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História Sonhos Não Mordem - Um Presente Sangrento


Escrita por: Decrypt0

Capítulo 3 - Um Presente Sangrento


Fanfic / Fanfiction Sonhos Não Mordem - Um Presente Sangrento

Sou um dos primeiros a adentrar a sala, e, em seguida, vejo Flávia no corredor. Enquanto tento controlar minha vontade de acabar com sua miserável existência ali mesmo, raciocínio um estratagema muito melhor.

    Assim que a sala se enche, aguardo pacientemente o início da aula. Rasgo um pedaço de papel e escrevo um rápido convite:

Necessito de um par para a festa de Halloween, poderia ser você… 

Sexta na minha casa, nove da noite, vá fantasiada, não diga a ninguém.

    

                                                                                             Cordialmente,

                                                                                                         Pedro.

 

    Não é o melhor convite que já fiz em minha vida, mas creio que vá funcionar. Coloco-o em cima da mesa de Flávia, que, em uma velocidade muito maior do que esperava, cutuca minhas costas com um bilhete resposta:

Okay, mas são só dois dias pra festa, vou ver se consigo arrumar uma fantasia.

 Sem virar, faço um sinal positivo com a cabeça e, em seguida, rasgo o bilhete. Ninguém nota e a aula segue normalmente.

     Ao soar do último sinal, aguardo na sala até que a manada - que ao meu ver deveria ser o coletivo de “alunos saindo das salas ao fim da manhã” - percorra o caminho até a saída para que eu seja capaz de descer as escadas sem a sensação de que sou um animal sendo arrastado pelo restante do rebanho em direção ao matadouro.

    Saio da sala e deparo-me com Flávia sentada no último degrau da escada. Tento passar reto, mas, assim que piso próximo ao local onde está sentada, ela agarra minha calça, levanta-se e beija minha bochecha direita para, em seguida, descer a escadaria correndo.

    Poderia ter evitado o beijo, até mesmo empurrado-a da escada se quisesse, mas não, meus planos vão, além de saciar minha sede de ódio por aquela pobre infeliz, saciar minha sede em sentido denotativo.

    Apenas desço os degraus e inicio minha caminhada para casa. O Sol do meio dia me incomoda um pouco, mas nada mortal, é apenas uma consequência do presente de Paulo.

    Chego em casa em cerca de sete minutos, e, como de costume, estou sozinho. Meus pais são divorciados, e, como normalmente ocorre, moro com minha mãe, que trabalha até tarde. Consequentemente, por nosso pouco contato, sou emancipado, o quê, francamente, não faz tanta diferença quanto parece, dado o fato de que, em dois anos, atingirei a maioridade de qualquer maneira

    Depois de trocar de roupa, dirijo-me ao freezer e noto um saco de deliciosos peitos de frango empanados e congelados, prontos para comer após o aquecimento.

    Não, isso não fará a sensação de fome que estou ir embora, mas ao menos são apetitosos, além do quê, minha mãe ainda não sabe do segredo. O único que sabia era o Paulo, o quê faz sentido, já que ele quem me ofereceu tal condição.

    Esquento os peitos de frango e, enquanto como, sou tomado por um cansaço extremo e repentino, um calafrio que percorre cada centímetro de meu corpo. Creio que seja a falta de alimento a causadora de tamanho mal estar. 

    Nunca cheguei em tal ponto de privação, sempre arrumava um modo de conseguir pequenas doses mas, na sexta feira passada, quando minha mãe contratou um detetizador, tive que destruir todas as minhas escassas reservas, de modo que ele não acabasse encontrando-as por acidente.

    Estou tão cansado que decido ir dormir, e, quando minha mãe chegar, vou dizer estar doente, pois não creio que aguentarei dois dias de escola com tamanha fraqueza.

    São oito da noite quando ouço a porta da garagem se abrir e o barulho do motor do carro espalhar-se pela casa. Minha mãe chega, passa pela cozinha e, em seguida, dirige-se ao meu quarto.

    Ela se senta na beira de minha cama. Digo-lhe que estou sentindo-me muito indisposto e ela prontamente pega o termômetro, coloca-o debaixo de minha axila esquerda e dirige-se para seu quarto enquanto o aparelho realiza a medição.

    Fricciono minhas mão o mais rápido que posso e deixo o termômetro entre as palmas, de modo que a temperatura suba para precisos 37.8C.

