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História Sorrisos Sob a Montanha - Seu Passado, Meu Presente


Escrita por: Tinkerbaek

Notas do Autor


Vejam só quem voltou, pessoinhas. Mas antes de mais nada...

AVISO IMPORANTE
Eu to andando meio ocupada e a partir de hoje até quarta-feira dessa semana realmente vou estar lotadaaaa de coisa pra resolver e etc, to ficando meio cansada, então to respondendo os comentários devagarinho.

SEGUNDO AVISO
A fanfic era pra terminar com 16 capítulos, mas adivinhem só... tive que separar este capítulo em dois porque percebi que não daria pra fazer tudo apenas neste. Então, se eu não sair de controle mais uma vez kkkkk a fic irá se encerrar no capítulo 17! Eu já escrevi boa parte do 16 e do 17, então talvez essa semana eu já termine.

TERCEIRO AVISO
Por essa semana mesmo eu devo começar a postar minha próxima fic, que é uma long SEKAI! Torçam pra conseguir upar o primeiro capítulo dela o quanto antes. Espero ver alguns de vocês lá!

QUARTO AVISO (juro que é o último)
Perdoem esse capítulo... Ele é um pouco mais chatinho, mais paradinho... Mas ele é um capítulo de transição, ele serve pra ligar pontos importantes, e infelizmente não posso descartá-lo senão a história ficaria corrida demais. Me perdoem e espero que compreenda.

ENFIM, vamos ao capítulo 15!

Capítulo 15 - Seu Passado, Meu Presente


Fanfic / Fanfiction Sorrisos Sob a Montanha - Seu Passado, Meu Presente

Concordar em ajudar Baekhyun não havia sido uma decisão tão surpreendente. Chanyeol sabia que acabaria ajudando, mesmo se não houvesse absolutamente nada em troca. Afinal de contas, considerava-se idiota o suficiente para torturar-se ainda mais, sabia que não tinha coragem para virar as costas àquele que, agora, tanto amava.

O moreno, a partir do momento no qual pedira sua ajuda, colocou-se a treinar, pois ainda não estava totalmente acostumado com seu braço mecânico. O membro artificial era, de fato, bem pesado, vez ou outra o ajudava ao massagear seus ombros. Baekhyun, a partir de certo ponto, tinha de tomar remédios para amenizar a dor nas costas que aquilo lhe causava. Entretanto, o menor passou a usar o braço como escudo contra os Smileys, socando-os com o punho, protegendo seu próprio corpo ao colocar o mecanismo diante de si. Ficara mais fácil disparar flechas com a balestra encaixada e, com o passar das semanas, sua mira voltara a melhorar consideravelmente.

O mais novo também percebeu que não deveria, nunca, achar que já sabia coisas demais sobre o antigo príncipe. No momento após pedir seus auxílios, Baekhyun revelara o que tanto fazia com as papeladas que estudava e anotava. Eram seus estudos sobre antídotos, diversas anotações e ideias de como poder reverter as condições dos Smileys. Chanyeol se surpreendeu com aquele fato, o qual o menor não contara tanto sobre, mas ele, incrivelmente, possuía um conhecimento avançado de medicina.

A partir daquele dia, Baekhyun dedicara parte de seu tempo nos fundos da caverna, atrás daquela grande jaula, onde descobriu, montado ali, quase um laboratório. Diversos instrumentos medicinais, assim como tubos de ensaio que agora estavam repletos de líquidos de cores diferentes. Suas anotações estavam espalhadas sobre uma mesa de madeira, as quais ele checava por várias e várias horas.

Chanyeol começou a notar algo com o passar dos dias, que pesava em seu coração: Baekhyun estava um pouco afastado de si. Ainda mantinham relações, mas por muitos dias dormia sozinho, ouvindo-o trabalhar no tal antídoto que tanto almejava alcançar.

