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História Sorrisos Sob a Montanha - Decisões


Escrita por: Tinkerbaek

Notas do Autor


Oi, gente!
Desculpem a demora para postar esse novo capítulo. Mas quem faz faculdade sabe como é, né.... Hahaha toma um pouco do seu tempo! Espero que a demora não tenha sido grande!

Não tenho muito o que falar sobre o capítulo, apenas que eu mesma betei (como sempre) e que se acharem errinhos, podem me gritar nos comentários! Sou super desatenta, vivo num mundo da lua então é fácil erros parecem despercebidos pra mim hahaha.

Enfim, espero que gostem!

Capítulo 6 - Decisões


Fanfic / Fanfiction Sorrisos Sob a Montanha - Decisões

Daquela vez, não acordaram tão cedo quanto de costume, o que Chanyeol achou muito bom, pois conseguira descansar um pouco mais, como um ser humano normal deveria. Outra coisa diferente naquela manhã fora ter sido acordado pelo cheiro de comida que vinha da cozinha de Corvo. Levantou-se, curioso, antes de Baekhyun, que perecia estar dormindo profundamente sobre o colchão ao lado do sofá, os cabelos castanhos claros bagunçados e o rosto tranquilo criavam um aspecto diferente no menor, ele parecia mais novo, a expressão dura e séria não estava mais lá. Era bem adorável, pensou ele.

“Pelo visto você se acostumou a rotina que esse moleque aí te impôs.” Disse o velho homem, sorrindo para si enquanto se aproximava. Ele olhou o pequeno corpo do moreno, que estava encolhido como um filhote, talvez estivesse realmente exausto, pois mal se mexia. “Nem parece que ele é um chato, não é mesmo?” Brincou o mesmo homem, percebendo que ambos olhavam para o rapaz.

“Não acho ele chato.” Comentou Chanyeol, observando bem o rosto moreno quase coberto pelo lençol. “Ele é só…”

“Mandão? Impaciente? Teimoso? Pois é, sei bem disso. Mas uns anos atrás ele era mais maleável, bem mais fácil de se lidar.” Corvo comentou e, após isso, fez um gesto para que levantasse do sofá e fosse sentar ao seu lado à mesa, um pouco mais afastado daquele que dormia profundamente. “A vida pode endurecer a gente.” Completou ele quando Chanyeol se sentou ao seu lado, vendo que ele havia deixado um dejejum para si sobre a mesa.

“Então vocês se conhecem há anos?” Questionou, e o homem grisalho concordou com um aceno.

“Quem você acha que ensinou esse moleque a se virar na superfície? Ele não aprendeu aquilo tudo sozinho, pode ter certeza.” Corvo deu uma risada fraca, parecendo lembra-se de um passado que Chanyeol certamente não conhecia. Olhou por cima de ombro para Baekhyun novamente, tentando imaginar como ele deveria ter sido anos atrás. “Ele não é uma pessoa ruim, espero que saiba disso.”

“Sei que não.” Respondeu, sendo sincero. Podia sentir que o moreno não era alguém ruim, apenas tinha uma casca grossa demais que impedia-o de demonstrar sentimentos com facilidade. Alguém que se arriscava para salvar a vida de outra pessoa, mais de uma vez, certamente não era uma pessoa ruim.

“Se você quer saber, acho que foi bom vocês terem se encontrado.” Comentou o homem, dando uma bebericada em seu chá.

“Por que diz isso?” De fato, era estranho. Claro que se lembrava um pouco da conversa que escutara de madrugada, mas chegou a se questionar por alguns segundos se havia sonhado aquilo tudo, e se o homem estava certo.

“O moleque tem só vinte e quatro anos e passa muito tempo sozinho, tentando fazer umas maluquices que não acho que é saudável pra mente dele… Você ter aparecido parece ter deixado ele um pouco menos fixado nisso.” Respondeu Corvo, tomando mais um gole do chá. “Ele se importa com você.”

