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História Sorrisos Sob a Montanha - Escolhas


Escrita por: Tinkerbaek

Notas do Autor


Olá, pessoal! Vejam só quem chegou com o penúltimo capítulo!

Pela milionésima vez venho me desculpar por responder lentamente. Acabei de voltar de uma viagem de 15 horas, fiquei enfornada em 3 aviões... Estou exausta kkkkk cheia de jet lag e to incrivelmente lerda aqui. Espero que minha betagem não esteja uma completa droga por isso kkkkk

Enfim, não tenho muitos avisos hoje. Espero que gostem do capítulo!

Capítulo 16 - Escolhas


Fanfic / Fanfiction Sorrisos Sob a Montanha - Escolhas

Chanyeol acordara com um barulho estranho de chiados. Smileys eram seres barulhentos, isso era fato, aprendera a conviver com os chiados estridentes, mas aqueles gritos não pareciam normais. Levantara rapidamente de seu colchão, ainda sentindo o corpo um tanto amolecido. Olhou para a jaula e lá estava Yixing, com uma nova mordaça, a cabeça mais uma vez encostada contra as grades, sem parecer raivoso. Entretanto, ele não estava ali sozinho. Havia outro Smiley, com formas femininas, igualmente amarrado e amordaçado, parecendo ainda mais preso do que o outro, além de muito irritado.

Baekhyun surgira diante de si, vindo dos fundos da caverna, ele não esboçava nenhuma emoção quando se aproximara e tocara sua testa novamente.

“Não está mais com febre, isso é bom.” Concluiu ele, indo em direção a mesinha de madeira que ali havia para pegar um pão e mais duas laranjas. “Vai fazer bem pra você, coma as duas, okay?” Instruiu ele, antes de sentar diante de si e descascar uma outra fruta amarelada, logo mastigando um dos gomos. “Esse outro Smiley é só para testar os soros.” Explicou ele.

“Você… Foi atrás desse outro sozinho?” Perguntou. Não gostava de pensar no menor fazendo aquilo sem ajuda, mas lembrou-se de como Baekhyun se virava sozinho há anos e que sua ajuda era apenas um acréscimo, alguém que facilitava e agilizava as ações, já que o outro era, realmente, muito mais capacitado. Ele ter perdido um dos braços fora porque adoecera, e naquele momento o único doente ali não era o moreno.

“Você estava debilitado pela febre, acha mesmo que iria arriscar? Não queremos outro braço mecânico, queremos?” Ele deu um meio sorriso, encarando bem o seu rosto. “Eu preciso de cobaias, Chanyeol. Não posso simplesmente testar nele sem saber como serão os resultados…” Explicou, sua voz diminuindo no final da frase. Baekhyun se calou e olhou para os lados. Ouviu seu suspiro alto antes de levantar e se dirigir aos fundos da caverna.

Olhou então para a jaula, percebendo como Yixing e o outro Smiley se esbarravam enquanto tentavam andar pelo pequeno espaço disponível para ambos. Daquela vez, ponderando sozinho, mergulhado em seus próprios pensamentos, fora sua hora de suspirar.

***

O tempo poderia passar diante de seus olhos rapidamente. De início podia até não parecer, mas sua mente, ao recapitular as memórias, parecia diminuir a sensação de demora entre uma situação e outra. Alguns meses haviam se passado desde o primeiro teste de Baekhyun, nenhum deles tendo um bom resultado. Ao todo, vinte e três Smileys foram usados, mas alguns simplesmente caíam mortos no chão, outros voltavam a ter convulsões e paravam completamente de e mexer. Tiveram um enorme problema quando um deles se partira em diversos Smileys menores e estes tentaram ultrapassar as grades de ferro. Entretanto, nesse meio tempo de frustrações, também recebera notícias de sua amada progenitora. Sua mãe havia respondido, para seu alívio e felicidade, mesmo a mensagem sendo curta. Ada Estelwen estava bem, a cena do crime não fora ligada a ela em momento algum. A mãe dissera o quão feliz estava por ter sobrevivido, por não estar sozinho e, mesmo confusa sobre como parecia haver pessoas fora da montanha, ela sabia que aquela cartinha havia sido escrita pelo querido filho, e que, mesmo tomada pelas saudades arrasadora, poderia respirar aliviada por saber que tudo era verdade.

