História Sons of Anarchy - FOUND - Departamento de Polícia de Charming

Assim que chego ao departamento de polícia de Charming, sinto um frio pairar sobre minha barriga. Um nervosismo repentino invade completamente meu corpo. Fecho os olhos e respiro fundo algumas vezes, tentando acalmar meu corpo. 

Olho assustada para fora ao ouvir o barulho de batidas no vidro, era Jay. Coloco a mão no coração com o susto que levei e pude escutar a gargalhada dele. 

- No que estava pensando? - ele pergunta assim que deixo o carro. 

- Nada importante. - Respondo enquanto colocava minha jaqueta de couro. Jay arqueia a sobrancelha como quem não tivesse acreditado naquilo. - Como estão as coisas? - Pergunto.

- Uma ossada foi encontrada. Dois Mayans e um antigo funcionário da oficina da Sam Crow. - A animação na voz de Jay era evidente, ele estava empolgado com o caso, Stahl tinha conseguido fazer a cabeça dele. Ele era um ótimo detetive e um cara legal, mas tinha um lado em sempre querer saber de tudo, achar que podia resolver de tudo e o pior, ele sempre achava estar certo em relação a tudo. Era um sexto sentido, segundo as palavras dele. Então foi fácil para a sociopata levá-lo para o time dela. Jay continuava a falar sobre o caso, coisas que eu realmente não estava com vontade de saber, eu não estava aqui pelos Sons, eu estava aqui por Haley. 

O departamento estava cheio de federais da ATF, Stahl não tinha poupado esforços para o caso, só consigo imaginar por quantas pessoas, e chefes ela passou por cima para a investigação. Já cruzei com ela em alguns momentos, e sempre vi o quão baixo ela podia ser. E quando a mesma descobriu minha relação com a SAMCRO, não parou com as tentativas de tirar algo de mim, seus olhos eram pura luxúria. 

Reconheço algum dos agentes da ATF, e alguns rostos da polícia de Charming, ninguém com quem tive muito contato. Apenas David Hale, eu não era tão próxima a ele, ele convivia muito mais com Jax, Opie e Tara. Lembro de algumas investidas em mim, mas Jax ou Opie sempre o afastavam. 

- Detetive Lindsay, confesso que para o desaparecimento de alguém tão próximo a você. Você demorou para tomar alguma providência. - A voz irônica de Stahl me tira de meus pensamentos, a mesma faz um sinal para que eu a acompanhasse até uma sala. Me esforço para ignorar a sua provocação. 

- Seja bem vinda de volta a Charming Erin. -Hale diz ao meu lado. 

- Obrigada. -Sorrio. 

- Você mudou bastante desde a última vez. 

- Irônico, acho que essa é a palavra. - Sorrio e volto a atenção para Stahl, que me estende uma pasta preta. 

- Esse é o arquivo da Haley. Quero deixar claro que não foi fácil tirar sua suspensão, detetive. Então se quer esse caso e manter seu distintivo de vez, é melhor andar na linha. 

- Andar na linha, ou na sua linha? - Pergunto, eu sabia que Stahl não tinha tirado minha suspensão por tirar, ela iria querer algo em troca. 

- E não é a mesma coisa? - Ela ri e eu pego a pasta de sua mão. A pasta continha apenas algumas informações pessoais de Haley, e o boletim feito por Daisy. 

- É só isso? - Pergunto para Hale. 

- Nós fizemos buscas logo após o boletim, mas nenhum sinal dela. 

- Então Isso é um bom sinal, de que ela pode estar viva, caso contrário existiria alguma evidência indicando outra coisa. - Digo sentido a luz de esperança se reacender em mim. Stahl e Hale trocam olhares. 

- Talvez ela tenha ido tirar um tempo pra si e volte depois de 9 anos. - Zomba Stahl. 

- Já faz uma semana do desaparecimento, você sabe como são a maioria desses casos! - Diz Hale. O que faz todo sentido, mas no momento eu não conseguia não criar esperanças. 

- Eu vou investigar, estou considerando todas as possibilidades no momento. - Minto, eu estava criando apenas uma única expectativa em relação a esse caso, e era que eu acharia Haley viva. 

