História Série Solução - Quem disse que eu não vou adiante?

Capitulo 8

Quem disse que eu não vou adiante?

Eadlyn Schreave

 Acordei da mesma maneira em que tinha dormindo, ou seja, enrolada a Kile. Ele ainda dormia serenamente e não me mexi para dar mais alguns minutos de sono. Pois precisávamos ir trabalhar. Todo esse meu envolvimento com o Kile era perigoso. Ate então a única coisa que tínhamos era um falso namoro e uma proposta para “ver no que vai dá”.

Ele se mexeu e percebi que havia acordado. Seus olhos encontraram os meus e ele sorriu.

“Bom dia”, Kile disse me dando um breve selinho. Eu com certeza podia me acostumar a acordar assim.

“Bom dia”, devolvi me levantando.

“Onde pensa que vai?”, ele perguntou se espreguiçando.

“Trabalhar”, respondi como se fosse obvio.

“Hoje não!”

“E por que não?”

“Seu pai me ligou ontem a noite depois que você já tinha dormindo falando para você ficar em casa.”

“Meu pai está louco se pensa que vou ficar aqui sem fazer nada. Tenho muita coisa para resolver naquela empresa e não vou me deixar abalar por com de Marid”, falei indo ao banheiro para fazer minha higiene matinal. Assim que aparecia pronta na cozinha, Kile me olhou meio em duvida.

“Nada do que eu disser vai convencê-la a ficar?”, ele perguntou.

“Nadinha!”

“Então eu te levo”, Kile disse sorrindo e me deixou na porta da empresa da minha família.

Quando entrei no meu escritório minha boca ficou seca e minhas mãos começaram a suar frio. Sempre fui uma mulher forte e determinada, então empurrei aquele medo, que estava começando a subir pela minha garganta, para baixo novamente. Eu tinha que superar aquilo e o primeiro passo é conseguir ficar na minha própria sala sem ter medo de ser abusada.

Kile Woodwork

Assim que cheguei em frente ao prédio onde Eadlyn trabalha, pude perceber como ela estava nervosa e ansiosa. E por um momento pensei que ela não iria entrar. O que Marid fez, mesmo que não tenha chegado ao estupro com penetração, a afeto da mesma maneira. Eu queria matar o desgraçado. 

Então quando cheguei a empresa fui ate o escritório da minha irmã.

“Bater na porta é bom”, ela comentou quando eu entrei.

“Acho que não”, falei brincando com ela e me sentei na cadeira a sua frente.

“Você que decidi, um dia vai abrir essa porta e dar de cara comigo e com Kaden fazendo alguma coisa aqui nessa mesa e não vai gostar nem um pouco de não ter batido na porta”, ela respondeu.

“Informação demais”, falei e ela sorriu vitoriosa, mas então voltou a ficar seria.

“Tio Maxon falou com todos hoje essa manha sobre o que aconteceu com Eadlyn. Tia América e mamãe quase foram vê-la, mas tio Maxon insistiu que deveriam dar espaço a ela. Eu mesma estou aqui me segurando para não ir vê-la!”

“Foi horrível, fico me perguntando o que teria acontecido se eu não tivesse chegado a tempo”, falei me distraindo um pouco em pensamentos. “Mas estou aqui exatamente para te pedir o contrario! Por favor, Josie, vai ver Eadlyn e tire ela daquela empresa.”

“Ela foi trabalhar?”, Josie perguntou.

“Ela não quer mostrar que não se abalou, mas infelizmente, alguma coisa mudou. Eadlyn não estava nenhum pouco confortável quando a deixei na frente daquele prédio hoje. Josie leve ela para ajudar com os preparativos para o casamento ou qualquer coisa que você precise fazer”, pedi para a minha irmã.

“Tudo bem, eu tinha mesmo que ir escolher o meu vestido de noiva, vou ver se Camille também quer ir junto”, ela comentou. “E como estão indo as coisas com o falso namoro?”

“Digamos que estamos tentando ter alguma coisa”, falei deixando as palavras no ar.

“Você contou para ela que apaixonado por ela?”, Josie perguntou empolgada.

“Claro que não! Você quer que ela saia correndo de mim ou para mim?”, perguntei.

Se eu contasse que realmente a amava, Eadlyn provavelmente se trancaria em seu próprio mundo e não me permitiria entrar. Principalmente com essa historia de amigos.

“Então o que foi que você disse?”

“Encurralei ela em uma parede e mostrei que estávamos atraídos um pelo outro e que valeria a pena tentar alguma coisa”, expliquei e Josie caiu na gargalhada.

“Você não fez isso? O santo Kile encurralando Eadlyn Schreave em uma parede, eu pagaria para ver essa cena!”

“Engraçadinha”, falei me levantando. “Vai escolher o seu vestido que você ganha mais.”

“Tá bom... tá bom, não precisa ficar estressadinho!”, Josie falou pegando sua bolsa, depois me deu um beijo na bochecha. “Vou ver se consigo encorajar Eadlyn a te dar uns pegas!”

