História Sonhos - Capítulo único

Leo se perguntava com o que ele sonhava.

Acariciava os cabelos negros tão macios, sentindo o pedo da cabeça dele sobre sua perna. Estavam no sofá da sala de estar do apartamento, cumprindo o descanso que fora mandado desde que passaram mal no México. Não tinham muito que fazer e se sentaram ali assim que almoçaram. O mais novo sentia-se tão sonolento que deitou sobre seu colo e adormeceu quase instantaneamente.

Leo imaginava se as imagens que ele via durante o sono eram parecidas com as suas. Seu subconsciente sempre o fazia beijá-lo em seus sonhos. Às vezes estavam no apartamento, quando parava tudo que estava fazendo para puxá-lo para a sala de música e o beijava sem pensar duas vezes. Às vezes estavam em parques, jardins, restaurantes, ou qualquer um daqueles lugares que apareciam nos filmes de romance. Às vezes estavam até mesmo sobre o palco, quando parava a apresentação no meio para beijá-lo ao som dos gritos dos fãs. Queria ter coragem para fazer ao menos uma daquelas coisas.

Mas não tinha, e sabia que ele não retribuía suas vontades. Ele era um rapaz apenas dois anos mais jovem e ainda assim parecia muito mais pelo espírito jovial e animado que sempre demonstrava. Tinha medo de tentar e causar um desconforto que poderia afetar o bom relacionamento de todo o grupo, então guardava para si toda a paixão que tinha por ele.

Por isso Leo detestava e amava seus sonhos. Detestava-os por fazê-lo ter cada vez maios vontade de ter os lábios do rapaz que tanto gosta colado aos seus. Amava por saber que essa era a única realização que teria de seu desejo.

Então, se contentava em cuidar dele enquanto estava doente. Em cozinhar as refeições para ele, dar-lhe os remédios no horário certo, observá-lo dormir. Fitava os cabelos negros bagunçados, a face pálida por ainda não estar recuperado por completo, os lábios rosados entreabertos. Via que ele abraçava as pernas sob o cobertor com o qual o cobriu para protegê-lo do frio, precisava fazê-lo para caber no sofá que não era grande o suficiente para abrigar o corpo. Nunca pensou que um dia estaria assim tão apaixonado por alguém.

Curvou as costas por completo, para aproximar o rosto do dele. Beijou-lhe a bochecha, ciente de que aquilo seria o máximo que teria e viu que ele sorriu levemente ao voltar a endireitar as costas. Ele provavelmente estava tendo um sonho bom e tranquilo a julgar pelo lento ressonar, e seu toque havia causado uma reação. Em seu íntimo queria criar esperanças, ainda que fosse se machucar.

Mas, Leo sabia que Ravi nunca sonharia o mesmo que si.