07 de Novembro
Hoje o dia está um pouco feio, cinza, frio e bem chuvoso. Me encontro na minha cama, debaixo das cobertas, tomando um maravilhoso chá de hortelã. Fiz depois do almoço. Quero ficar assim até amanhã, curtindo meu Netflix e deitada no quentinho. Minha amiga doida saiu e não disse para onde ia, estava agitada e disse para eu estar pronta as seis, mas pronta pra que? Com a coragem que eu estou hoje só me levanto pra ir ao banheiro ou buscar comida.
Com o meu celular sempre do meu lado, vejo pela milésima vez em dias a mensagem que o Bruno me mandou no meio da noite, não consegui responder porque fiquei sem reação, sei lá, e ele também não falou mais nada. A cada notificação que chegava no meu celular , o coração quase pulava, mas a decepção vinha logo depois, principalmente quando era as mensagens do Drake pedindo desculpas por sérias cobranças. Respirei fundo e relevei, ele estava aqui em casa ontem, pediu comida japonesa pra gente e tentou me agradar em tudo. Mas está mais do óbvio que a nossa hora já deu, e ele sabe disso.
Me levanto, vou ao banheiro pegar meu laço de cabelo.
- Você ainda não está pronta? ~ Isa disse surpresa.
- Pronta pra que muié? ~ ri saindo do banheiro.
- Pra isso... ~ mostrou os ingressos do show dessa noite. E adivinha de quem era o show?
- Eu não vou. ~ me jogo na cama e me cobro.
- Ah, a senhorita vai sim. ~ minha amiga me puxa pelos pés e caiu de bunda no chão.
- Caramba Isa, isso doeu.
- Eu sei, agora vai tomar banho e fica bem gata. Te espero lá em baixo. ~ deu as costas sem esperar eu dizer algo.
... ... ...
Dentro do meu carro estávamos indo para o local do show, Isa estava toda animada, perguntei se era pela possibilidade de ver o Kameron, mas ela negou, disse que tem haver comigo. Certamente essa louca está achando que o Bruno vai descer do palco e me chamar pra conversar, até parece. Se ele quer realmente conversar comigo com certeza não será aqui. Eu acho. Na entrada da arena tinha muita gente, filas para todos os lados, e todos os fãs eufóricos para verem o baixinho. Meu coração acelera só de pensar que vou vê-lo.
Entramos direto pelos bastidores, haviam pessoas pra lá e pra com instrumentos, acho que o palco já está sendo montado. Mais à frente no corredor dos camarins vi uma pessoa sair de uma das portas, camisa regata, com os cachos pingando, era o Bruno, estava de costas, conversava com um cara alto, acho que é seu segurança. O papo parecia bom, eles riam, e faziam brincadeiras, Bruno ia voltando a abrir a porta, quando virou seu rosto fazendo nossos olhos se encontrarem. Minhas pernas estavam travadas demais para ir até ele, fiquei totalmente sem reação. E com isso, o vi entrar de volta para o camarim.
- Por que não foi até ele? ~ Isa perguntou quando sentamos em nossos lugares.
- Não sei, eu travei.
- Acho que ele gostou de tiver. ~ falou comendo sua pipoca.
- Você acha? Ele me olhou tão sério.
- Ele ficou surpreso, mas relaxa. Tudo vai dar certo.
- Não sei o que.
Depois da artista abrir o show, as luzes se apagaram e a cortina já estava lá, branca com o sua grande coroa. Luzes começaram a se movimentar em cima do palco dando início a entrada. O público estava agitado, gritando a cada segundo. A cortina se levantou, as cores se fizeram presentes, e lá estava os caras, todos muito animados e felizes. Bruno conseguia dominar todo aquele espaço, andava pra lá e pra cá agitando a arena. Eu estava no camarote lateral, colada no palco, eu tinha a visão perfeita do meu havaiano, ele já tinha me visto, mas não me olhava muito e às vezes parecia ignorar a minha presença ali.
