Eu nunca pensei muito no meu pedido de casamento.
Sabe, o Edgar me levou para Paris e fez o pedido em frente ao Rio Sena...
Fiquei super emocionada com o pedido dele.
Mas que mulher não ficaria!
Minha mãe fica me falando o tempo todo sobre o Edgar. Ele isso, ele aquilo. Só sabe frizar as diferenças entre ele e Marcos.
Isso me irrita. Edgar é um cretino, ele JAMAIS será melhor que o meu anjo.
Mas eu vejo que meus pais não vêem isso. Para eles o fato de Edgar tem tanto dinheiro quanto eu apaga todos os seus defeitos.
E falando sério, eu não serei infeliz por isso, nunca. Dinheiro é muito bom, eu bem sei, sempre tive tudo. Mas nada vai me fazer ser infeliz.
Voltando ao assunto. Eu nunca pensei muito sobre como o pedido deve ser feito. Se tinha o momento certo. Se tinha as palavras certas.
Para mim, o pedido tinha que ser super fofo e romântico.
Mas naquele momento, eu estava com medo. Muito medo.
Nunca tinha sentido tanto medo de perder alguém.
Ele é o meu tudo. E depois da conversa com minha mãe, o medo de não tê-lo em minha vida, me deixou desesperada.
E quando ele disse aquelas três palavras... eu não sei explicar... eu me senti no céu!
Eu realmente o amo!
*.*.*.*.*.*.*.*
- Ann, casa comigo?
Ann congelou, não esperava por esse pedido. Estava se sentindo imensamente feliz, porém devido ao choque, teve a pior reação possível. Marcos ficou arrasado.
- Esqueça - disse ele, soltando-a e se afastsndo - esqueça que eu disse isso.
- Marcos... - tentou dizer Ann, recuperando-se do choque.
- Não - disse ele, dando as costas para ela, não deixaria ela ver o quanto o magoara - eu preciso ficar um pouco sozinho, logo eu volto.
- Marcos, por favor, me escuta - disse a ruiva, agarrando o braço do rapaz. Ele soltou-se gentilmente enquanto a encarava.
- Eu só irei caminhar um pouco Ann, preciso pensar. Esquece esse pedido idiota ok? - finalizou afastando-se dela indo em direção da praia.
Ver o quanto sua hesitação machucou seu anjo acabou com Ann, que viu seu maior medo se concretizar. Estava perdendo Marcos.
A jovem viu o rapaz se afastar sem saber o que fazer. Somente quando o perdeu de vista, percebeu que deixá-lo sozinho fora a pior coisa que fizera, e chorou.
*.*.*.*.*.*.*.*
- Angie, querida, eu só quero o bem de Ann!
- Não parece Sam, já que deseja casa-la com Edgar - disse a mulher aflita. Pela conversa que teve com Ann, a jovem não iria se casar com o rapaz que o pai queria de jeito nenhum.
- Ela é minha filha, eu quero o melhor para ela! - no exato minuto em que pronunciou esta frase, percebeu que cometeu um erro.
- Desculpe - ironizou ela, em fúria - eu praticamente criei sua filha adolescente tendo quase a mesma idade que ela e não quero o melhor para ela - continuou furiosa.
- Angie eu...
- NÃO ME VENHA COM DESCULPAS! - gritou a mulher, magoada - EU SÓ FUI A SUBSTITUTA PARA A MÃE DELA, NÃO SOU MAIS NECESSÁRIA - finalizou a beira das lágrimas.
- CHEGA ANGÉLICA, EU NÃO VOU DISCUTIR COM VOCÊ! - gritou ele, irritado com a mulher - ELA NÃO É SUA FILHA, É MINHA. SE VOCÊ COMETEU O ERRO DE ACREDITAR SER MÃE DELA POR QUE ELA TE CHAMA ASSIM O PROBLEMA É SEU - continuou ele, com muita raiva - ELA IRÁ SE CASAR COM EDGAR POIS EU MANDO NELA! - ao terminar de gritar com a esposa, olhou para a mesma e pela primeira vez nos 15 anos de casados, ela o olhava como se ele fosse um inseto que precisa ser esmagado. Tamanha frieza o assustou. Angélica nunca fora assim.
- Eu quero ver você obrigar Ann a fazer algo. Você devia conhecer sua filha melhor. Não, não, não, não - disse, vendo que ele iria interrompê-la - me deixe falar. Ann nunca vai fazer algo que não quer, e nada, e ninguém é capaz de fazê-la mudar de idéia. Eu a criei bem, coisa que você não fez, pois não tinha tempo - finalizou, ácida.
