A semana passou voando, o projeto WTC estava praticamente finalizado, David estava ciente de que Perseu e eu viajaríamos até São Francisco para visitar minha avó, bem, ele não pareceu muito convencido, aliás, desde que David soubera que Perseu e eu estávamos nos relacionando, ele passou a marcar presença em praticamente todas as reuniões que eu fazia com Perseu, o porquê? Não faço ideia, no começo achei que fosse pela ansiedade em saber que o projeto estava caminhando como queria, mas depois, comecei a perceber que David estava querendo ter a certeza, que nessas reuniões, Perseu e eu, nos concentrássemos apenas nisso e não em outras coisas.
Perseu parecia incomodado com a presença de David, e a forma como ele me encarava, sempre olhando de canto para ele, com os braços cruzados a frente do corpo e o pé esquerdo batendo freneticamente no chão.
- Perseu. – toquei seu braço, chamando sua atenção pra mim.
- Oi?
- Não fique assim, ele é meu chefe, só quer saber se estamos fazendo o trabalho direito. – falei, Perseu olhou de forma incrédula pra mim e sorriu sarcástico.
- Ele tá de marcação em cima de você, não é porque ele não quer que esqueçamos do trabalho, mas porque ele tá afim de você, Annabeth, não percebeu?
Revirei os olhos, isso era impossível.
- Não fala abobrinha, Perseu. – respondi. – E mesmo que fosse isso, não se preocupe, jamais teria algo com David, ele tem idade para ser meu pai.
- É, mas a intenção dele, é outra. – falou meio irritado. – Você é minha namorada, ele devia no mínimo respeitar isso.
- Corrigindo. – falei e Perseu olhou confuso pra mim. – Estamos juntos, mas não sou sua namorada.
- Como não? Que história é essa, Annabeth?
- Você não me pediu em namoro, Perseu. – respondi, encarando-o nos olhos. – Logo, não sou sua namorada.
Perseu pareceu meio perplexo pelo que eu disse, olhou para janela, que mostrava o horizonte da cidade, cheia de prédios a nossa frente.
- Eu... Eu não te pedi em namoro? – perguntou meio perdido, apenas neguei com a cabeça, me arrependendo logo em seguida de ter dito essas palavras. – Eu pensei que tinha lhe feito o pedido, Annie, perdão...
Suspirei, em quase um mês de relacionamento, Perseu me pareceu frágil pela primeira vez, como se eu tivesse tocado em sua estrutura e ele estivesse ao ponto de trincar.
- Tudo bem. – respondi. – Isso não tem importância.
Perseu balançou a cabeça, negativamente e sorriu sem graça.
- É claro que tem. – falou. – Eu só me senti tão confortável ao seu lado, que imaginei que já havia lhe pedido em namoro.
- Perseu, por favor. – falei. – Isso não importa, agora, olha para mim.
Ele fez o que eu pedi.
- Entenda uma coisa. – olhei seus lindos olhos verdes, ele estava curioso para saber o que eu tinha a dizer. – Eu gosto de você, estamos juntos e é com você que eu quero estar, nada vai mudar isso, ok?
Ele assentiu e entrelaçou seus dedos nos meus, depois levantou e me colocou de pé, de frente para ele, sorriu assim que seus olhos se encontraram com os meus, ele rodeou minha cintura com suas mãos, me trazendo para mais junto dele, senti meu coração pulsar freneticamente, não iria me acostumar com aquilo, nunca.
Passou sua mão direita, em meu rosto, levando uma mecha de meu cabelo atrás da orelha, sorriu.
- Eu olho para você e me sinto num sonho, Annabeth. – falou ainda encarando meus olhos. – Eu sou completamente apaixonado por você.
- E está esperando o quê? – perguntei, sentindo algo contrair meu estômago.
- Para quê?
- Isso. – foi o que eu disse, antes de selar nossos lábios, Perseu sorriu enquanto me beijava, ele apoiou sua mão em minha nuca, trazendo-me para mais perto dele, aprofundando o beijo, eu não me importava de estarmos dentro do escritório e que a qualquer momento, David pudesse entrar ali e nos flagrar, a única coisa que eu me importava, era em mostrar para ele, que ninguém tinha aquele poder sobre mim, como ele tinha, de fazer minhas pernas bambearem, de sentir meu coração ser tomado por uma escola de samba e sentir meu estômago contrair ao máximo.