Naquela noite, porém, o moreno (após dias) estava com a cabeça entre suas pernas, seus lábios finos subindo e descendo sobre sua rigidez. Agarrava os cabelos do menor enquanto se contorcia, seus corpos já estavam muito suados por estarem há bastante tempo dando prazer um ao outro. Apertara os cobertores abaixo de si quando não pôde mais segurar o prazer que sentia, arqueando as costas e partindo os lábios em um gemido mudo. Baekhyun limpara a boca, engatinhando sobre seu corpo e o beijando, fazendo com que sentisse o próprio gosto em sua língua. Mais uma vez, experimentara tomar o moreno e ser tomado por ele, apesar de preferir que ele tomasse o comando, que ele deslizasse para dentro de si. Chanyeol sentia mais prazer quando o príncipe o tinha para si, pois também alimentava sua ânsia de pertencer somente a ele. Infelizmente, aquela não era a realidade.

O mais novo não entendia o porquê de continuar cedendo a sua vontade de estar com Baekhyun. Quanto mais recebia atenção e carinho, mais sentia-se preso e sufocado em suas próprias escolhas. Não fora forçado a nada, o moreno sempre deixara bem claro que aquele relacionamento não passaria de uma amizade onde envolveria sexo. Aceitara por sua conta, mas agora não conseguia sair daquele próprio labirinto de emoções que havia criado. Por mais que amasse estar como naquele momento, o rosto enfiado em seu pescoço, sentindo o cheiro de sua pele bronzeada, perceber que aquilo poderia ser tomado de si a qualquer momento era incrivelmente doloroso (contudo, Baekhyun nem mesmo era algo seu para que fosse tomado de alguma forma).

Há dias pensava em cenários sobre o futuro, como Yixing conseguir voltar a vida. Como o ele reagiria sabendo que o mais velho estava tendo aquele tipo de relação consigo? Ele provavelmente não iria gostar, provavelmente ia mandar que fosse embora para poder continuar com Baekhyun. Afinal de contas, eles nunca realmente terminaram, o destino cruel que separara ambos. Pensou novamente em como era sem sorte, em como Corvo parecia ter razão em dizer se não sabia se ele era sortudo demais ou azarado demais. Era sempre a questão do copo meio cheio ou meio vazio.

Sentiu os olhos lacrimejarem, mais uma vez a vontade de chorar lhe atingira. Agarrou o corpo de Baekhyun, apertando-o contra si enquanto escondia o rosto em seu pescoço, tentando não derramar lágrimas. Sabia que era péssimo em fingir, péssimo em esconder suas emoções, mas o ex príncipe era bom em lê-lo e não questioná-lo mais do que o necessário, então, ele apenas o abraçou mais forte e afagou-lhe os cabelos negros, parecendo embalá-lo como um bebê desamparado.

Suspirou fundo, tentando prender o choro na garganta, mas seu corpo tremia levemente cada vez que tentar engolir de volta um soluço que teimava em sair. Baekhyun praticamente o puxara para cima do próprio corpo para acomodá-lo melhor, e Chanyeol sequer teve coragem de se desgrudar daquele abraço. Ele beijara sua cabeça, os dedos finos da mão esquerda deslizaram para suas costas nuas, afagando sua pele com carinho. Ficara daquela forma até que fosse vencido pelo cansaço. O moreno não o soltara um minuto sequer até que se perdesse em um mundo de sonhos onde, talvez, pudesse sonhar com coisas melhores.

***

“Ei, acorda. Temos algo importante a fazer.” Baekhyun o despertara enquanto jogava jogava um grossa corda em seu colo. Ele colocava a camisa e tentava se ajeitar, como sempre, o mais rápido possível. Piscou os olhos algumas vezes em sua direção, espreguiçando-se. Segurou a corda em mãos e, sem fazer perguntas, resolveu apenas guardá-la dentro de sua bolsa para logo vestir-se. “Acho que devo avisar…” Disse ele, antes que pudesse terminar de colocar sua bota. “Que essa viagem vai demorar um pouco, não vamos visitar nenhuma cidade.”

