História Sonho ou Destino? - My Ex?

           23 de Dezembro 

 

" Vou te levar ao aeroporto, me avise quando estiver pronta. " Bruno.

Estava perto de terminar a minha mala, ou melhor, as malas. Está parecendo que nem vou voltar mais. Fecho todas com um certo custo e vou para o meu banho. Lavo meu cabelo, hidrato meu corpo e saio rapidamente. Coloco um vestido longo preto, uma jaqueta curta jeans e uma rasteirinha. Finalizei meu cabelo com o secador, passei um simples gloss e coloquei minhas inseparáveis argilas. Mandei mensagem para o Bruno avisando que já estava pronta e desci com as malas. Isa já tinha ido mais cedo, ela está indo pra São Paulo e vai para Trancoso me visitar no ano novo. Fecho toda a casa, portas, janelas e as cortinas. Ouvi um barulho de carro parando no jardim e já fui saindo. Arrastando as malas, Bruno me vê toda desengonçada e se ofereceu para me ajudar...

- Precisa de tudo isso? ~ perguntou colocando as mala no carro.

- Precisa ué. ~ ele riu. ~ Vamos? ~ perguntei entrando no carro.

- Podemos fazer amor rapidinho antes? ~ falou quando entrou no carro. ~ Diz que sim. ~ beijou meu pescoço com a mão na minha coxa.

- Não da tempo moço. ~ ri da sua expressão frustrada. ~ Se você tivesse chegado mais cedo.

- Tem certeza que vai ficar lá todo esse tempo? ~ disse com atenção na pista.

- Bruno, não vai ser nem um mês. Relaxa.

- Vou ficar sozinho todo esse tempo. ~ olha o bico.

- Sua família lhe faz companhia. ~ me olhou sério.

No caminho fomos em silêncio, não é que o bicudo está mesmo triste? Mas paciência né? Preciso ver minha família, meu país, preciso me reencontrar ali, esse ano foi bem pesado pra mim. Eu realmente preciso buscar forçar pra continuar e isso só minha família pode me dar. Quando saindo paramos em frente ao LAX e saímos do carro, milhares de flashs tomaram a nossa frente, ajudei meu namorado a pegar as malas e entramos no aeroporto. Lá dentro estava bem calmo, ainda faltava uns vinte minutos para o meu voo, fiz meu chekc e aguardei ser chamada. 

Bruno permanecia calado e olhava para os lados o tempo todo. Parecia não querer me encarar. Eu juro que já estou achando infantilidade da parte dele agir assim, serão poucos dias, não tem necessidade disso. 

 Tentei puxar assunto, mas ele respondia com frases curtas, então, resolvi ficar calada também. Eu hein.

 " Voo para Salvador, Bahia, Brasil portão 10 " 

Levantamos juntos, nos olhamos e recebi um abraço forte. Um selinho demorado e um forte eu te amo.

 

- Me avise quando chegar. ~ disse andando comigo até o portão. ~ Se cuida.

- Estarei em casa, não precisa se preocupar. ~ mais um selinho. ~ Te amo, se cuida também.

 

Entreguei meu passaporte para a moça de segurança e ela logo permitiu a minha passagem. Quando entrei, fui direto para o meu lugar, que graças a Deus era na janela, porque a viagem era longa demais. Coloquei meus fones e me deixei levar, me levar de volta para casa. Brasil, estou chegando.

 

                ~~ Bruno ~~ 

 E ela partiu, toda iluminada, linda, cheirosa e muito animada para ver sua família depois de muito tempo. E eu já estou morrendo de saudades, sei lá o que deu um mim, no fundo eu sabia que não queria que ela fosse, mas o que eu posso fazer? Acho que estou sendo bobo demais, tanto que nem me despedi direito, por puro egoísmo eu acho. Assim que cheguei em casa também peguei minhas malas e parti para o aeroporto particular, onde estava o meu jatinho. Estou indo para o Havaí com a Jaime, seu marido e meus sobrinhos. Nos ajeitamos em nossos lugares, conversamos enquanto decolávamos, Jaime dizia o quanto seria legal ter a Malu com a gente, disse que gosta muito dela e que sua energia era ótima. Minha irmã com suas palavras good vibes. No clima da nossa casa, coloquei pra tocar uma música que sempre ouvimos, que na minha opinião é a cara do Havaí. Todos cantavam dentro do jatinho e só queriam chegar logo.

Don't let them fool ya

Or even try to school ya! Oh, no!

We've got a mind of our own

So go to hell, if what you're thinking is not right!