Tudo parecia mudar em uma questão de meses. Tantas coisas aconteciam, tanto para processar... Parecia difícil manter um registro mental dos acontecimentos.

Baekhyun, todavia, também estava ligeiramente mudado. Seus cabelos estavam maiores, pois recusava-se a cortá-los. Seus olhos estavam fundos, cansados, sua barba crescia bem rala em sua tez morena. Ele passava dias e mais dias em frustração, vez ou outra o mais novo ouvia seus ataques de raiva quando, por algum motivo, o moreno jogava algo no chão e dava um grito abafado.

Também não faziam mais sexo, o que era, de certo modo, bom para que a sanidade de Chanyeol fosse poupada, mas aquilo também parecia aumentar sua tristeza. Deitar-se com Baekhyun era sentir-se amado, sentir-se desejado, aquilo representava seu fio de esperança e, apesar de ter pela consciência de como aquilo podia ser ruim, era como gostava de se iludir.

Agora estava diante do moreno. Ele estava com o rosto enfiado nas mãos, os cotovelos apoiados sobre a mesa de madeira coberta de papéis com diversas informações medicinais, as quais Chanyeol era completamente incapaz de entender. Tocou, então, seu ombro, fazendo o menor abaixar as mãos e olhá-lo, aparentando todo seu cansaço.

“Baekhyun…” Murmurou, preocupado. O antigo príncipe já não possuía uma expressão facial, seu rosto parecia vazio, sem alma, sem vida… Aquilo estava consumindo sua mente aos poucos, corroendo-a. Às vezes, ele mal se alimentava e, com isso, constantemente aparecia um tanto lento e fraco. Por isso estava ali, diante do outro, segurando um prato de batatas cozidas, cenouras e carne ensopada. “Baekhyun, você precisa comer.” Instruiu, tentando colocar o prado em suas mãos, mas o menor não parecia querer segurar sua janta. Chanyeol, então, depositara seu prato sobre a mesa de madeira. “Por favor, não deve ficar se esforçando tanto assim.” Ao dizer aquilo, percebeu o mais velho desenhar uma expressão em sua face. Sua testa franziu e os lábios se partiram.

“Como assim não devo me esforçar tanto?” Ele perguntou, irritadiço. Chanyeol há algum tempo notara que a paciência do menor ia diminuindo juntamente com suas horas de sono e sua alimentação. Parecia que uma coisa empurrava a outra. Quanto mais frustrado ficava, menos ele dormia, menos ele comia, menos ele sorria. “Você tem noção do que está falando?!”

“Tenho, e não tem nada a ver com o que você está insinuando.” Respondeu, ficando sério. Há meses estava cuidando do menor, quase como uma babá, seu medo de respondê-lo fora diminuindo aos poucos. Chanyeol sempre fugia de conflitos, mas naqueles últimos tempos aprendeu a enfrentá-los um pouco mais, pois percebia que o menor estava fazendo mal a si mesmo e não poderia suportar ver aquele que amava daquela maneira. “Estou falando que você está se machucando para tentar conseguir algo. Do que adianta esse esforço todo se está nesse estado?!”

“Do que adianta?! Eu estou tentando trazer Yixing de volta! Foram anos, Chanyeol, anos treinando para ficando forte para sobreviver na superfície, anos sendo uma droga de um mercador contrabandista, anos juntando dinheiro para poder comprar ingredientes para esse soro, anos tentando usar todo meu conhecimento de medicina para conseguir atingir algo! Foram anos tentando encontrá-lo e agora que consegui você quer vir me falar isso tudo?!” Ele havia levantado a voz, fazendo com que Yixing e mais dois Smileys dentro da jaula chiassem furiosamente por entre as mordaças, empurrando o corpo nas grades enquanto tentavam, inutilmente, sair dali.

“Baekhyun, eu não disse absolutamente nada que pudesse te irritar!” Gritou de volta, sua voz grave se sobrepondo a do menor. O príncipe, então, levantara de sua cadeira de repente, os olhos esbugalhados de irritação em um rosto que pintava uma profunda exaustão.

