História Sonho em Madri - Promessa

Amanhã finalmente vou viajar para Madri, só preciso aguentar o dia de hoje na escola e pronto.

—Âmbar, não vá esquecer suas responsabilidades na viagem, entendeu? Estude e pratique, não pode ser a melhor se ficar se concentrando em diversão. —a madrinha diz autoritária.

—Sim madrinha. —respondo baixo.

Me pergunto o que eu poderia fazer para orgulhá-la, a madrinha mal fala comigo, fica sempre de segredinhos com o Rei, as vezes acho que ela o considera mais do que a mim. Será que a madrinha gosta de mim?

Que pergunta boba Âmbar, se ela não gostasse de você não teria te criado depois da morte dos seus pais, ela teria te deixado só no mundo, ou pior, em um orfanato. Penso.

—Você tem certeza de que dará certo você viajar sozinha para Madri? Lá não é um interior que você pode conhecer cada canto em um dia, Âmbar. —diz séria. Ela está se preocupando comigo? Acho que meus olhos estão lacrimejando.

—Não se preocupe madrinha, já viajei algumas vezes para Madri com a senhora e conheço bem os lugares que quero ir, não irei em lugares perigosos onde eu corra algum risco. —digo gentilmente, acho que nunca me senti tão feliz.

—Não pense errado minha querida. Não estou preocupada com você, mas sim comigo. Não gosto de pensar no escândalo que seria se algo acontecesse com minha afilhada, sem contar que se você se perdesse, daria muita dor de cabeça ficar lhe procurando e não preciso de mais enxaquecas. —diz por último, se levantando e saindo da mesa.

Não dá, não posso segurar. Pouco a pouco, as lágrimas começam a cair, incessantemente. O que eu estava esperando? É a madrinha, ela não tem porque se preocupar comigo.

—Âmbar? Você tá chorando? —droga, essa voz. Agora não!

—Eu? Chorando? Está vendo coisas Luninha, eu não tenho motivos para chorar. —seco o rosto, discretamente. —Minha madrinha e eu já terminamos o café, pode pedir pra sua mãe ou a Amanda retirar a mesa. —digo por fim, saindo rapidamente da sala de jantar.

Para piorar minha vida, a doce Luninha tem que morar sobre o mesmo teto. Inferno na escola, no Jam e Roller e na minha própria casa. Só o que me falta é ela começar a trazer o Matteo aqui, como eu fazia antigamente...

~Flashback On~

—Matteo! Matteo, cadê você? —pergunto. Aonde foi que ele se meteu?!

—Cuidado minha rainha, pode acabar caindo na piscina! —Matteo grita de longe, segurando minha cintura, ameaçando me empurrar na piscina.

—Matteo, para! —me debato, fazendo ele rir. —Para, não tem graça! —tento soar séria, mas acabo rindo ao olhar pro rosto dele. Tão lindo, meu amor.

—Hmm. —diz, fingindo pensar. —Não me soou muito convincente. —diz por fim, me levantando nos braços e pulando na piscina comigo.

—Matteo! Que droga! —digo, rindo.

~Flashback Off~

Passamos o resto da tarde brincando na piscina aquele dia. Fizemos guerras de água, brincamos de quem segurava mais o fôlego embaixo d’água –Matteo sempre trapaceava. Eram os momentos mais felizes da minha vida; quando estávamos juntos.

Matteo, você se diverte com a Luna? Você a chama de ‘meu amor’, ‘minha rainha’? Você sente minha falta? Penso. Quando dou por mim já estou chorando de novo. Essa não sou eu, não mais.

—Esqueça ele Âmbar, você é melhor do que tudo isso. —digo em voz alta.

—Esquecer quem? —Luna pergunta.

—Está me seguindo hoje ou é só impressão? —pergunto, ignorando-a.

—Não, eu não estava. Apenas queria saber se quer ir pra escola comigo. —coça a nuca, envergonhada. Tentando ser minha amiga? Que lindo da sua parte, Luninha.

—Eu não sou o Matteo, não gosto que me sigam por todos os lugares, aparecendo sempre onde não deve. Também não sou sua namorada, não preciso te acompanhar até o colégio, essa não é minha função, ficou claro? —pergunto séria. Sim, essa sou eu. Eu sou a melhor e isso não podem tirar de mim.

—Desculpa, eu só... —tenta dizer, mas a interrompo.