Ele agradece o público e vai pegar sua guitarra, todas as luzes ficaram roxas, as notas feitas por ele me fez arrepiar. Eu sabia que música vinha agora, é a primeira preferida do álbum. E é a primeira vez que a ouço ao vivo.
- Quero dedicar essa música a uma pessoa especial, não vou dizer seu nome, mas essa pessoa tem plena consciência de que é pra ela. ~ olhou pra mim e piscou.
I got too many girls on hold for you to be so bold (...)
~~ Bruno ~~
- Obrigada LA, vocês foram incríveis. Até amanhã. ~ vejo a cortina cair.
LA é o último lugar por onde minha turnê vai passar antes de irmos para a América do Sul, estou muito animado para voltar naquele lugar. Os caras também estão animados, no momento estão quase destruindo o meu camarim, só servem pra fazer bagunça.
- Oh cambada, vão dando área do meu espaço por favor. ~ falei abrindo a porta.
- Nossa Brunão, está expulsando deus amores? ~ falou Kameron.
- Sim, estou. Tchau. ~ falei e eles riram.
- Vamos pessoal, que o Gorilla aqui tem um assunto pra resolver. ~ Phil piscou pra mim. ~ Boa sorte cara. ~ bateu em meu ombro quando saiu.
- Obrigado Brow.
Fecho a porta, e vou correndo tomar meu banho, combinei com a Isa pra ela trazer a Malu uns vinte minutos depois do show. Eu estava um pouco nervoso, a vi antes de começar o show, estava linda, cabelo amarrado no alto, boca vermelha e suas argolas inseparáveis. Ela ficou me olhando de boca aberta, perecia ter ficado sem reação, decidi entrar de pressa pra não ir correndo até ela, eu ainda não sei o que dizer, já pedi desculpas tantas vezes que já me faltam palavras.
Termino de me trocar, pego um copo de uísque e bebo enquanto a espero. Sem demorar muito, ouço batidas na porta, meu coração acelera e fico sem saber o que fazer, deixo o copo de lado, passo as mãos na calça e todo a maçaneta.
- Oi Bruno. ~ disse tímida.
- Oi Malu, entra. ~ lhe dei espaço.
Ela entrou e ficou parada de pé me encarando, eu queria começar a nossa conversa, mas não aqui, pensei em levá-la a uma praia deserta aqui perto, a mesma que a lavei no ano novo.
- Eu sei que temos muito pra conversar e eu sei que você est...~ a interrompo.
- Calma, respira. ~ rimos. ~ Vamos para outro lugar. Pode ser?
- Pode claro.
... ... ...
Estávamos na estrada a uns quinze minutos, já estamos chegando. Malu permanecia quieta, não me encarou, ficou o tempo todo olhando pra fora atrás da sua janela. Parecia estar ansiosa, e eu também estou. Hoje quero resolver de vez a nossa história, quero saber se o que sentimos ainda é amor ou puro ressentimento. Eu juro que se nós voltarmos será tudo diferente, vou me acertar com a Jessica, dar o que o meu filho precisar mas me manter com a Malu. É o que eu mais quero.
Estaciono o carro um pouco próximo da areia, ligo a luz no teto do carro e respiro fundo.
- Malu, olha pra mim. ~ peguei em sua mão. ~ Você está com frio? ~ ela estava gelada.
- Não. ~ sorriu fraco.
- Tudo bem então...~ aquele silêncio. ~ Estamos aqui porque quero resolver as coisas. Quero que você me ouça e depois diz o que achou.
- Tá bom, pode falar. ~ se virou pra mim e me encarou com firmeza.
- Primeiro te peço desculpas por tudo, pelo susto que eu te dei traindo você, por ter feito você ficar nervosa e acabar perdendo o nosso bebê, eu me arrependo e pago por isso até hoje, pelo simples fato de não te ter mais. Os meus dias nunca foram mais os mesmos, você não tem noção do quanto faz falta pra mim e se eu pudesse apagava tudo e recomeçava do zero. Mas infelizmente não dá, e por isso eu digo que te amo, de verdade e que se o que sentimos que temos um pelo outro for realmente amor, que a gente volte a ser como antes. Sei que você não vai se esquecer de tudo tão fácil assim, mas eu estarei aqui todos os dias para te mostra que me perdoar valeu a pena.~ seu olhos brilhavam. ~ Eu não sei como está sua vida agora, se você está mesmo com aquele cara, mas eu estou aqui, estou disposto a fazer qualquer coisa pra ter você de volta. Eu te amo Malu.
