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História Somebody is loving you - 3


Escrita por: Kiriaki

Notas do Autor


Demorei um pouquinho e.e
Bom, ultimamente estou passando por um momento bem corrido, então peço que tenham um tiquinho de paciência, pelo menos nessa minha fase de vestibular onde estou praticamente louca. Depois de toda essa pressão, sei que vou voltar ao normal, então não se preocupem. Espero que gostem do cap ♥

Capítulo 3 - 3


    Yoongi sentiu o desconforto de Jin quando entraram em uma rua específica. Esta era estreita e esburacada, com casas de aparência pouco amigável, algumas até com uma imagem de abandonadas devido a jornais velhos e folhas secas espalhadas pelo chão. Não havia ninguém passando por ali naquele horário e a presença era apenas de pequenos cachorros sem donos que passeavam pelo local. As mãos de Jin tremiam um pouco enquanto dirigia de forma lenta; era como se ele não conseguisse mais dirigir da mesma forma que fazia antes, sentia-se obrigado a diminuir a velocidade o máximo que poderia, além de prestar extrema atenção ao caminho.

    – Então foi aqui – Yoongi afirmou. O de cabelos verdes era bastante observador e não era como se Jin fosse bom em esconder o que sentia, o moreno suspirou, assentindo com a cabeça. O carro foi virado na mesma esquina, seguindo a avenida larga de forma reta. Conseguiam ver que a inclinação mudou, era como se subissem um morro, as casas começaram a mudar de padrão; a cada quarteirão ficavam mais juntas e menos planejadas, a maioria faltava janelas ou porta, não eram pintadas ou ao menos rebocadas, pareciam mais se ligar uma a outra, como uma comunidade. O número de pessoas aumentava a cada quadra; crianças, várias mulheres de roupas esfarrapadas e homens que olhavam para o carro de forma ameaçadora, afinal, aquele era o único automóvel que era visto naquela rua. Era fato que Jin estava absolutamente tenso diferente de Yoongi, que parecia estar acostumado com aquele tipo de situação. O carro seguiu por mais alguns quarteirões, avistando a placa que indicava a rua ao qual o endereço apontava, o moreno não conseguia disfarçar sua cara de insatisfação; sentia-se absurdamente triste por ver de perto a situação com aquelas pessoas, as ruas eram sujas; as calçadas, na maioria das vezes, eram de terra, cobertas de lixo e ervas daninhas; as crianças que ali brincavam eram extremamente magras, a maioria de pés descalços e roupas esburacadas. Era como se Jin não estivesse mais em seu mundo, afinal, a vida que levava era a única que conhecia. Pensou que deveria dar mais valor ao que tinha, que deveria parar de reclamar, talvez até se esforçar mais, mas seus pensamentos foram interrompidos quando chegaram ao local que procuravam. O casarão a frente tinha o endereço descrito no pequeno pedaço de papel que Namjoon o dera, era gigantesco, porém com a aparência de abandonado; o exterior era velho, apresentando rachaduras e manchas de mofo; a pintura, que mostrava ter sido branca um dia, descascava quase que completamente e o resto fora vandalizado. As grandes janelas de madeira antiga estavam arrebentadas e praticamente todas as vidraças, quebradas.

E Jin odiou estar ali. Odiou ver de perto a situação deplorável de todo um bairro, odiou pensar na miséria de vários outros lugares e também por não poder fazer nada a respeito. Mas o que ele mais odiou foi saber que o universo colocou Namjoon naquele lugar.

Yoongi assistia calado as reações do amigo; ele sabia o que aquela imagem poderia trazer a uma pessoa e por um momento se lembrou de seu passado, da época em que conheceu Hoseok e em como o outro havia reagido com tudo aquilo. Sorriu internamente por comparar o namorado com o amigo; enquanto Hoseok dizia tudo o que pensava e sentia, Jin mantinha-se calado, porém, o garoto de cabelos castanhos era como um livro aberto e suas expressões eram fáceis de serem lidas. Percebeu que, mesmo após estacionar, o moreno exitava tirar as mãos do volante, era claro que estava com dúvidas e o de cabelos verdes sentiu-se na obrigação de ajudar com aquilo.

– Você sabe que não precisa fazer isso – começou – afinal, seria fácil demais simplesmente só comprar novos pertences pra ele… Por que escolheu vir até aqui? – e foi quando o rapaz começou a pensar.

