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História Sombra - Os machucados


Escrita por: InfiniteVitium

Notas do Autor


Criticas construtivas são bem vindas.

Capítulo 2 - Os machucados


Depois que chegamos na casa dela, ou melhor, a casa que antes era do meu avô e que ela herdou. Decidi que iria correndo para o meu quarto, sem nem olhar para ela, pensei que ela só precisasse de espaço.

Ela foi na minha frente, abrindo a grande porta de madeira da casa feita de pedras, é uma casa muito grande, muito grande para nossa família sempre tão pobre. Acho que só temos isso por conta de meu avô ter herdado do pai dele, época em que a família tinha mais dinheiro e era aliado do Czar, de um bom Czar.

Dentro da casa tinha tanto silencio, tanto silencio sem as minhas primas pequenas e barulhentas, sem meu tio contando histórias, sem minha mãe e minhas tias cozinhando e falando alto sobre políticas e coisas do tipo e sem meu pai e meus tios conversando sobre... não consigo mais nem me lembrar. É melhor assim, esquecer. Quanto mais rápido esquece, mais rápido acaba o luto.

Enquanto minha tia olhava para cada canto de forma melancólica, eu saí de fininho para meu quarto.

Mas, quando eu estava perto de chegar no último degrau, Natasha decidido brigar comigo.

--Onde você pensa que está indo? – Ela perguntou de forma pausada e firme.

--Pro meu quarto, eu... – Respondi como um ratinho responde um gato.

--Você pensa mesmo que vou te deixar entrar no seu quarto agora? – Ela perguntou e deu um sorrisinho. – Já para a cozinha. – Ela ordenou apontando.

Eu apenas obedeci ao que ela disse, ela ia andando atrás de mim chutando minha perna.

--Quando chegar lá, faça a janta e se estiver ruim terá que refazer. Depois que fizer a janta, pegue os produtos de limpeza e comece a limpar toda a casa. – Ele ditou as regras quando já estava dentro da cozinha.

--Mas por que está me tratando assim? Como se tivesse que fazer esses trabalhos por dever, como se estivesse aqui nessa casa por ajuda da MINHA família. – Falei engulhindo o medo. Ela não podia me tratar do jeito que quisesse.

--Primeiro, essa família não é sua. É minha, você não faz parte dela já que por sua culpa eles morreram. Segundo, eu mando em você, eu tenho a sua guarda. Agora cale a boca. – Ela me deu um tapa forte na bochecha. – E comece a fazer as suas tarefas. – Natasha praticamente cuspia as palavras enquanto apontava com seu dedo indicador em minha direção.

Quando saiu fechou a porta com toda a força do mundo.

Depois que ela saiu, eu chorei. Não porque o tapa doeu, mas porque eu sabia que não conseguiria pedir ajuda. E porque ela tinha razão, eu tive culpa, se eu não tivesse comido, se minha mãe não tivesse me dado comida escondido por ter tido pena de mim, se eu tivesse parado de comer como os outros, talvez eles estariam vivos agora. Todos nós estaríamos vivos, juntos.

надеяться

Depois de ter acabo de fazer tudo o que ela pediu fui falar para ela que tinha acabado, talvez, agora, pudesse descansar. Desci as escadas do sótão, onde estive limpando por 3 horas, minha roupa estava toda surrada, suja e rasgada, meu rosto tão sujo quanto minhas roupas e minhas mãos e braços cortados e machucados, acho que um dos meus pés estava até inchado por conta de algo que tive que fazer para conseguir limpar o telhado –que ela me obrigou a limpar-. Depois de ter descido todas as escadas –com dificuldade- fui até a sala, onde ela bebia um chá enquanto lia um romance barato.

 

--Ti.. – Antes de completar a palavra ela me olhou com repreensão. – Senhora Natasha, acabei de limpar a casa e o jantar está pronto na mesa de jantar. – Respondi sem expressão, como um soldado.

 

--Hm.. – Ela apenas disse isso, terminou seu chá quente num gole só e deixou o livro jogado na poltrona. –Agora, você pode ir para o seu quarto. – Ela me avisou, mas antes que eu pudesse correr para o meu quarto ela me advertiu. – Porém, antes, tenho que provar da janta e ver se está realmente falando verdade sobre a limpeza da casa. – Disse com desprezo olhando ao redor da casa que antes detivera toda empoeirada.

 

A segui enquanto ela olhava para cada canto da casa, até achar um defeito. Reparou no quadro que estava torto, de imediato, puxou minha orelha e me levou até a frente do quadro.