“E essa é a merda do problema, Chanyeol!” Berrou ele de volta aproximando-se de si. “Você é o problema!” Gritou ele de novo, empurrando-o levemente pelo peitoral. O mais novo dera um passo para trás com aquela intimidação e sentiu um peso em seu coração. O moreno nunca tinha dito tais palavras para si, nunca havia agido daquela forma. Estava assustado ao vê-lo assim. “Eu ter te encontrado foi o maior problema que alguém poderia ter me causado em todos esses anos aqui em baixo!” Ele o empurrou de novo com a ponta dos dedos da mão esquerda. Chanyeol sentiu seus olhos encherem de lágrimas, e uma vontade de sair correndo dali tomara conta de seu peito. “Eu te salvei tantas vezes que perdi a noção, eu te alimentei, eu te protegi, te ensinei a lutar, tentei de tudo para você sair de perto de mim sem precisar ficar por perto por mais tempo que o necessário!” Mais uma vez fora empurrado levemente, o que não evitou que desse outro passo para trás.

“Por que… Por que está dizendo isso…?” Sussurrou Chanyeol de forma tão baixa que talvez o menor não fora capaz de ouvir. Se engasgara um pouco com uma tosse que saíra ao tentar prender o choro, e de repente viu-se contra a parede, acuado, após dar tantos passos para trás. “Eu não queria… Não queria nada disso… Não queria te atrapalhar eu…” Sua voz de choro finalmente surgira. A pose forte que tentara construir segundos atrás havia caído e um soluço fora ouvido quando as grossas lágrimas escorreram de seus olhos. Tapara o próprio rosto com suas grandes mãos, tentando abafar tudo ali, tentando esconder sua miséria diante do outro. Pelo visto deveria ter ficado longe do menor, deveria ter ficado em Nost e feito uma nova vida ali. Seu coração estava sendo espatifado em milhões de pedaços.

“Você atrapalha minha mente!” Ele gritou de novo. Chanyeol, contudo, por esconder o próprio choro, não fora capaz e ver as lágrimas que se formavam nos olhos amendoados do rapaz mais velho, que o segurou pela gola da camisa. “Sabe por quê é o problema?!” Ele continuou, puxando-o para perto. O maior soltou mais um soluço, tentando, de todas as maneiras, não olhar para o menor. Não teve capacidade de responder a pergunta que lhe fora feita, tinha medo de ouvir mais, medo de ter último pedaço de seu coração partido. Contudo, Baekhyun vociferou algo que o deixara completamente em choque. “Porque eu amo você!” Ele gritou, chacoalhando-o um pouco pela camisa. “Eu tentei tanto, tanto não cair nesse poço sem fundo de merda que é amar alguém! Eu já tinha alguém, Chanyeol, alguém que por minha culpa se fodeu e está ali dentro daquela jaula, de um jeito monstruoso!”

O mais novo abrira os olhos enquanto ainda tapava o rosto, encarando a própria escuridão que fizera com a palma das mãos. O que é aquilo que tinha ouvido? O que o moreno acabara de lhe dizer? Sentiu que estava tremendo, mas não conseguia sair daquela posição de proteção por mais que estivesse confuso e com o coração prestes a saltar para sua garganta.

“Eu tinha prometido não amar mais ninguém…” Ele sussurrou, a voz incrivelmente dolorida. Ele ainda agarrava sua blusa com o punho fechado, mas já não o chacoalhava com força. “Você tem noção de como é amar alguém por anos, tentar consertar um erro horrível e, depois de tanto tempo de procura, você achar essa pessoa e não conseguir mais sentir o mesmo ao olhá-la?!” Ouviu uma risada triste sair dos lábios do menor, que aos poucos fora largando-o. “Agora eu estou aqui… Tentando há tanto tempo desfazer essa injustiça, me frustrando a cada tentativa para perceber que, se eu conseguir… O que vai acontecer, huh? O que eu vou fazer, Chanyeol?!” Ele gritou de novo, soltando-o de vez. “O que diabos eu vou fazer se Yixing voltar, ver essa droga de mundo e perceber que eu estou amando outro homem?! Ele não merece essa porcaria toda de realidade!” Sua voz parecia esganiçada pela falta de controle.