    Em sua mente as últimas horas passavam como um filme; o modo com que olhou Namjoon pela primeira vez naquele quarto de hospital, como ele pareceu ser tão indefeso, como suas palavras foram preciosas, diferente do que havia imaginado. Era aquilo.

    – Porque ele é diferente – disse, como se fosse algo óbvio – eu esperava ser xingado, ter até minha terceira geração amaldiçoada, talvez sendo cobrado, tendo uma imensa culpa sendo jogada sobre meus ombros… Mas não – continuava a falar, fitando as próprias mãos no volante – ele não gritou comigo, não me pediu dinheiro, não me culpou por saber que vai perder o emprego, não se lamentou pela sua situação. Ele é diferente, Yoongi, ele não tem ninguém e talvez, as pequenas coisas que ele tenha dentro desse lugar sejam as únicas coisas ao qual realmente pertencem a ele, entende? – e o pequeno sorriso nos lábios pálidos mostravam que ele entendia. Porque em um momento, Yoongi foi um Namjoon.

    – Vamos logo com isso – ditou o esverdeado, saindo do carro e deixando a porta bater. É claro que aquilo chamou a atenção dos poucos que passavam por ali; próximo a entrada, três homens se viam parados, observando os amigos recém-chegados. – Não fala nada – sussurrou Yoongi, enquanto Jin saia do carro e o seguia com passos largos.

    O mais novo andava de rosto erguido, porém ignorava os olhares lançados para si. Ele tinha uma pose marcante como a de um líder, era como se nada e nem ninguém pudesse detê-lo e ver aquele lado do amigo era algo que Jin jamais pensaria ter a oportunidade. Um dos três homens a porta deu dois passos em direção deles, barrando a passagem; seus corpo era forte e alto, com pele bronzeada e cabelos que desciam até sua nuca, usando uma regata negra deixava a mostra tatuagens com símbolos estranhos nos dois braços e postura de poder amedrontou Jin.

    – O que dois filhinhos de papai fazem aqui? – a voz grave do desconhecido soou alto e todos ali se mantiveram em silêncio, até Yoongi responder.

    – Nada que seja da sua conta – Jin retesou, perguntava-se se o amigo estava louco, mas se lembrou que aquele era o motivo por ter lhe pedido ajuda; ele sabia o que estava fazendo.

    – Então a princesinha é arrogante? – o estranho riu, tentando levar uma das mãos ao rosto do outro. Naquele momento, todos que presenciavam a cena se assustaram com o ocorrido. A mão do outro foi parada por Yoongi e o corpo maior foi empurrado, batendo as costas na parede mais próxima; o menor levou uma das mãos ao pescoço do desconhecido, o apertando de forma que ele respirasse com dificuldades e o corpo se ergueu de forma ameaçadora.

    – Eu posso ter saído de Guryong, mas aquele lugar nunca vai sair de mim – disse baixo, como em um rosnado – é bom você não querer brincar comigo, eu nunca tive pena de miseráveis como você. – o aperto foi desfeito e o rapaz pôs-se a tossir a fim de sua respiração voltar ao normal. Nenhum barulho foi ouvido, Yoongi se afastou, voltando a entrada e Jin o seguiu em silêncio.

    Daram cerca de dez passos e já estavam no centro da grande casa. Haviam roupas e comida espalhadas pelo chão, nos cantos, crianças dormiam enquanto alguns adolescentes se drogadas, o cheiro forte de mofo, tabaco e bebida chegavam a embrulhar o estômago de Jin. Havia uma escadaria velha, com o corrimão quebrado e ali subiram, dando de frente a um corredor comprido, cheio de portas. Jin lembrou-se das instruções de Namjoon, tomando a frente do amigo e caminhando pelo corredor. Tentava ao máximo não olhar para dentro dos quartos com a porta aberta, pois sabia bem o que poderia encontrar, então caminhou encarando o chão, chegando até a penúltima porta do corredor, perto de um banheiro.

    – Acho que é aqui – disse em voz baixa enquanto fitava a porta velha, Yoongi se pôs em sua frente, tentando abrir a porta que estava trancada.

    – Tem a chave? – perguntou para Jin, que o respondeu com uma expressão de constrangimento, pois havia esquecido de pedir – que seja, isso não é um problema.

