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História Something Entirely New - Doubt and Trust


Escrita por: SweetBabyBlue

Notas do Autor


Baby Blue brotanto como uma flor de Liz nesse início de ano;
O título do capítulo de hoje, "Dúvida e Confiança", vem de uma música que foi usada como tema de abertura do meu anime favorito, D. Gray-man. Caso alguém saque a referência xD
Espero que gostem do capítulo recheado de tretas, meus chuchus.
Boa leitura!

Capítulo 23 - Doubt and Trust


Fanfic / Fanfiction Something Entirely New - Doubt and Trust

Asriel POV

Suspirei longamente ao notar que o conteúdo de minha caneca estava quase no fim. Normalmente, aquela hora do dia era a mais calma e desprovida de preocupações que eu tinha. Gostava de me sentar à mesa com minha caneca cheia de café e esvaziá-la lentamente, sentindo a cafeína aos poucos espantar qualquer resquício de sono em mim. Era como se o resto do mundo estivesse em câmera lenta, ou mesmo congelado, naqueles momentos. Via meus pais, normalmente atarefados pela manhã, correndo de um lado para o outro com os últimos afazeres em casa antes de saírem para mais um dia de trabalho.

Chara, àquela hora, era praticamente uma morta viva. A manhã não era exatamente o horário favorito dela, e na maioria das vezes estava passeando pela casa com a expressão fechada e os cabelos desgrenhados. Sorria para mim ao passar pela sala, entrava na cozinha e procurava chocolate na geladeira.

Aquele dia, contudo, era diferente. Muitos pensamentos passavam pela minha cabeça, e eu não poderia negar que estava preocupado. Quando me dei conta, já havia esvaziado minha caneca de café sem nem ao menos perceber.

As conversas de meus pais naquela manhã eram sobre criança que caiu e estava em Snowdin. Não era exatamente uma novidade, visto que aquilo já havia acontecido duas vezes no subsolo, mas ninguém poderia negar que a chegada de mais um humano era um acontecimento e tanto.

- Meu querido, não quer vir comigo? – Minha mãe perguntou, entrando na sala. Estava com o vestido habitual, estampado com o Delta Rune, porém, era na cor vermelha. Ela não usava aquele em qualquer ocasião.

Eu sabia que havia um pouco de hesitação em todos ali. Por mais que quiséssemos manter as boas expectativas, a chegada de alguém desconhecido era algo que devia trazer também algumas desconfianças.

Quando Chara caiu, oito anos antes, a primeira reação de todos foi o medo. Era normal, visto que foram os humanos quem nos selaram aqui embaixo, certo? Graças a eles, seres de alma infinitamente mais poderosa do que a nossa, estávamos ali, de mãos atadas e enclausurados. A chegada de um humano, após tanto tempo que a guerra acabara e as duas raças haviam se separado, era algo novo. Ninguém sabia nada a respeito da índole da garota que havia caído, por mais que se tratasse de uma criança.

Não demorou, no entanto, até que todos a aceitassem e a tratassem como própria família, assim que perceberam que ela não representava qualquer ameaça, além de ter sido adotada pela nossa família, e desenvolvido uma forte amizade comigo.

Com Frisk não havia sido muito diferente. A primeira reação era sempre a hesitação e expectativa, mas assim que ela se mostrou uma garota doce e pacífica, o que não demorou muito a acontecer, foi igualmente aceita por todos.

Agora lá estava uma nova criança, a qual ninguém sabia nada a respeito. A índole de Diana ainda era um mistério para todos, assim como seu temperamento e intenções. O que sabíamos a respeito dela é que havia agido diferente de Chara e Frisk ao chegar aqui. Enquanto as duas, paralisadas pela dor da queda e pelo choque, permaneceram na cama de flores douradas até que alguém fosse ao encontro delas, Diana não havia parecido se afetar com nada daquilo. Andou sozinha, por conta própria pelas Ruínas, escondendo-se e despistando quem quer que estivesse em seu caminho, tendo chegado até mesmo na floresta de Snowdin.

