História Sorriso Sincero - Capítulo Único

O sorriso muitas vezes mostra a alegria das pessoas. Mostra o quão satisfeitas e felizes elas estão com a vida ou com elas mesmas. Mas, não era assim que Sans se sentia na maioria das vezes.

Ele sempre ostentava um grande sorriso, que alegrava a todos e fazia o dia dos outros mais felizes. Mesmo que o subterrâneo fosse um lugar sufocante, Sans fazia com que os dias por lá fossem menos aterrorizantes e monótonos.

Sempre com uma piada ruim na ponta da língua para irritar seu irmão mais novo, o esqueleto mais velho conseguia divertir a todos que os assistia de vez em quando.

Mas, esse sorriso morria todas as noites na hora de ir dormir ou quando estava sozinho. Não aguentava mais a monotonia daquele lugar. Queria ser livre, queria ir para a superfície com seu irmão e lá ser feliz de verdade.

Com esses pensamentos, Sans sempre vigiava a floresta, a procura de humanos que caíssem por lá. Foi quando conheceu Frisk, uma garota de quatorze anos que saíra das ruínas. Na hora, o esqueleto pensou que talvez essa fosse a humana que a gentil senhora do outro lado da grande porta falou para proteger durante todo o trajeto até o castelo do rei.

Pensou que seria divertido por um tempo. Como não tinha nada para fazer, resolveu acatar a promessa que fez a senhora.

Conversou com a humana, deu-lhe vários conselhos de como passar por toda Snowdin sem correr perigo, contou piadas ruins que a divertiram no caminho. Tudo estava perfeito. Conforme o tempo passava perto da garota, o sorriso de Sans foi mudando. Parou de ser algo vazio, sem sentimentos.

Após ver a luta da menina com seu irmão, seu sorriso se alargou. Estava feliz por seu irmão ainda estar vivo e satisfeito com a nova amiga que conseguiu. Logo, resolveu que a seguiria por todo o caminho, para ver se ela continuaria com as boas ações.

Passou por Waterfall e pode assistir a difícil luta que ela teve que enfrentar contra Undyne. Sua vontade era de ajudá-la, mas não poderia intervir nos eventos ao longo do caminho. Mas, sua vontade de protegê-la foi aumentando ao longo do percurso. Logo, começou a aparecer mais vezes para ela, lhe oferecendo comida ou alguma dica que lhe ajudasse contra quem fosse lutar no momento.

Em um determinado ponto do percurso, em Hotland especificamente, eles tiveram uma conversa diferente do costume. Ao invés de conversarem sobre dicas de como passar na luta contra alguém, começaram a falar da superfície e do futuro.

- A superfície não é um lugar tão legal assim... Pelo menos para mim. – Frisk falou em um tom triste.

- E por que criança? – Sans perguntou interessado.

- Não sou criança Sans...! E respondendo a pergunta... Lá seria mais divertido se eu tivesse amigos. Eu não tenho ninguém lá. – Frisk respondeu perdida em seus pensamentos.

- Não tem ninguém lá? – Sans questionou incrédulo.

- Não. Eu vivo em um orfanato onde as mulheres que cuidam dele não gostam de mim. E as outras crianças costumam ficam longe também. – Frisk respondeu.

- Mas por quê? Você é tão legal e divertida. É a segunda pessoa que ri das minhas piadas ruins! – Sans disse alargando seu sorriso.

- Não sei explicar o porquê... Eles só ficam longe. Até parece que tenho uma doença contagiosa. – Frisk comentou, olhando para si mesma.

- Garanto que você não tem. Se não, já teria contaminado metade do subsolo. – Sans comentou piscando o olho direito para a menina.

- Sabe... Eu estava pensando em descobrir um jeito de libertar a todos daqui. – A menina disse pensativa.

- Não tem como criança. Só com sete almas humanas. Você teria que morrer para conseguir isso. – Sans falou inquieto.

- Fique calmo, eu vou conseguir libertar todo mundo sem morrer! – Frisk exclamou determinada.

- Me admira sua determinação criança, mas creio que não tem outro jeito. – Sans disse sério.

- Terá, você vai ver. E outra... Não sou mais criança! – Frisk exclamou novamente, batendo de leve no peito de Sans.

- Ok, ok! Você venceu! – Sans falou, rindo da situação.

Agora que ele parou para pensar, era a primeira vez que sorria daquele jeito. Aquela menina fazia mágica. Como alguém que acabou de entrar em sua vida poderia fazer tudo isso? Sans estava pensativo e com medo de todas essas emoções, mas estava gostando de cada momento que passava ao lado da menina.

Não demorou muito para que a garota passasse pelo núcleo e lutasse com Metatton. A luta deles foi espetacular. Um verdadeiro show ao vivo. Todos ficaram encantados com o episódio de hoje, com vários efeitos e ataques especiais.

Logo, a menina chegou a tão temida sala do julgamento. Lá ela foi julgada honestamente por tudo o que ela fez durante o caminho. Por seu alívio, Sans a esperava. Ela abriu um pequeno sorriso sincero ao vê-lo ali, diante da porta que levava a sala do trono.

