História Someone like you - O Julgamento

O julgamento se iniciou com o juiz lendo todo o caso em detalhes, após isso o promotor fez a leitura dele em relação ao caso, pontuando diversas coisas contra Marco. Sophia olhava para o namorado e notou um Marco abatido e que sofria com cada palavra dita pelo promotor. Na vez do advogado de defesa, ele falou bastante das mudanças de comportamento de Marco desde que ele tinha se mudado para Barcelona e do relacionamento estável dele com Sophia.

Após essa parte começaram os depoimentos das testemunhas. Foi um momento bem tenso com alguns amigos de Scarlett confirmando o relacionamento dela com Marco. Sophia reparou que Marco fechava os olhos e abria um sorriso sarcástico fazendo um não com a cabeça. Esses depoimentos foram bastante pesados e deixaram Marco numa situação bastante complicada.

Em seguida foi a vez do depoimento do próprio Marco, ele negou tudo o que tinha sido dito e comentou que já tinha algum tempo que não via Scarlett quando ela faleceu. Explicou da nova vida dele na Espanha e foi tudo tão natural que passou uma imagem de verdade, ele tinha ganho pontos.

Em seguida, a defesa chamou o pai de Marco para depor, ele comentou da mudança no comportamento do filho entre outras coisas, mas a promotoria também pediu para fazer perguntas:

─ Sr. Thomas Reus, o senhor acabou de comentar a respeito da mudança do seu filho.

─ Sim senhor.

─ O que seu filho já tinha feito aqui na Alemanha que era problema?

Thomas ficou desconfortável com a pergunta, mas respondeu com algumas coisas erradas que Marco tinha feito antes de se mudar para a Espanha.

─ Além disso senhor Reus, seu filho teve também um problema com a polícia aqui na Alemanha não? Ele quase foi preso por guiar sem licença e apresentar uma carteira falsificada, verdade? Tanto é que ele teve que pagar uma multa recorde.

─ Mas isso já foi esclarecido – Thomas Reus estava vermelho de raiva

─ Sim senhor, somente trazendo a lembrança de todos aqui que Marco Reus já teve problemas com as autoridades e que já tentou enganar a polícia em outras oportunidades.

Thomas Reus voltou para seu lugar arrasado, o depoimento dele poderia prejudicar o filho. Ao passar por Marco olhou para ele como que se desculpando. Marco deu uma piscada para o pai para tentar acalmá-lo, mas ele e todos ali sabiam que o depoimento do pai mais tinha atrapalhado do que ajudado no caso dele.

A última pessoa escolhida para depor foi Robin Kaul, um dos melhores amigos de Marco da infância. O advogado de defesa fez umas perguntas prontamente respondidas por Robin, mas que não iriam influenciar muito. Na vez do promotor, a sensação que se sentiu foi de que Robin estava mais confortável.

─ Sr. Kaul, o senhor conhece o senhor Marco Reus há muito tempo?

─ Conheço a vida toda, somos amigos de infância.

─ O senhor então conhece muito bem seu amigo?

─ Acredito que melhor que qualquer outra pessoa nessa sala.

─ O senhor continuou a amizade com ele quando ele se mudou para a Espanha?

─ A distância nos separou um pouco mas continuamos próximos, tanto que passei um mês na casa do Marco em Barcelona e ele é meu sócio na minha marca de roupas.

Marco olhou para Robin sem acreditar no que estava ouvindo e saiu da boca dele sem som um: O quê?

─ Sr. Kaul, seu amigo Marco Reus também falava com o senhor da vida amorosa dele?

─ Sempre, desde criança.

─ O senhor Reus tinha algum relacionamento com a Srta Gartmann?

 Robin olhou para Marco e sorriu:

─ Sim, eles estavam juntos, já tinha um tempo.

─ Ooooooooooohhhhhhhhhhh

Foi o som ouvido pela sala. Marco se levantou e gritou:

─ Você tá maluco?

