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História Son of Ares - Tal pai, tal filho.


Escrita por: daebolic

Notas do Autor


Boa noite, pessoal, faltando pouco tempo para o concurso encerrar aqui estou eu. Peguei o filme Percy Jackson e o couple XiuChen, eu amo muito os dois e tentei fazer algo que me sentisse confortável, espero que eu consiga passar para a próxima fase, haha ~ Mas vamos lá, eu vou por algumas informações aqui, para quem não entende muito dos Deuses.
Ares: Deus da guerra
Afrodite: Deusa do amor e da beleza.
Atena: Deusa da sabedoria e estratégias.
Hefesto: Deus do fogo, das forjas principalmente.
Náiade: São espíritos da água, que cuidam dos rios em que ficam.
Apolo: Deus do Sol ~

Capítulo 1 - Tal pai, tal filho.


Fanfic / Fanfiction Son of Ares - Tal pai, tal filho.


 

A espada se movia com destreza na mão daquele rapaz, rodopiava pelo ar enquanto tentavam lhe atingir com uma lança, seus movimentos eram ágeis e bem executados. Por mais que não fosse comum para um filho daquele Deus lutar de tal forma, ele pensava antes de qualquer golpe, uma coisa rara para um filho de Ares.

“Isso é tudo que você tem? Eu esperava mais do filho do Deus da guerra.” Ouviu o garoto grunhir para si. Riu sôfrego antes de revirar os olhos e correr em direção a ele, acertando-lhe duas vezes no braço. Viu o sangue escorrer pelo mesmo, onde sua lâmina havia feito dois cortes que levariam algum tempo até cicatrizar.

“Eu esperava mais inteligência para um filho de Atena.” Respondeu no mesmo tom antes de relaxar os ombros, sabia que aquela luta já estava ganha.

“Isso não acabou, você acha que irá me vencer apenas com um machucadinho?” Indagou irritado, o garoto apenas queria rir do nervosismo presente no adversário. Filhos de Atena…

“Eu acredito que sim… Você não?” Perguntou sarcástico. “Porquê não vai projetar algo? Será mais produtivo do que tentar se arriscar nas lutas.” Continuou o provocamento, era ótimo nisso, podia condicionar o rapaz a tentar melhorar com o tempo, induzi-lo a ser melhor que si. Era uma tática pouco convencional para um filho de Ares, porém Minseok queria ver todos naquele acampamento com um bom preparo físico, já que não aceitava pessoas fracas. Como agiriam caso acontecesse alguma guerra?

Sehun era igual. Ser um filho da Deusa da sabedoria nem sempre era proveitoso, principalmente por não usar o bom físico que Deus havia lhe dado. O rapaz era alto, bonito, qualquer um que o visse podia dizer que ele devia ser um grande herói, porém se o assistissem lutando, era uma decepção total. Ele não possuía posicionamento nas lutas, nem ao menos conseguia atacar com a lança, que na maioria das vezes simplesmente escapava de suas mãos e ia parar longe.

 

Porém, Minseok estava orgulhoso por estar o treinando. Por mais que o mais novo não soubesse desse pequeno detalhe, era isso que estava fazendo, e o melhor de tudo era ver os resultados.

“Kim Minseok.” Uma voz o chamou, fazendo desviar sua atenção do garoto mais alto por um momento. Sorriu para o mesmo e o empurrou para longe ao ver seu instrutor se aproximar “Porque não está lutando com seus irmãos?” Repreendeu o garoto, que nem ao menos se intimidou com aquilo.

“Eu quis brincar com o filho de Atena…” Comentou de modo desleixado.

“Você não pode ter essa postura dentro do acampamento, eu ando escutando bastante reclamações sobre você.” Ele continuou. “Sehun, ele te machucou?” Praticamente gritou para o garoto que estava pegando sua lança. Sehun ainda tinha suas dúvidas do porquê havia ganho uma sendo que era melhor com as espadas, só que, claro, não podia recusar o presente da própria mãe.

“Não, só tive alguns cortes de raspão.” Mentiu e sorriu de lado ao encarar o garoto de tons escuros, que suspirou pesadamente. Pelo menos havia se livrado de outro sermão.

“Eu estarei de olho em você.” Fez um sinal com as mãos e se retirou do local. O garoto estranhou o fato dele ter ido ali só para o repreender, mas ignorou e correu até Sehun, segurando-o pelo pescoço e fazendo-o abaixar-se imediatamente.

“O que você quer?” Falou, tentando se livrar do aperto.

“Obrigado por me salvar, beba um pouco de néctar ou vá pedir pra aquele loirinho do chalé de Apolo te ajudar.” Minseok comentou baixinho. Ao citar a última frase, mudou seu tom para um malicioso, fazendo Sehun corar no mesmo instante.

“Que loirinho o quê!” O outro tentou se desvencilhar do aperto, mas apenas fez o filho de Ares apertar seu braço.

“Eu já vi o modo que você encara ele.” Continuou provocando-o, segurando o riso.

“Eu nem ao menos olho para o Luhan, é apenas impressão.” Falou, mas era tarde demais quando percebeu o pequeno erro cometido.

“Hum… Então o nome dele é Luhan.” Minseok comentou, afrouxando o aperto no pescoço do garoto, soltando-o de uma vez por todas.

“Ai, me deixa.” Reclamou o garoto, que se afastou do filho de Ares. Aproveitou o afastamento e correu, deixando o pobre rapaz sozinho e sem entender nada.

Minseok apenas guardou a espada e voltou sem pressa para seu chalé, onde devia estar a mesma bagunça que tanto odiava. Ainda se perguntava como sua mãe havia tido coragem de sair com um homem que tem tantos filhos ogros — ignorando o fato de que era um Deus.

Não que Minseok odiasse os irmãos, pelo contrário, chegava até a ter uma afeição por eles, principalmente com quem dividia a beliche. Seu nome era Do Kyungsoo, um ano mais novo, sempre ria ao lembrar da primeira vez que o encontrou no acampamento:

 

“Tudo isso é estranho…” Foi a primeira coisa que disse ao chegar, sendo guiado por um sátiro pelo acampamento, mostrando a si todos os lugares e criaturas que ali viviam. Este estava tentando lhe mostrar que não tinha motivos para ter medo de permanecer ali.

“Logo você se acostuma, seus irmãos são um pouco rebeldes, mas eles irão adorar receber mais um.” Respondeu sorridente antes de parar em frente ao estábulo.

“Eu sou filho único, não tenho irmãos!” Retrucou o outro, olhando uma figura estranha parada em frente a um pegasus escuro “Ele é algum tipo de Ceifeiro? Filho de Hades? Tânatos?” Perguntou, segurando o riso. Se fosse em qualquer outra situação sairia correndo e nunca mais chegaria perto do lugar, mas sentiu as mãos do sátiro o segurarem, impossibilitando sua corrida.

“Você tem irmãos por parte de pai. E muitos, para o seu gosto.” Comentou “Ele não é um Ceifeiro, muito pelo contrário,  ele é Do Kyungsoo.” Sorriu ao contar.

“Do Kyungsoo?” Falou num tom alto, trazendo a atenção do garoto para si, que o encarou, sorrindo minimamente.

“Seu irmão.” Disse por fim, fazendo o garoto engasgar com a própria saliva. Como assim aquele garoto podia ser filho de Ares? Chegava a ser engraçado, ambos não faziam o estilo usual de um filho daquele Deus.

Minseok havia lido muito sobre mitologia antes de chegar no acampamento. Chegava a ser esquisito o padrão em que estava, tanto que não acreditou quando completou dezesseis anos e viu aquela lança banhada em sangue em cima de sua cabeça. Era uma luz forte, tanto que quase desmaiou quando a viu, mas nisso sua mãe lhe acalmou o suficiente para explicar-lhe o que significava tudo aquilo.

Começou lhe contando que era filho de um Deus, que conheceu quando estava se formando. Havia acontecido tudo muito rápido, tanto que quando ficou grávida, só faltou surtar. Era tão nova… Tinha uma vida inteira pela frente. Não que tivesse se arrependido de ter Minseok, muito pelo contrário, mas no início da gravidez havia tido suas complicações, principalmente por Ares ter desaparecido do mapa. Tentou encontrá-lo durante um tempo, entretanto desistiu ao ver que ninguém nem ao menos o conhecia, era a única com aquele homem em sua cabeça.