—Você, só, o quê? —finjo que estou confusa, a imitando. —Eu não vou com você, não me importa o que você queria, tá? Agora eu vou pro meu quarto, quer me seguir agora ou você prefere fazer isso sem eu saber? —digo irônica.

—Não, eu já estou indo, desculpa. —diz rapidamente, saindo da sala.

Sem dúvidas a melhor parte de estar em Madri, vai ser ficar longe da Luna.

~~S.E.M~~

Voltando da escola, suspiro imensamente aliviada. O dia não podia ter sido mais insuportável, parece que não foi só a Luna que resolveu me seguir hoje, mas o casal completo.

Onde eu estava, eles dois apareciam. Se eu não conhecesse bem a Luninha e sua personalidade de anjo, até imaginaria que tudo isso foi proposital para me irritar. Já não basta roubar meu namorado e parceiro na pista, agora tem que esfregar ele na minha cara por todos os cantos?

Delfi e Jazmin terão que ficar de olho nessa garota enquanto eu estiver viajando, mesmo longe e querendo descanso, não posso ficar desinformada das coisas por aqui.

Decidida a deixar as coisas claras, ligo pra Jazmin e pra Delfi no vídeo chamada.

—Que bom, estão juntas, então não preciso fazer um vídeo conferencia. —digo ao vê-las juntas na tela. —Onde é que vocês estão? —pergunto confusa.

—Em um karaokê novo, toda a galera está aqui. —dizem animadas. Como é que é? Elas estão juntas em um karaokê novo e não me chamaram?

—Estão querendo ser substituídas ou o quê? —pergunto ameaçadoramente.

Elas ficam caladas por alguns segundos, antes de voltar a falar. Elas parecem pensativas demais, esse não é o forte delas. O que tá rolando?

—O que foi? O gato engoliu a língua de vocês? Me respondam! —bufo irritada.

—Desculpa amiga, temos um grande motivo para não ter falado nada pra você. —Delfi diz, receosa.

—É melhor que seja o melhor motivo de todos.

—Quando dissemos que toda a galera estava aqui, estávamos falando sério. —elas dizem, virando a câmara em direção ao canto do local, mostrando o Matteo e a Luna, abraçados e sorrindo. —Desculpa Âmbar.

—Não importa, karaokês novos sempre são uma droga. Avaliem tudo e me informem, se valer a pena eu irei aí quando voltar de Madri. —digo arrogante. Eles parecem tá se divertindo tanto.

—É claro amiga, faremos isso. Vai mesmo pra Madri amanhã?

—É claro, minha passagem já tá comprada. Amanhã ótimas compras me esperam. —sorrio.

—Se divirta muito amiga e nos desculpe por não poder ir com você até o aeroporto. —dizem de cabeça baixa.

—Isso não importa, a partir de agora preciso de um tempo só pra mim, assim é melhor.

—Amiga, alguém vai cantar, a gente volta depois. —dizem rápido, desligando antes deu poder responder. Que belas amigas eu tenho.

Luna e Matteo estão se divertindo tanto e eu aqui, pensando nele. Você nem lembra mais de mim não é? Nem de sua promessa.

~Flashback On~

—Oi meu amor, não me esperou na sua casa hoje. —Matteo diz, tentando me beijar, mas desvio.

—Por que eu deveria esperar meu ex? Não faz o menor sentido. —falo séria, fazendo-o arregalar os olhos. É melhor não se fingir de inocente, Matteozinho.

—Ex? Meu amor, do que você tá falando. —ele pergunta “confuso”.

—Não sei, por que não pergunta para aquela garota com quem você estava no Jam e Roller ontem? Tenho certeza que ela vai amar te responder e até mais. —digo irritada, virando as costas.

Ele me puxa, fazendo com que eu o encare. E lá se vem as desculpas. Eu não vou perdoar dessa vez.

—Eu tenho uma excelente explicação pra isso. —diz sério.

—Você tem andado com a Delfi e Jazmin? Essa frase é delas e vai por mim, nunca existe uma boa explicação. —digo com ironia, virando a cara.

—Mas a minha tem. Gastón queria o número daquela garota e me pediu para pegar com ela. —diz sério, me fazendo rir.

—Essa é sua desculpa, tá falando sério Matteo? —pergunto inconformada.

—É sério, não acredita em mim? —ele pergunta, fazendo aquele olhar galanteador. Seu apelão injusto.

—Por que eu deveria? —pergunto com dificuldade quando ele se aproxima, segurando minha cintura.