    O moreno não soube como, mas em poucos segundos o amigo havia arrombado a porta. Respirou fundo antes de entrar. O quarto era pequeno e absolutamente velho como todo o resto. Um colchão fino descansava no chão abaixo da janela e algumas caixas de papelão estavam espalhadas pelo chão. Yoongi se abaixou, abrindo uma das caixas, que continha peças de roupa; outra que guardava dois pares de tênis e Jin abriu uma terceira, vendo alguns pacotes de bolachas salgadas. Seu coração se apertou com aquilo, a imagem de Namjoon se alimentando mais cedo lhe veio a cabeça e sentiu algo que não pode descrever. Em alguns pregos na parede estavam pendurados alguns itens de higiene pessoal; toalha de banho, uma sacola com um sabonete, pasta e escova de dente.

    – Está tudo bem? – perguntou Yoongi ao ver a expressão do amigo.

    – Acho que sim. Vamos levar essas duas caixas – apontou – a terceira pode ficar, se deixarmos a porta aberta, com certeza alguém vai entrar e pegar o que é comestível – ditou enquanto andava novamente em direção a porta carregando uma das caixas. Não queria olhar mais, não queria notar cada rachadura na parede e nem se dar conta de que aquelas cobertas eram finas demais para quando chegasse o inverno; não queria pensar mais e acarretar sentimentos que nem ao menos conseguia definir.

    – Vamos logo – o de cabelos verdes disse, pegando a segunda caixa e tomando a dianteira. Saíram sem nenhum problema, voltando ao carro e acomodando as coisas no banco de trás.

    – Se importa de eu passar em uma loja antes de te levar pra casa? – o moreno perguntou enquanto sentava-se no banco do motorista.

    – Não mesmo, tenho o total de zero planos para o dia de hoje.





 

    O loiro já estava de volta ao quarto, ansioso pelo resultado do exame. Não sabia se o que sentia era medo ou apenas ansiedade; Namjoon não era bom em esperar certas coisas, mantinha-se irrequieto e a tensão acabara tomando seu corpo, afinal, outra coisa preenchia sua mente. Estava preocupado com Jin, já era chegada a hora do almoço e o outro ainda não havia retornado, o loiro era do tipo que sempre esperava o pior, mas por algum motivo não queria imaginar coisas ruins acontecendo com aquele garoto.

    Uma das enfermeiras entrou no quarto carregando uma bandeja, um prato fundo com sopa de legumes foi visto ao lado de um pequeno pote com uma sobremesa rosada. Tentou se distrair com a comida, mas logo pensamentos tomaram conta de sua mente. Era claro que ele estava com medo, não tinha emprego e nenhum dinheiro para pagar o aluguel da espelunca em que morava. Sabia que tinha a capacidade de sobreviver na rua, já havia passado por situações semelhantes, mas algo em sua mente dizia que não era justo, que ele não merecia tudo aquilo novamente. Fechou os olhos com força enquanto a sopa quente adentrava por sua garganta, torcendo para que a calidez o relaxasse e o fizesse ser mais otimista. O quarto estava arejado, o sol entrava pelas frestas da persiana e o ambiente encontrava-se calmo, terminou de comer, esperando alguma notícia enquanto tamborilava os dedos na bandeja.




 

    Entrou em uma loja, sendo seguido por Yoongi, que estava distraído com o celular. Aquele era o tipo de lugar onde se vendia de tudo e os objetos eram separados em seções devido sua utilidade. Pensou no que deveria comprar para o outro em sua permanência no hospital, indo diretamente ao setor de higiene pessoal.

    Já havia perdido o amigo de vista, então só procurou uma cesta e iniciou as compras. Passou por cada seção, comprando o necessário e acabou encontrando Yoongi lendo o rótulo de um shampoo.

    – Cara, o que você tá fazendo? – perguntou o moreno ao se aproximar, notado que o amigo havia levado um pequeno susto.

    – Hobi mandou eu comprar shampoo pra ele, mas precisa ser um especial e eu tenho que ler as drogas dos rótulos – revirou os olhos, fazendo o outro rir.

    Passaram as compras no caixa e Jin percebeu que não havia voltado para casa desde o dia anterior. Estava com a mesma roupa da festa, com o corpo cansado e sujo e por mais que quisesse voltar logo ao hospital, necessitava a menos um momento de descanso.

    – Pode me deixar na casa do Hoseok – disse o de cabelos verdes ao entrarem no carro, o outro assentiu com a cabeça, ligando o carro e se pondo no caminho.