Quando Minseok nasceu foi praticamente uma benção, uma chuva de felicidade caiu em cima de si. Seus pais haviam voltado a falar consigo, os amigos se aproximaram e não a trataram tão mal como inicialmente. Ela era uma mãe solteira, não tinha vergonha de nada e não devia satisfações a ninguém!

O que acabou com seu bom estado foi quando estava prestes a sair do hospital após uma consulta do bebê. Deu de cara com Ares, ele estava diferente, nem ao menos lembrava-se da aparência rígida que ele possuía.

“O-o que você quer?” Falou apertando o filho em seus braços, se afastando o máximo que podia daquele homem.

“Podemos ir num lugar mais fechado? Eu serei breve.” Ele perguntou com as mãos nos bolsos. Ela o encarou desconfiada, porém aceitou e o seguiu sem dizer uma palavra. Todavia, seu peito apertava por ele nem ao menos ter sorrido ou mostrado algum apego ao menino.

Ao chegarem numa lanchonete, sentou-se perto da janela e passou a encará-lo sem dizer uma palavra sequer.

“Como eu disse antes, serei direto.” Falou sério, suspirando antes de começar a bater seus dedos na mesa levemente.

“Então diga.” Respondeu, acariciando os poucos fios na cabeça de Minseok.

"Espero que você cuide direito do menino, eu não estarei aqui. Sou um Deus e tenho mais o que fazer. Ah! Quando ele estiver na adolescência, vai aparecer uma lança na cabeça dele, não surte e converse com ele." Falou sem ao menos pausar, vendo a mulher franzir o cenho, estranhando toda aquela história "Conte a ele que eu sou um Deus e para ir ao acampamento." Terminou de falar, esbanjando um sorriso.

“Você está bêbado?” Indagou, segurando o riso daquela bobageira.

“Na hora certa, você irá entender. Agora tenho que ir, se cuidem.” Falou antes de desaparecer numa névoa, fazendo a mulher tremer. O que havia acontecido ali? Só podia ser um sonho.

 

Minseok suspirou pesadamente ao chegar em frente do chalé onde morava. Aspirou o bom ar e logo prendeu a respiração ao entrar no lugar, estranhando a organização que estava, principalmente ao ver Kyungsoo arrumar sua cama.

“Boa tarde.” Falou ao se aproximar do irmão, o cumprimentou com um toque e sorriu, tinha sorte de ter um irmão tão limpo como si.

“Boa tarde. Estou exausto, demorei cerca de três horas para conseguir tirar a sujeira da parede e do chão,  mas agora está tudo certo.” Falou satisfeito, tirando as luvas de borracha.

“Eu adorei, mas nossos outros irmãos pensarão que entraram em um chalé diferente.” Brincou ao sentar-se na beliche e deitar sobre a mesma.

“Não me importo com a opinião deles, não dava mais para viver naquele lixão.” Disse num tom calmo “A propósito, você estava treinando o Sehun?” Perguntou num tom mais baixo ainda, parecia estar acanhado.

“Sim, ele está melhorando.” Respondeu “Você mudou seu tom… Hum, maninho, você está interessado nele?” Indagou, se levantando e ficando em frente a Kyungsoo, que negou diversas vezes com a cabeça.

“Não confunda as coisas, pelo amor dos Deuses, até parece que eu iria me interessar por aquele platinado.” Comentou com certa relutância.

“Ah, até porquê você gosta daquele filho de Hefesto, não é? Como ele se chama mesmo…” Colocou a mão sobre o queixo e ficou pensativo antes de sentir um travesseiro vir em sua direção.

“Não interessa o nome dele, eu não tenho tempo para gostar de alguém.” Falou sério, indo até o armário e pegando uma muda de roupas.

“Desculpa aí, senhor ocupado.” Minseok respondeu irônico, ouvindo murmúrios irritados de Kyungsoo antes de vê-lo sair pela porta principal.

Minseok pousou sua cabeça sobre o travesseiro macio que havia ganhado de uma das filhas de Afrodite. Por um momento até cogitou a ideia de terem usado algum feitiço sobre ele, mas ele era tão confortável e emanava um cheiro ótimo que nem ao menos se importou caso elas realmente tivessem usado algum tipo de feitiço.

 

(...)

 

Roncava alto, todavia no momento em que sentiu algo se apoiando em sua cama, levantou-se no mesmo instante e segurou a pessoa. Soltou o ar preso ao ver que era um de seus irmãos tentando lhe pregar uma peça.

“Não foi dessa vez.” Falou ao sentar-se na cama, vendo o outro bufar irritado.

“Uma hora eu consigo.” Ele disse confiante, mas Minseok apenas se deixou rir com aquilo, seria bom caso ele continuasse com aquele espírito. O menino com grandes bochechas tinha um reflexo ótimo, tanto que conseguia sentir presenças até enquanto dormia. Talvez isso só tenha acontecido ao vir para o acampamento, ainda tinha medo de fazerem algo consigo enquanto dormia e, com isso, mal conseguia pregar os olhos no começo. Agora dormia pesadamente, mas sua guarda era boa.

“Vocês ficaram sabendo?” Uma das irmãs de Minseok falou entrando no chalé, ela parecia eufórica principalmente pelos irmãos negarem com a cabeça “Vai ter duas missões, a primeira apenas um semideus vai e a outra só vai acontecer caso ele consiga êxito nela.” Ela falou, dando pulinhos animada e vendo os irmãos gritarem em empolgação.

“Estava há tempos querendo uma missão.” Um deles falou, esbanjando confiança, o que fez Minseok revirar os olhos e se levantar.

“Você não se interessa?” Perguntou, segurando o braço do irmão.

“Não posso criar esperanças.” Respondeu sério, missões eram sérias demais para se animar, por mais que fosse adorar ser escolhido.

“Então tá.” Ela o soltou e viu o mesmo saindo do chalé, caminhando pelo acampamento. Estava escurecendo e logo chegou ao lago, se abaixou e fez uma concha com as mãos, pegando um pouco de água e jogando em seu rosto, tentando se livrar da cara amassada, já que estava fora de cogitação voltar para o seu chalé.

“Dia ruim?” Alguém perguntou. Deu um passo para trás e limpou a água que ainda escorria em seu rosto.

“Só estou cansado.” Respondeu calmo, vendo a garota surgir da água, nunca havia visto aquela náiade no lago.

“Você quer conversar?” Perguntou sorridente “Eu sou Baek” se apresentou de maneira simples.

“Eu sou Minseok, filho de Ares.” Respondeu com um sorriso de lado, não tinha costume de conversar com elas.

“Você está preocupado com a missão, não é?” Ela indagou curiosa, fazendo Minseok engolir em seco com aquilo. Como ela sabia? “Não se preocupe, se não chamaram você dessa vez, eles irão chamar na próxima.” Falou num tom calmo.

“Faz três anos que estou aqui e, por mais que eu lute bem e tenha uma boa  estratégia, nunca me chamaram para nada. Apenas queria dar orgulho para o meu pai…” Abaixou a cabeça ao falar, sentia-se mal por ser um dos últimos a saber que haveria uma missão e que, provavelmente, escolheriam algum filho de Atena, ou até mesmo Apolo.

“Não sinta-se dessa forma, tudo tem seu tempo. Seja mais confiante que sua hora irá chegar!” Ela falou sorridente, fazendo o garoto apenas afirmar com a cabeça. Até que conversar com uma náiade não era tão ruim.

“Obrigado.” Falou sério “Obrigado mesmo pelo apoio.” Se levantou rapidamente e curvou-se para a náiade. Minseok sentia-se como se tivesse feito uma nova amiga.

“Sempre estarei aqui.” Sussurrou antes de ver o futuro herói se afastar.

 

(...)

 

Minseok pegou um pouco de comida e enfiou de uma vez em sua boca. Continuou comendo como se não houvesse amanhã ao perceber o quanto seus irmãos estavam esfomeados.

“Pessoal, assim que terminarem de comer eu irei anunciar algo!” O chefe do acampamento disse num tom alto, fazendo com que todos os semideuses presentes ali o observassem curiosos.