- Uau. – Perseu falou assim que nos separamos, pela falta do maldito ar. – Que beijo, você é doida, Annabeth?
- Por quê?
- E se David entrasse aqui? Você poderia perder seu emprego.
- Não me importo. – falei, é claro que eu me importava, mas valeu a pena, correr aquele risco. – Eu só queria que soubesse, o que você faz eu sentir, que soubesse que só você me faz sentir assim.
Perseu olhou para o relógio, sem graça, voltou a fitar meus olhos.
- Acho que precisamos ir, Annie. – falou. – Já são 20hs, precisamos pegar as malas e ir para o aeroporto.
- Tudo bem, só deixa eu arrumar as coisas, já saio, tudo bem? – Perseu assentiu.
- Vou esperar você lá fora.
- Ok.
>>>>>>
- Posso sentar no assento do corredor? – olhei para Perseu, meio confusa pelo pedido.
- Pode sim. – ele sorriu e beijou minha testa, me ajudou com a bolsa de mão, guardando no compartimento acima dos nossos assentos e me deu espaço para sentar na janela.
Perseu entrelaçou sua mão a minha e levantou o apoio do banco que nos separava, para que ele pudesse me trazer para mais perto de si, depositou um beijo sereno em meus cabelos, os cheirando em seguida.
- Como poderia me esquecer desse cheiro? – falou, custei a entender que aquilo não deveria ter saído da forma como saiu, me fazendo escutar, por exemplo.
Endireitei o corpo e fitei os olhos verdes do moreno.
- Como?
Perseu pareceu confuso por um instante, mas logo caiu em si.
- Eu falei aquilo alto? – assenti. – Era para ter sido apenas um pensamento.
Perseu estava completamente corado, não contive o riso.
- Não precisa ficar com vergonha, Perseu. – falei dando-lhe um selinho. – Isso é fofo.
Perseu pareceu que falaria algo em seguida, mas logo fora interrompido pela aeromoça que anunciava que o avião decolaria, nesse momento, a mão livre de Perseu agarrou o apoio do corredor e pude sentir seu coração acelerar freneticamente.
Olhei confusa para ele e logo entendi.
- Você tem medo de voar? – Perseu me deu um sorriso meio nervoso. – Por isso me pediu para sentar no corredor, né?
Ele apenas assentiu.
- Perseu, eu estou aqui. – apertei sua mão. – Nada vai acontecer, estou com você, ok?
- Obrigado. – o moreno disse ainda nervoso, então eu só tive uma reação assim que senti o avião correndo pela pista, o beijei, fazendo com que Perseu relaxasse, até não estarmos mais em terra.
Ele sorriu mais relaxado e me abraçou forte.
>>>>>>
Fazia um pouco mais de três anos que eu não pisava em São Francisco e o bairro onde mamãe morava parecia estar exatamente igual, desde o dia que eu fora embora.
Uma nostalgia tomou conta de mim, assim que Perseu parou o carro em frente ao prédio de mamãe, lembrei do dia em que Luke me pediu em namoro, estávamos sentados naquela escadaria, conversando, quando ele me chamou para ir ao cinema.
Balancei a cabeça tentando afastar o pensamento, mas era impossível não pensar em Luke estando ali, olhei para o moreno ao meu lado e sorri, de maneira fraca, ele pegou em minha mão, levando-a próximo a sua boca, depositou um beijo suave nos nós de minha mãe e sussurrou algo como “eu estou com você”.
Sorri, era incrível a forma como Perseu podia ser compreensível, ele desceu do carro e abriu a porta para mim, subimos a escadaria e interfonei o apartamento de mamãe.
- Quem é?
- Mãe, sou eu, Annabeth.
- Annie, que alegria, pode subir.
Logo, a porta fora destrancada e Perseu olhou para mim, sorrindo, peguei em sua mão e subimos as escadas, até o terceiro andar, onde o apartamento de mamãe ficava.