Sans tinha um posto de vigia ali, próximo da porta que separava as Ruínas do resto do subsolo, pelo qual ela deveria ter passado em seu caminho. Eu desconfiava, porém, que as visitas de Frisk houvessem distraído Sans o suficiente para que ele não notasse a aproximação de Diana. Seja como fosse, ela conseguiu passar despercebida por ele, esgueirando-se para dentro da floresta e terminando perdida, até por fim pedir socorro e ser encontrada por Frisk.

- Eu não sei se quero ir, mãe... – Respondi sem muito ânimo, levando a caneca à boca pela ultima vez, a fim de capturar as ultimas gotas do líquido escuro que ainda restavam.

Tentei olhar para o ultimo quarto no final do corredor, embora não conseguisse ver muito do cômodo onde estava. A porta de Chara continuava fechada.

Eu sabia que não deveria ser nada fácil para ela estar naquela situação. Chara já sofria normalmente de uma extrema falta de confiança em si mesma, mesmo que todos a sua volta tentassem amenizar isso. Agora, depois do que havia acontecido no dia anterior, esse sentimento dentro dela devia estar três vezes maior do que antes.

Ela havia ido para o quarto não muito tempo depois que conversei com Frisk no telefone na noite anterior, e confirmei que nada a respeito do ocorrido seria mencionado. Aquilo pareceu ter dado à Chara a paz momentânea de que ela precisava, e depois disso, ela se trancou em seu quarto e não saiu mais.

Já passava das dez da manhã, e ela ainda estava lá. Normalmente, naquele horário ela já estaria fora da cama.

- Ora, vamos, Asriel! Eu iria chamar sua irmã para ir também, mas pelo visto ela está cansada. – Minha mãe olhou brevemente para a porta fechada no final do corredor. – Ela parecia triste ontem à noite... Está tudo bem?

- Não sei, eu e Chara não dividimos o mesmo corpo, apesar de gostarmos de nos vestir de maneira semelhante. – Respondi, sabendo que estava sendo ríspido, e no entanto, não conseguia evitar. Muita coisa havia acontecido, eu ainda estava magoado com Chara por ter escondido algo tão grande de mim. Além do mais, estava preocupado. Com Diana e sua índole ainda desconhecida, suas desavenças com Chara e como isso influenciaria em nossas vidas. Pensava em como Frisk se sentia a respeito do segredo revelado de sua irmã mais velha, se renegaria Chara depois daquilo... Eu temia que Chara não suportasse uma rejeição de Frisk.

Ainda por cima, havia a questão do LOVE de Chara. Algo que passou tantos anos escondido dos olhos de todos... Bem, quase todos, pois eu sabia que Sans e Undyne eram capazes de enxergar através da alma. Eles tinham algo especial em seus olhos. Por que eles nunca haviam falado com ninguém sobre aquilo? Seja como fosse, agora aquilo havia despertado dentro dela, e LOVE não era algo facilmente controlável. Tratava-se de um instinto assassino, que poderia crescer cada vez mais, dependendo da quantidade de dor que você já havia infringido.

O de Chara certamente não era um nível tão baixo assim de LOVE. A aura que desprendeu dela quando tentou matar Diana era densa, forte. Quantos ela havia matado no passado...? E por qual motivo havia feito isso? Eram muitas perguntas, nenhuma resposta, e muitas incertezas.

- Oh! E eu que pensei que essa caneca de café conseguia te deixar de bom humor. – Minha mãe reclamou, de cenho franzido e braços cruzados, e eu não pude deixar de me sentir culpado. Droga, que culpa ela tinha se minha cabeça estava cheia? Eu não deveria descarregar meus problemas em ninguém.

- Me desculpe, mãe. – Disse, sinceramente, deixando a caneca em cima da mesa e me levantando. – Eu só não dormi muito bem essa noite, me desculpe. Eu irei te acompanhar até Snowdin.

- Tudo bem, meu querido. – Minha mãe exibiu seu sorriso mais doce, e eu só me senti pior ainda por ter falado daquele jeito com ela. – Deixe uma mensagem para Chara então, e podemos ir. Não podemos deixar a pobre criança desamparada.