- A minha filha vai me obedecer - sussurrou ele, irritado com a ousadia da esposa.
- Isso é o que veremos. E a propósito, eu quero o divórcio! - finalizou, saindo do local e deixando o marido chocado para trás.
Chegando no quarto, logo tratou de arrumar suas malas. Tudo que era seu ela pegou, roupas, jóias, dinheiro. Enquanto arrumava as malas ouviu a porta do escritório ser fechada com um estrondo. Melhor assim, pois não seria pertubada. Tratou de acessar a conta conjunta que mantinha com Sam e retirou uma parte, transferindo para a conta de Ann, como havia prometido para ela. Tudo que ela possuía estava em suas contas pessoais. Chamou o motorista e pediu para preparar o seu carro e levar suas malas para o mesmo. Deu uma última olhada para aquele que por anos fora seu quarto e chorou, porém saiu.
Sam jamais iria trata-la como igual. Ela sempre soube que só fora um meio para um determinado fim. Tinha 37 anos e não iria mais perder tempo com um casamento fracassado. Estava na hora de viver.
Ligaria para Ann mais tarde. Agora iria procurar um hotel e tentar esquecer que um dia se apaixonara por Samuel Fierro.
*.*.*.*.*.*.*.*
Já fazia mais de duas horas que Marcos fora caminhar na praia, e Ann estava muito ansiosa. Ela queria muito falar com ele. Responder sua pergunta. Explicar o porque congelou naquele momento. Implorar para que ele a perdoasse. E começar juntos os planos do casamento.
Estava tão aflita que não percebeu que Marcos voltou e estava na cozinha, preparando o jantar. O barulho de uma panela caindo a despertou e a mesma correu para a cozinha.
- Marcos, graças a Deus! - falou aliviada - você esta bem?
- O que você deseja comer no jantar Ann? - perguntou o rapaz, ignorando a pergunta.
- Marcos, por favor...
- Você não respondeu - questionou, sem olhar para ela, concentrado em cortar as cebolas.
- Não estou com fome.
- Entendo. Você almoçou?
- Não, estava sem fome.
Marcos automaticamente virou e olhou para ela.
- Esta o dia todo sem comer e esta sem fome? - perguntou, irônico.
- Não - respondeu a ruiva, capisbaixa - eu vou dormir, boa noite.
Marcos viu ela sair chateada, porém não foi atrás dela. Continuou a preparar o jantar para os dois e assim que a comida ficou pronta, foi chama-la, não encontrando ela no quarto. Ele levou uns 3 segundos para perceber que ela provavelmente se mudara para o quarto de hóspedes, que foi a encontrou, dormindo. Ao se aproximar dela, percebeu que ela chorou antes de adormecer.
- Ann, acorde. Ann, o jantar esta pronto.
- O quê? Jantar? - perguntou ela um pouco sonolenta - Não, obrigada, não quero comer.
- Ann, inferno - praguejou ele, irritado - você precisa comer.
- Estou sem fome, sério. Preciso dormir, amanhã terei um dia cheio - desconversou ela, tentando fugir dele.
- Ann, porquê? - o olhar aflito dele a angustiou. Mas a magoou lembrar de que tentou falar com ele e o mesmo fugiu do assunto.
- Foi você quem fugiu Marcos. Eu fiquei aqui, sem entender direito o que aconteceu - respondeu irritada - então não vem perguntar para mim - finalizou se soltando dele e levantando.
- Onde você vai?
- Acho que agora é a minha vez de ficar sozinha. Vou sair, e não vou prometer voltar logo, pois não sei quanto tempo vou levar - disse enquanto saia. Marcos a seguiu.
- Ann, eu sei que você quer conversar comigo, mais esta tarde, precisamos comer - disse, como quem fala com uma criança - depois do jantar conversamos.
- Por quê não pode ser agora? Responda.
- Não quero discutir com você - respondeu exasperado.
- Por quê iriamos discutir? - pressionou ela, vendo que o rapaz esta prestes a explodir.
- POR QUE VOCÊ QUER ME DAR UMA RESPOSTA A PERGUNTA QUE TE FIZ DE TARDE - gritou ele, logo se arrependendo - desculpa ter gritado. Eu só quero esquecer o assunto.
- Marcos, eu estou com medo - Ann queria muito dar sua resposta, mas percebeu que Marcos não quer ouvi-la.
- Medo de que Ann? - questionou o rapaz, sem entender.
- De te perder. Do que temos acabar. De ser abandonada no altar de novo. De fazer planos para vê-los serem jogados ao vento - disse enquanto começou a chorar compulsivamente. Marcos a abraçou.
- Me desculpa, não devia tê-la pedido em casamento daquela forma...