    Permaneceram em silêncio, apreciando uma música qualquer. Yoongi olhava distraído pela janela enquanto Jin só desejava que todo aquele sentimento de afobação passasse; era como se quisesse fazer tudo ao mesmo tempo e ele sabia que não conseguiria. Estacionou o carro em frente a casa de Hoseok, vendo o amigo descer do carro.

    – Toma cuidado – o de cabelos verdes disse, antes de virar as costas e entrar.



 

    Estava no corredor daquele hospital. Carregando algumas sacolas, andava apressadamente até o quarto do outro. Sentia-se um pouco melhor depois de tomar um banho quente e longo e aproveitar o silêncio de sua casa vazia, pois os pais sempre passavam o final de semana fora. Vestia roupas mais leves; um shorts cinza de tecido fino, regata negra e tênis confortáveis, seu relógio de pulso dizia ser perto das duas da tarde e ela havia acabado de almoçar.

    Adentrou o quarto lentamente, vendo Namjoon de olhos fechados. Com o barulho da porta o outro despertou do leve sono e suspirou aliviado.

    – Pelo menos você está inteiro – disse baixinho, fazendo o outro rir.

    – Não foi tão ruim – disse se aproximando, enquanto deixava as sacolas numa mesa de canto – Eu disse que levaria um amigo e bem, ele é do tipo que ninguém mexe – disse simplista, enquanto se acomodava na poltrona de acompanhante – e o exame? – perguntou, sentindo o loiro ficar tenso. Tinha recebido o resultado alguns minutos antes da chegada do outro.

    – Estou com um coágulo na cabeça – disse de forma pesada – a médica disse que não é muito grande, mas pode ser perigoso, então preciso ficar mais um tempo aqui, tomando a medicação. – Jin não pode esconder que estava um tanto quanto afetado. A culpa ainda vivia nele, não importava o quanto Namjoon fosse legal consigo como se fosse algo comum. Ficou em silêncio por alguns segundos, se levantando e se aproximando da cama do outro. Fitou seu rosto que já não estava com aparência de cansado, parecia mais terno e relaxado, a pele lisa e de aparência macia. Jin pela primeira vez o encarou, notando a beleza daqueles traços fortes que contrastavam com a expressão doce; Namjoon era realmente bonito, seu rosto, corpo e voz eram harmoniosos, tudo contribuia para que o moreno ficasse praticamente hipnotizado. Em um impulso, levantou a mão, a aproximando do rosto alheio e tocando-lhe a bochecha, tendo certeza de como a pele era lisa e macia. Não percebendo nenhum sinal de rejeição, continuou o carinho e sorriu internamente ao ver o outro fechando os olhos, se aproveitando daquela carícia. Por mais que estivesse tenso e com o coração quase saindo pela boca, Namjoon era extremamente carente, pois jamais havia recebido aquele tipo de carícia antes, sentiu vergonha por estar quase esfregando o rosto na mão do outro, difícil admitir, mas não queria que aquilo parasse.

    – Vai ficar tudo bem – a voz baixa e doce de Jin soou – vou ficar aqui o quanto puder, tá? – ele queria passar confiança ao outro. Namjoon assentiu com a cabeça e depois de alguns segundos, o carinho se findou



 

    Passaram aquela tarde conversando. O loiro agradeceu muito pelas coisas que o outro tinha comprado para si, sentia-se cuidado pela primeira vez e seu sorriso iluminava a mente de Jin. O moreno queria bater em si mesmo por ficar tanto tempo encarando o outro, que às vezes sentia vergonha quando sentia o olhar sobre si, as vezes desviando o olhar e em outras começava a falar sobre algum assunto aleatório.

    Era estranho para Namjoon receber aquele tipo de atenção, mais estranho ainda que estivesse se apegando tanto a aquele estranho e ele tinha medo de todas aquelas sensações.

A noite chegou e por insistência do loiro, Jin passaria a noite em sua própria casa. Não achava certo que o moreno dormisse naquela poltrona dura e por mais que este insistisse, não conseguiu ganhar a discussão.

– Volto amanhã – disse, parado em pé ao lado da cama. Recebeu um sorriso de confirmação e se segurou para manter-se quieto diante da vontade de tocar o outro novamente.

E quando a porta se fechou atrás daquelas costas, Namjoon desejou ter ganhado outro carinho.


Notas Finais


Foi um pouquinho mais curto hoje, mas não vi nada que pudesse ser encaixado dentro dele. Vamos deixar o restinho pra depois. Beijinhos


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