“Eu avisei, ele irá falar sobre a missão.” Somi falou.

Minseok a ignorou por um momento, terminando sua refeição, apenas esperando o comunicado. Quando estavam todos de pratos vazios, ele havia voltado com um sorriso nos lábios.

“Primeiramente, alguns de vocês já estão sabendo sobre as missões e, dessa vez, para a primeira missão, que não exigirá tanto, iremos propor uma caça à bandeira.” Falou num tom alto, porém calmo, sorrindo de lado ao ouvir os campistas gritarem animados “Todo mundo tem chances para a primeira missão, então a pessoa que pegar a bandeira primeiro, vence.” Ele disse por fim.

“Nós poderemos escolher o nosso time?” Minseok indagou, já tinha algumas pessoas em mente para vir consigo.

“Claro, mas saiba que terá de ter o número igual de participantes, tirando aqueles que não participarão.” Respondeu “Se eu fosse vocês, começava a escolher o time agora. Daqui uma hora o alarme irá soar e com isso vocês terão que encontrar a bandeira, quem for o primeiro a retornar será o sucessor da missão.” Continuou, fazendo alguns garotos reclamarem pois já havia anoitecido.

 

(...)

 

Minseok havia ficado no mesmo time que alguns de seus amigos e, claro, Sehun. Só estava esperando que o mais novo não ficasse em sua cola.

Havia voltado para o chalé, onde viu seus irmãos pegando alguns itens e saindo rapidamente. Respirou fundo, deitou em sua cama por um momento, descansaria apenas por cinco minutos para depois colocar sua armadura.

Entretanto, não contava com o travesseiro macio que lhe puxava cada vez mais para um sono pesado. Se não fosse o alarme soando, não acordaria de jeito nenhum. Deu um pulo da cama e correu para colocar sua armadura, estava frito.

Irresponsável.

Era a única coisa que conseguia pensar no momento. Como queria trazer reconhecimento para seu pai sendo que nem ao menos acordava na hora correta?

Minseok correu para floresta ao colocar sua armadura, sabia um local onde provavelmente esconderiam a bandeira, era tudo questão de estratégia, tanto que muitas vezes os filhos de Atena eram vencedores. Enquanto parou para raciocinar direito, sentiu algo tocar em suas pernas, se assustou ao ver aquela cobra rastejando em seu corpo.

“Droga.” Grunhiu irritado, pegando sua espada e a jogando o animal para longe, sem se importar ao ver um semideus com a cobra envolta em seu braço.

Continuou correndo para a beirada do rio, se assustando ao ver as caçadoras de Ártemis lutando contra o time de Minseok. Ele era do time azul, enquanto elas eram do vermelho.

Se fosse em outra situação poderia até ajudar, mas naquele momento só queria uma missão para si, queria dar orgulho para todos do seu chalé. Se escondeu atrás de uma rocha e passou a visualizar o local, havia bandeiras coloridas nas árvores e semideuses por todos os lados. Pensou em pedir ajuda para alguma dríade, mas sabia que elas geralmente não se metiam nas caças à bandeira.

“Ora, ora…” Ouviu alguém lhe chamando. Respirou fundo antes de se virar e encontrar o filho de Hefesto.

“Oh, quanto tempo, Jongin-ah” Falou animado, segurando firme em sua espada e pensando como havia lembrado o nome do garoto. O moreno segurava seu espinhal de forma bruta, principalmente quando lhe atacou a barriga sem cerimônias. Quando viu o sangue escorrer mordeu os lábios fortemente e avançou para cima do garoto, lhe dando um soco no rosto antes de forçar a espada contra seu peito, fazendo o mesmo tentar se afastar.

“Kyungsoo gosta de você.” Minseok disse num sussurro. Aquilo foi o suficiente para fazer o rapaz arregalar os olhos e andar para trás, aproveitando a situação para dar-lhe uma pancada na cabeça, fazendo-o cambalear para trás. “Não foi dessa vez.” Sussurrou antes de voltar a correr à procura daquela bandeira. Suspirou pesadamente ao encontrar campistas do time adversário.

 

(...)

 

Minseok havia lutado contra os filhos de Apolo, duas caçadora de Ártemis e, claro, os próprios irmãos, mas nenhum deles havia encontrado aquela bendita bandeira. Realmente tinham pego pesado no momento da escolha do lugar... Já estava amanhecendo, havia passado tempo demais ali e sentia-se cansado por estar tanto tempo acordado sem ao menos tomar uma xícara de café.

Enquanto caminhava pelo bosque, notou um rastro de sangue em uma das árvores e passou a ir por aquele caminho. Tinha quase caído em uma armadilhas para pegar os animais do bosque quando se assustou ao ver aquele garoto parado em frente à bandeira dourada.

“Oh, pensei que não ia chegar nunca.” Disse, esbanjando um sorriso e segurando o braço que sangrava. Minseok o encarou desacreditado, se perguntando como ele havia conseguido encontrar a bandeira.

“Você estava me esperando?” Perguntou, mesmo sabendo a resposta. Então, sorriu de lado e se aproximou mais do rapaz. “Irá querer que eu lute com você?” Perguntou, arrumando a postura e recebendo um riso do garoto.

“Claro que não.” Respondeu rapidamente “Quero lhe entregar ela. Eu não seria suficientemente bom para essa missão.”

“Isso é sério? O que faz você pensar que eu aceitaria de bom agrado?” Minseok quase sentiu-se ofendido com o modo que ele havia falado.

“Quer que eu liste ou fale a principal?” Perguntou, vendo o rapaz revirar os olhos com aquilo “Primeiramente você quer que seu pai sinta-se orgulhoso de você ; segundo, trazer honra para seu próprio chalé.” Falou calmamente, fazendo o garoto dar um passo para trás. Se perguntou como ele sabia tanto.

“Sehun… Você...” Minseok ditou nervoso “Eu não posso aceitar.” Respondeu a ele, seu orgulho poderia sair ferido caso aceitasse.

“Se não aceitar, eu sairei daqui agora e avisarei para todos onde a bandeira está. Quer lutar contra eles?” Perguntou, colocando a mão na cintura.

“Eu… Você realmente não quer a missão?” Minseok perguntou, abaixando a cabeça.

“Eu prefiro ficar projetando, como você mesmo disse.” Esbanjou um sorriso sincero. Por um momento, até fez o coração de Minseok acelerar. Que sentimento era aquele…?

Se deixou rir e caminhou até a bandeira, a tirou do solo com certa força e abraçou Sehun, agradecendo pela oportunidade de fazer aquela missão e trazer boas recompensas para o próprio chalé.

 

(...)

 

“Não esperávamos menos de alguém do nosso chalé.” O líder do chalé comentou, reunindo os outros irmãos para fazerem “vivinha” com ele. Pegaram o garoto no colo e começaram a jogá-lo para o alto, gritando o quão estavam orgulhosos. Sentia-se receoso por estar “enganando” os irmãos, porém Sehun quis assim.

“Kim Minseok, parabéns por ter pego a bandeira sem ter se machucado tanto.” O diretor do acampamento o parabenizou, fazendo os rapazes lhe soltarem no chão. Arrumou sua armadura rapidamente e curvou-se para o homem, que sorriu. “Com isso você acaba de receber a primeira missão, mas eu apenas falarei dela amanhã. Podem voltar para seus devidos chalés.” Falou, olhando para todas as pessoas que o encaravam curiosos.

“Descanse um pouco, quando você acordar eu lhe darei a missão.” Ditou num tom sério. Minseok apenas afirmou com a cabeça e se retirou dali com a bandeira em mãos, estava feliz por Sehun ter lhe entregado, mas sabia que era errado a forma como agiu.

 

□■□

 

“Eu já estou pronto para saber a missão” Manteve a postura.

“Vejo que sim, eu estou bem feliz que tenha sido você. Faz algum tempo que estava querendo ir a uma missão, certo?”

“Sim, o senhor está certo.” Respondeu a ele, se apoiando na porta enquanto o observava mexer em alguns itens dentro de uma bolsa.

“Você sabe o que são as três pérolas?” Indagou curioso, fazendo Minseok parar um pouco para pensar.