Love would never leave us alone

A-yin the darkness there must come out to light

 

Could you be loved and be loved?

Could you be loved, wo now! - and be loved?

 

                   ...  ...  ...

 

Pousando lentamente, eu já podia ver o mar, as lindas árvores, o sol ainda brilhava forte e o céu mais azul do que nunca. Incrível como ainda me surpreendo com o lugar onde nasci.

Saímos do jatinho e pegamos um carro. Eu dirigia tranquilamente por aquelas ruas que eu bem conhecia. Jaime abaixou sua janela e começou a cumprimentar as pessoas que ela conhecia. Pelo visto não sou o único a estar feliz em casa. Falando em casa, comprei uma maior do que já tínhamos, minhas irmãs não param de fazer essa família altar que eu não tive escolha. A casa é realmente maior que a antiga, com certeza todos iram se divertir.

 O grande portão se abriu, e eu passei com o carro, já podia ouvir os gritos das crianças, barulho delas se jogando na piscina e claro, os gritos da Tahiti pedindo para que eles tivesse cuidado. Aos poucos todos foram notando a nossa presença, Presley, Tahiti, Tiara e o nosso pai, vieram ao nosso encontro, nos abraçamos, pegamos nossas coisas e entramos em casa. Selah filha da minha irmã mais nova, está a coisa mais linda, não queria sair do meu colo, Haze Boy estava destruindo a casa com seus irmãos mais velhos, Tahiti disse que ele está assim depois que o irmão mais novo nasceu. Meu Deus, é tanta criança que já estou ficando louco.

Depois do momento família subi para o meu quarto e fui arrumar minhas coisas por lá. Olhei meu celular enquanto isso e ainda nada da Malu. Pego um copo de uísque e fico admirando da janela aquele paraíso...

- A maravilhosa não veio mesmo né? ~ Tiara disse entrando no quarto.

- Ela está a caminho do Brasil, vai passar esses tempos por lá. ~ dei o último gole.

- E você não parece estar feliz com isso...~ se jogou na minha cama.

- Isso não é da sua conta e sai da minha cama. ~ joguei uma almofada nela nos fazendo rir.

- Vim só te avisar que, o almoço estará pronto daqui dez minutos. ~ se levantou ajeitando seu cabelo.

- Continua feia. 

- Vai se ferrar. ~ mostrou o dedo e saiu batendo a porta. 

Peguei minha toalha e fui tomar um banho rápido. Coloquei minha bermuda camuflada, uma regata preta e deixei meu cabelo livre do boné. Coloquei meu celular no bolso e desci para almoçar. Nem preciso dizer que a cozinha está uma zona, as crianças corriam para todos os lados, alguns já estavam em seus lugares na mesa, minhas irmãs terminavam de por os pratos e talheres. Me sentei próximo ao meu pai, que me perguntou como eu estava, se tinha colocado minha cabeça no lugar e todo aquele papo de que a Malu é uma mulher incrível e deve ser respeitada. Óbvio que eu concordo. Por falar nela, estou olhando o celular a cada cinco minutos e nada. Tudo bem que o Brasil não fica aqui do lado, mas ela pegou um voo sem escala, sempre é mais rápido... Comíamos e conversamos muito, amo estar com a minha família, realmente o meu trabalho me afasta de estar sempre aqui com eles, mas quando tenho tempo, é como se cada momento fosse um flashback de nossa infância. Pra ser perfeito, só faltou a nossa mãe, que provavelmente estaria alimentando os netos, brincando com eles e rindo muito, é assim que me lembro dos últimos momentos dela com a gente. 

- Tiara, onde estão as frutas? ~ Presley gritou.

- Estão na geladeira, aproveita e pega os potes dê sorvetes. ~ respondeu enquanto lavava a louça do almoço.

- Vamos lá pra praia? ~ Jaime disse animada.

- Vamos. Pega a sexta e põe as coisas dentro. ~ Tahiti deu a ordem. - E Bruno, seque a louça. ~ disse fazendo todos rirem.

- Vou secar porque eu quero, não porque você mandou. 

- Vamos logo meninas, o sol está bem gostoso agora. ~ disse Tiara.

 Enquanto minhas irmãs foram se divertir, fiquei dando conta da cozinha, sim, sou um homem muito prendado. Obrigada. Enquanto fazia as coisas, meu celular apitou, deu um pulo e corri para atender, mas me desapontei, era apenas uma notificação do Instagram, as loucas já devem ter começado a postar fotos. 

- Larga esse celular e vem ficar com a gente. ~ falou Jaime. 

- Eu já estou indo. Só vou terminar aqui...

