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História Something's Gotta Give - Once upon a time, a few mistakes ago


Escrita por: comidadoMike

Capítulo 24 - Once upon a time, a few mistakes ago


[P.O.V. Calum]

Eu não lembrava de muita coisa quando acordei. As únicas coisas que eu fiz naquela manhã foram lavar meu rosto, pegar minha bolsa, uma garrafa de café que estava na mesa e que, com certeza, era da Mali, e ir para a escola. Andando. E eu nunca ia andando, minha irmã costumava me levar. Mas eu estava com uma ressaca grande demais para pensar em achá-la na casa.

Cheguei de óculos escuros porque o sol estava nascendo sem nenhuma nuvem e eu me recusava a deixar qualquer raio de luz passar pela minha retina naquele momento. Luke estava conversando com um grupo de líderes de torcida, nada novo. Mas, assim que me viu, começou a andar em minha direção. Eu estava com sono demais para sair correndo e deixá-lo falar sozinho.

-Que história é essa de você contar para eles sobre ser gay? -ele disse sussurrando, provavelmente com medo de que outras pessoas ouvissem. Ah, então era aquilo que eu tinha feito: me assumido.

-Eu não sou medroso igual certas pessoas, Luke -respondi, soando normal -Já estava na hora de parar de mentir sobre isso.

-Então é isso? Você é gay assumido agora? E a gente, Calum? -ele abaixou a cabeça.

-Eu nunca gostei da ideia de ser um segredo, Hemmings -respirei fundo e soltei o ar pela boca -Se você quiser pagar de hétero pelo resto da sua vida, não é problema meu. Você já deixou bem claro que a gente não vai ser nada lá naquele acampamento.

-Aquilo foi um acidente, Cal, eu juro que...

-Luke, olha -o interrompi -, as pessoas vão saber que eu sou gay. Talvez eu sofra, talvez eu apanhe, talvez seja jogado para fora de casa. Mas sabe de uma coisa? Prefiro isso a viver uma mentira. Porque eu gostava mesmo de você, cara. E cheguei a acreditar que poderíamos ser alguma coisa. Tolice a minha.

-Calum, você não pode tirar conclusões sobre isso sem me escutar -ele coçou o cabelo, parecia nervoso. Eu tinha vontade de abraça-lo até não aguentar mais.

-Somos melhores amigos, Luke. É essa nossa relação -sorri triste e fui para meu armário.

Encontrei Ally no caminho. Ela estava de óculos também, a velha garrafa na mão, mas não parecia estar pior do que eu. Segui-a sem silêncio até a sala, mas ela se sentou longe de mim, perto da janela. Estava calor, mas ela usava um moletom. Assim que Meri sentou ao seu lado, eu ergui a sobrancelha, indicando com a cabeça para a blusa. Ela deu de ombros.

E aquilo se repetiu por duas semanas. Por longas duas semanas fizemos shows fingindo que o mundo estava de acordo. Ally chegava todos os dias do mesmo jeito, porém cada dia mais apagada. O que era fácil de se perceber, porque desde sempre ele iluminava tudo por onde passava. Michael adorava dizer que ela tinha uma luz cobre sendo exalada pelos cabelos que o cegava e iluminava seu caminho.

Ele também não estava bem. Sabíamos que ela estava com Brian, mas eu queria, bem no fundo, acreditar que tinha alguma coisa ali que ninguém compreendia e que ela estava passando por problemas. E meus desejos se tornaram realidade quando eu a encontrei trocando de roupa no vestiário e vi marcas roxas pelo seu pulso. Não disse nada para não a assustar, mas incorporei How I met you mother e juntei todos os meninos e as duas para uma intervenção. Michael disse que chegaria atrasado. Eu mal sabia que aquele dia ia ser decisivo e esclarecedor do jeito que foi.

-Ela está saindo com Brian para me proteger -Meri disse, quando todos estavam na sala da casa da Allyson -Eu odeio que ela faça isso e acho que está mais do que na hora de contar para vocês a verdade -ela olha para a amiga.

-Meri, eu preciso fazer isso, eu causei tudo isso, eu tenho que sofrer as consequências -ela disse sem animação -Eu disse que estava te devendo uma e estou pagando agora.