Essa minha irmã é uma figura, não sei como Kaden a aguenta.

Eadlyn Schreave

Passei meia hora apenas organizando os papais que estavam em cima da minha mesa. E mais vinte minutos tentando me concentrar, pois a estante de livros estava começando a me incomodar. As maras ainda estavam nas minhas costas além de uma leve dor. Merda, o Marid tinha arruinado o meu próprio escritório.

Quando pensei que iria gritar para estravar minha raiva, batem a minha porta.

“Vista. Josie Woodwork”, Liza avisa. Meu coração se acalma.

“Pode deixa-la entrar”, disse me levantando e Josie entra com toda sua animação. E me abraça.

“Primeiro bom dia. Segundo, eu sei, se você não quiser falar sobre tudo bem ou se quiser falar tudo bem também”, ela fala me segurando pelos ombros e me olha nos olhos passando muita confiança. Mas não quero falar sobre.

“Podemos falar de outra coisa, qualquer coisa”, pedi.

“Ótimo, porque eu vim aqui te convidar para ir comigo e com Camille escolher o meu vestido para o casamento. Que tal?”, Josie me convida sorrindo de orelha a orelha.

Suspiro aliviada por ela não me pressionar a falar sobre todo o incidente e, também, por me dar a oportunidade de sair desse lugar. Topo na hora pegando a minha bolsa e a arrasto para fora do meu escritório.

Josie começa uma conversa banal sobre como sua barriga pode começar a crescer do nada, principalmente por estar de dois meses e meio, então teria que escolher um vestido que pude ser ajustado caso fosse necessário.

“Sejam bem vindas, eu Madame Fontana, mas podem me chamar de Elena. Quem é a noiva?”, uma mulher alta, esbelta, morena com cabelos muitos compridos, além de um sotaque italiano nos recepcionou em uma das lojas de vestidos de noiva mais requisitados na cidade. Havia outras atendentes espalhadas, mas Elena foi quem se aproximou.

“Eu”, Josie ergueu a mão animada. “Não faço ideia do tipo de modelo que estou procurando, mas ele precisar pode ser ajustado, pois eu estou gravida.”

Ela levou a mão à barriga e Elena sorriu mais ainda.

“Una gravida! Dio mio, as gravidas sempre tem uma beleza especial... por favor, me acompanhem.”

Deixamos área de entrada e fomos para uma espécie de provador enorme com um pequeno palco redondo no centro com muitos espelhos e um sofá superconfortável.

“Agora que temos mais privacidade, gostaria de perguntar uma coisa”, Elena pediu e eu concordei. “O noivado e o casamento devem ser mantidos em segredos? Já que não foi anunciado em nenhum meio de comunicação de que Josie Woodwork está noiva!”

Era obvio que ela havia nos reconhecido, quem não teria.

“Se puder manter sigilo eu agradeceria Madame Fontana. Será um casamento pequeno, apenas para a família”, Josie pediu.

“Mas é claro! Seu pedido é uma ordem Srta. Woodwork. Então... alguma ideia do seu vestido ideal?”, Elena perguntou.

“Traga de todos os tipos possíveis Madame Fontana”, Camille falou e Elena sumiu por uma porta. “Estou tão empolgada, já faz três anos desde que escolhi o meu!”

“Estou vendo”, comentei rindo de Camille. Eu estava me sentindo muito mais confortável aqui, com elas, do que em meu escritório.

“Já eu estou super nervosa!”, Josie falou se sentando no sofá. “Minha barriga já esta começando a dar sinais e o casamento esta cada vez mais perto.”

“Ainda nem começou, na gravidez de Eva estava tão grande que pensei fosse gêmeos”, Camille gargalhou.

“Não a assuste”, recriminei Camille. “Como Kaden reagiu quando você contou a ele?”, perguntei super curiosa, desde que ela tinha contado sobre a gravidez a três dias atrás, estava me fazendo essa pergunta.

“O que posso falar Kaden é Kaden, todo confiante e seguro. E acho que faz dois anos desde que começamos a falar sobre filhos então ele ficou muito feliz”, Josie contou e Elena chegou trazendo consigo alguns vestidos. 

“Os melhores vestidos da loja!”

Josie pegou o primeiro e a ajudamos a se vestir. Era um vestido mais moderno, bem cinturado, não tinha aquela saia roda, ia até os joelhos, parecia um vestido que usamos normalmente, mas branco. Não ficou bem na loira. O segundo era, de acordo com Elena, estilo princesa com a saia rodada e ampla, uma cintura muito justa, com corpete e não tinha mangas nem alças. Era lindo, mas por mais que Josie parecesse uma princesa, ela não gostou, disse que ficou muito gorda com ele e que provavelmente estaria mais barriguda até o dia do casamento.

Muitos vestidos foram provados até chegar ao perfeito, que fez os olhos de Josie brilharem. Tinha uma saia estilo sereia, ela demarcava sua cintura, mas que poderia ser ajustado conforme sua barria crescesse. Era longo, tinha mangas rendadas que iam até os seios.