Meu lado policial estava gritando para eu parar de criar esperanças, e não levar para o lado pessoal. Mas a Erin que conhecia Haley desde criança, sabia que havia algo a mais. Quando as brigas entre Darryl e Bonnie se tornavam muito insuportáveis para aguentar, nós duas costumávamos a sair e ficar horas e dependendo da situação, até mesmo dias fora de casa. Só para não passar ou aguentar o que vinha depois das brigas. 

Stahl me liberou logo após me entregar o arquivo e me dar algumas instruções sobre o caso. Ela não me perguntou nada sobre meu pai ou a relação com a SAMCRO, o que foi estranho. Mas eu sabia que ela estava esperando o momento e a pergunta certa. 

Quando estava saindo da delegacia, vejo um rosto familiar se aproximando, Wayne Unser, ele foi um grande amigo de Bonnie e sempre estava acobertando as coisas que ela fazia, assim como fazia com a SAMCRO, e eu suspeitava que esse era o motivo da sua cara de poucos amigos. 

- Lindsay? -Ele pergunta notando minha presença, paro no topo da escada, e o mesmo se escora no corrimão. Seu olhar entre mim e os carros que passavam na rua. - Já fazem anos. - Sorrio, e desço os degraus parando ao seu lado. - Quando você chegou? 

- De madrugada. 

- Haley? - Balanço a cabeça concordando. - Eu me esforcei para procurá-la, nos primeiros dias a cidade toda se mobilizou para fazer buscas atrás dela, moradores, cartazes foram colados, até mesmo Sam Crow e Darryl. - um calafrio percorre meu corpo ao ouvir o nome de Darryl.

 - Mas ninguém achou, depois todo mundo se conformou com a ideia de que ela simplesmente foi embora. 

- Você acredita nisso? - Pergunto curiosa. 

- Eu vi ela crescer, assim como você. - Ele faz uma pausa.- Depois que você e Bonnie foram embora tudo ficou uma bagunça, ela até que lidou bem com tudo. Estudou, se formou, estava fazendo trabalhos voluntários no hospital, ajudava Gemma nos eventos de caridade. Algumas vezes ela vinha até aqui para conversar por horas. - Não posso deixar de sentir orgulho ao ouvir todas essas coisas sobre Haley, em saber que ela ficou bem em todo o tempo que fiquei fora. 

- Mas... - noto a pausa que Unser tinha feito. 

-Bem, ela começou a aparecer com menos frequências, se afastou das pessoas e dos trabalhos. E então ela sumiu. 

- Como estava a relação dela com Darryl? 

- Boa, eu acho. 

- Boa? - pergunto confusa. 

- Darryl parou de beber, ela parecia feliz, nenhuma reclamação sobre ele. Ela até comentou que ele queria que ela fizesse faculdade em Los Angeles. Acho que eles se acertaram. 

- Você acredita nisso? É o Darryl, eu vi centenas de vezes o "mudar" dele. - digo desacreditada do que acabará de ouvir. 

- Com todo respeito, você ficou fora por 8 anos, muitas coisas mudaram em Charming, nas pessoas. E com tudo, você mudou. Você não acha que ele tenha mudado? 

- É o Darryl, Unser, não existe nada de bom lá. -Wayne não responde, apenas foca em meu distintivo no cós da calça, o mesmo solta pequeno riso. 

- Você veio pra ajudar aquela vaca da ATF? - ele parecia ao ponto de perder a paciência, esse era o efeito que aquela mulher tinha sobre as pessoas. 

- Graças a Deus, não. -Digo e ele ri. - Só pra procurar Haley. 

- Ela chegou aqui e transformou tudo em uma bagunça, chegou como se fosse a dona de tudo. Mulherzinha prepotente. - ele praticamente cospe as palavras. 

- Não existe melhor descrição. - rio enquanto termino de descer as escadas. - Eu vou indo, tenho que ir falar com Daisy. 

- Certo. Eles já sabem que você está na cidade? -ele pergunta e entendo quem são os "eles" quais ele se refere. 

- Não. Eventualmente a gente vai se encontrar, mas não estou aqui por eles. - Digo colocando as mãos no bolso. 

-Foi bom te ver menina, fico feliz que esteja bem. -Sorrio e entro em meu carro, satisfeita pelo meu encontro com Unser, eu sempre fui agradecida por tudo o que ele fez por mim. Mas agora, eu estava me encaminhando para um encontro que não seria do mesmo agrado.