Chanyeol desviou o olhar para seu dejejum. Olhou os ovos cozidos e o cacho de uvas em seu prato, parte já devorada, e não soube ao certo o que dizer. Sentiu-se feliz, teve de admitir isso, mas aquela informação de nada lhe servia, já que provavelmente ficaria para trás e correria o risco de ser expulso de qualquer subcidade que tentasse por os pés. Baekhyun o deixaria e dificilmente o veria de novo.

“Você se importa com ele também, não é?” Corvo questionou, não parecendo satisfeito com seu silêncio.

“Me importo.” Respondeu sem pensar muito. “Ele salvou minha vida… Duas vezes.” Acrescentou, tentando fazer com que sua frase não soasse diferente. Corvo o olhou fixamente, parecendo analisar algo em si. Chanyeol se encolheu na cadeira, sem graça, enfiando parte do ovo cozido na boca para desviar a atenção.

“Certo…” Disse o homem grisalho, dando de ombros.

“Hmmm...” Fora a vez da voz de Baekhyun soar baixinha, como um gemido de descontentamento. Chanyeol rapidamente virou-se para olhá-lo, com medo de ele ter ouvido algo, mas percebeu que ele se espreguiçava nos lençóis para logo se sentar e coçar os olhos. O cabelo castanho claro todo arrepiado e o torço bronzeado nu, expondo suas pequenas cicatrizes e manchas. Mais uma vez, engoliu em seco e tentou não olhá-lo. Por que ele sempre tinha de dormir daquela forma? “Não vai me dar comida também não, velho?!” Reclamou Baekhyun, com a voz sonolenta, ao perceber que faziam o desjejum.

“Estávamos esperando vossa alteza levantar desse colchão! Moleque preguiçoso! Ainda por cima quer exigir alguma coisa!” Corvo exclamou, e logo um travesseiro voou em sua direção. Porém, mesmo não sendo tão jovem, o homem agarrou o objeto e o jogou de volta, atingindo o rosto do moreno em cheio, este parecendo sonolento demais para que seus reflexos funcionassem corretamente. “Deveria fazer você engolir esse travesseiro! Anda logo, senta e come sua comida! Espero que ao menos esteja decente!”

Baekhyun bufou, levantando rapidamente do colchão. Chanyeol agradeceu aos céus que ele estava, ao menos, com uma calça, mas teve de admitir que ver o corpo bem definido do menor, agora sentado ao seu lado, fez com que seu coração batesse forte. Mirou os ombros largos cor de oliva, muito próximos ao seu corpo, chegando a esbarrar em seu braço vez o outro conforme o outro se movia. Ele era bonito demais e cada dia que passava era difícil não encará-lo.

Ao menos pôde se concentrar em terminar sua comida, vendo que Baekhyun fazia o mesmo, porém mais rápido. Minutos depois ele já estava devidamente vestido e, para sua surpresa, o chamou para que andassem pelo comércio que havia logo a frente. Chanyeol concordou, indo em seus calcanhares.

Andaram pelo tumulto formado por pessoas, várias se esbarrando e tentando abrir caminho. A iluminação que vinha das fendas no teto ajudava a luz que emanava de altas tochas presas em paredes ao redor do comércio e aquelas que estavam em pilastras no meio do local. Baekhyun logo parou em frente a uma venda onde o que viu lhe deixou certamente um pouco chocado. Havia muitas armas ali, indo de balestras até pistolas de pólvora. Em Elenath, nunca sonharia em ver algo assim nas ruas.

O moreno, contudo, parecia normal. Ele segurou algumas outras balestras, alguns arcos, até mesmo examinou umas pistolas apenas por curiosidade, já que provavelmente não lhe serviria na superfície pelo barulho que seus disparos causavam. Baekhyun acabou comprando apenas algumas peças, talvez para melhorar ou arrumar sua própria balestra. Chanyeol, porém, estava meio incomodado com o silêncio.

“Corvo me disse que você tem vinte e quatro anos. Temos quase a mesma idade, tenho vinte e três!” Comentou com empolgação, tentando quebrar o clima sério que havia no ar.