“Claro, se forem as que eu estou pensando são as pérolas da Deusa Perséfone. Elas lhe dão a oportunidade de sair do submundo, caso as possua.” Comentou tudo que sabia sobre o item, recebendo uma confirmação simples.

“Você vai trazer as pérolas para nós, ok?”

“Eu vou ter que ir caçar uma simples pérola? Ok!” Sorriu ao falar, não seria tão difícil como imaginou.

“Não se iluda, as coisas não são tão fáceis assim.” Riu ao comentar “Elas estão no jardim da medusa e, com isso, eu não preciso dizer mais nada, não é?” Quis rir da cara que Minseok havia feito ao ouvir a missão por completo.

“E-eu terei que lutar contra a Medusa?” Não que estivesse com medo, mas chegava a ser incrível o quão arriscada aquela missão seria “Eu irei sozinho?”

“Você quer desistir?” Indagou pensativo.

“Não… É que eu corro riscos.” Riu ao falar “No entanto, estou animado com isso.” Foi sincero, tentaria dar o seu melhor na missão para trazer as pérolas de Perséfone para o acampamento.

“Para ser um herói, correr riscos é normal. Eu acredito que você usará bem seus dons e todos esses anos de treinamento.” Comentou “Dê orgulho ao seu pai e ao nosso acampamento. Entretanto, um aviso… Não seja igual a ele, seja inteligente!” Manteve uma seriedade ao falar aquilo, fazendo Minseok sentir os pêlos de seu braço arrepiarem.

“Isso é algum tipo de aviso?” Indagou curioso.

“Eu diria que está mais para um conselho.” Sorriu de lado “Arrume suas coisas, você partirá durante a noite.” Assim que ele falou, o garoto saiu da sala saltitando.

 

(...)

 

Minseok comia uma fatia de torta que uma das filhas de Dionísio havia feito para si.

“Está muito bom.” Agradeceu novamente ao levar um pedaço de torta à boca.

“Eu fiz com muito amor.” Falou, sorrindo de lado. Minseok a encarou por um momento e riu da expressão fofa que ela havia feito “Eu preparei uma bolsa com alimentos para você.” Continuou.

“Sério? Eu nem sei como agradecer.” Respondeu animado, sujando a boca de bolo.

“Pode me agradecer assim…” Falou ao fechar os olhos e selar seus lábios com os de Minseok, este que estava parado igual a uma estátua. “Eu trarei as coisas a noite, ok?” Ela falou antes de sair pulando pelo quarto.

Minseok ainda estava parado sem ter reação, nunca havia beijado ninguém e aquela garota roubou seu primeiro beijo. Quando a ficha caiu começou a gritar pelo quarto, não estava acreditando naquilo, principalmente porque não conseguia sentir atração física por garotas.

“O que houve?” Kyungsoo falou agarrando o irmão pelos braços, tentando acalmá-lo.

“Ela me beijou.” Respondeu a ele rapidamente, tirando uma gargalhada alta do rapaz.

“E daí?” Perguntou “Não vai me dizer que...” Colocou a mão na boca ao ver a reação do irmão, segurou o riso por um momento e suspirou.

“Eu não gosto de garotas.” Confessou, sentando-se na cama e fazendo Kyungsoo se engasgar por um momento, nunca imaginou que Minseok fosse gay.

“Mas você nunca ficou com um garoto para saber se gosta também.” Comentou com o irmão, que afirmou com a cabeça. Por um lado, ele tinha total razão.

“Eu sou tímido demais para isso…” Mordeu os lábios ao falar, não sabia como havia criado coragem para falar algo tão pessoal a alguém do mesmo chalé.

“Quer tentar?” Kyungsoo murmurou baixinho, sentando-se na cama e abraçando Minseok de lado “Eu já beijei alguns garotos, então eu te ajudarei, ok? Só feche os olhos.”

Com isso, Minseok havia ganhado seu primeiro beijo com alguém do mesmo sexo. Foi realmente bom, não soube descrever os sentimentos daquilo, seu coração estava acelerado e perguntava a si próprio se estava fazendo certo. Kyungsoo não havia reclamado nenhuma vez, tanto que quando se deram conta já estavam sem camisas enquanto o garoto sentia Kyungsoo pressionando seu quadril para um contato mais íntimo.

“K-kyung…” Minseok gemeu entre os lábios do irmão, separando-os.

“Olha como estamos.” Kyungsoo riu ao olhar para si mesmo, não estava acreditando que havia feito aquilo.

“É melhor pararmos, vai que alguém assiste a essa cena.” Comentou, indo para o outro lado da cama.

“Convidamos ele para participar.” Sorriu malicioso, dando um tapa fraco nas costas do irmão.

“Não sabia que eu tinha um irmão tão safado, Jongin tem sorte.” Falou antes de se levantar e ir para o banheiro que continha ali enquanto tentando normalizar sua respiração e controlar a ereção que havia se formado no meio de suas pernas.

“Quer uma ajuda?” Kyungsoo gritou do outro lado, arrancando uma risada de Minseok.

 

(...)

 

Havia colocado alguns itens básicos dentro da sua mochila, agradecendo aos céus por ter um amigo filho de Hermes. Sua mochila poderia parecer média, mas ela era realmente espaçosa. Colocou algumas mudas de roupa, facas, um espelho, alguns dracmas e dólares que havia ganhado e a principal coisa, essa que estava lhe deixando mais nervoso do que já estava:

Receber a comida de uma das filhas de Dionísio.

Suspirou pesadamente e arrumou seu moletom junto com o boné que estava usando, colocou sua pulseira encantada e saiu do quarto com a mochila já em suas costas.

Se assustou ao ver praticamente todos os chalés reunidos em volta do seu, engolindo em seco por toda aquela recepção.

“Min, eu trouxe.” Ouviu uma voz feminina chamar longe, sorriu de lado e agradeceu, aceitando aquela sacola decorada.

“Deve estar tudo muito gostoso.” Falou, sorrindo de lado “Obrigado, Suzy!” Agradeceu tocando em seu cabelo e segurando a sacola. Quando estava prestes a colocá-la na bolsa, sentiu as mãos quentes da garota tocar-lhe os dois lados do rosto e forçar seu rosto para alcançar seus lábios.

Aquilo quase o fez ter um infarto, seu rosto estava vermelho igual a um pimentão.

“Um beijo de boa sorte, não olhe nos olhos dela.” Ela disse antes de sair saltitante para se juntar às irmãs, essas que se reuniram em volta dela para saber o que significava tudo aquilo.

Minseok avistou os irmãos, acenou para eles e logo para Sehun, que não estava muito longe. Saiu do chalé enquanto os outros abriam passagem para si.

Viu o diretor do acampamento e sorriu para ele enquanto tentava não demonstrar seu nervosismo, algo que devia fazer para trazer honra ao chalé.

“Boa sorte, volte vivo, ok?” Falou, caminhando com o filho de Ares até a barreira do acampamento.

“Eu irei.” Deu total certeza antes de receber um toque de mão e retribuí-lo da mesma forma.

“Você sabe como nos contatar, certo?” Perguntou “Não olhe para as cobras.” Comentou.

“Sei sim, eu irei dar o meu melhor para recuperar as pérolas e trazê-las para o acampamento.” Falou, batendo continência. O diretor do acampamento chegou a rir com a determinação do filho de Ares.

 

□■□

 

Ilha Guam* era o local para onde Minseok estava indo.

 

Observava o táxi mágico passar rapidamente por todos os lugares dali, era incrível o quão bonito aquele lugar era, nunca imaginou que teria que procurar pela Medusa em um lugar onde há um mar tão limpo quanto o céu em seus melhores dias.

Parou em frente a um hotel, agradeceu e pagou com um pouco dos dracmas que possuía em sua mochila. Respirou fundo e passou a observar com mais cautela todos os lugares dali. Havia anoitecido, mas era tão lindo. Chegava a ser atraente demais, porém, antes de passear pelos pontos turísticos que havia ali, tinha muito o que fazer. Encontrar a Medusa não seria uma tarefa tão fácil, principalmente por estar numa ilha onde aconteceu uma invasão de cobras venenosas, ameaçando a fauna da ilha Guam.

Minseok tinha pavor de cobras.Não que fosse medroso ou algo do tipo, mas já havia sido picado uma vez e não gostava nem ao menos de lembrar da sensação que havia sentido.