- Creio que você saiba o que vai acontecer aqui, não é? – Sans perguntou com os olhos fechados.

- N-não... Como chegou aqui tão rápido? – Frisk questionou interessada.

- Tenho meus atalhos. Enfim, você será julgada por cada ação que cometeu durante seu caminho até aqui. – Sans disse seriamente.

- J-julgada...? – A garota perguntou. Não estava entendendo aonde o esqueleto queria chegar.

- Sim, julgada. Julgada por cada LOVE e EXP que ganhou. – Sans continuou seriamente.

- Entendo... – A menina respondeu, começando a entender o que tudo aquilo significava.

- Fique feliz Frisk. Seu julgamento é bom. Você não matou ninguém e, quando teve que fugir de uma luta, o fez com um sorriso no rosto. Você me dá orgulho menina. – O esqueleto mais velho proferiu, abrindo um sorriso gentil.

- I-isso é sério? P-posso ficar tranquila...? – A garota questionou, com lágrimas nos olhos.

- Sim, minha pequena. Você chegou até aqui sem matar ninguém. Você ganhou os amigos que tanto queria. – Sans falou abrindo mais ainda o sorriso.

Frisk, sem pensar duas vezes, pulou para os braços do esqueleto o abraçando. Não estava acreditando que conseguira passar por tudo sem ferir ninguém. Abraçou forte o mais velho, não o soltando por nada.

Já Sans acariciava os cabelos da garota a confortando. Não gostava de vê-la chorar, mas sabia que aquelas eram lágrimas de felicidade. Com cuidado para não assustá-la, encostou sua boca na bochecha dela e ali depositou um beijo.

- Vá menina, agora o nosso futuro está em suas mãos. – Sans disse soltando-a.

- Farei a coisa certa, pode deixar. – Frisk disse, retribuindo o beijo na bochecha do esqueleto.

Frisk se dirigiu a sala do trono, se encontrando com Asgore. Ele não parecia o tipo de monstro que queria matar alguém, mesmo assim manteve-se alerta. Depois de um breve diálogo, ambos caminharam até a barreira, onde finalmente teriam sua batalha.

Quando estavam prestes a começar a luta, alguém interviu. Toriel havia impedido que Frisk escolhesse entre morrer ou matar Asgore. Então, outros amigos de Frisk começaram a chegar: Papyrus, Alphys, Undyne, Sans, Metatton. Ninguém iria lutar mais.

- Pelo visto você terá que ficar por aqui mais um tempo, minha criança! – Toriel exclamou.

- Acho que sim... Mas irei descobrir um jeito de tirar todos daqui! – Frisk disse determinada.

- Tenho certeza que você conseguirá Frisk! – Undyne comentou igualmente determinada.

- Ahn... Papyrus, como você conseguiu chamar todos aqui? – Alphys perguntou interessada.

- Digamos que uma pequena flor me ajudou! – Papyrus exclamou sorridente.

- U-uma pequena flor...! – Alphys repetiu em tom urgente.

Então, Flowey apareceu, roubando a alma de todos. Mais uma luta se iniciou e Frisk deu tudo de si para salvar seus amigos. Depois de salvar a todos, estendeu sua mão em direção ao ser a sua frente com um sorriso gentil nos lábios.

- O que está fazendo? – Asriel perguntou bravo.

- Não se preocupe Asriel. Neste mundo não é matar ou morrer... Venha, vamos ser felizes juntos! – Frisk exclamou com a mão estendida.

- Você não entende, não é? Pare com isso! Pare de ser tão boa comigo! Isso não vai te levar a lugar algum! – Asriel disse, lançando um ataque em Frisk.

- Você não precisa ser assim! Vamos todos ser amigos! – A garota disse, encostando a pequena mão no rosto de Asriel.

- Não, pare com isso! Pare com isso e me deixe ganhar! – Asriel disse, lançando mais um ataque poderoso, deixando o HP de Frisk em 000000.1.

Depois de tanto esforço, viu que não daria em nada. Logo Asriel perdeu seus poderes e voltou a ser pequeno. Uma simples cabra pequena. Logo Frisk o confortou, dizendo que seria sua amiga e que o perdoava por tudo o que tinha feito.

Então, Asriel com a força de todas as almas, conseguiu quebrar a barreira para sempre. Todos estavam livres agora.

Mais que depressa, Frisk e todos foram para fora do subsolo. O ar era fresco e a luz do sol banhava a todos, com seus raios amarelos e majestosos. Todos ficaram admirando a paisagem por um tempo, até resolverem o que fazer. Frisk resolveu que iria viver com Toriel, sua nova mãe. Os outros saíram para explorar o novo mundo de possibilidades.

Ah, como era bom o mundo da superfície. Sans aproveitou o máximo que pode. Cada momento que passava com Frisk e seu irmão eram preciosos para ele. Seu sorriso nessa altura do campeonato já não era forçado. Parou de ser aquela coisa que só alegrava os outros. Seu sorriso passou a alegrar a si mesmo a partir do momento que saiu do subsolo. Seus sorrisos começaram a serem mais sinceros, principalmente para Frisk.