Chanyeol piscou umas vezes, confuso. Pensou em perguntar o que fariam, mas, em certa parte, não quis saber. Se Baekhyun quisesse lhe contar, tudo bem, contudo, talvez fosse melhor manter-se sem informações. Ainda podia sentir em seu corpo todas as sensações que tivera com o menor na noite anterior, todos os sabores, todos os prazeres, tudo o que foi apenas para si em um curto período de tempo onde eram apenas gemidos. Sabia que, provavelmente, era algo relacionado a Yixing e por isso não se atrevia a perguntar.

De fato, a viagem fora longa. Acamparam uma noite em uma das árvores que o moreno usava como refúgio, comeram de frutas e beberam da água dos cantis cheios. Baekhyun lhe desejou uma boa noite, mas sem beijá-lo. Sua noite fora estranha, acordara diversas vezes durante seu sono e nessas interrupções olhava o semblante do outro, que às vezes franzia o cenho, talvez tendo algum tipo de sonho ruim. Ao menos, ele estava conseguindo dormir…

O dia que se seguiu fora igualmente cansativo e quase silencioso, já que os Smileys que estavam por todas as partes faziam o de sempre: chiar de forma aguda e gélida, como metal sendo arranhado. Se alguma conclusão havia tirado de todo o tempo que estava na superfície era que seria impossível se acostumar com tais barulhos. Contudo, estava com um pouco menos de medo deles, não totalmente, é claro, já que poderiam ser atacados a qualquer minuto. Olhou rapidamente para o braço mecânico de Baekhyun e lembrou-se dos horrores que essas criaturas poderiam trazer para a vida de alguém… Automaticamente, lembrou-se do antigo amor daquele ao seu lado, aquele que tivera um destino pior que a morte em si. Seu coração apertara novamente.

Após fazerem um desvio, o mais novo reconheceu um lugar que estivera com o príncipe algumas vezes. Era a entrada de uma outra cidade, esta chamada Namaarie. Ela ficava localizada descendo um grande poço de pedra úmido, tampado por um alçapão rústico de aço, com apenas algumas engrenagens. Ele era tão alto que tiveram de subir por uma pequena escada de madeira presa às pedras. Naquela entrada, havia pequenos botões que, apertados na sequência correta, produziam um som bem distante, parecendo vir do fundo. Alguns segundos se passaram após Baekhyun reproduzir a sequência, revelando um homem barbudo por uma pequena ‘janela’ do alçapão.

“Ora, vejam só…” Sussurrou o homem estranho, apoiando o braço sobre o metal. “O que o traz aqui? E o que é esse seu braço?!”

“Pelo visto dei sorte de ser seu turno, não é mesmo?” Riu Baekhyun, sentando sobre o alçapão. “Longa histórias, mas basicamente é culpa dessas porcarias.” Sinalizou o rapaz com a cabeça, em direção aos chiados que vinham do lado direito. “Enfim, preciso de um serviço seu…” Naquele momento, o homem se calou e olhou para Chanyeol. “Tudo bem, ele é confiável.” Ele continuou a analisá-lo cima abaixo, ainda parecendo desconfiado, até que seus olhos se voltaram ao moreno.

“Do que precisa?” Questionou, por fim.

“Preciso que mande uma mensagem para alguém em Elenath.” O morador de Namaarie franziu o cenho, confuso com o pedido. Pelo visto, aquilo não era algo comum.

“E para que você quer falar com alguém de Elenath? Nem tem nada lá de muito bom para ser trocado.” Perguntou, realmente parecendo achar aquele pedido absurdo. Baekhyun suspirou e, vasculhando sua bolsa, retirou um saquinho carmesim, que tilintou com o barulho das moedas que estavam dentro. “Bem… Acho que podemos dar um jeito nisso. Quem está procurando?”

Naquele momento, o moreno virara em sua direção, encarando-o. Chanyeol demorara alguns segundos para perceber que ele havia passado a resposta para si. Baekhyun não sabia o nome de sua mãe, afinal, já que nunca lhe dissera.

“Ada Estelwen.” Disse o mais novo, sentindo como sua voz saíra um pouco emocionada. Falar de sua mãe fazia seu peito doer. Sentia tanta falta e tanta preocupação… Queria poder abraçá-la novamente, dizer que a ama. Se não fosse por ela, talvez estivesse morto antes de sequer pensar em descer sua montanha.