Aos poucos, Chanyeol, ainda chorando, fora retirando suas mãos de seu rosto até encontrar face quebrada de Baekhyun. As lágrimas escorrendo pelo rosto moreno que estava avermelhado, os cabelos longos ainda mais bagunçados, caindo sobre seus olhos amendoados e também vermelhos. Sua mão esquerda parecia tremer e seus lábios pequenos tentavam puxar o ar, igualmente de forma trêmula.

“Por que você me fez te amar?” Ele sussurrou, sua voz quase sumindo ao falar a última palavra. Agora o soluço que soara pela caverna havia sido o dele. Chanyeol viu o menor se encolher, parecendo ficar ainda menor, parecendo, pela primeira vez, incapaz de se proteger emocionalmente. Seu coração batia forte com tudo o que havia ouvido, era um turbilhão de emoções tão fortes que talvez não houvesse palavras a serem ditas.

Esticou uma das mãos em direção a Baekhyun, que deu um passo pequeno para trás para tentar desviar. Contudo, mesmo chorando juntamente com ele, se aproximara para esticar a mão novamente. Daquela vez, o menor não evitara, cedendo ao abraço que Chanyeol lhe dera naquele momento.

“Me perdoa…” Sussurrou o maior, sentindo o menor soluçar em seu peito. “Eu não queria te amar e também não queria que você me amasse se fosse para quebrar sua promessa e te fazer sentir assim…” Respondeu, suas lágrimas caindo sobre os cabelos castanhos claros, enquanto apoiava sua bochecha sobre os fios lisos de Baekhyun. “Eu queria que você me amasse de volta, mas não desse jeito. Queria ser sua felicidade, não sua dor…” Murmurou por fim, abraçando o menor ainda mais contra si, como uma tentativa (inútil) de conseguir reparar toda aquela dor.

Passaram-se minutos e mais minutos. Ambos não tiveram forças de se separar. Choraram ali até que as lágrimas se esgotaram, até que suas energias se esvaíssem. Choraram até cansar, aquele choro de desabafo que muitos guardam; alguns por dias, outros por anos. Quando, por fim, se afastaram um pouco, miraram seus rostos igualmente inchados e molhados, os dois pares de olhos vermelhos vasculharam as feições um do outro. Novamente a mão boa de Baekhyun o segurara pela gola da camisa, dessa vez puxando-o para perto.

Agiram novamente pela ânsia e pelo impulso ao se beijarem ali. As respirações tremidas cortavam seus suspiros. O tocar de lábios e línguas teve gosto salgado, mas o sabor ainda era o mesmo, ainda era familiar demais. Entrelaçaram-se enquanto o beijo molhado era trocado, sentindo o calor de suas peles se misturarem ali. Chanyeol, contudo, cortara aquele contado, apoiando sua testa na do menor, que o olhou um tanto confuso por ter interrompido o beijo em tão pouco tempo.

“Faça o que tem de fazer…” Disse ao moreno, que pareceu ainda mais sem compreender. O que diria a seguir talvez doesse tanto quanto tudo o que havia passado e, mesmo com a declaração de Baekhyun, sabia que aquilo era o certo a se fazer. “Mesmo te amando de volta, não posso ficar no caminho da vida de alguém…” Murmurou, separando-se vagarosamente do abraço do antigo príncipe. “Se puder cumprir sua promessa, traga ele de volta e, se você mudar de ideia… Dê uma chance a ele novamente e eu prometo me afastar...”

***

A realização da perda, contudo, é sempre a parte mais dolorosa na vida de alguém, pois é justamente aquele período onde a dor, aos poucos, se espalha. Como uma xícara de chá quente que você derruba e, o momento do baque, lhe causa apenas um susto, não dá para saber ao certo o que realmente aconteceu. A parte dolorosa é quando você vê e sente o líquido se espalhar, aos poucos… Ele desliza sobre a superfície, encharcando tudo o que vem pela frente, queimando sua pele… Essa é a parte de maior dor, essa é a realização.