Acenei positivamente com a cabeça, e tirei meu celular do bolso, indo até a caixa de mensagens.

*Tive que sair com nossa mãe. Espero que esteja dormindo bem, eu não demoro.*

Enviei a mensagem para o número de Chara rapidamente e guardei o celular, me dirigindo para o hall, onde minha mãe já me aguardava com a porta aberta.

Dei uma última olhada para o quarto dela no final do corredor, antes de sair.

.............

Depois de algumas horas, chegamos à Snowdin. À medida que nos aproximávamos da casa de Sans, Papyrus e Frisk, mais vontade eu tinha de que nada daquilo estivesse acontecendo.

Era errado desejar que aquela criança nunca caísse? Que nunca interferisse na nossa vida daquela maneira? Eu não a conhecia, mas sabia que ela temia Chara. Sabia que a presença dela, de alguma forma, desestabilizaria a paz em que vivíamos, assim como o frágil autocontrole de Chara. Não que isso já estivesse acontecendo, e céus, ela havia chegado há apenas um dia.

Tirei o celular do bolso, verificando se havia alguma mensagem de Chara. O caminho do castelo na capital até Snowdin era longo, e não demorávamos menos do que uma hora no percurso, e no entanto, Chara não havia sequer visualizado minha mensagem.

Suspirei longamente, guardando o celular de volta no bolso da jaqueta, enquanto minha mãe tocava a campainha, que ressoou dentro da casa em um som abafado.

- Já vai. – Ouvimos a voz de Sans do outro lado, em seguida abrindo a porta. – Oh, vocês aqui. Rainha Toriel, Príncipe Asriel. Acho que sei o motivo da visita.

- Precisamos recepcionar Diana devidamente, não? – Minha mãe sorriu.

- Claro. Entrem, ela está com Frisk. – Ele fez um sinal para que entrássemos, e assim fizemos.

A casa deles era menos organizada antes da chegada de Frisk, mas desde que a menor passou a morar ali, tudo estava sempre em seu devido lugar, e o local era pequeno, porém, arrumado. Diana estava exatamente no mesmo lugar do dia anterior, no sofá do centro da sala. Não parecia mais tão assustada como antes, e seus olhos verdes intensos estavam bem vidrados em um programa qualquer que passava na televisão. Estava com uma roupa diferente, que eu reconheci como sendo de Frisk, e não parecia mais com frio, visto que não estava mais enrolada em um cobertor.

Ao seu lado estava Frisk, carregando uma expressão... Horrível. Ela era sempre alegre, não importava a situação, e estava sempre exibindo seu melhor sorriso. Naquele momento, no entanto, seus pequenos olhos dourados não pareciam tão brilhantes como de costume, estavam opacos e distantes. Olheiras moderadas estavam estampadas em seu rosto, seus cabelos curtos caíam em desalinho pelo rosto e ela parecia extremamente cansada.

- Asriel, você veio! Mamãe também! – Ela exibiu um fraco sorriso, saltando do sofá para nos abraçar.

- Frisk, minha criança, está tudo bem? Você parece terrivelmente cansada... – Minha mãe preocupou-se, afagando de leve os cabelos de Frisk, ainda abraçada a ela.

- Oh, eu não dormi esta noite... – Frisk afastou-se, ainda com o sorriso fraco. – Estava conversando com Diana, mostrando a ela que todos aqui são bons, e ela já está se sentindo melhor do que ontem. Acho que a sua visita era tudo o que ela precisava, mamãe.

A albina nos olhava do sofá, a televisão de repente esquecida. Seus pequenos olhos estavam vidrados em nós, e a boca, levemente comprimida. Havia algo no olhar dela, algo que não me agradava, mas procurei não pensar em nada daquilo. Não era certo julgar alguém por uma primeira impressão, e eu sabia bem daquilo.

- O que temos aqui... Tudo bem, minha pequena criança? – Minha mãe por fim dirigiu-se até o sofá, sentando-se cuidadosamente ao lado de Diana, que não hesitou, continuando no mesmo lugar, sem se assustar ou encolher. Eu permaneci de pé.