“Qual a mensagem?” Questionou o homem mais uma vez. Rapidamente, Baekhyun vasculhara sua bolsa como da outra vez, arrancando um pedaço pequeno de papel e dando-lhe uma pena metálica, um tanto enferrujada, e um potinho de tinta.

“Seja breve… Não pode ser uma mensagem muito longa.” Instruiu o moreno, com a voz mais serena que o normal. Chanyeol sentiu a garganta fechar e a mão tremer, de repente a vontade de chorar lhe viera à tona, mas o menor lhe dera uma pequena cotovelada, lhe direcionando um olhar como se tentasse dizer algo importante. Respirou fundo, endireitando-se. Escreveu sua mensagem, tentando ser o mais breve possível e, ao dobrar bem o papel, o menor retirou de suas mãos.

“Confidencial… Se abrir, eu vou saber… Traga a resposta também, por favor.” Instruiu Baekhyun, antes de depositar o papel nas mãos do homem barbado. O estranho sorriu e fez um aceno com a cabeça, apertando com firmeza o papel no punho fechado.

“Em uma semana podem voltar aqui.” Instruiu ele antes de, por fim, fechar aquela pequena abertura no alçapão, sumindo de suas vistas. O menor ajeitou a bolsa novamente, colocando-a nas costas antes de olhar em sua direção novamente.

“Se posso ser intrometido o suficiente, o que foi que escreveu?” Questionou o moreno.

“Eu…” Ainda estava um pouco eufórico demais, pois começava a ficar ansioso pela possibilidade de ter contato novamente com sua mãe. “Perguntei como ela estava. Falei que estou vivo e bem, e… Que não estou sozinho.” Murmurou a última frase, olhando para o lado, claramente envergonhado. Baekhyun o mirou por mais um tempo, sem falar nada, até abaixar a cabeça e dar um sorrisinho rápido. Virou-se de costas e foi-se em direção a escada daquele enorme poço. Antes de descer totalmente, porém, ele parara.

“Você sabe o que significa seu sobrenome na língua antiga, não sabe?” Perguntou ele, parado no início da escada. Chanyeol balançou a cabeça negativamente, pois nunca se importara tanto em saber a origem do nome de sua família por não considerar algo tão importante. Por ser uma sociedade patriarcal, Estelwen era o sobrenome vindo de seu pai que, quando era apenas um bebê, desaparecera de sua vida e de sua mãe, desde então nunca quis realmente saber nada que envolvesse o homem que não se importara o suficiente com a própria família. Entretando, o sorriso voltou a aparecer nos pequenos lábios do mais velho, parecendo compreender algo. “Significa esperança.” Informou ele, antes de, finalmente, descer as escadas.

***

Andaram por mais horas, cansativas horas, até que Chanyeol começara a reconhecer aquele lugar. Estavam entrando em um vale, e a partir daquele momento teve certeza de onde estavam. Engoliu em seco e sentiu os lábios tremerem ao respirar fundo pela boca, tentando afastar certas emoções lhe apertaram o coração. Um pouco mais a frente, Baekhyun, após desviar a atenção de alguns Smileys jogando pedras em direção a uma rocha ao lado, longe o suficiente, parou em frente a um objeto caído sobre a grama. A besta que perderam quando, em um momento de pânico, Chanyeol lhe socara o rosto.

Percebeu os punhos do moreno se fecharem e, com isso, teve certeza absoluta do que iriam fazer ali… Iriam tentar capturar Yixing. Aquele fora o lugar onde ele fora avistado pela última vez, afinal de contas. O menor sinalizou para que o seguisse novamente, andaram mais um pouco até o mesmo local no qual trataram de seus machucados, onde ambos pediram desculpas pelas agressões.