Sem aviso prévio tomou minha boca com um leve beijo, lento e quente, explodindo saudades. Sentir seus lábios no meu me fez ir a lua, como eu quero essa mulher pra mim...
- Que fique bem claro que, você não teve culpa no meu aborto. Apenas não era o momento. ~ disse nos afastando. ~ Eu sinto o seu arrependimento, sinto a muito tempo. Mas eu não poderia voltar pra você tão fácil, não por orgulho, mas sim, porque eu estava machucada demais, com medo. Eu não sei se podia ter uma nova confiança em você entende? ~ seus olhos se encheram. ~ Mas durante todo esse tempo eu só fiz te amar mais. Muito mais. A nossa noite no Havaí me provou isso. ~ a lágrima escorria pelas suas bochechas. ~ Mas mesmo assim eu ainda não me sentia pronta para estar com você. Eu já estava ficando com o Drake, mas não era nada demais, até irmos para o Canadá, eu agi por impulso e tive mais uma certeza, de que ninguém iria te substituir ou curar a minha dor, a não ser você. ~ me olhou com os olhinhos vermelhos. ~ Eu ainda preciso dizer que te amo?
- Sim. ~ respondi parecendo óbvio e ela riu.
- Eu te amo Bruno. ~ revirou os olhos.
- Vem cá. ~ a puxei para o meu colo. ~ Quero seu abraço.
Malu envolveu seu braços em meu pescoço, apoiando sua cabeça ali. Eu queira com as mãos em sua cintura, sentindo o cheiro do seu cabelo, que saudade que eu estava do seu cheiro. Puta que pariu... Uma música leve tocava no carro e continuávamos do mesmo jeito, em silêncio, só ouvindo nossas respirações. Cutuco a Malu uma vez, e ela se levanta encostando suas costas no volante me encarando. A puxo devagar pela nuca e a trago pra mais perto. Nossos lábios se tocam da maneira certa por se conhecerem muito bem. Sua língua brincava na minha boca, enquanto sua cintura rebolava no meu colo. Minhas mãos passeavam pela sua cintura, coxa e claro, sua linda bunda. Não há outra melhor que essa. Eu já estava suando quando a senti beijar meu pescoço, eu não sabia o que ela queria então a deixei seguir.
- Vamos embora? ~ sussurrou em meu ouvido.
- Sim, claro. Só me dá um minuto. ~ saiu do meu colo e meu amigão estava bem notável. ~ Deixa eu relaxa. ~ abrir a janela pra respirar um pouco.
- Tem alguma coisa explodindo aí? ~ riu da minha situação.
... ... ...
No caminho pra sua casa, conversamos de tudo, contei pra Malu sobre o que de bacana aconteceu nessa fase da turnê, inclusive sobre a minha ansiedade de tocar em seu país daqui uns dias, durante o assunto, a convidei para ir comigo, mas ela negou, disse que tem uns shows até fim de novembro pra fechar o ano, então eu entendi e não insisti, mesmo sabendo que seria maravilhoso tê-la no Brasil comigo.
Parei o carro no seu jardim, e olhei tudo em volta. Está tudo do mesmo jeito. Me lembro da última vez que vim aqui, foi naquela noite horrível em que terminamos.
- Acorda Bruno. ~ estalou os dedos em minha frente. ~ Quer entrar?
- Não vai dar, tenho que ir pra casa, a Jessica está sozinha.
- Tudo bem. Eu entendo. ~ pareceu decepcionada.
- Ei, prometo que tudo vai se resolver. ~ lhe dei um selinho. ~ Vai na festa das gravadoras?
- É nesse sábado né? Pra que serve essa festa?