Assim que adentrou o hotel, foi recepcionado por uma mulher muito bem vestida, pediu para abrir uma conta, já que passaria um tempo no Hotel. Quando terminou de resolver o check-in, pegou o cartão do quarto e seguiu em direção ao elevador. Prestes a fechar, viu uma figura masculina pedir licença e desculpa. Suspirou pesadamente ao ver o quão bonito ele era, tanto que seu coração passou a acelerar dentro do peito, sentiu sua garganta secar por um momento, fazia tempo que não sentia-se assim por alguém.

Por mais que estivesse estampado perfeição no rosto do garoto, balançou sua cabeça diversas vezes, tentando parar de observar o rapaz. Não podia desviar o foco da sua missão.

“Você está bem?” Parecia que um anjo estava falando consigo. Minseok piscou diversas vezes ao ver o estranho lhe encarando, arrumou sua postura e tentou não sorrir abobalhado para o outro.

“Claro, só meio perdido.” Respondeu casualmente, tentando não demonstrar o quão nervoso estava.

“Ah, entendo. Você não vai sair?” Perguntou, olhando para a porta do elevador aberta. Minseok corou violentamente e afirmou com a cabeça, se curvou um pouco e se desculpou por fazê-lo esperar.

Procurou o número do seu quarto e, assim que entrou, se assustou com a cama enorme que havia no centro. Fazia quanto tempo que não dormia em uma cama de casal e praticamente sozinho no quarto? Balançou sua cabeça diversas vezes, não podia ter aquele tipo de pensamento sem terminar sua missão. Assim que amanhecesse começaria a procurar pelos lugares mais isolados da ilha.

 

□■□

 

O filho de Ares desceu para o restaurante do hotel, sentando-se numa mesa afastada das demais. Assim que tomasse seu café e oferecesse ao seu pai, iria subir para organizar suas coisas e sair em busca da Medusa.

Ele já havia colocado algumas guloseimas no prato, comia sossegadamente quando viu uma figura deslumbrante entrar no restaurante. Engasgou-se com o pão de mel que comia, ainda mais quando os olhos dos dois encontraram.

O rapaz acenou em direção a Minseok, fazendo o garoto de grandes bochechas pensar que só podia ser uma miragem. Olhou para trás e realmente não havia ninguém, segurou a xícara de café e bebericou rapidamente, sem importar-se pela quentura. Quanto mais o garoto andava em sua direção, mais o garoto bebia o café.

“Bom dia! Desculpe por ontem, minha mãe me estressou demais, por isso eu não tive bons modos.” Falou ao sentar-se na mesa, fazendo Minseok parar de comer por um momento e apenas observá-lo por completo. Ao contrário de si, ele era totalmente extrovertido.

“Bom dia…” Respondeu num tom baixo “Tudo bem, acontece.” Sorriu de lado ao responder, voltando a comer suas coisas e se assustando ao ver o garoto pegando seu copo com suco de laranja e começando a beber.

“Sabe, você até que é charmoso. Está aqui a passeio?” Perguntou apoiando seus cotovelos na mesa, se aproximou mais do rosto do semideus que o encarava da mesma forma. Aquilo era repentino demais.

“Não, eu ‘tô a trabalho.” Respondeu de lado, tentando ignorar o olhar instigante que aquele rapaz possuía. Observava o modo que ele agia e tossiu quando viu o mesmo tirar um espelho de seu bolso e passar a encará-lo. Fechou os olhos e fez uma cara um tanto confusa ao ver o símbolo que aparecia no mesmo.

Uma pomba.

E, para Minseok, aquilo só significava uma coisa. Não era o único semideus naquela ilha.

“Oh, seu espelho é bonito. Comprou onde?” Jogou o verde, piscando diversas vezes na tentativa de mostrar um rosto mais infantil e curioso.

“Ah, você gosta? Foi um presente.” Respondeu sem ao menos tirar os olhos do espelho “Eu queria dizer que poderia ter outro, mas esse é único. Foi feito especialmente para mim, sabe?” Comentou, dando de ombros.

“Entendi… O que um garoto lindo igual você faz aqui?” Foi direto ao ponto. “A propósito, qual é o seu nome?” Indagou.

“Kim Jongdae.” Foi breve ao contar “Eu estou com a minha mãe, não posso deixá-la sozinha. Ela não gosta de poucas companhias, sempre pede para eu levar alguém para ficar com ela, muito carente.” Falou sorrindo, fazendo Minseok o encarar desconfiando.

“Seu nome é bonito e sua mãe deve ser realmente carente. Você deve ser um bom filho, mas por que dorme num hotel?” Comentou curioso.

“Eu me recuso a dormir no mesmo lugar que ela, mas não quero falar disso, pelo menos não agora.” Sorriu de lado e olhou nos olhos do filho de Ares, que sentiu seu coração acelerar no mesmo instante.

Tentou desviar sua atenção, mas era praticamente impossível. Por que ele tinha que ser tão lindo? Devia ser normal para um filho de Afrodite, no entanto o semideus nunca havia se deparado diretamente com um garoto como aquele. Sabia que o espelho que ele estava usando só podia ter sido entregue pela Deusa da beleza, mas o que soava estranho era o fato dele citar tanto sua mãe. Seria alguma adotiva? Afrodite não viria para uma ilha sem ter ao menos um motivo.

“Você quer subir?” Jongdae perguntou inocentemente, fazendo Minseok estranhar o pedido inesperado. Respirou fundo e afirmou com a cabeça, tinha que descobrir se ele era realmente um semideus.

 

(...)

 

Estava maravilhado com o quarto do garoto, era bem mais decorado que o seu e, apesar de tudo, tinha algumas roupas espalhada pela cama e nos estofados. Ao entrar no quarto, viu o mesmo tentando separar um espaço para o filho de Ares sentar-se.

“Não repara na bagunça.” Sorriu de lado “Sei que é de repente, mas pode esperar que eu tome outro banho?” Ele falou, começando a tirar seus sapatos e logo depois desabotoar sua calça. Minseok afirmou diversas vezes com a cabeça enquanto via o rapaz indo em direção onde deveria ser o banheiro.

Estranhou o fato de ter que esperá-lo se banhar, mas não disse nada. Aproveitou a deixa e começou a procurar alguma pista que denunciasse que ele fosse igual a si, era raro encontrar algum semideus fora do acampamento, já que a maioria tinha um ligamento por lá.

Abriu a mala de Jongdae e quase deu um pulo para trás ao ver aquelas algemas e alguns objetos mais obscenos, fechando-a no mesmo instante. Por acaso Jongdae era algum praticante de sadomasoquismo? Sentiu um arrepio percorrer por toda sua espinha, imaginando quando o garoto iria usar aquilo. Não que estivesse curioso, mas era estranho pois o garoto era lindo e educado apesar de tudo.

Se afastou da mala do rapaz e voltou a sentar-se no lugar de antes. Mordeu os lábios em anseio, principalmente ao começar a ouvir uma melodia um tanto doce começando, Jongdae cantarolava alto, sua voz era como o ninar dos Deuses.

Esperaria Jongdae sair do banho e logo sairia, tinha que se vestir e pegar sua mochila. Não podia perder muito tempo com ele, por mais que quisesse ficar um pouco a mais.

 

(...)

 

Jongdae estava completamente vestido, apenas colocando seus acessórios enquanto Minseok observava-o com certo desdém, principalmente pelo modo que se movia. Parecia ser cuidadoso com tudo, especialmente ao tirar uma pulseira de uma de suas malas, tossindo fortemente ao ver o quão linda ela era.

“Sua pulseira é linda.” Minseok elogiou, vendo o garoto se aproximar mais. Quase se engasgou ao ver a pedra que dava o charme principal “O que é isso?”.

“Uma pérola especial, ganhei depois de muito custo.” Falou ao suspirar. Minseok não estava acreditando, será que Jongdae sabia o que era aquela pérola ou até mesmo..? Ele poderia ter roubado da Medusa, ou a seduzido com seu charme extremo.

Com aquilo, soube exatamente que ele era filho de Afrodite. Possuía confiança em tudo e em nenhum momento se preocupou em esconder os fatos que o filho de Ares perguntava. Talvez estivesse confiante o suficiente para fazer Minseok esquecer suas memórias após deixar aquele hotel.