“Vamos ficar aqui por um tempo.” Declarou Baekhyun ao terminar de subir e, como sempre, procurando lenha para acender a fogueira. “Todos os dias vamos ter que acordar cedo e inspecionar as redondezas, tudo bem?” Chanyeol concordou, abaixando a cabeça. Era impossível esconder totalmente seus sentimentos com relação aquilo. Não queria ser egoísta, contudo. Não era culpa de Baekhyun, ele sempre havia deixado tudo muito claro, e muito menos era culpa de Yixing, que provavelmente fora o mais injustiçado daquela história, mas ainda assim… Doía. O moreno pareceu perceber seu semblante, pois este se aproximara e, calmamente, tocara seu rosto com a mão verdadeira. “Chanyeol… Eu preciso de uma chance de desfazer o mal que meu pai fez. Por favor, com sua ajuda eu tenho mais chances de capturá-lo…”  

O mais novo sentiu o coração pesar. Como poderia dizer não? Baekhyun o salvou diversas vezes, o manteve vivo, o treinou para que conseguisse sobreviver naquele mundo extremamente bagunçado e perigoso. Ele esteve ali, ao seu lado, sendo sincero com suas palavras. Por mais que partisse seu coração, a possibilidade de perdê-lo ou magoá-lo para sempre seria um pesadelo maior do que poderia imaginar, e aquilo não seria capaz de suportar. Concordou, então, com a cabeça, recebendo um sorriso e um afago nos cabelos negros.

Aquele fora apenas o primeiro dia de vários em busca de Yixing. Com o decorrer das noites, começou a perceber que passavam cada vez menos noites juntos, trocavam cada vez menos beijos e carícias e, para machucar um pouco mais sua alma, Baekhyun começara a ficar mais quieto, passando tempo demais sozinho em seu canto. Mal se beijavam, mal se abraçavam.

Contudo, as buscas continuavam. Muitas criaturas foram mortas ao longo do caminho, várias vezes passaram por situações um tanto complicadas, mas conseguiam se resolver. Chanyeol também estava com dificuldades para ajudar o menor já que não era capaz de lembrar detalhes sobre ele em todo aquele momento desesperador que passara tempos atrás. Mesmo assim, Smileys eram muito parecidos, então, por porte físico e cabelos, apenas Baekhyun seria capaz de reconhecê-lo. E Yixing ele não deveria estar longe, já que atingira uma de suas pernas com uma flecha. Aquilo, na verdade, os ajudariam a encontrá-lo com mais facilidade, já que o tiro não fora mortal, então ele provavelmente estaria mancando pelas redondezas.

O rapaz de cabelos negros já estava cansado, exausto de tanto procurar quando, perto daquele vale alto, onde diversas borboletas e flores habitavam, puderam avistar uma criatura a chiar baixinho, arrastando sua perna, onde uma flecha de madeira havia ultrapassado. Olhou rapidamente para Baekhyun e soube, ali, ao vê-lo suspirar pesadamente e agarrar a alça da bolsa que carregava, que se tratava daquele rapaz. Ele parecia estático, chocado demais para poder sair do lugar. O mais novo queria que o menor pudesse fazer o que achasse certo para sua vida, não era de seu direito impedi-lo. Então, vagarosamente, deslizou sua mão até a dele, apertando seus dedos com leveza. O moreno o olhou rapidamente e, em seus olhos, parecia haver um misto de medo e ansiedade.

Chanyeol, assim com ele, tirou a corda que carregavam consigo e, juntos, avançaram em direção daquele Smiley mesmo sabendo, no fundo de seu coração, que tudo poderia mudar a partir dali.

***

Capturar um Smiley não era um trabalho fácil. Eles eram fortes, se debatiam e tentavam atacar enquanto chiavam fino, estridente… Capturar uma dessas criatura que, anteriormente, era uma pessoa importante na sua vida, parecia ser ainda mais difícil de lidar. Baekhyun parecia pálido e teve dificuldades de amordaçar os lábios sorridentes do rosto distorcido de Yixing, pois suas mãos pareciam estremecer. O mais novo, então, tomou seu lugar e prendeu o pano atrás da cabeça daquele que se debatia.

