“A nossa conversa foi muito interessante Eadlyn. Irei pensar com mais calma e tomar uma decisão”, Erik disse.

“Decisão sensata, não se esqueça de passar lá na empresa para que alguém possa lhe passar os dados dos investimentos e lucros”, Eadlyn aconselhou.

“Com certeza. Se me derem licença”, ele pediu e se distanciou.

“Pensei que eu não teria um momento com você essa noite”, falei colocando uma mão em sua cintura e a outra segurando sua mão. Enquanto ela descansava a outra mão em meu ombro.

“Isso é ciúme?”, ela perguntou me acompanhando na dança lenta.

“Com toda certeza”, respondi. “Quem não teria ciúmes de ver a sua garota com outro.”

“Isso me pareceu um pouco machista”, Eadlyn comentou mordendo o lábio inferior.

“Não, eu tenho plena confiança em você. Eu estava com raiva dele, de você eu só tenho admiração”, quando eu terminei de falar eu a rodei. E a puxei de volta de tal forma que suas costas colaram no peito.

“Só admiração?”, Eadlyn perguntou com uma voz baixa me provocando.

“Não, só admiração não. Eu tenho carinho, confiança, desejo... com certeza desejo!”

“Era para eu te provocar e não o contrario”, ela disse me beijando. Mesmo estando em publico foi “o beijo”.

“Você não se do respeito mesmo, não é Schreave?!”, uma voz feminina muito conhecida fala atrás de mim. Alice, sem duvida era Alice.