Naquele instante, Sans, que havia ido até outro cômodo, voltou à sala, dirigindo-se até Frisk, que estava de pé ao meu lado.

- Kiddo... Por favor, vá descansar. – Ele pediu, e eu pude notar um tom de preocupação genuína em sua voz. Sans normalmente era bem tranquilo em relação a tudo, e nenhum assunto parecia verdadeiramente conseguir sua atenção, mas naquele momento, eu o senti preocupado.

- Eu estou bem, Sans. – A morena sorriu gentilmente para ele, mas não pareceu tê-lo apaziguado.

- Vamos, Frisk. Você está tão cansada. – Ele aproximou-se da menor, passando um braço por sua cintura e enterrando o rosto em seu pescoço. Frisk fechou os olhos. – Por favor.
- Tudo bem... – Ela cedeu por fim, sorrindo fraco. – Vocês não se importam que eu vá descansar?

Não houve objeções e Frisk se retirou, sendo amparada por Sans até a porta de seu quarto. Franzi o cenho vendo o estado dela, mal se aguentando de pé. Uma noite em claro era capaz de derrubar alguém, mas daquela maneira...?

Minha mãe concedeu um ultimo olhar preocupado para Frisk, antes de se voltar para Diana. A albina conversava com ela de maneira descontraída, e a nossa presença não parecia a intimidar de qualquer forma. Até mesmo oferecia pequenos sorrisos, e todo o medo estampado em suas feições no dia anterior estava completamente desaparecido.

- Eu venho de uma vila que fica no sopé do Monte Ebott. – Ela explicava, sorridente. – Meu nome é Diana, eu tenho apenas doze anos, mas já ajudava muito em casa. Nossa vila passou por tempos muito difíceis, quando eu ainda era bem pequena, mas estamos nos reerguendo. Acabei caindo aqui, quando procurava por ervas medicinais na montanha, para a senhora que cuidava de mim... Foi um descuido de minha parte, mas eu ficarei bem.

 Percebi uma clara alusão a Chara, quando ela mencionou tempos ruins. Mesmo assim, permaneci calado.

Minha mãe parecia encantada com a garota, ouvindo cada detalhe de sua história com um sorriso de ponta a ponta, encantada com a fala articulada da criança e o modo como ela conversava desinibida, apesar da situação nova.

No fundo da sala, encostado na parede próximo as escadas, estava Sans, que mantinha a expressão serena e braços cruzados, orbes bem fixas em Diana. Tentei imaginar o que se passava em sua mente naquele instante, ele não parecia tão despreocupado como de costume, e mesmo que o sorriso permanecesse em seu rosto, não era o mesmo de sempre.

Ele parecia realmente preocupado com Frisk, e depois de ver o estado da garota, eu também havia ficado. Algo de errado estava acontecendo, poderia ser tudo uma grande paranoia minha, mas a expressão fechada de Sans mostrava que talvez aquele sentimento fosse compartilhado por ele.

- Oh, veja a hora! – Minha mãe olhou para o relógio na parede de repente, após passar mais algum tempo conversando com Diana. – Temo que já esteja na hora de meu estudo diário sobre lesmas, minha criança. Tenho que ir, mas por favor, sinta-se livre para nos ver a hora que desejar. Você é muito bem vinda, assim como minhas duas filhas.

A menina sorriu e concordou, prometendo que viria nos visitar assim que se sentisse mais a vontade para fazer aquilo. Por ora, preferia permanecer em Snowdin, se não se incomodassem.

- Não vem junto, meu querido? – Minha mãe perguntou, antes de sair.

- Vou daqui a pouco, mãe. Quero conversar um pouco com a nova habitante, já que você estava tomando toda a atenção dela até agora. – Ri fraco, sendo acompanhado por ela.

Ela então saiu, despedindo-se também de Sans, e ficamos apenas nós naquela sala silenciosa. Sem Papyrus, que provavelmente estava em sua aula de culinária com Undyne, e Frisk, que estava dormindo, o silêncio era quase absoluto, quebrado apenas pelo som baixo da televisão, na qual Diana não prestava mais atenção.