“Aonde você irá?” Minseok perguntou ao ver o garoto pentear seus cabelos para trás.

“Irei conversar com a minha mãe. E você, tem para onde ir?” Perguntou, colocando seus sapatos.

“Sim, eu tenho algo muito importante para fazer.” Sorriu ao falar, olhando discretamente para a pérola no pulso de Jongdae.

“Nos vemos mais tarde? Poderíamos jantar juntos.” Jongdae convidou, fazendo o semideus corar pelo pedido, mas apenas confirmou com a cabeça e saiu junto a ele do quarto. Ao deixá-lo em frente ao elevador, sentiu os lábios macios do garoto tocarem sua bochecha.

“Até depois. Minseok-ah” Jongdae piscou de lado e logo apertou o botão do elevador para descer. Aquilo foi um tiro no coração do filho de Ares, sentiu sua garganta secar e o coração acelerar. Tentou manter a calma e voltou para o andar em que estava ficando.

 

(...)

 

Minseok adentrava uma caverna, tendo pouca iluminação mesmo que estivesse com um sol escaldante lá fora. Mordeu os lábios fortemente ao ver duas cobras rastejando perto do seus pés, prestes a dar o bote. Segurou a pulseira do seu pulso e, em seguida, viu a espada aparecer, seu brilho reluzindo no local. Cortou a cabeça das duas cobras e saiu o mais rápido que pôde dali, se deparando com duas crianças lhe encarando e ohando com curiosidade para sua mão.

“M-mamãe” Um menininho gritou para a mulher que estava de costas para o filho. “Ele tem uma arma.” Continuou a gritar pelos sete cantos. Minseok se deu conta que sua espada ainda estava aparecendo, mas a névoa fazia os humanos verem uma coisa de fácil entendimento para si.

Guardou sua espada, observando a mãe do garoto se aproximar.

“Não o deixe perto dessas cavernas, estão cheias de cobras.” Ditou antes de começar a correr. Vai que o garoto resolvesse voltar a falar que ele estava com uma “arma”.

Voltou a caminhar pelas rochas, observando o mar maravilhoso. Sentia vontade de nadar, porém não podia se dar ao luxo, tinha uma missão para completar. Sabia onde estava uma pedra, agora só faltavam mais duas.

 

□■□

 

Jongdae mantinha os olhos abaixados, suspirando pesadamente ao ouvir o sermão da mulher a sua frente.

“Você trouxe alguém?” Perguntou.

“Eu não consegui ainda, mas irei trazer. Só preciso me familiarizar mais com o local.” Respondeu com um sorriso de lado, não queria mais agir daquela forma, porém não tinha opção.

“Tudo bem, eu estou me sentindo muito sozinha. Deveria fazer você permanecer comigo para sempre?” Se aproximou, abraçando Jongdae, que fechou os olhos com força ao ouvir aqueles zumbidos em seu ouvido.

“Eu irei trazer alguém, mãe.” Jongdae falou calmamente, pousando sua cabeça no peito da mulher que acariciava seus fios escuros.

“É assim que gosto, confio em você.” Deu um beijo na testa do menino e se afastou, até porque tinha que arranjar um novo lugar para colocar seu futuro companheiro.

 

(...)

 

O garoto caminhava a beira mar enquanto chutava um pouco da areia morna. Observou um casal com seus filhos, sentindo um pouco de inveja daquelas crianças, o suficiente para fazê-las se aproximar e dizer para irem ao mar.

Não sabia o porquê de ter feito aquilo, mas sempre que conversava com  sua mãe, sua mente ficava transtornada, o modo que ela o manipulava era doloroso.

Ouviu os gritos dos pais das criança, tentando correr até o mar para salvá-los, mas o que não esperava era ver Minseok se despindo numa velocidade descomunal para um ser humano. Ele havia entrado no mar onde pegou as duas crianças.

“Muito obrigada” A mulher soluçava ao falar, o garoto apenas sorriu e afirmou com a cabeça, pedindo para as crianças serem mais cuidadosas e que os pais prestassem mais atenção.

Jongdae ouviu aquilo tudo sentindo-se a pior pessoa do mundo por ter provocado aquilo apenas por inveja da felicidade alheia. Mal percebeu quando as lágrimas começaram escorrer pelo seu rosto, vendo Minseok se aproximar preocupado.

“Aconteceu algo?” Indagou, colocando suas mãos nos ombros de Jongdae, este que agora chorava igual a um bebê. Não devia ser assim, é um filho de Afrodite, deveria apenas esbanjar amor e beleza, não tristeza e inveja.

“Eu sou uma pessoa horrível.” Falou entre soluços, tentando limpar as lágrimas que escorriam em suas bochechas.

“Não é não, calma. Aconteceu algo?” Tornou a perguntar novamente. Suspirou pesadamente e sentiu-se estranho, porém puxou o rapaz para um abraço apertado.

“Eu prefiro não responder.” Falou, retribuindo o abraço caloroso que o garoto estava lhe dando “Podemos sair daqui?” Perguntou.

“Ok, eu irei pegar minhas coisas.” Disse ao se tocar que estava sem sua camisa. Correu até onde estavam suas coisas e se vestiu no mesmo instante, indo em direção a Jongdae, fazendo o garoto que antes chorava voltar a sorrir radiante.

 

(...)

 

Estavam conversando animadamente sobre as coisas que gostavam de fazer e até mesmo sobre a própria família. Minseok não tinha muito o que falar do pai, só que queria trazer orgulho para ele e para os irmãos, deixando de contar que tinha mais irmão do que os próprios dedos das mãos e dos pés, claro.

Já Jongdae lhe contou que havia sido abandonado quando criança e foi adotado por uma mulher. Nisso, ele a considera mais que tudo pelo motivo dela ter cuidado de si quando não tinha mais ninguém por perto.

Por mais que ela lhe obrigasse a fazer coisas que não gostava.

Minseok preferiu não perguntar o que aquilo significava, pois era uma coisa pessoal. Não tinham tanta intimidade para aquilo.

Jongdae era divertido e sedutor, tinha alguns momentos em que ficava ao seu lado e mal percebia o tempo passar, pois ele tornava tudo simples e fácil. Passou três dias junto ao garoto, havia deixado sua missão de lado por um tempo, visando em cuidar do filho da Deusa do amor. Não sabia exatamente quando ficou tão preocupado com ele, mas sentia-se na obrigação de cuidar do menino até ele estar 100% bem com a sua autoestima.

Minseok se descobriu nesses três dias. Ele realmente gostava de homens e Jongdae apenas ajudou a confirmar após Kyungsoo, não sabia se era o charme em excesso, mas não queria pensar na hipótese de separar-se do semideus. Podia estar sendo usado, mas queria aproveitar aqueles momento ao máximo.

 

(...)

 

Minseok tocou os pulsos do garoto e observou a pérola reluzir a luz. Tinha oportunidades para pegá-la, mas preferia ter as outras duas primeiro. Deixaria Jongdae por último.

Tomou um banho rápido e logo se vestiu confortavelmente enquanto encarava sua pulseira por um momento. Não podia enrolar mais, era hoje ou nunca.

Saiu do quarto e encontrou Jongdae sentado na cama, ele estava cabisbaixo ao mesmo tempo em que observava sua pulseira.

“Eu sei de tudo.” Minseok falou ao se aproximar “Você é um semideus, certo?” Perguntou enquanto se sentava ao lado do garoto, este que lhe encarou assustado. Tentava procurar respostas no olhar de Minseok, mas não encontrava nada.

“Como…” Tentou formar alguma frase, mas sua mente simplesmente ficou em branco, sorrindo de lado para o outro “Quem é você?” Perguntou, se levantando.

“Kim Minseok, sou filho de Ares.” Curvou-se minimamente e estranhou o modo que o outro riu.

“Tinha que ser, seu pai e minha mãe têm um caso de décadas, não é impressionante o fato de eu ter me interessado em você.”

“Eu não quero saber deles, é sobre eu e você. Você está irritado por quê?”