Ela já nos esperava na porta, pareceu surpresa ao ver que não estava sozinha, logo percebi um sorriso brotar no canto de seu rosto.
- Mãe! – soltei a mão de Perseu e corri em direção a ela, que me aguardava de braços abertos.
Ela me apertou o quanto pode, beijando minha bochecha estaladamente, assim que me soltou, pude ver o quanto ela estava feliz em me ver.
- Como você está bonita, filha. – falou, logo olhou para o moreno. – E quem é esse rapaz bonito, que veio com você?
Perseu não me deixou falar, estendeu a mão, apertando a de minha mãe.
- Prazer, senhora Chase. – falou. – Sou Perseu Jackson, namorado de Annabeth.
Mamãe sorriu e o abraçou.
- Bem-vindo a família e pode me chamar de Atena. – olhou pra mim, parecia meio séria. – Por que não me falou nada dele, filha?
- Surpresa? – sorri meio sem graça, mamãe riu baixinho e pediu para que entrássemos.
>>>>>>
Depois de nos instalarmos no apartamento e almoçarmos com mamãe, fomos os três visitar vovó Emme no asilo, ela parecia bem fraca e debilitada, como mamãe dissera ao telefone, ela se lembrava muito bem de mim, mas também se recordava muito bem de Luke e todas as vezes que ela perguntava dele, eu sentia meu estomago revirar.
Fora difícil explicar a ela que Luke não estava mais entre nós há algum tempo e que Perseu era meu novo “namorado”, mesmo não sendo oficialmente, meu namorado.
Ela ficou feliz em saber, depois de meia hora explicando a ela, que eu havia seguido em frente e me deixou constrangida, quando ela perguntou a Perseu quando ele pretendia se casar comigo.
O moreno ficou completamente roxo de vergonha, aliás, nem me pedir em namoro ele havia pedido, que dirá casamento, tentei aliviar a tensão, falando sobre um assunto que me recordava, que vovó Emme gostava.
A tarde ali tinha sido maravilhosa, rever vovó fora muito bom, voltamos ao apartamento de mamãe e quando entramos, não pude deixar de ter uma ideia.
- Mãe? – ela me fitou curiosa.
- Diga.
- É a primeira vez de Perseu em São Francisco. – falei. – Vou apresentar a cidade para ele, tudo bem?
- Preciso espera-los acordada?
- Não, eu levo a minha chave, pode ser?
- Claro, aproveitem a noite.
- Obrigada. – virei para o moreno que me olhava confuso, peguei em sua mão. – Vem, vamos, quero te mostrar um lugar.
>>>>>>
O relógio marcava oito horas em ponto, ainda estava cedo, já havia levado Perseu em vários lugares que costumava frequentar em minha adolescência, Perseu e eu voltávamos andando do Pier 39 até o carro, quando ele me encostou na porta do mesmo e rodeou minha cintura com seus braços.
Seus olhos fitaram os meus e um sorriso involuntário brotou em meus lábios, eu estava feliz com ele, uma de suas mãos tocou a pele do meu rosto e com a outra ele me aproximou ainda mais de si, fazendo com que nossos lábios se aproximassem ao ponto de poder senti-los roçar os meus.
- O que mais você quer fazer, Annabeth? – perguntou enquanto seus olhos fitavam os meus profundamente, senti minhas pernas formigarem.
- Não sei, o que você tem em mente? – perguntei, quase como num sussurro.
Perseu me fitou mais profundamente e selou seus lábios nos meus, aprofundando o beijo logo em seguida, minhas mãos automaticamente alcançaram sua nuca, ora ou outra puxando os cabelos daquela região, da mesma forma, as mãos de Perseu alcançaram minha cintura sem nenhuma dificuldade, apertando-me mais contra ele.
No momento que o beijo ficou mais urgente, eu não conseguia mais visualizar e nem pensar que estávamos em público e que não era apropriado, não conseguia pensar em nada, a não ser em como ele conseguia me deixar daquela forma, completamente entregue.