“Aquele velhote fofocando minha vida! O que mais ele falou?!” Resmungou Baekhyun, praticamente fazendo um bico. Chanyeol ficou com um pouco de receio de aborrecê-lo mais.

“Só que ele te ensinou a se virar na superfície.” Aquilo era verdade, mas pensou que talvez fosse melhor não contar a parte sobre Baekhyun se importar consigo. Ou sequer dar a entender que ouvira sua conversa com Corvo enquanto achavam que estava dormindo.

“Corvo me criou por grande parte da minha vida…” Revelou Baekhyun, olhando para seu rosto por alguns segundos antes de voltar a caminhar. Estava quase chegando à casa do homem citado. “Por isso confio minha vida a ele, e por isso também que perguntei se você podia ficar aqui, com ele...”   

Chanyeol sabia daquela informação, porém não conseguiu disfarçar que sua expressão feliz morrera em seu rosto. Obviamente Corvo parecia ser uma pessoa boa, mas algo dentro de si fazia com que a ideia de se separar de Baekhyun fosse algo ruim. Além de que, obviamente, ele estava ocultando a parte sobre talvez perceberem que ele é de uma das montanhas e o perigo de o expulsarem para a superfície.

Pensou em dizer algo, mas percebeu que haviam chegado em frente a casa do homem grisalho novamente. Baekhyun abrira a porta percebendo que estava apenas encostada. Foi quando Corvo surgiu e, pedindo licença, chamou o menor para conversar em seu quarto, fechando a porta de madeira logo depois. Chanyeol apenas se sentou no sofá e ficou pensativo, tentando resistir a tentação de ouvir a conversa por trás da porta. Mas não foi preciso, pois o sofá era perto suficiente do quarto para que ouvisse algumas palavras e frases aqui e ali como “Tudo bem, ele pode ficar” e “espero que saiba o que está fazendo”. Porém, eles passaram a sussurrar, e Chanyeol não foi mais capaz de compreender o que diziam. Vários minutos se passaram e começou a se preocupar, pensou em bater na porta, mas, talvez, fosse ser muito invasivo. Contudo, a porta do quarto fora escancarada e um Baekhyun com expressão aborrecida saíra de lá.

Ele passou a arrumar as coisas rapidamente em sua bolsa, colocando alguns mantimentos e algumas roupas. Chanyeol olhou rapidamente para Corvo, este mirava o moreno, de braços cruzados, balançando a cabeça negativamente como se estivesse decepcionado com algo.

“Bem, foi bom conhecer você, Chanyeol.” Disse Baekhyun, colocando a bolsa nas costas e arrumando a balestra. “Tenta não fazer muita merda porque o velho gosta de ter razão e jogar na sua cara sempre que possível. Tente se manter vivo também. Nos vemos por aí.” Acrescentou ele. Porém, antes que pudesse sequer levantar e agradecer, talvez pedir um abraço, o moreno saíra da casa, fechando a porta, e Chanyeol, perdendo já as contas, teve vontade de chorar mais uma vez. Não teve tempo de dizer adeus.

Olhou para o próprio colo, dando uma pequena fungada. Estava ficando um pouco melhor em controlar o choro, mas por que diabos estava tão chateado? Não deveria haver motivos para ficar triste em ver aquele rapaz indo embora sem olhar para trás ou apertar sua mão, não eram nada um do outro. Ele só havia salvado sua vida duas vezes e lhe deixado em um local seguro, como fora prometido. Talvez não visse mais Smileys, teria um lugar mais confortável para dormir e talvez pudesse arrumar algum trabalho e ajudar Corvo.

“Bem, Chanyeol.” Chamou o homem mais velho, apertando seu ombro. “Você pode dormir no sofá e mais tarde podemos resolver como vai ser pra te fazer passar despercebido. Talvez eu tenha que te ensinar algumas coisas sobre a cidade e tentar treinar seu sotaque, mas acho que podemos lidar com isso.” Instruiu ele e Chanyeol apenas concordou com a cabeça, ainda magoado demais para dizer algo.