-Olha para os seus braços! -eu a tinha feito tirar a blusa para que todos pudessem ver. Ela ficou um tempo olhando em volta e para America, até que decidiu que contaria tudo.

-Queria muito que Michael estivesse aqui para entender.

[P.O.V. Ally]

Festa de boas vindas do ano passado

Estávamos sentados no chão da casa de Brian, jogando um daquele jogos estúpidos em que você e mais uma pessoa têm que ficar oito minutos dentro de um armário e todos esperam que se peguem loucamente. Eu e America tínhamos bebido demais. Era apenas o segundo ano dela naquela festa e eu queria demais que ela se enturmasse mais com meus amigos. Fomos sorteadas pela garrafa para irmos no armário.

-Você pegou leve, -pisquei para Brian, dando um último gole e matando meu copo. Dentro do armário, Meri disse que tinha uma coisa muito importante para falar.

-Eu acho que gosto de garotas, Ally -ela soltou um riso de nervoso em seguida -Eu não sei se você vai ficar com receio de ser minha amiga, mas eu precisava contar.

Eu ri por ela achar que aquilo me importaria. Eu já tinha problemas demais deixados pelos velhos que dizem ser meus pais para me preocupar com quem minha melhor amiga beija ou deixa de beijar. E, numa tentativa de provar isso, a puxei para perto de nos beijamos.

-Okay, eu não gosto muito da coisa, não -comentei, rindo. Ela me abraçou e deitou sem jeito no meu peito, para que pudesse fazer carinho em seu cabelo.

-Você é demais -ela boceja -Eu definitivamente sou gay e tenho a melhor amiga do universo.

Eu apenas sorri, talvez estivesse bêbada demais para fazer um comentário fofo sobre aquilo. E então o tempo acabou e decidimos que precisávamos de mais bebida e de dança. Ela saiu na minha frente para a pista, enquanto fiquei misturando vodka com umas frutas e gelo. Olhando de relance, a vi beijando uma garota, toda feliz. Parecia que eu finalmente estava vendo uma America de verdade que eu nem sabia que existia. Entusiasmada e bêbada demais, fui até Brian, meu não-quase-namorado e amigo.

-Mano, a Meri está beijando uma garota, eu estou tão feliz por ela -gritei sorrindo. Mas ele não fez o mesmo.

Alguns de seus amigos que estavam em volta me ouviram saíram andando em direção a pista. Fiquei parada por um tempo, bêbada demais para entender o que estava acontecendo. Só caiu minha ficha de que era algo ruim quando ouvi gritos e um deles parecia ser da minha melhor amiga.

Os garotos estavam segurando elas pelo pulso, empurrando de um lado para o outro, dizendo coisas horríveis e homofóbicas. Brian não fazia nada. Nada para piorar ou ajudar, só ficava olhando. Eu me joguei no meio deles, puxando America e me amaldiçoando por ter contado a ele. Ela jogou a culpa na menina, disse que a menina a agarrou. Os garotos babacas chamaram outras garotas do tipo feminino de futebol e levou a garota para fora.

Todas chorávamos. America, em meio a soluços, se desprendeu de meus braços e subiu, dizendo que eu tinha acabado com a liberdade que ela em tinha aproveitado. E ela estava certa, ela sempre esteve.

-Às vezes a melhor coisa que a gente faz é ficar calada, Allyson -Brian sorria cínico.

-Eu vou transformar sua vida num inferno, seu babaca! -gritei e só o fiz rir mais.

-Eu que vou transformar a sua, a não ser que queria que aconteça com sua amiga a mesma coisa que aconteceu com a namoradinha dela.

-Ela não é gay, Brian -soltei, tentando melhorar.

-Então não vai ser problema nenhum para ela continuar sua vida normalmente.

Ele saiu andando e fui até a cozinha. Claro que ele não tinha acreditado em mim, claro que ele sabia que uma hora ela ia se assumir e se apaixonar por alguém. E ele estava esperando essa hora para arruinar a vida dela. E eu era a responsável por isso.

-Eu contei para você porque você tinha que cuidar de mim, não me jogar direto para a linha de frente da guerra -ela tinha me dito antes de sumir e aquilo não saía da minha cabeça.

Então eu bebi. Bebi até começar a embaralhar a frase e, finalmente, esquecê-la. E eu não enxergava nada à minha frente quando fui parar no jardim, passando mal. Vomitei num canto e tentei andar de volta para a casa, mas fui para o lado ao contrário e tropecei em um pequeno arbusto que dividia a casa da calçada.