Chanyeol presenciou dores e perdas, assim como Baekhyun, mas estar diante da dor do menor era como ter seu coração partido em mil pedaços novamente. Amar é sentir as dores daquele que possui seu coração, é compartilhar sentimentos. Viu suas lágrimas, os soluços engasgados… O maior não sabia o que fazer, a não ser olhá-lo e desejar retirar tudo de ruim que príncipe estava sentido…

Outras tentativas foram feitas, outros Smileys foram usados, contudo, aquele último resultado que ocorria diante de ambos era incrivelmente impactante. A Smiley que capturaram juntos depois de um tempo evitando se aproximarem demais um do outro, agora estremecia no chão da caverna. De sua boca deformada em um sorriso, podia-se ouvir coisas que não eram apenas chiados.

“Soco… So.. co… rrrr... ahh...” A voz soava entre um chiado e uma fala. Um possuía um tom claramente feminino, mas um ataque epilético fazia com que ela espumasse mais gosma preta, esta que lhe escorria o rosto até pingar no chão. “Ma… ta… me… ma… a... ta...” Os cabelos longos e negros da Smiley se espalhavam pelo chão, o barulho do corpo se debatendo era desesperador e angustiante. Baekhyun tentava limpar as próprias lágrimas enquanto via a criatura, por fim, cair desfalecida.

Chanyeol não conseguia olhar, mas o antigo príncipe, aos poucos e sem desviar a atenção, sentara no chão, diante daquela Smiley que, um dia, fora uma pessoa normal, talvez com família e amigos. Aos poucos o corpo ligeiramente acinzentado fora ficando cada vez mais apodrecido e parecia ter entrar em decomposição diante de seus olhos, de uma forma anormalmente acelerada. O cheiro de carniça preencheu o ar e ambos notaram, ali, que o soro havia, de fato, funcionado… Mas tudo o que ele trouxera fora a realidade. Smileys eram pessoas mortas, alguns possuíam anos e mais anos de uma semi-vida parasita. O soro que Baekhyun criara retirava, de fato, o que quer que causasse a contaminação, contudo, o corpo rapidamente retornava ao estado de decomposição no qual deveria, naturalmente, estar.

Chanyeol olhou para Yixing por uns segundos. Ele havia morrido há quase dez anos, sua coluna se partira ao meio, seu crânio parecia ter sido rachado. Se Baekhyun usasse o soro nele, provavelmente veriam a cena terrivelmente dolorosa que presenciaram ali. Será mesmo que valeria a pena? Será que valeria ver o sofrimento daquele rapaz que, segundo o moreno, fora alguém tão doce e gentil?

Lentamente, o mais novo se aproximara do outro que estava sentado no chão, as lágrimas escorrendo silenciosamente pelo rosto daquele que tanto amava. Abaixou-se também, abraçando-o. Baekhyun aceitara seu abraço, mas sua visão ainda estava no corpo apodrecido a sua frente.

“Eu não posso mais fazer isso…” Sussurrou ele, o olhar perdido na antiga Smiley, que agora parecia mais uma humana que jazia morta diante de ambos, os olhos voltavam, aos poucos ao normal também. “Não posso fazer isso com ele… Comigo…” Continuou. Chanyeol sentiu o menor se amolecer em seus braços, parecendo, por fim, deixar com que o peso que carregava saísse de seus ombros. “Não adianta mais tentar…”

O maior beijou seus cabelos castanhos, estes que havia permitido cortar há algumas semanas atrás. Ele não estava mais com a barba mal feita, mas continuava cansado. Contudo, aquele parecia ser o fim de tanta frustração, por mais que o resultado fosse mais doloroso do que o esperado. Baekhyun teve esperanças por tantos e tantos anos que, ao ver os resultados diante de si, não possuía mais forças para se mexer ou sequer continuar. Acariciou, então, o rosto molhado de lágrimas, tentando afastá-las. O antigo príncipe fechara os olhos, deixando-se receber tal carinho pois, de fato, necessitava.

“Eu queria pode fazer algo a respeito…” Disse Chanyeol, sincero. Queria, sim, poder evitar aquela dor em seu amado, evitar que ele tivesse sofrido por tantos e tantos anos para ter um resultado tão horrível. Mas o que poderia fazer? Não havia nada mais a ser feito com relação a Yixing. Sua única opção viável era tentar consolar aquele que descansava as dores em seus braços.