Corvo não lhe incomodou mais por algumas horas, percebeu que o homem conseguia notar bem as emoções ao seu redor e que sabia respeitar bem o seu espaço. Agradeceu mentalmente por ele ser assim, pois realmente queria um tempo sozinho, o qual aproveitou para tirar um cochilo no sofá, percebendo que continuava cansado mesmo tendo dormido um pouco mais naquela noite. Deixou seu corpo descansar sobre o colchoado e deslizou tristemente para o mundo dos sonhos.

***

“Moleque, o que você tá fazendo aqui?!” Chanyeol acordou num susto, ouvindo um barulho alto e a voz de Corvo. Olhou, ainda cheio de sono, para os lados, tentando acostumar a visão. A casa parecia escura, talvez tivesse dormido demais, pois percebeu que o homem grisalho estava segurando uma vela em mãos enquanto a luz da pequena chama iluminava a fracamente aquela face morena.

“Baekhyun?” Murmurou confuso ao ver o rosto jovem, pensando se ainda estava sonolento demais e aquilo talvez fosse apenas ilusão de sua mente. Mas os olhos castanhos lhe olhavam, sérios. Parecendo reais demais para serem um sonho.

“Chanyeol.” Chamou Baekhyun. “Você… Ficou com minha outra balestra.” Disse ele, depois de respirar fundo para falar tal frase. Chanyeol franziu o cenho, ainda mais confuso com aquela situação. Ele voltara depois de horas apenas para pegar a balestra de volta? Nunca o vira usando a pequena arma, mas não tinha poder para assumir nada. Talvez o moreno realmente precisasse dela.

“Você voltou com o sol raiando pra pegar uma droga de uma segunda balestra?!” Corvou parecia irritado e ao mesmo tempo incrédulo. “Essa que tá nas suas costas não serve ou isso foi só uma desculpa sua?!” Os olhos do menor se arregalaram e a expressão irritada voltara. Provavelmente o homem grisalho havia tocado em um assunto delicado.

“Olha aqui, velho-”

“Pare de agir que nem uma criança e chama logo esse guri pra ir contigo!” Falou Corvo, cortando a frase do menor. Baekhyun abriu e fechou a boca algumas vezes, aquela era a primeira vez que Chanyeol o via sem saber o que falar. Ele pareceu se engasgar com as palavras e, de fato, não achou resposta ou alguma frase para responder a altura. Seus olhos castanhos apenas olharam em sua direção, pela primeira vez, Baekhyun parecia envergonhado.

“Você quer… Que eu vá junto?” Questionou, incrédulo. O olhar do menor se desviou e ele fez um bico, irritado, parecendo não querer admitir o que Corvo apontava ser óbvio.

“Tenho que ir pra outra cidade, seria bom ter alguém por perto caso seja necessário e, além do mais, minha bolsa tá pesada demais e isso tá me atrapalhando.” Disse Baekhyun, ainda sem olhar para si, colocando as mãos nos bolsos da calça preta surrada. Aquilo provavelmente era mentira. Chanyeol era terrível atirando, só teve uma única aula de como atirar com a balestra antes de chegarem a Nost, e obviamente não poderia ajudar contra nenhum Smiley. Carregar bolsas já era algo mais plausível, mas era realmente estranho um rapaz que sempre se virou sozinho precisar de alguém para levar algo. Contudo, preferiu fingir que acreditava.

“Ótimo, finalmente posso me ver livre de vocês dois e fazer minhas coisas em paz!” Disse Corvo, em um tom até um pouco brincalhão. Chanyeol rapidamente se levantou do sofá, jogando a coberta para o lado e correndo para buscar sua bolsa. O outro homem entregou a eles, de bom grado, mais mantimentos, além de dois punhais para o mais alto. “Espero que não precise chegar perto suficiente de um deles pra usar isso.” Desejou ele ao colocar os punhais em suas mãos.

