História Sombras da Vida - Mistérios da Alma

Lá estava eu de novo

Olhando para aquele mesmo espelho

Tentando minha alma encontrar

E fazê-la contar seus segredos

Olhava no fundo dos meus olhos

Dos meus olhos ali já cansados

Tentando achar o tesouro

Que no meu coração estivera guardado

Oh minha estimada alma

Revela-me a mim teu mistério escondido

Joga-me contigo nos rios das lembranças

Me ajude encontrar meus tesouros perdidos

Oh minh'alma não te escondas, jamais

Desde meu eu desesperado

Apenas peço-te, se lembre de mim

Quanto teu tesouro for desenterrado

Esperei uns instantes, fiquei em silêncio

Desisti de brigar com minha pobre alma

Segundos depois, tudo mudou

E uma voz dentro de mim de repente falara

Por que tanta aflição ao falar

Com uma simples alma abandonada?

Queres tu mesmo conhecer meus segredos,

Ou foram apenas vãs palavras que a pouco tu falara?

Como podes chamar de vãs

Minhas palavras a pouco ditas?

Só quero conhecer a verdade

Que de minhas vistas está escondida!

Se queres realmente a verdade conhecer

Deixe de lado suas vontades, prazeres, sentidos

Apenas olhe para si com os olhos fechados

E descobrirá o que a tempos te tenho escondido

Não entendi no momento o queria dizer

"Olhos fechados", "verdade", "prazeres"?

Seria aquilo real, verdadeiro,

Ou seriam apenas eloquentes dizeres?

Realidade o equivoco?

Eu não sei dizer

Vou tentar, não custa nada

Não tenho nada a perder!

Fechei meus olhos com um pouco de medo

Do que eu poderia encontrar ali

Mas mesmo estando escuro, em silêncio

Algo dentro de mim obrigou-me sorrir

O que aconteceu? Estaria a me pregar uma peça?

Ou seus maiores segredos não passam disto?

Seria minha alma assim, tão vazia,

Ou seria tão misteriosa ao me mostrar o que tinha visto?

Ainda não entendestes o que tenho a esconder?

Tente olhar para o espelho novamente

Vistes os reflexos esculpidos ali?

É isso que de ti desejava esconder para sempre!

Mas como seria possível esconder

De mim mesma o que está à minha frente?

Não podes esconder-me de mim mesma

Quando posso ver-me, ouvir-me, sentir-me, entende?

Tu não entendeste mesmo, não é?

Isso não se trata de ouvir, enxergar, sentir...

Use um pouco a lógica, use um pouco a razão

E os meus mistérios, talvez, você irá descobrir

Parei um momento, calei-me instantes

Do que eu pensei, isso é muito mais sério

Concluo que talvez, não vala a pena o esforço

Da minha astuta alma conhecer os mistérios...

"Conhece-te a ti mesmo, ó linhagem divina vestida com trajes de mortais."

Marsílio Ficino

Será que vale a pena?