“Você quer isso, não é?” Apontou para sua pulseira, o semideus tentou desviar o olhar, mas nem ao menos conseguia “Eu estou com raiva por você ser um semideus, de ser tão bonito e gentil. Droga, eu nem ao menos consegui te iludir.” Aumentou seu tom, jogando o abajur ao seu lado na parede.

“Me iludir, isso é sério? Por que você tem que agir dessa forma?” Respondeu.

“É para isso que eu sirvo, para seduzir e enganar as pessoas.” Gritou o suficiente para fazer o semideus se afastar. Jongdae parecia transtornado ao saber daquilo.

Ele queria chorar por ser tão idiota e ter se apaixonado por alguém em tão poucos dias. Seu coração fraco que sempre era o primeiro a amar estava vacilando a tempos consigo. Ao ouvir aquilo de Minseok, tudo foi por água abaixo. Preferia nunca nem ao menos ter se envolvido com o mesmo, se arrependeu do momento que o viu no elevador, até quando foi falar com ele na mesa do café da manhã.

Se arrependia de tudo.

Pois não queria que Minseok tivesse que sofrer as consequências dos seus atos.

Saiu correndo do quarto do hotel, a única coisa que conseguia pensar pelo caminho era em como pedir desculpas para sua mãe e dizer-lhe que traria diversas pessoas se ela desse mais uma chance.

Pois a única coisa que ultimamente ela estava querendo, era um semideus.

 

Minseok estava confuso com a reação de Jongdae, principalmente ao vê-lo correndo do quarto. Pensou em deixar para lá, mas não queria ver ele mal por conta do que havia falado e, principalmente, tinha que pegar a pérola. Preferia que fosse de um modo pacífico,  não queria ter de usar a violência com ele.

Não viu outra alternativa a não ser seguir o outro. Pegou um táxi e pediu eufórico para ele ir atrás do outro carro. Claro que o moço estranhou, mas apenas fez o que lhe foi pedido, se afastando do centro da ilha. Olhou a tarifa e engoliu em seco, o valor estava ficando alto demais.

“Pare o carro.” Minseok gritou ao ver Jongdae parando em frente a um estabelecimento abandonado. Quase que deu para trás ao ver aqueles ratos mortos e cobras que rastejavam para dentro do local.

Por que diabos Jongdae iria entrar num lugar como aquele? Revirou os olhos e pagou o motorista, sentindo as lágrimas se formando.

 

(...)

 

Minseok entrou no estabelecimento na ponta dos pés, mordendo o lábio ao ver novamente uma cobra rastejar perto de si. Tentou ignorá-la e passou a observar Jongdae parado em um tipo de chafariz, se apoiando e suspirando pesadamente, aparentando estar cansado. Pensou no quão chateado ele deveria ter ficado em ter sido descoberto daquela forma. Encarou a pulseira em sua mão e observou o local, parando quando notou como era a decoração.

Estátuas para todos os lados, essas realísticas demais. Chegou a segurar a risada ao ver um homem de braços para cima, todo desengonçado com uma expressão assustada. No entanto seu riso foi se dissipando quando viu aquela mulher alta com um turbante em sua cabeça. Ela usava uma roupa escura junto a um óculos de sol. Quem usava óculos de sol, onde nem ao menos batia tanta claridade?

Revirou os olhos e quase começou a tossir ao ver a mulher abraçando Jongdae, afagando seus cabelos.

“Mãe.” Ele falou num tom baixo, mas o suficiente para Minseok e a mulher ouvirem. Ela não era tão esquisita como imaginou que seria, seu estilo era confuso, mas essas coisas não seria ele a discutir.

“Por que está aqui? Trouxe-me alguém?” Ela perguntou, ainda alisando os cabelos do filho.

“Eu não… Me desculpa, eu não consigo.” Se afastou ao falar, vendo a mulher respirar pesadamente. Minseok deu um passo para trás ao ver a expressão que ela havia feito.

“Você me trouxe todas essas pessoas, por que é tão difícil trazer mais alguém? Eu deveria ter você de enfeite no meu jardim? Seria magnífico, olhe para o seu rosto.” Falou, passando os dedos pelo contorno do rosto de Jongdae, fazendo-o se afastar por um momento.

“Eu trarei alguém, mas não sei quando.” Respondeu brevemente “Uma pessoa desamparada na rua, eu irei trazer.” Repetiu aquilo diversas vezes, era notável o medo em seus olhos, principalmente ao ver a mulher rindo e retirando seus óculos escuros, Jongdae desviou a atenção e, por um momento, seus olhos se encontraram com o de Minseok.

“Porra.” Praguejou mentalmente.

“Você acha que eu sou o quê? Não quero um mendigo qualquer, quero um semideus.” Falou enquanto segurava os ombros de Jongdae, ditando algumas palavras antes de seu turbante ir parar longe, dando lugar para aquelas serpentes ao invés de cabelo. Minseok grunhiu com aquilo, só podia ser mentira.

Jongdae não podia ser afilhado da Medusa, não podia.

“Por favor, mãe, para com isso…” Falou num tom baixo, sem olhar para a mulher.

“Parar? Eu te acolhi quando nem seus pais queriam você, com o único desejo de você trazer pessoas para perto de mim. Não sabe mais usar o seu charme?” Dizia aumentando o tom, estava nervosa “Não sabe o quanto eu sofri? Tive que me esconder, pedindo para um semideus o qual deveria manter distância me ajudar.” Falou com mágoa. Jongdae chegou a tremer com todas aquelas palavras, fez um sinal baixo para Minseok sair dali o mais rápido possível.

“Você quer me transformar em uma estátua? Vai fundo.” Se deu por vencido. Sua mãe tinha total razão, deveria estar ali para cuidar dela e não ficar contra suas palavras, por mais que o que ela fizesse fosse errado. Muito errado!

“Que lindo, eu realmente te agradeço por isso.” Ela falou com um sorriso nos lábios. Sentia-se mais feliz com aquilo, sabia que podia ter a confiança de Jongdae, pois ele faria de tudo para si.

Minseok estava prestes a se aproximar mais quando esbarrou em uma das estátuas, prendeu os lábios dentre os dentes, tentando conter o gemido de dor.

“Ora, ora… Acho que temos visitas.” Disse com um sorriso estampado nos lábios. Minseok apenas iria pegar Jongdae e sair dali, mas as coisas não estavam funcionando do jeito que queria.

“Mãe. Mãe!” Jongdae a segurou pelo braço, impedindo-a de sair dali, mas isso só fez com que as serpentes em seu ‘cabelo’ fizessem um barulho tremendo, assustando o garoto, esse que foi jogado de lado pela mulher.

Começou a andar pelo corredor enquanto o filho de Ares tentava inutilmente se esconder entre aquelas plantas e estátuas. Rezou para seu pai e para todos os outros deuses, pedindo para que o ajudassem naquele momento crucial. Não por si, mas por Jongdae, que parecia emocionalmente abalado, principalmente ao vê-lo se humilhar para fazê-la parar.

“Eu estou orgulhosa, filho.” Ela pronunciou de forma lenta “Me trouxe um semideus.”

Minseok desembainhou sua espada e se levantou de onde estava escondido, dando de cara com a mulher, que sorriu aberto para si. Desviou o olhar e tentou se afastar da mesma quando ela vinha rapidamente em sua direção, lhe pressionando em uma parede. As cobras sussurravam enquanto a Medusa tentava fazê-lo lhe encarar.

“Eu não vou olhar.” Minseok gritou. “Jongdae, saia daqui. Rápido!” Gritou para o garoto que tremia em um canto. Ele não sabia como reagir diante aquilo, queria dar orgulho para sua mãe, mas ao mesmo tempo queria ficar mais tempo com Minseok.

“Me perdoa, Min…” Jongdae falou, saindo do lugar que estava e segurando a mulher pelos braços. No mesmo tempo em que o garoto ia desferir um golpe, o filho de Afrodite gritou de dor pelo fato de ter sido picado por uma das serpentes.

O que é que havia aprendido esse tempo todo no acampamento? As lutas diárias, as provocações, o que lhe serviam se nem ao menos conseguia destruir aquele monstro? Passou a desferir golpes pelo ar, tentando acertar a mulher. Não imaginava que fosse ser tão difícil assim, queria apenas matá-la e pegar as pérolas. Depois disso, tudo estaria de volta ao normal e, claro, tentaria levar Jongdae consigo para o acampamento.

