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História Sombras do passado - Acaso ?


Escrita por: hyasminr

Capítulo 3 - Acaso ?


-Parado! Polícia!

Gritei em meio a uma loja semi deserta, composta apenas pelo dono da loja, eu, um assaltante e a policial Rodrigues. Um garoto de prováveis 16 anos de idade; magro; alto, principalmente comparado ao senhor em seus braços, com sua grande e afiada faca apontada para aquele trabalhador de idade já avançada, de baixa estatura e cabelos brancos por completo. Essa visão me revolta!

Apontando minha arma para certificar-me que não iria machucar ninguém, completei:

 

-Garoto, você não precisa fazer isso! Deixe esse senhor ir embora!

-Não! Não vou ser preso!

-Você já fez escolhas erradas! Faça o que é certo agora. Deixe-o sair e coloque a faca no chão!- Aumentei o tom de minha voz.

-Não, Não posso!

-Vamos conversar garoto, entrar em um acordo!

-Nada que você fale vai mudar minha decisão!

-Você é novo, não faça isso! Não queira carregar uma morte em suas costas!

 

  Nesse momento notei a mão que abraçava a faca relaxar vagarosamente e de maneira ainda mais lenta afastar-se poucos centímetros do frágil e arredondado pescoço daquele senhor paralisado pelo medo. Porem ainda ameaçava a vida daquele cidadão.

 

-Esse senhor não te fez nada, ele tem uma família! – Continuei.

 

 

  Enquanto distraia o assaltante tentando fazer-lo pensar melhor na situação em que se meteu, Rodriguez estava dando a volta por dentro do estabelecimento de maneira em que não despertar-se atenção de mais ninguém.

 

-Não vou fazer isso! Não posso!- Insistiu enquanto segurava novamente com mais força a faca e prendia o senhor apavorado com a outra mão disponível.

-Não tem pra onde correr! Sabe disso.

 

Os olhos escuros como jabuticabas estavam cheio de lágrimas. Dava para sentir de longe o olhar daquele homem já idoso transbordar medo e desespero.

 

-Não tenho o que perder!

 

  Antes mesmo do assaltante, no momento quase assassino, efetuar a ação planejada, Rodriguez pulou em suas costas derrubando-o e fazendo uma pegada pelas costas. Sem dúvida nenhuma, Rodrigues faz jus a sua faixa preta em jiu-jitsu.

  Enquanto ela o finalizava e o algemava, certifiquei-me que o senhor assustado estava bem.

 

-Por quê mesmo estou aqui?- perguntei elogiando sua destreza.

 

Rindo, Rodriguez falou:

 

-Para distraí-lo enquanto eu trabalho.

-Olha, minha distração não chega nem perto das habilidade que tenho como lutador!

-Que habilidades?

 

  Rimos enquanto conduzimos o delinqüente para seu acento especial na viatura. Ao colocar-lo, por conta das algemas prendendo seus pulsos, um desequilíbrio ocorreu causando-lhe uma queda.

  Contornei nosso meio de locomoção rapidamente para chegar ao branco de motorista. Sentei-me enquanto Rodriguez ia ao banco de passageiro. As chaves, antes em meu bolso, agora em minhas mãos, iam de encontro a brecha em que nos possibilitaria seguir viajem.

  Um toque de celular em meio ao silêncio nos surpreende. Era Beline.

 

-O que será?- falei em voz baixa, porem mesmo baixa, Rodrigues escuta e indaga.

-Só atendendo para saber.

  Atendi imediatamente, já colocando no viva-voz.

 

-Pode falar Beline.

-Cardoso, outro assassinato, em meio aos arbustos  na entrada do parque central.

-Estamos com um indolente aqui. Os policiais Fellipe e Breno estão fazendo ronda por lá, vão chagar mais rápido- falei.

-A vitima tem grampos pelo corpo- Beline acrescentou.

-Ele novamente?- falei olhando para a policial Rodriguez.

-Temos indícios, é melhor conferirem!

-Darei um jeito. Estamos a caminho!

 

Ao desligar Rodriguez falou:

 

-Vamos para o parque você fica por lá, e eu levo o meliante! Não se preocupe com a papelada, cuido disso.