“Na verdade… Acho que podemos fazer algo a respeito…” Murmurou ele, fraco e rouco, mas a voz de quem parecia estar elaborando uma ideia. Olhou para seu rosto, e percebeu que o olhar sem foco de Baekhyun agora parecia focado em algo. “Será que pode me fazer mais esse último favor? Por mim?” Questionou ele. Àquela altura do campeonato, provavelmente ajudaria o moreno em praticamente qualquer coisa.

“Por você eu enfrentaria até o inferno…” Respondeu, abraçando Baekhyun contra si.

“Desculpe exigir tanto de ti, mas prometo que será a última vez que pedirei algo assim…” Ele respondeu, abraçando-o de volta. Chanyeol não fazia ideia do que poderia ser, mas o ajudaria em tudo o que fosse preciso.

***

Andaram então por dias e mais dias. Enfrentaram novamente as criaturas que tentavam matar tudo aquilo que se mexia. Descansaram em cavernas, árvores. Comeram de frutas e pequenos animais. Naqueles dias, voltaram, aos poucos, a se amar. Primeiro com pequenos abraços, curtos beijos, até que toda a debilidade de Baekhyun pudesse cicatrizar o suficiente e, por fim, se entregarem novamente sobre a relva verde de uma alta colina que haviam escalado, livre de qualquer perigo.

Após esta longa viagem, o menor, finalmente, parecia indicar que estavam chegando. Passaram por um caminho estreito entre duas montanhas. Era afunilado, possuía diversas árvores gigantescas e o acesso parecia difícil. Luz emanava, sim, por entre as árvores, mas mesmo assim parecia claustrofóbico o suficiente. Entretanto, após alguns poucos minutos de caminhada, chegaram a seu destino final.

A vista que se formara diante de si era de tirar o fôlego. Uma enorme cidade em ruínas se espalhava pelo meio de três grandes montanhas. Árvores cresciam em diversos lugares, arrebentando o chão de pedras. Mas era possível ver tudo o que antes fora uma grande cidade. A natureza tomava de volta o que era dela de direito, mas a ação humana ainda estava lá, espalhada por uma longa extensão, tentando sobreviver em meio ao verde que tentava consumi-la por completo. Ao escalarem um prédio em ruínas que alcançava o topo das árvores, puderam olhar para cima e, bem ao longe, conseguiram avistar dirigíveis que, pela distância, pareciam apenas pontinhos insignificantes no céu.

Ouviram os chiados de Smileys por algum lugar próximo dali, percebeu que estes estavam espalhados pelas ruas daquela tão antiga cidade. Ao olhar para baixo, Chanyeol os viu se esbarrando nas paredes caídas, esbarrando-se também entre si enquanto caminhavam, cabisbaixos, sem rumo algum. Apesar de tudo, eles não tiravam a beleza e a tristeza que aquele lugar passava. Nunca, em toda sua vida como um nascido da montanha, um Griffon, como era chamado pelas subcidades, poderia imaginar uma cidade sobre a relva verde da superfície, banhada pelo sol, aberta e livre de gigantescas muralhas, como aquelas que cercavam Elenath. Livre, também, da escuridão e aperto das subcidades. Diante de seus olhos, estava algo histórico, que sequer poderia medir em palavras tamanha grandeza.

“Bem vindo ao início da nossa história, Chanyeol. Onde tudo começou...” Disse Baekhyun, olhando também para imensidão de destroços de pedra a sua frente. “Este é o reino caído de Aberdeen… É daqui que vamos derrubar um dos seus amados dirigíveis. Está na hora de fazer uma pequena visita ao meu pai...”

 

 

 

 


Notas Finais


Então, pessoal, o que acharam? Ansiosos para o último capítulo?! Vou tentar postá-lo o quanto antes, prometo.

Obrigada por estarem acompanhando tudo até agora, espero ver vocês no desfecho de Sorrisos Sob a Montanha! <3

twitter: @tiinkerbaek com dois "i"s


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