Levar um Smiley era ainda mais complicado. Por este andar mancando, graças a flechada que levara em sua perna, tiveram de tombá-lo de costas para o chão e, puxando-o pela corda que amarrava todo seu corpo, o arrastaram por quilômetros e mais quilômetros. Baekhyun o fez por mais da metade do caminho, apoiando o peso da corda sobre seu braço mecânico, enquanto Chanyeol cuidava dos Smileys ao redor. Por sorte, os outros pareciam ignorar os grunhidos abafados daquele que arrastavam, já que, pelo que tudo indicava, eles não se importavam tanto com os barulhos de seus iguais.

Vez ou outra, quando se preparavam para descansar em algum local, como na árvore na qual subiram, puderem perceber que Yixing tendia a parar um pouco de se mexer. Naquele momento, ele estava preso ao tronco da árvore, parecendo ter apenas alguns espasmos, mas nenhum outro movimento mais brusco ocorria.

“Não sabia que eles paravam de se mexer assim… Digo, depois de amarrados.” Murmurou Baekhyun, quando ambos estavam devidamente presos nos grossos troncos, após dar uma golada em seu cantil. “Ele está até bem quieto...” Completou ele, encostando contra a árvore. Chanyeol o olhou e encontrou um rosto pensativo. Não havia sorrisos, não havia expressões alegres, sua face apenas demonstrava, talvez, um vazio. Desviou sua visão para baixo e conseguiu ver, por entre as folhas, aquele Smiley de cabeça baixa, mexendo-a vagarosamente de um lado para o outro.

“Eles não estão sempre gritando e atacando, às vezes eles só caminham.” Respondeu, ponderando sozinho com seus botões. Baekhyun suspirou fundo, fechando os olhos, demostrando claramente estar com a mente cheia demais para continuar acordado.

“Tem razão, talvez seja por isso que ele tenha se aquietado…” Sussurrou ele, parecendo encerrar o assunto. Chanyeol ficara acordado por mais algum tempo, ora olhando o menor, ora olhando o Smiley aprisionado fortemente contra a árvore. Se Baekhyun conseguisse, Yixing voltaria a ser como era antes e certamente teria de se afastar para sempre dos dois, sabia disso. Sua mente logo o fizera voar em memórias até o dia no qual o moreno o deixara na casa de Corvo, em um lugar muito mais seguro que a superfície. Deu uma pequena e dolorosa risada ao lembrar de como ficara feliz pelo outro voltar, levando-o consigo novamente. Talvez, se tivesse dado ouvidos, se tivesse escolhido ficar com Corvo, seu coração seria poupado… Tentou afastar as lágrimas que encheram seus olhos, pois já estava cansado até mesmo de chorar.

***

A parte mais difícil fora subir um Smiley raivoso por alguns metros de altura. Tiveram de trocar a mordaça de Yixing duas vezes durante o caminho, pois o líquido preto dissolvera as duas primeiras. Naquele momento, Baekhyun estava na parte de cima da caverna, tentando puxar a criatura com seu braço mecânico. Chanyeol subia ao lado, tentando mantê-lo quieto o máximo possível. Quando, por fim, conseguiram subi-lo, tiveram que empurrá-lo para os fundos da caverna, prendendo-o na enorme jaula que se fechara com um alto estrondo de metal.

Baekhyun, então, aproximou-se das grades gélidas e, apoiando rosto entre duas barras, agarrando as mesmas com ambas as mãos, observou Yixing se debater, tentando chiar, porém tendo dificuldades por estar amordaçado. Ele permaneceu assim por alguns segundos e Chanyeol, durante esse tempo, virou o rosto para outra direção. Não sabia a certo como se sentir, não tinha ideia do que falar.

“Vou para os fundos.” Murmurou o moreno, sem olhá-lo, se dirigindo a parte funda da caverna onde ele mesmo trabalhava em um antídoto. “Qualquer coisa, me chame.” Instruiu ele, virando-se de costas e sumindo entre a escuridão daquele local. Chanyeol murmurou uma concordância enquanto ele se afastava e, logo após isso, resolveu preparar algo para que comessem, mesmo que não tivesse um pingo de fome, mesmo tendo caminhado por horas. Havia alguns coelhos que pegaram enquanto estavam acampados longe dali, estes que foram salgados com sal grosso para que fossem preservados por mais tempo. Tirou-os de uma das bolsas para prepará-los.  

