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História Sorrisos Sob a Montanha - Eu Me Recuso


Escrita por: Tinkerbaek

Notas do Autor


Olá, pessoinhas, como estão?
Primeiramente, queria agradecer a todos que se preocuparam comigo. Juro que estou melhorando agora <3 obrigada mesmo pelas palavras e carinho, de verdade.

Enfim, aqui estamos com mais um capítulo, eeeh! Espero que gostem dele, resolvi postar logo cedinho porque sei que deixei vocês esperando demaaais da última vez. E aquilo de novo... Se acharem algum errinho, me gritem! Betei sozinha e eu sou a Senhora Desatenta.

Espero que gostem, viu?!

Capítulo 8 - Eu Me Recuso


Fanfic / Fanfiction Sorrisos Sob a Montanha - Eu Me Recuso

Sentia as pontas dos dedos roçarem levemente sobre a tez daquele rosto machucado. Tocava-o com cuidado, temendo que pudesse causar mais dor. Baekhyun estava parado a sua frente, com parte do rosto inchada, vários tons de vermelho e roxo tingiam sua tez morena, e Chanyeol ainda sentia em seus punhos o peso da culpa. Limpar os ferimentos que causara era tudo o que podia fazer naquele momento, o mínimo que poderia oferecer para pedir desculpas, por mais que achasse que não as merecesse.

A região abaixo do olho esquerdo do menor estava claramente com um inchaço lilás, mas, felizmente, aquilo não impedia que pudesse mantê-lo aberto, então os olhos castanhos o miravam fixamente, com aquela falta de vergonha que ele sempre parecia manter. Engoliu em seco, sem saber se deveria dizer algo, contudo, ao perceber que Baekhyun não falaria nada, decidiu manter-se calado também e continuou a limpar o restante do sangue seco daquele rosto.

Teve de levantar cuidadosamente o queixo do menor para que pudesse ver com clareza as regiões afetadas e ainda sujas, mas aquele movimento, mesmo leve, fez com que ele soltasse um baixo e curto gemido de dor.

“Desculpe…” Disse a ele, sentindo-se pior por tê-lo feito sentir tal desconforto. Voltou então a passar o pano limpo em sua pele, tendo que retirar os fios de cabelos castanhos que insistiam em cair sobre a face do mesmo.

Algumas horas haviam se passado desde que Baekhyun e ele chegaram àquele pequeno local, que ficava abaixo de algumas árvores, em uma subida íngreme de uma das montanhas que formavam o vale pelo qual passaram. Pela quantidade de árvores acumuladas ali, podia-se avistar diversos objetos pendurados em cordas, uma rede de dormir presa a dois troncos, alguns baús e uma fogueira que agora emanava um fogo quente e confortante. Não era o acampamento mais seguro justamente por ser exposto à chuva e animais, porém era melhor do que nada. Chanyeol, naquela noite, dormira no chão sobre um amontoado de panos, e Baekhyun, ainda sem dizer uma palavra, deitou-se na rede. Apenas quando o dia começara a raiar que o menor o despertara e fizera o mesmo consigo, com uma tira de pano rasgada e um cantil de água, gesticulando para que o ajudasse a limpar o sangue de seu rosto, e ali estavam agora.

Chanyeol soltou vagarosamente o queixo do mais velho após terminar de limpá-lo, entregando o pano úmido e agora sujo de sangue em suas mãos. Baekhyun olhou para sua face e depois para o pano, segurando-o firme.

“Não estou com raiva.” Murmurou ele, ainda olhando para o pano, parecendo concentrar sua visão no sangue que manchara o tecido branco. Chanyeol sentiu o coração saltar, era a primeira vez que ele falava consigo depois de todas aquelas horas horríveis nas quais teve de se segurar para não chorar por sentir-se um monstro. “Eu não sinalizei nada, você agiu da maneira certa, como havia te ensinado. Estou orgulhoso…” Ele continuou, finalmente levantando a cabeça para olhá-lo novamente. Baekhyun, apesar de tudo, mantinha uma expressão forte, e parecia fingir que não havia derramado uma lágrima sequer.

“Eu…” Chanyeol tentou dizer algo, mas o que poderia dizer? Havia pedido desculpas mais vezes do que podia calcular e mesmo assim não conseguia tirar o peso que sentia na alma por tê-lo machucado e por vê-lo chorar daquela forma. Não fazia a menor ideia do porquê do moreno ter agido daquela forma aparentemente insana, todavia sabia que não deveria perguntar, pois não lhe dizia respeito. Observou apenas o menor rasgar outra tira do tecido branco, embebendo-o de água com o cantil que tomara de suas mãos.

“Você é alto demais, melhor se sentar.” Disse Baekhyun, levantando da rede e olhando sério para si.

“Como assim-”

“Seu rosto está sujo de sangue seco.” Cortou ele rapidamente, explicando o motivo de sugerir aquilo. Chanyeol se lembrou que havia levado um soco do menor no momento em que chegaram ao acampamento. Sua culpa e seu desespero por tudo o que havia acontecido continuavam tão grandes que sua própria dor passara despercebida rapidamente. Pensou em dizer que poderia se limpar sozinho, não queria que o outro achasse que deveria ajudá-lo, pois não se achava digno de ajuda, porém ele o empurrava levemente pelo ombro, mais como um sinal para que se sentasse sobre a rede atrás de si, e assim o fez.