Foi um grande tumulto no tribunal, Marco queria ir até Robin, mas foi seguro pelos guardas. A confusão foi tamanha que o juiz decidiu que Marco deveria ser retirado da sala e somente voltar para ouvir a sentença. O clima ficou pesado e Alex sentiu que a irmã estava tensa. Após a saída de Marco, as perguntas continuaram para Robin:

─ Sr. Kaul se o senhor está dizendo que o Senhor Reus estava com a senhorita Gartmann, como o senhor explica o fato do namoro dele com a senhorita Allen, confirmado pelo acusado?

Robin deu uma gargalhada.

─ O Marcinho sempre foi um garoto que sabia o que queria e sabia muito bem onde queria chegar. Aqui no BVB, a fama dele estava sendo corroída por outros jogadores que estavam se destacando como Aubameyang, ele precisava de uma mudança. Hoje está no melhor time do mundo e viu o interesse da filha do dono por ele, ele lógico que deu esperanças para a garota. Mas como ele mesmo dizia: “Eu não aguento aquela garota, é difícil aturar uma mulher que se preocupa com comida ao invés de se preocupar com o corpo ou com a moda. Uma garota sem graça e sem nenhum atrativo. Uma garota emocionalmente frágil que cairia de amores por qualquer um que dessa atenção a ela”.

Sophia tinha sido ferida no seu íntimo, Robin parecia falar aquilo olhando para ela e lágrimas silenciosas escorreram pelo rosto dela. Robin continuou:

─ Por isso ele mantinha o caso dele com Scarlett no escuro, para que a princesa de Barcelona não soubesse de nada. Eu soube que a Scarlett tinha dado um xeque-mate nele, ou ele a assumia ou ela contaria a verdade a Sophia. Marco não quis se arriscar e mandou matar a amante. Ele não podia perder o pote de ouro que ele tinha nas mãos, a filha do dono do time.

Todos estavam chocados na sala:

─ O senhor acha que poderíamos ter provas concretas do que o senhor está dizendo, Sr. Kaul?

─ Vocês podem checar movimentações de volumes altos na conta do Marcinho, ele deve ter pago alguém para matar a Scarlett. E eu mesmo tenho alguns bilhetes que Scarlett me deu onde o Marco dizia que a amava e que sofria ao ter que aturar a namorada oficial. Trouxe um para vocês.

Robin esticou o braço e entregou ao advogado que leu:

“Meu amor, você não imagina o que é ficar longe de você. Queria ter você comigo aqui na Espanha, mas ainda preciso me firmar no time e aturar essa garota mimada por mais algum tempo. Nos encontramos em alguns dias no local de sempre. Com amor, Marco”

Sophia não resistiu, levantou e saiu correndo da sala, a irmã foi atrás dela. A família de Marco estava arrasada com o comportamento do filho. Robin sorriu vitorioso, a revanche tinha acontecido da melhor maneira possível.

O tumulto se estabeleceu na sala de julgamento. O juiz teve que mandar diversas vezes o pessoal se calar e finalmente mandou investigarem as contas bancárias de Marco e validar se a letra da carta mostrada por Robin era realmente de Marco. Caso adiado até mais provas serem obtidas.

Marco foi levado para a delegacia de volta. Alejandra tentava acalmar a irmã no quarto de hotel. Sophia estava arrumando as malas e chorava sem parar.

─ Soph, querida, não fica assim. Não era para ser vocês dois juntos. Foi melhor descobrir agora que depois.

─ Ele mentiu para mim, Alex. Ele me usou, só porque eu era filha do ursinho. Ele nunca gostou de mim.

Alex abraçou a irmã e a consolou como pode. Elas fretaram um jatinho e voltaram para a Espanha. Foram para a casa do pai delas que já tinha tido conhecimento das novidades pelo advogado. A família se uniu mais que nunca nesse momento. Alex passou alguns dias em Barcelona e ela e Tom deram todo o apoio que Sophia estava precisando. Jordi quando soube também veio visitar a sócia e amiga. O conforto de se sentir amada depois do que tinha ouvido de Marco fez muito bem a Sophia.

As coisas só estavam se complicando na Alemanha para Marco, após alguns dias que o mantiveram preso, saíram os resultados das duas investigações sugeridas pelo juiz no dia do julgamento, nenhuma favorecia a Marco.