—Porque você sabe que eu te amo e que não existe garota pra mim além de você. —ele sussurra no meu ouvindo, fazendo arrepios percorrerem meu corpo.

—Não é motivo o bastante. —sussurro de volta, empurrando ele.

—Gastón não tem muita autoconfiança, então ele pediu pra mim porque sabia que ela daria o número. —insiste.

—E você tinha que fazer? Não acha que isso é desrespeito comigo? E se alguém visse? Imagina que lindo seria. O namorado de Âmbar pede número pra outra garota, o que será que vem a seguir? —digo séria. —Daria uma ótima notícia, não?

—É por isso que está com raiva? —pergunta sério. O que deu agora? Ele parece...bravo.

—Por que mais seria? —desafio.

—Eu não sei. Por gostar de mim? Por ter ficado com ciúmes do seu namorado com outra? Eu não acredito que foi só por isso, Âmbar. —ele diz com raiva.

—Foi só por isso. Acabou tudo Matteo, pode ir pedir o telefone que quiser agora. —viro de costas, pronta para sair dali. Ele me abraça por trás.

—Eu não acredito em você. Te conheço melhor do que ninguém, mi amor. Sei quando está mentindo. Você ficou com ciúmes, mas devia saber que não tem necessidade disso. Você é a minha namorada. A minha rainha, pra sempre. —ele sussurra no meu ouvido, beijando minha têmpora em seguida.

—Prometa, não acreditarei até que faça isso. —digo, tentando me manter séria.

—Eu prometo. Prometo que você sempre será a única. O Rei e a Rainha sempre estarão juntos, é o destino. —ele diz por fim.

Em um gesto rápido, ele me vira. Seus lábios se encontram com os meus, um doce selar tão conhecido, mas tão único. Ah Matteo, se soubesse o medo que tenho de te perder. Você é a pessoa mais importante que eu tenho.

~Flashback Off~

No dia seguinte, acordo mais cedo do que o normal. Depois de fazer todos os ajustes nas minhas malas, Rei me leva até o aeroporto, entregando minha passagem e dinheiro “suficiente” para minha viagem.

—Só isso? Tá querendo o que? Que eu morra de fome? —pergunto inconformada. Esse dinheiro não dá nem pra um lanche em Madri.

—Isso foi o que me foi instruído lhe dar, você tem seus cartões de crédito, sem dúvidas não irá passar fome. —me responde arrogante. Esse empregado tá zoando com a minha cara.

—Meus cartões são para minhas compras, não pretendo usá-los com comida, para isso o dinheiro. —respondo arrogante, no mesmo tom que ele.

—Isso não é problema meu, não obedeço suas ordens. A Sra. Sharon quer assim, então não irei mudar nada. Foi você mesma que disse que poderia se virar sozinha lá, então, sem dúvidas, não terá problemas. —ele diz sério, se segurando para não rir. Se eu pudesse matá-lo, eu faria isso.

—Eu disse que poderia viajar sozinha, isso é bem diferente. Como vou sobreviver se não posso comer? —pergunto em pânico. Tudo tá dando errado, como a madrinha pode fazer isso comigo?!

—Você disse que queria relaxar durante o feriado, não precisa de compras exageradas pra isso. A Sra. Sharon tem mais deveres do que mimar você. —responde de mau humor. —Se quer desistir, a levarei pra casa agora mesmo. —diz arrogante. Então essa é a intenção, fazer com que eu desista de viajar. Isso nunca!

—Não, está bem assim. Vou provar pra madrinha que posso me virar sozinha, não irei lhe dá esse gostinho, empregado. —falo séria, trincando os dentes. Cadê uma arma quando se precisa?

—Muito bem, agora que entreguei suas coisas, pode se virar sozinha. —fala, soltando minhas malas e virando as costas.

—Pode ir! Não preciso de você! —grito séria e decidida.

~15 minutos depois~

Não pode ser. Choramingo. Eu estou perdida, como um aeroporto pode ser tão grande? Aquele empregado idiota, o que ele pensa que tá fazendo me deixando na entrada do aeroporto?

—O que eu vou fazer? —digo em pânico.

Ando pelo aeroporto, procurando qualquer sinal de onde fazer o check-in, mas não encontro. Sou orgulhosa demais para pedir informações.

—Pra quem viaja tanto, você está muito perdida. —essa voz. O quê? Não pode ser.