Nela passava um garoto loiro. Que na hora eu mal consegui identificar, pois estava com a cara no concreto. Ele tentou me ajudar, mas tudo estava ficando preto.

-Meu Deus, o que aconteceu com você -ele perguntou e parecia preocupado. Eu não conseguia me mover ou falar. Tirei meu celular e meu RG do bolso e entreguei para ele -Ally? Esse é o seu nome? -tentei assentir -Você está se sentindo bem? -E antes que eu pudesse responder, tudo já estava preto.

Acordei um dia depois numa cama de hospital. Do meu lado, meu irmão estava sentado com o rosto todo vermelho de choro. Ao lado dele, o garoto que deduzi ter me salvado. Eu passaria muita vergonha se não fosse ele.

-Não estou aqui para sequestrar ninguém -ele disse, se aproximando depois que Alex tinha me dado um abraço e saído para chamar o médico -Meu nome é Ashton Irwin, eu te achei jogada na rua.

-Parece começo de fanfic -falei e senti que minha garganta doía -Eu ia te dizer o meu nome, mas como eu já estou internada num quarto acho que você já descobriu.

-A gente procurou pelos seus pais, mas não achamos nenhum contato ou registro. Mas sua amiga ligou ontem e pedimos para que ela passasse aqui.

-Ontem? -pergunte confusa -E America ainda quer falar comigo? -ele me encarou confuso e assentiu com a cabeça -Longa história.

-Ela me contou -ele se sentou novamente -Você passou um dia em coma, quase teve uma overdose.

Enquanto ele me explicava tudo o que tinha acontecido, ouvimos uma movimentação no corredor. Eu pedi para que ele fosse ver e Ashton voltou desesperado falando que eu tinha que ficar calma, mas que meu irmão não estava respirando e estava com febre e sei lá mais o que.

Me deram remédio para que eu dormisse de novo porque fiquei gritando e atazanando todas as enfermeiras para que alguém me dissesse algo sobre ele. Quando acordei, ele estava numa cama ao lado da minha, cheio de tubos que o ajudavam a respirar. Ashton tinha ido embora, mas disse que iria me visitar.

-Ele teve um ataque se asma, misturou com uma pneumonia que ele pegou aqui dentro e, bom, você sabe que eu sou péssima em biologia, só sei que os pulmões dele estão fraquinhos, mas já vão voltar ao normal -America sentou na minha cama.

-Eu destruo a vida de todo mundo que passa pela minha -deixei as lágrimas correrem soltas -Destruí a sua, a do meu irmão e quase a minha. Eu devia ter morrido de uma vez.

-Para com isso -ela me abraçou e percebi que também chorava -Eu sei que sua intenção não era me denunciar para eles nem nada, eu realmente sei, Ally -ambas soluçávamos -Mas nós vamos passar por isso tudo, eu juro.

-America eu sinto muito, eu juro que sinto -ela me apertou mais forte, balançando a cabeça.

-Ninguém aqui está livre de erros, Ally. Somos seres humanos, às vezes ingênuos demais por acreditar que todos vão ser tão puros nas intenções quanto nós -ela respirou fundo -Você tem um irmão para cuidar. Tem que cuidar de si mesma. E eu juro que não vou abandonar vocês em momento algum -fiquei um tempo pensado.

-Eu vou trancar minha matrícula -ela abriu a boca, assustada -Vou ficar esse ano em casa, cuidando do Alex, você mesmo disse que os pulmões dele estão fracos. Eu vou tirar esse ano para cuidar dele e de mim. Eu vou maneirar nas bebidas.

-Você devia ter feito isso na primeira vez que teve que tomar soro, Allyson -ela tentou ser séria e acabou rindo -Ano que vem vamos estar na mesma sala, quase com as mesmas aulas... Eu vou poder cuidar de você. A gente vai passar por isso juntas.

-Eu vou ficar devendo minha vida a você, America. E eu juro que vou pagar.

 

 

 


Notas Finais


Eu queria mt mt mt que vocês me contassem o que acharam porque esse é o capítulo que eu quero escrever desde que essa fic começou e espero muito que tenha ficado legal. Então, please, me contem <3


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