Chanyeol analisou as lâminas, engolindo seco. Percebeu que sairia de um lugar um pouco mais seguro, onde talvez pudesse se estabelecer e tentar viver sua nova vida de forma mais calma, mesmo com dificuldades, mas estava escolhendo sair para um lugar hostil onde mal podia se defender como aquele que estava ao seu lado. Talvez estivesse ficando mesmo louco, porém sentia que queria ir de qualquer forma.

 Agradeceu a Corvo pela hospitalidade e, juntamente a Baekhyun, saíram daquela subcidade, tendo de enfrentar a infestação de Smileys mais uma vez, e deixando que o menor liderasse o caminho. Chanyeol ainda sentia medo deles, mas estava um pouco menos assustado, talvez estivesse ligeiramente se acostumando com a realidade que agora era a sua. O caminho que seguiram não fora novidade, pois chegaram à mesma caverna, a primeira que vira e a que passara algumas semanas antes de irem para Nost. Pensou que, por ela ser perto da subcidade de Corvo, talvez fosse a preferida do outro.

“Pois bem.” Começou Baekhyun, jogando suas bolsa no chão. “Já que vai ficar no meu pé, vai ter que trabalhar.” Alertou ele, um sorriso enorme brotando em seu rosto, sorriso aquele que notou estar se divertindo com a situação. Chanyeol engoliu seco, temendo que recebesse trabalhos duros demais. “Você vai me ajudar a organizar algumas coisas nos abrigos que tenho espalhados por aí, vai tomar nota pra ver se nada foi roubado. É praticamente impossível acontecer, mas não confio totalmente nisso. Segundo: vai me ajudar a conseguir comida, sempre que eu for, você vai junto, mas tente não morrer. E terceiro: vou te ensinar a atirar e a se defender. Vão ser aulas diárias e não quero ouvir reclamação sua. Se veio comigo, vai fazer o que estou mandando, caso o contrário não vai conseguir sobreviver dois dias. Entendido?”

“Sim, entendido…” Respondeu Chanyeol, já sentindo certo nervosismo encher seu peito. Ele era desajeitado, sabia disso. Quando menor, as outras crianças riam de sua cara por ser muito alto e, quando adolescente, tudo piorou, pois não era tão habilidoso correndo ou fazendo algum outro esporte. Conseguia apenas desenhar, pilotar dirigíveis e escalar edifícios. Apesar de ter acertado aquela flecha em sua primeira aula, fora por pura sorte.

Seu nervosismo estava certo, porém. Os dias que se seguiram foram cansativos, talvez por serem os primeiros. Baekhyun o fazia acordar cedo para irem treinar na colina, de vez em quando era terrível vê-lo sem camisa por culpa do sol, ou encharcado de água por culpa da chuva. Pior ainda era quando ele encostava em si, tentando lhe ensinar algum tipo de defesa caso um Smiley chegasse muito perto.

Buscar comida era complicado. Frutas eram mais fáceis de recolher, mas tinham de rondar diversos lugares, passando por muitos Smileys para isso. Conseguiam algumas verduras também, além de batatas e outros legumes. Animais acabavam ficando por conta de Baekhyun, que tinha uma mira esplêndida e podia acertar até mesmo pássaros enquanto voavam. Incrivelmente, animais pequenos não eram alvos das criaturas, então podiam encontrar coelhos, esquilos e até mesmo alguns javalis. Estes últimos sendo difíceis de achar e de carregar.

Agora quatro meses haviam se passado naquela situação de vai e vem. Havia andado de ponta a ponta pela superfície com o moreno; sua mira estava melhor, mais precisa, ele agora confiava que atirasse algumas vezes, se fosse preciso. Chanyeol percebeu a mudança de estação, mas sua pele estava um pouco mais escurecida de tanto andar pelo Sol. Ao decorrer desse tempo, conheceu outros abrigos de Baekhyun. Ele possuía vários espalhados pelas redondezas, alguns bem próximos a subcidades. Catalogou tudo o que o menor havia mandado, mas sua maior curiosidade era sobre aquela jaula gigantesca nos fundos da caverna principal.