- Você é o príncipe Asriel Dreemurr, certo? – A menina sorriu cordial, os olhos verdes bem postos em mim. – Frisk me contou. Prazer em conhecê-lo, quero que me desculpe pela minha reação ontem...

- Você convivia com Chara? – Perguntei, tentando com que minha voz não soasse com secura. Realmente não estava no melhor dos humores.

Diana pareceu incomodar-se levemente ao ouvir aquele nome, franzindo o cenho levemente e no entanto, sorriu logo depois, relaxando a expressão. Olhei brevemente para Sans, que continuava com as orbes vidradas na albina.

- Eu conheço o demônio Chara, se é isso que quer saber.

- Não a chame dessa forma. – Rangi entre dentes, tentando manter a calma. Tratava-se de uma criança, mas vê-la falar daquela forma da mulher que eu amava...

- Eu estou falando a verdade. – Ela não parecia intimidada, mantendo o mesmo olhar sereno e o sorriso delicado nos lábios. – Chara é uma assassina. Eu venho do mesmo lugar que ela, eu conheço a maldição que ela deixou na minha vila. Uma criança sombria, fechada e perigosa, com aqueles olhos escarlate que todos sempre temeram. Eu cresci ouvindo sobre ela, e de como as coisas melhoraram na vida de todos depois que ela se foi. Ninguém sabia o que havia acontecido com ela, pensávamos que estivesse morta, e no entanto, aqui estava esse tempo todo.

Suspirei longamente. Já conhecia as histórias sobre Chara, sabia como todos a haviam renegado por ser considerada o fruto de uma desgraça que ocorreu na vila de humanos. Sabia que ela sofreu muito por não ser aceita, tanto pelas circunstâncias de seu nascimento, quanto mesmo por características físicas, como a cor de seus olhos. Não pretendia discutir aquilo com a menina.

- Você irá contar? Sobre o LOVE dela? – Perguntei.

- Oh, certamente que não. – Diana sorriu. Contanto que me mantenham longe daquela assassina amaldiçoada, eu não direi nada. Não quero que ela me machuque... De novo. – Ela levou as pequenas mãos ao pescoço, instintivamente. Só então eu pude notar as pequenas marcas vermelhas que estavam estampadas ali, os dedos de Chara marcados, que tentaram estrangulá-la.

- Você parecia assustada ontem, encolhida em um cobertor, e no entanto, foi bem corajosa para andar pelas Ruínas e mesmo passar pela porta que levava à floresta de Snowdin. – Não sabia muito bem por que estava dizendo aquilo, mas algo nas atitudes de Diana me incomodava. Ela parecia à vontade demais.

- Eu estava com medo, sim. Mas isso não quer dizer que não vou ser forte o suficiente para levantar e andar com minhas próprias pernas, descobrir aonde eu vim parar com a queda, e bem... Me sinto melhor agora, sabendo que Chara está longe de mim.

- Frisk parecia cansada demais. O que houve com ela? – Me perguntei se eu estava soando intimidador demais, fazendo perguntas consecutivas, e no entanto, ela permanecia com a mesma expressão serena.

- Frisk passou a madrugada comigo, aqui. Me explicou sobre o subsolo, sobre os monstros, sobre como as coisas funcionam aqui, e também que ela se sentiu insegura da mesma forma quando chegou, mas havia aprendido a amar a todos e considerá-los família. Admito que estou mais calma depois de ouvi-la, mas acabei deixando a pobrezinha cansada. – Ela sorriu, passando os olhos brevemente pela porta fechada do quarto de Frisk. – Ficarei aqui com ela, se não se importarem. Se eu for obrigada a conviver com Chara, terei de contar sobre o LOVE... Eu sei que vocês não querem isso. Não me levem a mal, eu apenas estou tentando achar um modo de me manter segura dela.

Franzi o cenho, a encarando perplexo. Para alguém de doze anos, Diana era bem persuasiva. Ou tentava ser.

“Chantagem?” Pensei comigo mesmo, mas nada disse.