 

–Concerte! – Ela gritou e eu concertei enquanto ela ainda puxava minha orelha.

 

Depois continuou seu caminho até a cozinha, continuei a seguindo, mas dessa vez segurando a orelha que estava doendo de mais para ficar exposta ao frio.

 

счастье

 

Natasha comeu de toda a comida, toda a janta que eu tinha preparado para nós dois. Ela me obrigou a olhar tudo, enquanto minha barriga roncava.

--Estava bom. – Ela comentou me fuzilando, empurrou a cadeira e foi na minha direção. – Eu pedi uma janta boa?

--Não senhora. – Respondi

--Ainda bem que sabe a resposta. -- ela se virou e como se quisesse pegar impulso, me empurrou com força o chão. – Você tem muito o que melhorar se quer morar nessa casa.

-- POIS EU NÃO QUERO! – Respondi me levantando, sem medo. Não iria viver naquele jeito.

Ela me deu um tapa, eu voltei meu olhar pra ela e empurrei ela no chão, com toda a força que um garotinho pode ter, mas ela não caiu.

--NÃO LIGO SE TEM A MINHA GUARDA PORQUE MEUS PAIS MORRERAM! NÃO LIGO SE ME CULPA POR ALGO QUE EU NÃO PODERIA IMPEDIR! NÃO LIGO SE VOCÊ VIROU UMA BRUXA! NÃO LIGO PRO SEU LUTO IDIOTA! NÃO LIGO SE VOCÊ SE ACHA NO DIREITO DE TRATAR ALGUÉM ASSIM! – Ela parecia assustada, mas ainda assim sorria, acho que ela sabia que teria forças para me bater depois que eu acabasse. –E EU NÃO QUERO FAZER PARTE DE UMA FAMILIA OU MORAR NA MESMA CASA COM VOCÊ! PORQUE EU NÃO FUI CRIADO PELA MINHA MÃE E MEU PAI PARA SER CUIDADO POR UM MONSTRO!

Depois que acabei de falar ela riu e bateu palmas.

--Continue falando o que quiser pirralho, se quiser sair da casa é só sair, mas só para te avisar, ninguém quem um órfão idiota para cuidar. – Ela disse tudo bem perto do meu rosto, depois se voltou para a mesa, bebeu de um suco. Quebrou o copo na mesa e furou minha perna com o caco de vidro. –Esse é o primeiro bebê chorão. – Natasha advertiu tirando o caco e jogando no chão.

--VOCÊ É UMA PROSTITUTA! – Gritei com ela a palavra que minha mãe sempre chamava outras mulheres, mas me dizia para nunca chamar alguém igual. Depois sai correndo do jeito que conseguia, subi a escada com o sangue sujando todo o tapete, mas eu não ligava. Teria que limpar tudo de qualquer maneira.

Depois de ter sujado todo o percurso até meu quarto com meu sangue cheguei no meu quarto. Me joguei na minha cama, não queria saber de cuidar do machucado com curativos, apenas queria chorar e deixar a dor sair em forma de lagrimas.

Eu queria ser invisível, queria ser apenas uma sombra qualquer ou até mesmo apenas uma penumbra, uma imagem embaçada e escura de mim. Assim minha... Senhora Natasha, não iria me ver, não iria me machucar dizendo ter direitos sobre mim, falando da minha família, falando que sou sua propriedade.

исцеление

Acordei com minha perna ainda ardendo e o som da porta sendo quase que arrebentada com batidas. Não tinha forças para abrir a porta, a única coisa que consegui ver foi que a cama estava toda manchada de sangue.

--Pode abrir! – Gritei, mas ela parecia ter ignorado e continuo a bater.

Enquanto eu gritava para ela abrir, ela gritava para eu acordar. Acho que ficou doida de tanta maldade. Até que parou de gritar a abriu a porta, ela ficou pálida.

--Onde você está, seu bastado? – Ela perguntou procurando por todos os cantos.

--Eu estou aqui! NA CAMA! Ficou cega? – Ri da idiotice que ela estava fazendo.

--O bastardinho deve ter fugido e ainda deixou a cama toda manchada. – Ela falou consigo mesma. – MAS SE ESTIVER ESCONDIDO, QUANDO EU TE ENCONTRAR... PODE FICAR TRANQUILO, NÃO VOU TE MATAR. APENAS TE MACHUCAR, MUITO! – A ruiva gritou tão algo que meu tímpano apitou.

Só tinha algumas alternativas, ou eu morri, ou ela ficou cega ou eu fiquei invisível. Espero que ela esteja cega, vai ser mais engraçado de brincar com ela. 



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