“Baekhyun.” Chamou ele pelo nome, apesar do mais velho ser um pouco rígido, ele havia se mostrado até mais divertido do que imaginava e, com um sorriso do rosto, pediu para que não fosse chamado de velhote como ele se referia a Corvo, mas sim, pelo próprio nome. “Essa jaula serve pra quê?”

“De novo metendo o nariz onde não é chamado.” Respondeu o moreno de forma meio cantada. Ele estava sentado sobre seu colchão, de pernas cruzadas, revirando alguns papéis, como se os estudasse. Baekhyun usava pequenos oclinhos enquanto naqueles momentos, o que o deixava incrivelmente adorável e fazia seu coração disparar ainda mais. Chanyeol notou que ele fazia muito isso ultimamente, de fazer anotações, de passar horas analisando e escrevendo coisas que não fazia ideia do que se tratavam, pois ele nunca lhe esclareceu. Assim como não esclarecia o motivo de, quando entravam em alguma outra subcidade, Baekhyun o deixar em algum canto enquanto ia conversar com algumas pessoas de aparências um tanto medonhas. Mas, como sempre, não se atrevia a reclamar ou questionar.

Notando o quão imerso em sua leitura e anotações o moreno estava, Chanyeol decidiu juntar duas aves, batatas e cenouras para fazer uma sopa. Há um tempo havia percebido que era melhor variando alimentação do que o outro, então, de vez em quando, acabava fazendo a comida. Outra coisa que aprendera foi acender a fogueira, a qual colocou um pequeno caldeirão com água para ferver. Mesmo depois de minutos picando e cortando os ingredientes, o menor não levantara o olhar para si. Ele só o olhou quando, por fim, a sopa ficara pronta.

“Melhor comer algo.” Alertou, entregando um pote com a sopa entre os dedos finos e longos do outro. Ele agradeceu e, após apoiar o pote e esconder os papéis que lia e escrevia sobre, deu uma golada no líquido. “Vamos a algum outro lugar amanhã?” Questionou, fazia alguns dias que não iam para outras cidades, estava curioso por estarem parados naquele mesmo local por mais tempo que o normal.

“Provavelmente, sim.” Afirmou o moreno, parecendo um pouco distraído, porém com um humor melhor. Chanyeol resolveu sentar ao lado dele após se servir da sopa, contente por Baekhyun não se importar de estarem próximos assim. Os olhos amendoados e desenvergonhados olharam para seu rosto. O moreno o analisava.

“O que foi…?” Questionou Chanyeol, sentindo o coração bater um pouco forte. Um dos dedos de Baekhyun tocaram seu rosto rapidamente, mas com leveza. O que foi suficiente para sentir o dígito áspero deslizar sobre sua tez e causar-lhe um nervosismo gigantesco.

“A marca no seu rosto agora está menos evidente. Temos pegado muito sol.” Explicou ele, voltando a tomar sua sopa como se não tivesse feito aquela ação segundos atrás. Chanyeol levou a mão para a própria bochecha e a tocou, acanhado, desviando o olhar do outro e lembrando como ele havia dito que continuaria bonito mesmo com aquela marca.

“Aquele… Homem… Que foi o motivo de você ter fugido de Elenath… O que ele fazia, exatamente?” Baekhyun ia revezando o olhar de seu rosto para a sopa. Parecendo tentar prestar atenção em ambos. “Isso é, se quiser contar.” Acrescentou ele, percebendo seu silêncio. Era engraçado ele demonstrar interesse sobre seu passado, quando geralmente não conversavam sobre isso. Era ainda mais curioso ele tocar no assunto tão aleatoriamente.