“Perfeito”, Josie falou. “Vou levar esse!”

“Ficou perfeita na senhorita. E claro, eu mesma farei os ajuste se necessário”, Madame Fontana falou.

Depois fomos almoçar e passamos mais um tempo juntas, e agradeci mentalmente por não tocarem no assunto. Seis e meia da tarde, ao em vez de ir para o meu apartamento, decidi ir para o de Kile.

Como sempre o ambiente era calmo. Cheio de livros o que era a cara de Kile. Normalmente ele trabalhava até tarde, por isso tomei a providencia de enviar uma mensagem de texto avisando onde estava. Então comecei a fazer o jantar. Eu gostava muito de cozinhar, não que eu seja muito boa, mas gosto de ficar sozinha fazendo alguma sem nenhum tipo de pressão como desenhar.

“Eu vou começar a engordar”, dou um pulo com o susto, e me viro, encarando Kile sorrindo. “Assustei você?”, ele perguntou praticamente zombando de mim.

“Calado! E por que você vai começar a engordar?”, perguntei terminando de colocar as coisas da mesa.

“Porque normalmente eu como alguma fruta, ou qualquer coisa na geladeira quando chego, mas já é a segunda vez que você cozinha para mim e não são coisas saudáveis”, ele fala se aproximando enquanto sugere que a minha lasanha não é saudável. Mas tudo bem não é mesmo.

“Então acho que você terá que dobrar seu horário na academia hoje”, brinquei. Kile estava tão perto que poderia sussurrar que ele teria escutado.

“Com você aqui eu não vou a lugar algum!”

“Vamos comer”, falei me sentando.

Enquanto íamos começando fomos comentando sobre o nosso dia. Kile falou sobre a empresa e vários projetos que estavam chegando. Eu disse que tinha saído com  Josie e Camille para escolher o vestido de noiva. Falem em poucos detalhes que Josie tinha ficado incrível em um vestido e que estava muito feliz e Kile sorriu com sinceridade quando soube da felicidade da irmã.

E então quando terminamos o jantar o rosto de Kile ficou fechado, serio. Como se estivesse pensando muito.

“Algum problema?”, perguntei ansiosa.

“Ah... preciso te contar uma coisa, Eadlyn”, Kile pediu bagunçando o cabelo, e ele fazia isso quando ficava nervoso. E então eu comecei a ficar nervosa. “Marid foi solto!”

“O que?”, praticamente gritei me levantando da cadeira.

“Sinto muito. O juiz de plantão alegou que não havia provas e que ele apenas seria processado por violência. O pai dele, August, pagou a fiança”, Kile explicou também se levantando da cadeira e vindo até mim.

“Como eu disse, ele vai sair empune, enquanto isso eu não consigo ficar no meu próprio escritório!”, gritei novamente. “Você tinha razão, eu devia ter ficado em casa hoje. Comecei a me lembrar do que aconteceu e do que podia ter acontecido e parecia que as paredes iam se fechar em torno de mim, foi horrível!”

“Shhhhh! Não fala assim”, Kile disse me abraçando. Envolvendo-me em seus braços que me passavam conforto.

“Chega de se lamentar... vamos mudar de assunto”, eu disse tentando parecer normal.

“Eu tenho um assunto ótimo para resolver”, Kile disse sorrindo para mim. Logo segura, com as duas mãos, meu pescoço, e com os dedões acaricia minhas bochechas. E nossos rostos se aproximam até nossos lábios se tocarem e começarem uma dança maravilhosamente sensual.

Minhas mãos vão direto para sua camisa para tentar agarrar em algo. Já as de Kile começam a descer pelo pescoço, passam pelas laterais dos meus seios me provocando. E vão descendo mais deixando um rastro de fogo por onde ele tocava.

Kile me segurou pela cintura e me levantou, como se eu fosse uma folha, e me colocou sentada na mesa com ele entre as minhas pernas. Com nossas intimidades muito perto uma da outra. Quando o ar se fez necessário nos separamos.

“Foi uma boa distração?”, Kile perguntou ofegante.

“Acho que preciso de um pouco mais de distração”, falei o puxando pela nuca com uma mão e com a outra agarrei sua camisa para tê-lo mais perto ainda.

Sua língua invadiu minha boca me fazendo arrepiar de excitação. Kile era como um doce viciante, desde que provei quero sempre mais.

“Senão vamos seguir a diante acho melhor pararmos por aqui”, Kile disse.

E algo dentro de mim se acendeu. Desejo, muito desejo, eu queria ir adiante. Talvez eu precisasse, não só por estar morrendo de tesão nesse momento, mas para deixar tudo para trás e começar algo novo com o Kile.

Pulei de mesa e caminhei para a porta.

“Quem disse que eu não vou adiante?”, perguntei mordendo meu lábio inferior. Os olhos se Kile brilharam na hora de luxuria e desejo.

Acho que a noite vai ser longa!