Foi identificado que Marco realmente estava envolvido com a Pursuit, com dinheiro e marketing. Além disso descobriram recentemente o envio de um valor representativo de dinheiro de Marco para o exterior para uma conta secreta que batia com a informação de Robin de dinheiro para pagar a pessoa que matou Scarlett. Para finalizar, o perito da polícia confirmou que a letra no bilhete era realmente de Marco.

O mundo de Marco tinha desabado, ele soube pela irmã do depoimento completo de Robin e do que ele tinha dito a respeito de Sophia. Sua primeira reação foi querer falar com a namorada, mas foi proibido pelo delegado. Com as confirmações da remessa de dinheiro e do bilhete, a continuação do julgamento de Marco foi agendada. O advogado dele conseguiu um habeas corpus para ele aguardar o julgamento em liberdade desde que não saísse da Alemanha.

Marco optou por ficar na casa dos pais para ter um pouco de carinho, mas os pais dele estavam muito decepcionados com o filho por mais que Marco dissesse que tudo aquilo era mentira. Ele tentou diversas vezes falar com Sophia, nenhuma com sucesso, desde que tinha saído da Alemanha, a família dela tinha criado uma bolha ao redor de Sophia cheia de amor, sem interferências externas, tinham escondido o celular dela.

Já desesperado, Marco ligou na casa de Tom Allen e os empregados sempre davam uma desculpa para ele não falar com ninguém da família. Marco ligou no celular do sogro que quando viu de quem era a ligação achou que Marco era no mínimo ousado. Ele saiu da casa para atender o telefonema na piscina.

─ O que você quer?

─ Sr. Allen, eu preciso falar com a Soph e não estou conseguindo.

─ Esquece a minha filha. Você já a usou o suficiente, a fez sofrer. Se afasta da minha filha Reus.

─ Por favor, eu tenho que explicar para ela que tudo é mentira, uma armação contra mim, eu amo a Soph.

─ Cala a boca Reus, nunca mais nem mencione o nome da minha filha.

Tom desligou o telefone na cara de Marco e ele ao tentar chamar novamente não conseguiu mais falar. Marco jogou o telefone dele na parede com raiva, ele ficou imaginando como Sophia estaria magoada com ele. Depois ficou pensando em Robin e toda mentira que ele tinha contado. Se questionou sobre as novas provas contra ele, aquele bilhete, ele nunca tinha escrito...a cabeça de Marco dava voltas com tantos problemas.

Na Espanha, numa tarde, Sophia estava indo para a piscina quando notou o advogado do pai no escritório com ele, ela se aproximou e ficou ouvindo a conversa:

─ Você largou o caso imediatamente, eu espero.

─ Sim Sr. Allen, tão logo o senhor solicitou, mas ele contratou um bom advogado alemão, o garoto tem dinheiro.

─ Isso é problema dele, ele que se vire e nunca mais importune minha filha.

─ Não acho que ele o fará. O julgamento final já foi agendado e ficou comprovado tanto a remessa de dinheiro quanto a veracidade do bilhete.

Sophia fechou os olhos, ela ainda tinha uma esperança que aquilo fosse mentira.

─ Espero que esse maldito apodreça na cadeia.

─ Provavelmente é o que vai acontecer senhor Allen.

Eles mudaram de assunto e Sophia foi para a piscina, ela ficou de olho e viu quando o advogado saiu, ela correu até ele pedindo para ele esperar.

─ Senhorita Allen?

─ Eu preciso de um favor do senhor.

─ O que a senhorita mandar.

─ Meu pai não pode saber.

─ Não sei, senhorita.

─ Por favor.

Nenhum homem resistiria a Sophia pedindo um favor e com o advogado não foi diferente.

─ Pois não.

─ Eu quero que você volte a ajudar o Marco no julgamento.

O advogado se surpreendeu.

─ Mesmo depois de tudo que ele fez?

─ O Marco pode ter me feito de boba, mas ele não é um assassino e eu sou justa, não o quero preso por um crime que ele não cometeu.

─ A senhorita tem certeza?

─ Eu pago um adicional para o senhor pelo serviço e pelo silêncio.

Eles deram as mãos selando o acordo.