-Ok- Falei já inclinando meu pé direito fazendo com que a viatura disparasse.

 

  Ao chegar no destino, deixei Rodriguez assumir o volante e fui em direção ao aglomerado de pessoas.

  O policial Fellipe estava tentando conter os curiosos.

 

-Cardoso.

 

Falou ao me ver.

 

-Beline avisou-me que viria, parece que tem ligação com um assassinato em que você está trabalhando. Pelo menos foi o que ela me informou quando disse que no corpo da vitima haviam grampos.

-Isso é o que veremos- falei aproximando-me novamente de um pano branco.

 

Ao expor seu corpo, soube na hora que se tratava do mesmo assassino. Não apenas pelos grampos, mas também pelo semblante da vitima. Ela se parecia muito com a encontrada em frente ao orfanato. Quase idênticas. Cabelos castanhos escuros na altura dos ombros, vestido largo na cor preta, sapatilhas brancas.

 

-Algum documento?- perguntei sem desviar o olhar, enquanto analisava cada detalhe de seu torso.

-Não, nada.

Escutei enquanto encarava uma de suas orelhas sem o brinco.

-Onde está o outro brinco?

-O que?

-O outro brinco! Na sua orelha esquerda tem um brinco de pérola, mas não há nada na direita.

-Não sei de brincos, pode ter caído na grama, ou até mesmo antes da morte!

-É, talvez.- Estranhei- Alguém viu alguma coisa?

-já perguntei, ninguém viu nada, uma senhora estava passeando com o cachorro em um determinado momento o filhote resolveu ir em direção aos arbustos fazer suas necessidades, foi quando a senhora notou o, por estar parcialmente coberto pelos arbustos muitas pessoas não notaram, só quem viesse por trás veria.

-Leve o corpo para análise, vou dar uma volta, quero ver se encontro alguma pista por aqui.

-Claro.

 

 Levantei-me e sai olhando ao redor. Haviam tantas pessoas curiosas para saber o que aconteceu, que o assassino poderia ainda estar ali que eu nunca saberia.

 Alguns passos dentro do parque e me sentei em um dos bancos mais perto do local do crime.

 

-Por quê grampos?- Perguntei-me em voz alta.

-Por que matar alguém e grampeá-la numa seqüência perfeita? Isso mostra que é perfeccionista! Normalmente assassinos assim são minuciosos. 

 

O pensamento do brinco ausente não saia de minha cabeça.

 

-Mas quem é perfeccionista assim, não deixaria o corpo com um brinco ausente! O lógico seria tirar o outro em caso de perda! A não ser que não tenha visto a ausência.

 

Meu monologo estava fazendo minha cabeça borbulhar.

 

-Só se estivesse com pressa, é a única explicação para não notar algo tão evidente! Mas por quê a pressa?

 

Olhei para baixo em seguida um barulho de bicicleta fez minha atenção ser redirecionada a minha esquerda.

 

-Alguém apareceu! Só pode ser! E tirando pelo fato de não ter outro corpo, nem evidencias de um seqüestro nos dá a opção de ser alguém que conheça o assassino, já que não se tem testemunhas.

 

-Mas quem poderia ser?- falei mais alto

 

  Meu raciocínio estava a todo vapor. Minha mente estava fervendo. Quando um segundo barulho me chamou atenção novamente. Um barulho bem peculiar, totalmente  diferente do primeiro, não era o som de uma bicicleta, mas sim de um pequeno metal. Olhei para minha direita em direção ao chão. Era uma pequena cintilação, que havia caído do bolso de um homem junto a um pequeno papel, a indecisão de avisar-lo ou continuar em minha linha de raciocínio foi logo contida com a intenção acentuada de ajudar-lo.

 

 Levantei-me já dando os dois passos necessários causados pela pequena distância que me separava do objeto em questão, e agachei-me poucos centímetros do banco enquanto falava em voz alta:

 

 -O senhor deixou cair...

 

Ao olhar, sustei imediatamente a frase que por um momento tive a pretensão de falar. Era um brinco, mas não apenas um brinco qualquer, e sim de perola! Idêntico ao da vitima! Seria aquilo coincidência? 



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