Olhei para o canto da sala, onde Sans parecia tão perplexo quanto eu, a expressão distorcida, ainda calado.

- Ninguém irá te incomodar, pode ficar em Snowdin pelo tempo que desejar. – Tentei sorrir para ela, mas acabei falhando. – Agora preciso ir embora.

Diana mostrou um sorriso angelical, cerrando os olhos, e em seguida voltou o olhar para o programa de televisão, como se não estivesse mais notando minha presença ali.

Olhei para o canto da sala, onde Sans estava. Acenei com a cabeça num gesto de despedida, e ele retribuiu. Precisava conversar com ele, precisava perguntar sobre o LOVE de Chara, perguntar sobre seus olhares desconfiados direcionados à Diana, mas sentia que estava prestes a colapsar de estresse. Não conseguiria, não agora.

- Depois preciso conversar com você e a Undyne. – Foi tudo o que fui capaz de dizer naquele momento.

- Yup. Sem problemas. – Sem piadas ou trocadilhos, a resposta de Sans foi curta e precisa. Algo o estava verdadeiramente incomodando.

Saí da casa, senti a neve de Snowdin afundar em meus pés, e me pus a caminhar, sem pegar atalhos. Precisava mais que nunca espairecer meus pensamentos, e minha cabeça chegava a doer de tão cheia que estava. Eram muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo, muitas novidades repentinas, e eu sentia como se tudo aquilo fosse um peso enorme sobre mim. Estava preocupado, magoado, com raiva de mim mesmo por não ter percebido nada daquilo, todo o peso que Chara carregou. Ainda havia algo em Diana... Sans percebeu, eu percebi, Frisk havia sido afetada de alguma forma? O que estava acontecendo?

Não percebi o tempo passar, tão absorto que estava em meus próprios pensamentos, e quando me dei por mim, já estava na porta de casa, com as pernas completamente doloridas.

Quando entrei, notei as luzes da sala ao lado apagadas, porém, o ambiente estava fracamente iluminado pela televisão ligada. Chara estava sentada no sofá, coberta por uma manta fina, e assistia atentamente ao programa de variedades de Mettaton.

Estava com uma expressão apática, neutra, e apesar da pouca iluminação, pude ver as olheiras estampadas debaixo de seus olhos rubros. Ela não deveria ter dormido.

Não pareceu ter notado minha presença, ainda bem vidrada no programa. Apenas quando entrei na sala e me aproximando do sofá, que ela desviou o olhar para mim.

- Az. – Chamou fracamente. Não saberia dizer o por que, mas parecia que ela havia feito um enorme esforço para pronunciar aquelas palavras. A cada respiração de Chara, ela parecia estar se esforçando, lutando contra algo. E eu sabia o que era.

Sem dizer nenhuma palavra, me sentei ao lado dela, e logo em seguida deitei, apoiando a cabeça no seu colo.

Chara riu baixo, entrelaçando seus dedos em minhas orelhas e começando um carinho quase imperceptível.

- Meu bebê chorão está cansado? – Ela perguntou, e eu pude notar a diversão em sua voz, apesar de tudo.

- Sim. – Respondi brevemente, fechando os olhos e abraçando suas pernas por debaixo da manta.

Seus dedos continuaram a me acariciar, e naquele momento, eu conseguia sentir todo o estresse se esvaindo do meu corpo. Qualquer problema, por maior que fosse, se tornava nada quando eu estava com ela. O mundo se fechava em torno de Chara e todo o resto se apagava, era esse o poder que ela tinha sobre mim.

Perdido naqueles pensamentos, deixei com que a consciência se apagasse, lentamente, acompanhando o ritmo da respiração de Chara.


Notas Finais


Entãaao é isso :3 Mais um capítulo extra grande, é isso mesmo? Preciso controlar meus dedos, mas não consigo :/ q
Well, este início de ano tem sido inesperadamente bom...Então estou transbordando em determinação.
Acabei ficando inspirada demais e o capítulo ficou grande assim. KKK
Não esqueçam o comentário e o favorito pra me deixar happy ;w;
Kissus de determinação e até breve!


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