“Jongdae, depois disso aqui teremos uma boa conversa, me ouviu?” Deu-lhe um sermão enquanto estapeava o rosto de Minseok, fazendo o garoto ficar desnorteado por alguns segundos, principalmente ao sentir sua pele queimar com o contato das unhas da mulher. Endireitou sua postura e a atacou na barriga, tirando dela um riso esganiçado. Por que nem ao menos demonstrava estar com dor?

“Isso é tudo?” Perguntou, fazendo o garoto ter vários flashbacks do seu tempo no acampamento onde provocava os outros campistas para tentá-los fazer se tornarem os melhores no que fazem. O pior foi que não tirou proveito de nada daquilo.

Sentia-se um lixo naquele momento, estava decepcionando seu chalé, seus pais e todos aqueles que acreditaram que traria as pérolas. A pior parte de tudo era que mal conseguia lutar contra ela, seus golpes não lhe atingiam em cheio. Entretanto, no momento em que sua espada passou de raspão em uma de suas serpentes, um grito pôde ser ouvido. Foi sua única esperança.

“Um filho de Ares e um filho de Afrodite… Que icônico.” Disse brincando quando Minseok tentava lhe atingir mais uma vez. Seu ponto fraco era a cabeça, tinha certeza sobre isso, mas do modo que ela se movia era difícil demais pegá-la “Tal pai, tal filho. Uma pena que a paixão de vocês irá acabar logo.” Falou ao se afastar do garoto, caminhando até Jongdae que tentava miseravelmente tentar se livrar da dor em seu rosto.

“Não faça nada com ele.” Minseok gritou, estava sentindo-se um idiota por ter confiado em Jongdae enquanto ele todo aquele tempo sabia onde a Medusa estava. Porém, não podia culpá-lo, ele nem ao menos sabia que o outro era um semideus e estava em uma missão para capturar as pérolas de Perséfone.

“Por que eu não deveria?” Indagou curiosa, voltando a se aproximar de Minseok, esse que havia soltado sua espada. Não acreditava que estava pensando em se render para defender Jongdae.

Pai, me perdoe. Eu tentei ao máximo, mas não posso deixá-lo dessa forma, ele é bom demais para viver miseravelmente ou até mesmo morrer dessa forma.

Pensou enquanto observava Jongdae por uma última vez. Podia livremente decapitar a cabeça da mulher naquele momento, mas sabia que as linhas roxas que estavam se formando no rosto de Jongdae não sairiam facilmente.

Sentiu a mulher puxar seus cabelos para trás, desviou seu olhar o máximo que pode até receber uma picada da mesma serpente que Jongdae havia sido mordido. Mordeu os lábios fortemente, aquilo doía demais.

Empurrou a mesma com força, agarrando as serpentes e sentindo as mesmas se enrolarem em suas mãos. A dor das mordidas eram horríveis, queria simplesmente parar, mas não podia. Não agora.

Ela gritava alto o suficiente para ensurdecer Minseok, criando a brecha que faltava para a mesma lhe chutar na barriga. O garoto caiu de costas para uma estátua, sentindo o impacto machucar sua coluna, gemendo de dor.

Pediu aos céus por alguma ajuda, mas nada vinha, nem uma luz ou até mesmo alguma mensagem.

"Foi ótimo conhecê-lo, você é um belo filho de Ares." Disse com a voz arrastada  "Jongdae caiu em seus encantos e não você nos deles, mas não o culpo, você é realmente bonito." Comentou enquanto ia se aproximando mais do corpo de Minseok. O menino tentava se levantar, porém suas costas doíam muito.

Estava igual a um lixo naquele chão, um filho do Deus da guerra, que não consegue nem ao menos ter êxito numa missão daquelas. Iriam rir sempre que se lembrassem daquela missão, se é que lembrariam.

Os três anos que passou no acampamento, treinando como se não houvesse  amanhã não lhe serviram de nada no momento. Podia ser forte para derrotar campistas, mas não alguém como a mulher em sua frente. As coisas se tornavam piores, principalmente ao vê-la arregalar os olhos para si, as palavras se tornando tentadoras. Mordeu seus lábios na tentativa falha de controlar seu consciente para não a encarar.

“Não olhe.” Jongdae gritou falhado, se arrastando até onde Minseok estava e se colocando em sua frente, impedindo a Medusa de atacar o garoto. Seu rosto ardia como o inferno, no entanto não pararia por aquilo “Mãe, para com isso. Eu trago outras pessoas, mas deixe ele para lá.” Implorou pela última vez, sentindo-se horrível por não ter prestado atenção na hora de vir visitar sua mãe. Se Minseok não o tivesse seguido, nada disso estaria acontecendo.

“Eu me interessei por ele, bonito demais. Será perfeito ter dois amores como estátuas no meu jardim.” Ela falou, se abaixando na altura dos dois, suas serpentes haviam feito um ótimo trabalho.

Minseok encarou Jongdae por um momento e sorriu de lado, puxando a pulseira com a pérola, prendeu a mesma em suas mãos e respirou fundo.

“É, ao menos eu capturei uma, pai.” Murmurou baixinho, não poderia ser considerado um herói fracassado ao menos.

Naquele momento sentia-se perdido, não deveria ter aceitado a bandeira de Sehun, muito menos ter agido como se fosse o vencedor da caça a bandeiras, afinal, a missão era dele. Não era para ter ido até ilha, conhecido Jongdae e ter o seguido, se pelo menos tivesse paciência para tudo se ajeitar...

“Não espero menos de um filho de Ares. Sempre tão burrinhos…” Murmurou quando segurou Jongdae pelos cabelos “Me sinto mal por estar fazendo isso, mas depois dessa cena você não me servirá de nada.” Sorriu antes de passar a murmurar algumas palavras gregas para o garoto. Minseok segurou firmemente a mão de Jongdae e logo viu o menino lhe encarar sorrindo, as marcas estavam transformando o rosto belo de Jongdae em um coágulo de veneno, entretanto não se importou com aquilo.

“Eu me arrependo de tudo.” Jongdae resmungou fraco, recebendo um selar na cabeça de Minseok, que apenas afirmou com a cabeça antes de sentir as unhas da mulher cravarem em seu pescoço, forçando-o a encarar.

Por mais que estivesse sem forças, segurou o braço de sua mãe, tentando forçá-la a parar com aquilo. No entanto não adiantou de nada, apenas sentia os olhares em cima de si. Principalmente ao ver Minseok a encarando.

Medusa sentia-se satisfeita por ter conseguido mais um semideus em seu jardim, por mais que isso estivesse lhe custando a perda de um filho. Observou o corpo alheio sendo petrificado aos poucos enquanto Jongdae apenas sentia as lágrimas escorrerem pelo seu rosto ardente. Não conseguia acreditar que seu fim seria ali.

"Você fez um bom trabalho! Trouxe-me um filho de Ares." Sorriu orgulhosa, acariciando o rosto do filho. Ela não desejava petrificá-lo "Eu te amo, meu filho." Forçou seus dedos contra o pescoço do menino, vendo-o tentando se livrar do aperto, tudo isso em vão. Desistiu, olhando-a diretamente nos olhos e sendo petrificado aos poucos.

Não era assim que ela queria ver Jongdae, mas não tinha culpa se seus afilhados nunca faziam as coisas certas. Agora só restava aparecer outro semideus para preencher o vazio que iria durar por milênios, pois uma pessoa igual Medusa só serve para trazer sofrimento.



 


Notas Finais


Ilha Guam é uma ilha que estava tendo infestamento de cobras venenosas e tal, ai eu pensei, porque não usar ela? Tenho que agradecer a Jaque por ter me ajudado nisso <3.
Eu quero agradecer a Marina (n silva q), a Rubia, a Yas, Jaque, pra todas garotas que me aguentaram falando de quantas palavras estava dando, que aguentaram meus surtos de ansiedade e tal, eu adorei essa fase pois pude escrever com o meu otp e um filme que eu gosto mt, apesar de preferir os livros -q.
Espero que tenham gostado dessa fanfic, tanto quanto eu e me desejem sorte pra passar pra terceira fase <3
Comentem o que acharam =3333333


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