    Quando minha mãe retorna, mostro-lhe o resultado e ela diz que posso ficar em casa até sexta e que, se estiver sentindo-me melhor, poderei ir à festa de Halloween. Ela também cita que, na sexta feira, no horário da festa, irá visitar uma prima no hospital, e provavelmente dormirá lá.        

    Aguardo pacientemente até sexta feira. Revezo-me entre dormir e ler, pois qualquer atividade apenas tomaria mais energia que, no momento, não possuo.

    Quando são sete da noite, minha mãe pega sua mala e vai ao hospital. Eu, ao notar que ela havia saído, rapidamente me arrumo e coloco uma velha fantasia de mágico.     

    Não sou o maior fã de ilusionismo. Shows de mágica deveriam ser chamados “shows para mostrar o quão falho é o cérebro humano” pois, mesmo após milênios de evolução, podemos ser enganados por algumas cores dispostas em certos padrões geométricos ou rápidos movimentos com as mãos, patético.

    Apenas visto a fantasia e aguardo pela chegada de Flávia, que não deve se atrasar ao menos uma vez na vida. Enquanto espero, vou repassando o plano em minha cabeça. Tudo deve sair perfeito.

    Quando o relógio na parede da sala de jantar mal dá a nona badalada, ouço a campainha tocar. É Flávia que espera ao lado de fora vestida com uma fantasia de vampira que é surpreendentemente curta para o presumível propósito de vestir-se de tal ser.

    Abro lentamente a porta e convido-a para entrar.

    Digo que preciso terminar a maquiagem e, por isso, pode aguardar-me em meu quarto.

   Meu quarto é relativamente grande para os padrões que já pude ver aqui do Brasil. Suas paredes são adornadas com um papel texturizado para que forme um padrão de tijolos alternando entre pretos e brancos, com o rodapé preto. O piso é de madeira de angelim vermelho, tratada para que ficasse em um tom ligeiramente mais negro. Os móveis são brancos, com detalhes que fazem-os aparentar levemente deteriorados pela maresia. 

    Ao entrar, Flávia começa a observar minhas estantes de livros, cautelosamente organizada por ano de publicação, pois, ao meu ver, é o modo mais fácil de encontrar o livro que procuro especialmente dada a época em que foram escritos, entre o fim do século dezessete e início do século vinte.

    Fico um tempo no banheiro, e, quando saio, convido-a para beber algo no bar da sala de estar.

    Não bebo álcool, além de não gostar do sabor, não sou adepto ás técnicas de auto-destruição do fígado, obrigado, mas Flávia o faz, e não a julgo, afinal, a vida é sua, faça o quê quiser.

    Ofereço uma dose de absinto a ela, mas, felizmente, ela recusa, preferindo um suco. Peço que aguarde na sala enquanto pego um copo na cozinha.

    Dirijo-me è geladeira e pego uma jarra cheia de suco de melancia, batido por minha mãe antes de sair. Coloco um pouco no copo e entrego a ela.

    Enquanto bebe, passo minha mão por entre seus ombros, subindo para seu pescoço onde aproximo meu rosto e dou um beijo, fazendo-a se arrepiar e quase deixar o copo cair.

    Ela, notando meu interesse, prontamente apoia o copo na superfície do bar e vira-se em minha direção.

    Como um animal faminto, ela avança e começa a beijar-me em um ânsia de quem morreria se não o fizesse. Eu retribuo.

    Começo a sussurrar besteiras em seu ouvido, e percebo que está ficando excitada, pois agora, em seu beijo, falta-lhe o ar.

    Sem parar o beijo, dirijo-a ao meu quarto, mais especificamente, ao meu banheiro. Não sei se ela nota ou não, mas segue meus passos como que cegamente.

    Entro no banheiro e sento na banheira, ela prontamente sobe em meu colo e começa a beijar-me ensandecidamente. Viro-me de modo que entremos completamente na banheira. Ela pergunta se possuo preservativos. Apenas digo que não será necessário.

    Ao passo que ela tenta sair da banheira, agarro sua face com duas mãos e fecho sua boca, e, com um rápido movimento, mordo seu pescoço na altura da artéria carótida. O sangue espirra em jatos e eu imediatamente ponho-me a consumi-lo com uma sede voraz de uma besta a dias sem alimento.

    Após alguns minutos, seu corpo para de estrebuchar-se e perde toda e qualquer possibilidade de reação. 

    Ela está morta.

 



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