 

                       ~~ Malu ~~

 

 Eram sete da noite quando pousei em Salvador, desci do avião e já entrei em outro, Trancoso fica um pouco longe daqui e ir de carro eu só iria chegar amanhã. O piloto disse que em uma hora e meia já estaríamos lá. 

 

                        ...   ...   ...

 

- Muito Obrigada moço. ~ agradeci o taxista.

- Aproveite a cidade. ~ sorriu.

- Com certeza.

 Arrastando minhas malas com uma pequena dificuldade, cheguei até a porta e toquei à campainha. Ouvi alguns gritinhos e alguém pedindo por silêncio. A porta se abriu sem mostrar quem, estava tudo muito escuro, fui entrando de vagar e do nada à luz se acendeu e lá estava toda a minha família me dando boas vindas. Tinham balões para todos os lados, cartazes e tudo mais. Minha mãe foi a primeira a vim ao meu encontro, seus olhinhos estavam cheios de emoção, quando senti seu abraço literalmente desmontei, não tem nada melhor que sentir o amor de mãe, não imaginei que estava com tanta saudade até ganhar esse abraço. Depois veio o meu pai, não sabia que ele ia estar aqui, mas gostei da surpresa, espero que ele e minha mãe fiquem na paz. 

 E depois todos vieram falar comigo, perguntaram como é os Estados Unidos, se eu estou gostando de ser famosa e etc. Minha mãe me levou até meu quarto, na parte de cima. Era bem grande, tinha uma luz fraquinha do abajur e a parece bem clara. Ela me ajudou a por as roupas no guarda-roupa e ficamos conversando enquanto isso, óbvio que ela perguntou do Bruno, disse que ele vai tomar jeito e nunca mais aprontar aquilo, falava dele como se o conhecesse, toda animada pedindo detalhes e tudo mais. Minha mãe é uma figura.

- Filha, eu preciso te falar algo, não sei se você vai gostar muito, mas eu não pude evitar. ~ falou nos fazendo sentar na cama.

- O que aconteceu Dona Lídia? ~ ri da sua cara de preocupada.

- O Vitor está vindo pra cá. ~ falou sem jeito.

- Vítor? Meu ex? ~ ela apenas confirmou com a cabeça. 

- Mas vai vim fazer o que aqui?

- Seu primo Matheus o convidou minha filha, eu falei que você não ia gostar, até porque vocês dois não tem mais nada, mas quando fui ver, o convite já tinha sido feito. Me desculpe.

- Eu vou matar aquele menino. ~ como assim convidar meu ex para o nosso natal? ~ Quando ele chega? 

- Ainda hoje, ou de madrugada. 

Continuamos a conversar sobre outras coisas, mas minha cabeça não para de pensar que vou ver meu ex depois de todo esse tempo. Não pensem que isso em balançou, apenas fiquei surpresa e convenhamos, quem não ficaria? Meu primo não deveria ter feito isso, eu sei que eles estudaram juntos e sempre foram muito amigos, mas acho que ele deveria ter pensado que não seria uma situação muito boa... Minha mãe me deixou sozinha para que eu me acomodasse, fui direto para o banheiro tomar um banho relaxante, porque essa viagem me matou. Eu estou com as costas doloridas, nunca vou me acostumar com voos logos. Enquanto a banheira enchia, mandei uma mensagem para o Bruno avisamos da minha chegada. Sem esperar a resposta, larguei o celular na pia e mergulhei naquela água morna e boa. Para a minha alegria, está uma noite quente, do jeito que eu gosto. Eu amo o verão, a pele fica mais macia, os cabelos mais claros, a cerveja fica muito mais gostosa. Enfim, é bom estar de volta ao meu país.

Quando sai, coloquei um vestido rodadinho, todo branco e fiquei de chinelo mesmo. Minha família estava toda na sala vidrados na novela, algumas tias minhas estavam na cozinha preparando o jantar. Só agora fui reparar a decoração linda de natal que está aqui, e nossa árvore é muito grande, sem exagero da minha parte, ela está quase no teto. Juro. Já tinha alguns presentes debaixo dela, mais tarde coloco os meus. Ou vocês pensaram que as minhas três malas eram apenas de coisas minhas? Bom, talvez, mas nem tanto.

 

                        ...  ...  ...

 O jantar estava uma delícia, minha tia Ju tinha feito um frango assado maravilhoso e tinha muita coisa doce também. E lógico  meu bolo preferido de cenoura. 

