Estranho. Era o que parecia a Shadow. Uns sons bizarros de todo tipo, ele já havia ouvido. Choro, berros, conversas… tudo lhe parecia esquisito. Embora curioso, o ouriço negro se concentrava em sua missão. Observava atentamente cada coisa daquele corredor. Tentava achar alguma pista de seu antigo rival azulado, mas tudo o que encontrava era geradores de robôs espalhados por todos os cantos, formando quase que uma trilha até o fim do enorme e assustador corredor.
Ao chegar ao seu fim, Shadow se surpreendeu com o que viu: havia sangue espalhado pela cozinha e um cheiro de cadáveres havia se instalado no ambiente. Por sua espécie ter um olfato apurado, o ouriço negro teve de tapar seu nariz a fim de não vomitar com aquilo. Prosseguiu até uma porta ao lado da enorme geladeira e a abriu, sem pensar duas vezes.
A mesma dava a outro corredor, mas menor em relação ao primeiro. Seguindo tal caminho, percebeu onde dava: um jardim de inverno. Um lugar que antigamente devia esbanjar alegria, mas agora, tristeza era a única coisa que demonstrava. Por não ser a céu aberto, Shadow ainda necessitava de utilizar sua lanterna, embora só pudesse enxergar o cinza das plantas mortas.
Mais a frente, avistou um poço feito de pequenos tijolos. Acima, havia barras de ferro onde estava amarrado a corda do balde. Se aproximou e percebeu que este estava vazio - sem sequer um pingo d'água.
-Sonic! - gritou Shadow, olhando ao seu redor. Mas nada pode ser ouvido além do eco de sua própria voz.
De repente, ele percebeu algo peculiar ao meio do jardim morto: uma flor colorida, se destacando do resto ao seu redor. Curioso, se aproximou e a tocou. Percebeu que era uma flor falsa. Mas, ao tocá-la, um som ecoou vindo diretamente da cozinha.
Movido mais uma vez pela curiosidade, Shadow dirigiu-se ao cômodo novamente. Ao chegar, percebeu algo que não estava lá antes: uma passagem no lugar onde devia estar um dos armários cheios de sangue. Esta não havia porta e podia-se ver o que havia lá dentro: uma enorme escadaria. Sem hesitar, começou a descer a mesma.
Ao chegar no subsolo, o ouriço percebeu que o cenário de lá era completamente diferente. Além do cheiro de algo em decomposição ser mais forte naquele local, o mesmo tinha uma aparência de caverna - não tinha lâmpadas ou qualquer outra coisa que iluminassem utilizando energia como fonte e sim apenas tochas e era quase impossível ver uma parede sem uma teia de aranha a cobrindo - um cenário bem diferente das presentes no restante da fortaleza. Abaixo da luz fraca de uma tocha, Shadow pode avistar um livro aberto numa página qualquer. Ao ler um pequeno trecho, pode concluir que se tratava de um diário. Porém, o trecho lido era no mínimo perturbador.
“Eu não acredito que fiz aquilo. Por que fui jogar aquela droga de jogo? Agora tenho de fugir dela todo o tempo!
[...]
Estive pesquisando sobre ela e sua história. Infelizmente, não há muito a dizer, somente que, antigamente, era uma menina fascinada pelo corpo humano e desde muito jovem, tinha sonho de poder ver um coração de verdade. Isso talvez explique o fato de que ela arranca os geradores de meus badniks. Mal sabe ela que não tem nada em comum com o órgão que ela procura. Mas acho que ela já tem noção disso e é por isso que está atrás de mim.
De qualquer forma, se alguém está lendo isso, quer dizer que eu falhei em minha missão e é por conta disso que escrevo esta última folha de meu diário. Estou montando estas bombas nucleares para destruir tudo. Para queimar tudo. Segundo as pesquisas que fiz, a melhor forma de “matar” um espírito é o queimando. E é por esse motivo que falo que se alguém estiver lendo isso, significa que não pude explodir e acabar com tudo. Tal missão fica com você, caro leitor.
Só tenho que deixar claro que deves ser deveras rápido com isso. Ela já deve estar atras de você também. E se te pegar, pode ter certeza de que não sairá vivo. Ela arranca corações e bebe seu sangue para manter em sua forma poderosa e tem de repetir isso o tempo todo. E o pior: ela está a procura de um hospedeiro perfeito. Então, ou ela te mata ou ela te escraviza. É só escol…”
Após aquelas palavras, Shadow sentiu uma enorme dificuldade para ler o restante, uma vez que estava completamente ensanguentada. Pela letra, ele tinha a mais absoluta certeza quem havia escrito aquilo: Dr. Eggman. E pelo sangue… mais uma certeza.
Logo após a leitura, ele ouviu um barulho. Se virou rapidamente e olhou ao redor. Foi então que pode ver a origem do cheiro de coisa morta: Robotnik sentado, encostado em uma das paredes, com um buraco no lugar do coração. Shadow o encarou com uma expressão de nojo. Sua pele esverdeada pelos fungos e as moscas que o rondavam só alimentavam o sentimento do ouriço. Foi então que, numa fração de segundos, o cadáver se moveu e segurou fortemente o braço do negro.
-Me ajuda!! Por favor, eu imploro!! - berrava Eggman, desesperado. Tamanho desespero podia ser comparado com o de Shadow que tentava, em vão, se soltar do corpo morto.
Sem opções, então, o ouriço sacou sua arma e atirou na cabeça do cadáver que, instantaneamente, soltou o animal. Aproveitando isso, Shadow se afastou, rapidamente. Logo, o examinou, para ter certeza de que havia acabado com ele de vez.
-Preciso encontrar Tails. O que nós invocamos deve ser a tal espírito do diário. E ela já deve ter encontrado seu hospedeiro… - dizia consigo mesmo, Shadow.
Continua...
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.