Justin’s P.O.V
Ryan parou o carro e nós descemos .
Olhei pra trás e haviam vários carros parados . O carro que estava à nossa frente era igual ao do Dylan . Igual , não . Era do Dylan . Aquele filho da puta abriu a janela e deu um sorrisinho sarcástico . Pude ver brevemente uma mulher de cabelos curtos e loiros , parecia muito com a minha avó . Será que ... Não , é bobagem .
Passei a mão pelos cabelos tentando em acalmar , mas nada me acalmaria naquele momento . Fiquei parado olhando o horizonte pensando no que aquela maluca poderia fazer com a Clary . Ela ouviu a conversa , agora ela sabe de tudo , sabe que temos provas de que ela é a assassina da minha mãe e não eu . Agora aquela vadia pode chantagear qualquer um com a minha namorada nas mãos .
Ryan me despertou dos pensamentos com um soco de leve no braço . Entramos no carro e a viagem foi silenciosa . Acho que ele percebeu que eu estava tenso e disse :
- Cara calma , a gente vai trazer ela de volta .
Não respondi e continuei olhando a estrada pela janela . E quanto mais eu olhava mais eu pensava . Será que aquela mulher lá no carro era a minha avó ? Será que o Dylan abriu o bico pra ela ?
- Ryan .
- Que foi ?
- Vamos até a casa do meu avô . – falei sério , com uma leve expressão de dúvida .
- Pra quê ?
- Eu vi uma mulher naquele carro e eu preciso ter certeza de quem era .
- Tabom .
Ele mudou o caminho e pegou um atalho que dava pra rua onde tudo aconteceu .
Logo já estávamos lá . A porta estava aberta , por sorte , nós entramos e demos de cara com o meu avô Bruce sentado no sofá lendo um jornal da semana passada :
- Senhor ? – Ryan disse todo educado enquanto eu já estava querendo chutar todos os móveis daquela sala .
- Oi Ryan . Justin . – fez um movimento com a cabeça , acenando pra mim – O que querem aqui ?
- Já sabe onde a sua mulher está ? – disse alterado . Ele me olhou confuso , ótimo , ela passou a perna no velho .
- Como assim ? Ela está no mercado ué .
- Para de fingir que não sabe de nada ! Você com certeza ta com eles . Diz pra onde eles levaram a Clary ! – gritei e Ryan me repreendeu com o olhar .
- Eu não sei do que você está falando . Diana saiu agora há pouco e disse que ia ao mercado . Por que ela mentiria ?
- Justin – Ryan me chamou – Ele não sabe de nada , eu não entendo ...
Balancei a cabeça , confuso :
- Como pode não saber de nada ? Você sempre esteve com eles . Você mandou matar a minha mãe , para de fingir que é inocente !
- Não fui eu que mandei matar a sua mãe , meu filho . – Bruce disse se levantando e parando na minha frente .
- Claro que foi ! – escondi meu rosto nas minhas mãos . Respirei fundo , já cansado daquele joguinho – Dylan contou tudo , contou que você e a Diane mandaram matar a minha mãe ! Mas por quê ?!
- Calma Justin . – Ryan colocou um de seus braços em cima dos meus ombros .
- Não dá pra me acalmar . Eu mereço saber a verdade .
- Ele está certo Ryan . – meu avô disse – Você vai saber de tudo Justin .
Ele se sentou e me chamou pra sentar também . Me sentei numa poltrona à sua frente e Ryan usou a desculpa de que ia beber água pra sair de lá . Juntei minhas mãos e apoiei-as nos joelhos , pronto pra ouvir tudo o que ele tinha a dizer :
- Bom , Diane tinha uma irmã quando nós éramos namorados . Não sei como explicar isso . Er ... você não é nosso neto . – arregalei os olhos , incrédulo – Sabe , não oficial . Na verdade você é nosso sobrinho-neto . Pattie não era nossa filha . – pisquei repetidas vezes tentando acreditar naquilo e sentindo os olhos marejarem . Eu vivi numa família de mentira a minha vida toda .
- A sua avó de verdade , Catherine , morreu durante o parto da Pattie e por isso a Diane sempre odiou sua mãe . Eu e ela criamos a sua mãe e ela sempre teve muito amor , pelo menos da minha parte eu posso garantir . Diane adorava aquela irmã e quando ela morreu ela ficou obcecada dizendo que a culpa era da Pattie . Eu nunca imaginei que ela pudesse mandar matar a garota . E quando Alice veio aqui nos chantagear eu descobri tudo . Mas eu não queria que acontecesse nada com a Diane . Eu a amo muito . Não suportaria ver algo de ruim acontecer com ela . Então eu não falei nada e deixei que elas fizessem tudo o que fizeram , incriminaram você . Eu sinto muito , sinto muito mesmo . Todas aquelas coisas sobre sua mãe ter sido estuprada , você não ser filho do Jeremy e ele ter matado o pai da Alice eram mentira .
Ele abaixou a cabeça e chorou . Talvez estivesse arrependido por ter ajudado ou não evitado a minha vida de ser um desastre :
- Justin eu amo você , de verdade , você sempre foi e vai ser especial pra mim , sempre vai ser meu neto . Eu queria poder ter evitado tudo isso , mas eu sempre fui um banana fazendo tudo o que ela queria que eu fizesse . Por favor me perdoa .
Suspirei pesado . Talvez ele seja a única pessoa que possa me ajudar . Eu já tenho uma prova e ela é o suficiente para os policiais acreditarem que eu sou inocente e finalmente limparem a minha ficha e parar de suspeitar de mim . Mas eu ainda preciso de uma testemunha a meu favor :
- Você ... está disposto a me ajudar ? – perguntei receoso . Como ele mesmo disse , ele é um banana que faz tudo o que Diane quer .
- Como ?
- Precisa contar tudo o eu sabe à policia . Desde que a minha mãe morreu todos os meus amigos se afastaram de mim e todas as outras pessoas me olham estranho , como se eu fosse sempre suspeito . Os tiras não podiam me prender porquê a arma não tinha digitais , já que Alice foi esperta e usou uma luva de couro , mas eles nunca deixaram de desconfiar de mim e ficaram na minha cola por meses . Eu to cansado disso . Só quero provar que fui injustiçado e viver em paz .
- Diane vai ser presa . – se apavorou .
- Mas ela tem que ser presa . Ela e a vadia da Alice . Alem de terem matado a minha mãe elas pegaram a minha namorada e estão com ela agora . Precisa me ajudar . – supliquei .
Ele se levantou e balançou a cabeça positivamente . Tenho certeza que aquilo foi tortura pra ele . Ele realmente ama aquela velha doida . Mas estamos falando de uma coisa bem maior . E nada e nem ninguém vai conseguir passar por cima disso . Ninguém pode apagar a minha dor .
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