 Agora a maioria já estava em seus quartos, eu queria ficar aqui na varanda aproveitando a brisa leve que batia, estava observando as pequenas casas que são típicas daqui de Trancoso, a pouca luz nas ruas, os carros simples e lógico, o lindo mar que ficava poucos metros daqui. Eu gostaria de estar na minha cidade natal, mas é bom explorar novos lugares, ainda mais nesse época do ano. Me deito na pequena rede, fecho meus olhos e relaxo depois de um longo dia dentro de um avião...

- Alô? ~ atendi meio sonolenta.

- Oi anjo, desculpa a demora pra pra responder, estava dando atenção para minha família. ~ como é bom ouvir sua voz.

- Tudo bem, eu estava fazendo a mesma coisa. ~ ri fraco. ~ Como estão todos aí?

- Estão bem, perguntaram muito de você...

- Manda um beijo pra cada um.

 Aquele silêncio.

- Me desculpe. ~ disse do nada.

- Pelo o que Bruno? 

- Por ter sido um pouco infantil e não ter me despedido da forma correta. Fui egoísta e não pensei que era importante pra você estar aí. 

- Você agiu estranho mesmo, mas eu desculpo, aproveite meu espírito natalino. ~ rimos. ~ Falando nisso, preciso ir me deitar, amanhã passarei o dia na cozinha preparando a ceia. ~ me espreguicei.

- Deitar? Que horas são onde você está? ~ pareceu indginado.

- São onze da noite. ~ me levantei.

- Aqui são seis da tarde ainda. Mas tem certeza que já vai dormir? Fica mais um pouco...

- Adoraria ficar, mas estou muito cansada. Amanhã nos falamos.

- Tudo bem então. Beijos e boa noite.

- Boa noite amor. ~ desliguei.

Deixo meu celular no quarto e desço pra tomar um copo de água antes e dormir. Enquanto estava na cozinha, ouvi vozes vindo da sala, uma delas eu conhecia, era um dos meus primos que estava faltando chegar. Em um leve engasgo reconheci a outra voz, era o Vitor, certeza. Que porra eu faço agora? Tentei ficar onde eu estava esperando eles subirem, mas pareciam que ia ficar por ali mesmo. Não tinha jeito, terei que enfrentar isso, e também, não é nada demais, apenas seu ex passando o natal com sua família enquanto seu namorando está do outro lado do Pacífico. Ótimo. 

Eu tinha a visão deles somente de costas, estavam sentados no sofá assistindo TV, suas malas estavam jogadas pela sala e o papo parecia bom. Mas não o suficiente para o meu primo ignorar minha presença ali...

- Eai prima. ~ se lavando vindo até mim. Vítor se virou para trás na hora.

- Oi Matheus, tudo bom? ~ nos abraçando.

- Tudo ótimo, você está linda. ~ sorriu.

- Obrigada. 

- Oi Malu. ~ Vítor se levantou. ~ Posso lhe dar um abraço? 

- Claro, ainda não mordo. 

 Ele riu do que falei e não pensou duas vezes, me abraçou como se quisesse fazer isso a muito tempo. Senti meu corpo inteiro se arrepiar. O modo como ele me envolveu era o mesmo como ele fazia antes e seu perfume não mudou também. Ficamos um pouco sem graça quando nos soltamos, meu primo nos observou calado, querendo segurar o riso. Ignorei. Falei que já estava indo deitar e que ficassem a vontade. No meu quarto, pensei o quanto me balançou vê-lo novamente, foi meu primeiro namorado, meu primeiro parceiro em tudo, óbvio que é do tipo que nunca esquecerei. Talvez o que eu senti foi apenas carinho, tenho certeza que é. Devo confessar que ele está mais gato, não sei se é a barba, o cabelo um pouco maior ou os braços mais definidos, ah, sei lá meu povo. 

Entrei no banheiro rapidinho para escovar meus dentes e cai na cama. Estava quase fechando os olhos quando ouvi meu celular vibrar no criado-mudo.

 

* FaceTime:Bruno

- Oi moço. ~ ri da sua cara, ele estava todo pintado de maquiagem. Cheio de batom. ~ O que aconteceu com você?

- Selah queria que eu brincasse com ela esse foi o resultado. ~ rimos. ~ Queria te dizer que te amo muito. E estou com saudades.

- Também estou com saudades. ~ ficamos nos olhando.

- Bom, agora vou deixar você dormir, amanhã te ligo.

- Bom mesmo. Boa noite e vai limpar essa cara.

- Não, eu estou linda assim. ~ fez uma voz de mulher. ~ Beijos anjo.

- Beijos Bruno.

 

* Dia seguinte...