Contudo, enquanto tirava o excesso de sal dos animais, sentiu-se um pouco mal enquanto ouvia os barulhos abafados do Smiley ali ao lado, que se trombava vez ou outra contra as barras de metal. Sua cabeça doía demais a cada som ouvido, mas tentou se esforçar para ignorá-los. Mesmo com um bom tempo se passando enquanto preparava um ensopado com os coelhos e as batatas que trouxeram consigo, trabalhar com sua mente cheia lhe causara certas náuseas.

“Baekhyun, a comida está pronta.” Disse Chanyeol ao caminhar até os fundos da caverna, fechando a cara pelo cheiro estranho e forte que os fracos de ensaio emanavam. Alguns deles estavam sendo fervidos e aquele odor parecia se espalhar aos poucos pelo local. O menor lhe dera um meio sorriso ao abaixar a máscara de pano que havia em torno de seu rosto.

“Obrigado por ter feito comida, já tinha até esquecido.” Disse o menor, com um meio sorriso bordado nos lábios pequenos, seguido de tapinhas em seu ombro com a mão boa, e assim percebeu que ela e a mecânica estavam devidamente enluvadas com um material de borracha. Enquanto caminhava até perto da fogueira, ele retirava tais luvas.  

Logo ambos estavam sentados diante um do outro, tomando do ensopado que parecia estar salgado demais para Chanyeol. Yixing parecia quieto agora, ele continuava de pé e com a testa encostada em uma das barras de metal, apenas soltando uns grunhidos fracos. O mais novo não conseguia tomar tanto de sua sopa, entretanto. O líquido com pedaços de carne não lhe apetecia como deveria e, lambendo os próprios lábios por parecerem secos demais, levantou o olhar para Baekhyun.

Sentiu suas pálpebras cansadas. Pensar no moreno e em toda aquela situação pareceu ter sugado todas suas energias. Porém, o antigo príncipe pareceu perceber algo, pois seus olhos amendoados encontraram sua face e aquele pequeno sorriso que ele lhe direcionara morrera em questão de segundos.

“Chanyeol, o que houve? Por que não está comendo?” Sua voz soava preocupada, então, com um certo esforço, tentou rir para ele.

“Nada, só acho que não tirei bem o sal da carne.” Comentou, forçando um sorriso em seus lábios. Baekhyun, todavia, franzira ainda mais o cenho. Ele deixou pote de ensopado ao lado e se levantou abruptamente, caminhando em sua direção. “Baekhyun, o que-” A mão esquerda do moreno tocou sua testa antes que terminasse a frase, deslizando para seu rosto e pescoço.

“Está com febre.” Disse ele, podendo jurar que sua voz saíra um pouco esganiçada de preocupação. Sua mão era firme, porém delicada enquanto analisava sua face com atenção. Chanyeol piscou algumas vezes, sem compreender.

“Mas não tem porquê eu ficar com febre…” Retrucou, confuso. Baekhyun, de repente, fora até um baú e, remexendo ali dentro, encontrou um dos frascos que Corvo lhe entregara. Alguns eles levaram consigo na viagem, outros resolveram deixar na caverna onde se encontravam. Ele despejara um pouco do líquido em uma das canecas de metal vazias, lhe entregando rapidamente.

“Beba.” Instruiu e, voltando a vasculhar o baú. Ele retirara um tecido dali, embebendo-o com água de um dos cantis. “Melhor deitar, depois você termina de comer.” Continuou ele, sério, e Chanyeol resolveu não contrariá-lo. Seu corpo doía um pouco, e com certeza não pareciam ser dores causadas pela caminhada. Ao deitar, o menor deslizara o pano por seu rosto e gentilmente humideceu seu pescoço, rosto, até depositá-lo em sua testa.

“Mas por que eu estaria com febre?” Insistiu em perguntar. Baekhyun o olhava com seriedade.