- Você não entende. Não foi a forma de como você pediu. Porra Marcos, eu estava apavorada. Meus pais tentaram te subornar para nos separar!
- Na verdade, foi só o seu pai. Sua madrasta somente me pediu para cuidar de você.
- Angie é uma mãe para mim. Mas ela que falou comigo hoje.
- Se acalme ok. Não pense nisso - disse ele, tentando finalizar o assunto.
- Não dá. Eu quero Marcos. É que eu mais quero. E o pânico naquela hora me impediu de responder!
- Ann, se acalme. Não se precipite. Você esta com medo e por isso não quer pensar em casamento agora...
- Eu quero Marcos. Eu quero muito. Acredita em mim. Me desculpe o choque, só demorou para a ficha cair. Eu amo você - implorou ela, apavorada.
- Ann... A ruiva percebeu que não conseguiria convencê-lo naquele momento, então decidiu acabar com o conflito, e o agarrou. O beijo foi desesperado, como se ambos estivessem a beira da morte e quisessem aproveitar o último segundo juntos. Os dois não queriam se separar, mais o celular de Ann tocou, e embora relutante, a ruiva foi atender.
- Oi mãe, desculpa não ter avisado onde estou, é que eu precisava pensar depois da conversa que tivemos de manhã - disse, olhando para Marcos, que estava servindo o jantar para os dois naquele momento.
- Não se preocupe querida, eu sei que está com Marcos, e que está bem. Não foi para isso que liguei. Serei sincera com você - Angélica optou por ir direto ao ponto - seu pai está decidido a casa-la com Edgar. Ele disse que você vai ter que fazer isso.
- Eu não irei casar com ele Angie, vocês não podem me obrigar...
- Sei disso - continuou, interrompendo a enteada - por isso que estou te ligando. Nós brigamos feio e seu pai me disse coisas que não pude tolerar. Eu pedi o divórcio. Estou no hotel Hilton, aquele onde foi sua festa de noivado, então se quiser falar comigo ligue ou venha aqui.
- O que houve mãe - perguntou aflita, chamando a atenção de Marcos, que se aproximou dela - por quê estão se separando?
- Ele só deixou claro que eu não sou nada sua e que não devo me intrometer. Disse coisas que me magoaram Ann. Mas não fique chateada. Esse casamento já tinha acabado a muito tempo. Eu sempre amei seu pai, mas ele não foi capaz de me amar de volta - disse entristecida - mas eu te criei, e sei que ele não vai conseguir te controlar como acha que vai. Eu fiz a transferência que você tinha pedido antes de sair de casa.
- Obrigada mãe - disse a ruiva, feliz por ela não ter esquecido de seu pedido - mas o que você vai fazer agora?
- Comprar um apartamento. Continuar seguindo administrando os meus negócios e seguir em frente. Fique tranquila, pois vou ficar bem. Só queria te dizer isso minha menina. Boa noite - despediu-se Angélica, cansada.
- Boa noite mãe. Logo irei vê-la. E não esqueça Angie, você é minha mãe, não importa o que meu pai disse - finalizou, ouvindo a mulher chorar enquanto murmurava um baixinho 'eu te amo' e desligava.
Marcos se aproximou após ver que Ann desligou o celular. O ar preocupado dela o alarmou.
- O que houve Ann?
- Meus pais estão se separando - disse ela, optando por não entrar nos detalhes sobre motivo da separação - e ela ligou pra me avisar que mudou-se para um hotel.
- Entendo. Sua mãe deve estar arrasada, se quiser, posso levá-la até ela.
- Não precisa, eu vou lá outro dia. Ela precisa ficar sozinha por um tempo. Obrigada - agradeceu ela, começando a comer.
- Porquê?
- Por ter insistido em me fazer jantar. Eu estou com fome agora.
- Não me agradeça Ann, eu vou sempre cuidar de você.
- Mesmo depois que nos casarmos?
- Ann! Por favor, esquece este assunto.
- Não, você fez o pedido, e eu quero meu anel - continuou, decidida a começar os planos do casamento - eu quero algo bem simples, diferente do circo que meus pais fizeram no primeiro, e você?
- Não me importo com isso. Podemos ir simplesmente em um cartório e assinar os papéis que vai estar bom para mim - disse ele, entrando no jogo dela.
- Isso não é nada romântico, mas eu entendi o que você quis dizer. Marcos, você não confia em mim? - questionou ela, olhando em seus olhos.
- Sim Ann, eu confio em você. Ann sorriu, feliz com a resposta de seu anjo loiro.
- Eu te amo, e quero me casar com você. Acredite!
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