Ao sentir suas mãos quentes tocarem a pele de minha barriga, foi como se um estalo tivesse me arrancado daquele transe ao qual eu me encontrava, consegui me desvencilhar dele e levei minha boca próxima ao seu ouvido.
- Não é apropriado. – disse. – Não aqui.
Perseu pareceu me entender e suspirou um tanto quanto frustrado.
- Tudo bem. – pegou em minha mão. – Vamos tomar um sorvete? O que acha?
- Sei de um lugar maravilhoso. – Perseu sorriu para mim.
- Então vamos lá. – sorri, entramos no carro e o moreno seguiu até uma pracinha que ficava próximo ao apartamento de mamãe.
A sorveteria ainda estava lá, sorri ao ver que mesmo depois de todo aquele tempo, os lugares que eu costumava frequentar, estavam intactos.
- Que lugar mais aconchegante. – falou o moreno, enquanto entravamos no estabelecimento. – Você vinha muito aqui, não?
Apenas assenti, sentamos numa mesinha afastada, que ficava na varanda da sorveteria.
Perseu escolhera um sorvete azul, era engraçado ver que muitas coisas dele, tinham essa tonalidade e que em seu gosto por sorvete, a cor também estava presente, escolhi um de flocos, logo estamos saboreando nossos sorvetes e conversando sobre coisas aleatórias, uma vez ou outra, Perseu se distanciava com o olhar.
- O que foi? – perguntei.
- Fico imaginando. – respondeu olhando em meus olhos.
- O que?
- Como deve ser difícil para você, estar aqui comigo e não com Luke. – suspirou. – Eu sei que sua história foi com ele e que essa cidade te lembra dele.
Peguei em sua mão, entrelaçando seus dedos nos meus, Perseu me fitou.
- Eu pensei o mesmo quando cheguei aqui, Percy. – ele pareceu surpreso ao me ouvir chama-lo pelo apelido, mas sorriu logo em seguida. – Mas todo esse tempo que estive com você, só me mostrou uma única coisa.
- O que? – perguntou curioso.
- Que eu não sinto mais falta do Luke, que não penso mais nele, como pensava antes e que é com você que eu quero estar. – sorri e Perseu sorriu em resposta. – Você me faz sentir viva, e é assim que quero continuar a me sentir, com você.
Perseu mexeu em algo em seu bolso.
- Sabe, Annie, eu estava pensando em fazer isso, assim que voltássemos para Nova Iorque, mas acho que não há mais o porquê esperar.
Olhei confusa para ele, ele tirou do bolso uma caixinha preta de veludo, sorriu meio sem jeito para mim e então as coisas começaram a fazer sentido.
- Você gostaria de ser minha namorada? – perguntou, abrindo a pequena caixinha e revelando um anel prateado, com uma pedra em destaque, que parecia ser um pequeno rubi.
Eu estava soando frio, aquilo estava perfeito demais para ser verdade, Perseu parecia ansioso pela resposta que eu daria.
- Bom, se você não quiser não tem problema. – falou meio sentido pela minha demora, também pudera, eu simplesmente congelei.
- É claro que quero. – não deixei com que ele terminasse o raciocínio.
- Está falando sério?
- Não poderia ser mais sério que isso, Percy.
O moreno sorriu e se levantou, me abraçando em seguida e me dando um selinho. Puxou minha mão direita e colocou o anel em meu dedo.
O abracei e ele rodeou minha cintura, pude sentir seu sorriso em meu pescoço, ele estava feliz, eu estava feliz, mas como sabemos, e sempre ouvimos, alegria de pobre dura pouco.
Logo atrás de nós uma pessoa batia palmas freneticamente, quando me virei para ver quem era, quase cai, pois, minhas pernas fraquejaram de uma forma incompreensível.
- Parabéns, Sabidinha, você merece toda a felicidade do mundo. – era impossível esquecer aqueles olhos azuis, seus cabelos não tinham mais a mesma tonalidade do louro que tinha há dezenove anos, sua pele envelhecera, mas os olhos eram os mesmos, jamais poderia me esquecer deles, assim como jamais esqueceria do apelido que ele me dera e que só ele usava comigo, meu pai.
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