“Febre pode ser a maneira do corpo dizer que tem algo errado acontecendo.” Ele suspirou, pressionando um pouco mais o pano úmido em sua testa. “Você pode ter ingerido algo que não estava em boas condições, ou algum inseto pode ter lhe picado, mas…” De repente, ele parara de falar, parecendo pensar consigo mesmo.

“Mas…? Baekhyun, por favor, está me assustando…” O moreno fez um clique com a língua, parecendo vasculhar a mente em busca da resposta.

“Febre também pode ser emocional.” Murmurou ele. Chanyeol ponderou ao ouvir aquilo, desviando o olhar. “Pode ser causada por uma preocupação muito intensa, seu sistema nervoso acaba ficando muito tenso e com isso… Vem a febre.” Concluiu, apertando os lábios. “Sei porque já tive isso… Quando minha mãe faleceu e… Durante minha primeira semana na superfície.”

Ficaram em silêncio por alguns segundos, até Baekhyun se levantar, avisando que voltaria a trabalhar nos fundos da caverna, mas que checaria suas condições de alguns e alguns minutos. Também lhe fora instruído descansar um pouco e, antes dele realmente se afastar, o moreno lhe entregara uma laranja para que pudesse dormir com o estômago não tão vazio.

Assim o fez, mesmo a contragosto e, após terminar sua fruta, deitara sobre o colchão fino, cobrindo seu corpo pelo frio repentino que lhe afligira. Pensou no que lhe fora dito, sentindo sua boca ficar seca novamente, causando-lhe um grande desconforto. Pensou em todo aquele turbilhão de estresse que estava sentindo há tantos e tantos dias. Ouviu mais uma vez o chiado agoniado de Yixing vindo da grande jaula e aquilo, como das outras vezes, fez sua cabeça doer…

Vasculhando um pouco a memória, lembrou-se como sua mãe costumava chamar aquele tipo de febre: ela dizia que era estar ‘doente de amor’. Nunca havia entendido isso quando menor. Como alguém poderia ficar por amar? Era novo demais para compreender, mas agora parecia entender... E talvez sua mãe tivesse razão, talvez aquilo fosse ficar doente de amor, pois a dor que sentina em seu coração era inimaginável que chegava a se espalhar para o resto de seu corpo, como uma verdadeira doença que consumia seus ossos, sua mente, sua alma...

Baekhyun, entretanto, cuidara de si a noite inteira. Não havia reparado quando o menor, diversas vezes, mesmo enquanto trabalhava, ia até o local onde repousava para trocar sua compressa e ver se estava se sentindo melhor. Lembrava apenas de quando ele o fez sentar, a contra gosto, para que tomasse seu ensopado e para que esfregasse o pano molhado em sei torso nu. Chanyeol gemeu em reclamação quando ele o fez. Doía sentir a água gelada contra seu corpo quente e amolecido, mas o moreno apenas continuou a fazer isso, até que, por fim, colocara sua camisa novamente e pôde deitar-se tranquilamente. Mas não estava mais com tanto sono, então, de olhos fechados, podia ouvir o moreno se mexer ao seu lado (tentando, ao máximo, ignorar os barulhos de Yixing). Os dedos quentes e os metálicos tocavam sua tez vez ou outra; algumas vezes ele se aproximava, pois era capaz de ouvir sua respiração mais de perto, às vezes tocando seu rosto.

Não sabia ao certo se estava convencendo-o de que estava dormindo, mas ficara acordado daquela maneira, de olhos fechados, por um longo tempo e, nem por um segundo antes de cair em sono profundo novamente, Baekhyun se afastara de si. Mais uma vez, Chanyeol agarrou-se ao seu mundo da imaginação, onde o príncipe estava ali por retribuir seu amor.

 

 

 


Notas Finais


Capítulo 15 terminado! E sério, pessoinhas, me perdoem por ter sido meio chatinho, realmente espero que tenham entendido o motivo dele. Não desistam de mim, pls! E desculpem também qualquer errinho porque né... Sou a senhora desatenta.

Obrigada por terem saco de ler até aqui! Vejo vocês no próximo capítulo e enquanto respondo os comentários.
twitter: @tiinkerbaek com dois "i"s


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