“Ele…” Chanyeol pensou uns segundos se deveria responder ou não, relembrando memórias não tão felizes. Seu coração pareceu destroçar novamente, mas daquela vez se recusava a chorar. “Costumava me enforcar um pouco quando se irritava. Ele gostava bastante de beber, então aparecia bêbado vez ou outra, se exaltando com facilidade e acabava que eu levava sempre um soco…” Lembrou-se de um dia que seu ex amado entrou pela porta da casa na qual vivia. Chanyeol o esperara depois da aula por horas, até a madrugada, e ao questionar o motivo da demora, o homem mais velho lhe dera um soco no rosto, deixando a região próxima ao seu olho em um tom roxo e esverdeado por dias. Veio a sua mente, naquele momento, quando o mesmo homem o arrastara pelos cabelos do quarto para a sala, tudo por ter achado que estava traindo-o com um colega de aula, quando eles não passavam de amigos. Aquilo, entretanto, resolveu não contar para o outro.

Os olhos castanhos do menor o encaravam, ele havia parado de comer e uma expressão de raiva havia brotado em seu rosto. Ele apertou a bacia de sopa e bufou rapidamente.

“Você disse que acabou atingindo-o para defender sua mãe, certo?” Questionou Baekhyun, e Chanyeol acenou positivamente com a cabeça. “Então não há porquê você se martirizar. Para ser sincero, na minha opinião, ele deveria ter sido jogado aos Smileys com os braços e as pernas cortadas!” Exclamou ele, parecendo realmente revoltado.

Chanyeol gostaria de pensar como o moreno, talvez fosse mais fácil. Mas aquilo era um grande peso em seu coração e, no fundo, gostaria que o homem para qual entregou seu coração e seu corpo pela primeira vez na vida fosse alguém bom. Pensar em ter se relacionado com uma pessoa sem escrúpulos doía, e muito. Por que ele tivera de ser assim? Por que ele não poderia ter sido aquele homem bonito, bom e gentil de quando começaram a se relacionar? Sua vida talvez ainda fosse a mesma, talvez ele fosse feliz na montanha, nada teria mudado. Mal percebeu ele que sua expressão agora demonstrava toda a dor e tristeza que sentia em seu coração. Ao menos não estava chorando.

Mas Baekhyun percebeu e algo surpreendente aconteceu desde que ele voltara para lhe buscar na subcidade. Os dedos morenos e calejados tocaram seu pescoço, acariciando-o um pouco, como um afago, um conforto… Chanyeol olhou para o mais velho, percebendo que ele encarava a região de seu maxilar. Sentiu, então, o estômago pesar e uma imensa vontade de beijá-lo. Suspirou fundo, talvez até alto demais, olhando para os lábios pequenos e rosados do moreno, que incrivelmente continuava a afagar sua tez, encostando a ponta dos dedos em sua nuca.

Queria tanto beijá-lo… Queria tanto aproximar seu rosto e acabar com aquela distância. Queria, ao menos, acabar logo com aquela vontade enorme que crescia em seu peito. A vontade de pertencer a alguém de novo, a vontade de ser segurado nos braços de alguém de forma amorosa e, ao mesmo tempo, sensual. Ele queria isso de Baekhyun, queria há tempos e não podia negar para si mesmo. Mas tinha medo de, caso juntassem suas bocas, ele nunca mais o perdoasse. Teve de ser forte por mais alguns segundos, ainda mais quando os finos dedos deslizaram de seu pescoço para seu braço vagarosamente. Baekhyun afagou sua mão até que, por fim, ele quebrara o contato, voltando atenção para sua sopa, como se nada tivesse acontecido.

Chanyeol, que havia prendido sua respiração, tentou controlar os batimentos de seu coração, desejando não sentir tudo aquilo por um homem que provavelmente não retribuiria seus sentimentos.

 

 

 


Notas Finais


E então, gente, o que acharam do capítulo? Gostaria muito de saber a opinião de vocês. E me perdoem por ele ter sido meio paradinho, mas realmente espero que tenham gostado!

Vejo vocês logo! Obrigada pelo carinho desde já

twitter: @tiinkerbaek com dois "i"s


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