- Pra comemorar o sucesso que os artistas deram para suas gravadoras, e tem algumas apresentações também.
- Então acho que eu vou. ~ sorriu.
- Está tudo certo entre nós?
- Vamos com calma tá? Se resolva com a Jessica e aí a gente vê. ~ beija minha bochecha. ~ Boa noite Bruno.
- Boa noite Malu. ~ a vejo sair e entrar na sua casa.
Sinto meu peito ter um leve alívio, minha garota ainda me ama e me quer, só preciso me acertar com a Jessica. Ela está de sete meses e ainda tem que tomar certos cuidados, não quero estressa-lá e muito menos prejudicar meu filho. Digamos que a cada dia que passa eu me sinto mais ansioso para ver o meu pequeno, eu não falei? Sim, é um menino. Ainda não decidimos os nomes porque eu estava for, mas agora temos tempo o suficiente pra isso. Ultimamente tenho sentido a Jessica muito diferente, nas ligações está sempre sendo fria quando falamos do bebê, e ontem de manhã quando eu cheguei, queria sair com ela pra compra algumas coisas para o chá de bebê, mas ela disse que não faz questão disso. Que mãe não quer um chá de bebê? Não sei que merda está acontecendo, mas vou resolver isso.
Quando cheguei em casa estava tudo em silêncio, Gege dormia no seu inseparável tapete e sua bolinha. Peço na cozinha e coloco no microondas uma lasanha para esquentar, subo de pressa pelas escadas e quando ando pelo corredor ouço algo suspeito. Pelo menos eu achei.
- Mãe, se acalma. Ele já não pode nos incomodar, no tempo certo estarei aí... Eu me resolvo com ele, não se preocupe, de alguma forma acho que ele vai se sentir bem quando souber da verdade. Ele não me ama e quer estar com a tal Maluzinha.
Percebi que ela estava vindo em direção à porta e entrei rápido para o meu quarto. Mas do que merda ela estava falando? Que verdade é essa?
- Bruno? ~ bateu na porta.
- Entra... ~ tirei minha camiseta.
- Eu queria saber quando você vai para a América do Sul... ~ parecia sem jeito.
- Vou semana que vem. Por que? ~ pego minha toalha.
- Só queria saber. ~ sorriu.
Confesso que ela está muito linda com essa barriga.
- Tudo bem, vou ir tomar meu banho agora. ~ fui para o banheiro.
- Eu vou dormir. Boa noite. ~ fechou a porta do quarto quando saiu.
Eu não tive coragem de perguntar a respeito sobre aquela conversa, mas ela não me escapa. Antes de eu viajar, ela vai me explicar tudo.
~~ Malu ~~
- Ah, vocês voltaram. ~ Isa pulava na cama igual uma louca.
- Calma aí seu doida. ~ rimos. ~ Ainda não é exatamente uma volta. Ele vai resolver algumas coisas e só assim podemos voltar realmente.
- E o Drake? Já falou com ele?
- Vou falar... ~ meu celular começou a tocar.
- Alô?
- Estou aqui no seu portão. ~ eu tinha pedido para o Drake vim até aqui. Hora de acabar com isso.
- Estou descendo. ~ sai da cama e coloquei meus chinelos.
Quando abrir a porta, Drake estava parado ao lado do carro, de braços cruzados pareci sério. O abracei no momento que me aproximei, mas não tive uma resposta. Ok, vamos lá.
- Eu já sei o que você tem a dizer. ~ falou quebrando o silêncio.
- Você se lembra que no começo não tínhamos a intenção de lavar isso a sério? Então, eu mantive isso. Nos divertimos, mas já deu.
- Você não pode levar em consideração ao fato de que as coisas pra mim significaram muito? Eu realmente gosto de você Malu e jamais faria o que aquele babaca fez... ~ o interrompo.
- Mas a partir de hoje você não precisa se preocupar com isso. Siga em frente, eu farei o mesmo. ~ ia me virando mas fui puxada de volta.
- Você ainda vai me querer de volta. Escuta o que eu estou dizendo. ~ me soltou com força. E entrou no carro.
- Palhaço.
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