Quando, por fim, o pano molhado tocou seu rosto, sentiu a dor voltar. Baekhyun, contudo, não estava sendo agressivo, muito pelo contrário, ele passava o tecido com leveza sobre sua pele, os dedos finos e ásperos segurando parte do seu queixo, seus olhos castanhos mirando-o com cautela, prestando atenção em cada parte para retirar toda a sujeira. Teve de prender um pouco a respiração pela proximidade, pois sentia seu coração bater mais forte, fazendo-o quase ofegar ou suspirar. Ele estava próximo demais.

“Eu te dei um soco muito forte, não foi?” Questionou Baekhyun, agora limpando um pouco seu pescoço e seu maxilar.

“Você é ainda mais forte do que eu imaginava.” Respondeu, dando uma risada baixinha. Para sua felicidade, o moreno também riu, e depois de tantas e tantas horas sem ver aquele sorriso, foi capaz de presenciá-lo novamente. Chanyeol passou a amar cada sorriso que ele dava.

“Desculpe pelo soco.” Disse Baekhyun, aquela vez dando um sorriso apertado, meio sem graça. “Eu não deveria ter feito isso.” Completou, e Chanyeol se surpreendeu como ele pedia perdão da mesma forma na qual sempre se expressava: sem rodeios, sem amarras. O moreno, de fato, era alguém que não tinha medo das palavras, não tinha receio de proferi-las. Ele possuía, sim, seu orgulho, mas parte de seu orgulho era ser verdadeiro. Baekhyun apenas guardava para si o que achava necessário, mas o que deveria ser dito em voz alta, ele o dizia, e sem hesitações.

“Você está bem?” Chanyeol, mais uma vez, se surpreendeu com sua própria ousadia em perguntar. Sabia que poderia levar um corte do menor por ser invasivo, mas estava preocupado. Vê-lo correr em direção a Smileys e chorar tão dolorosamente eram imagens que ainda martelavam sua mente.

“Vou ficar.” Respondeu o moreno, sem hesitar muito. Ele se afastou de si, jogando os panos sujos de sangue em cima de um pequeno baú e pôs-se a vasculhar uma das bolsas que haviam carregado, dando um suspiro irritado ao perceber que só encontrara uma maçã ali. “Perdemos sua besta e não temos comida suficiente…” Disse, claramente chateado, agarrando a própria balestra que, pelo menos, Chanyeol havia carregado consigo. “Vou tentar caçar alguma coisa.” Alertou, colocando ela e algumas flechas atrás das costas.

“Posso ir junto?” Questionou o mais novo. Obviamente estava com medo de que Baekhyun fosse sozinho. Ele estava machucado, e não queria sequer pensar na possibilidade dele enlouquecer daquela forma novamente. Sabia que o moreno poderia se ofender com aquilo e dizer que não precisaria de uma babá, então, para assegurar, resolveu acrescentar: “Não quero ficar sozinho…” Baekhyun pareceu ponderar sobre aquele pedido, dando um forte suspiro.

“Tudo bem, mas fique com as adagas em mãos, já que perdeu a balestra.” Disse ele, calmo. Ele não parecia irritado ao citar a perda da arma, e pelo visto também não tinha a intenção de voltar até o local e buscá-la. Chanyeol concordou, entretanto, pegando as adagas que Corvo havia presenteado e colocando-as uma a cada lado de sua cintura.

Logo ambos desciam o acampamento e, mais uma vez, caminhavam em silêncio, todavia Chanyeol ainda estava um pouco nervoso, pois mesmo confiando plenamente em Baekhyun, agora temia que pudesse acontecer o que havia ocorrido no dia anterior. Tudo se seguiu tranquilo, contudo e, para seu alívio, ele parecia normal. Caminharam então por alguns minutos até que o menor sinalizou para que parassem e, para sua surpresa, ele lhe direcionara um sorriso e sinalizara novamente para que caminhassem. Obviamente, o seguiu.

Estavam diante de uma colina, porém diferentemente da outra na qual Baekhyun o ensinara a atirar, esta era um pouco mais íngreme e parecia possuir mais vegetação. O moreno sinalizou para que subissem, e assim o fizeram. Sentiu seus dedos ficarem sujos de terra e grama, já que teve de se apoiar algumas vezes para que não escorregasse e caísse. Quando finalmente chegaram ao topo, Chanyeol talvez tivesse compreendido o motivo do sorriso do outro.

Aquela colina, de fato, não era como a que usara para treinar. Além de maior e mais alta, ela era coberta por uma imensidão de flores amarelas espalhadas sobre a relva verde, todas elas ainda fechadas em botão, mas isto não impedia que diversas borboletas e pequenas abelhas voassem soltas e calmas de um botão ao outro. O cheiro intenso e perfumado agora preenchia o ar. Aquilo era extremamente lindo, Chanyeol nunca havia visto tal cenário antes. Elenath, o reino onde nascera, era basicamente composto por edifícios de pedras, estradas igualmente de pedras, não havia muito espaço para vegetações, a não ser algumas pequenas fazendas ao redor das cidades, algumas árvores e plantas que pessoas criavam em vasos, para enfeitar as entradas das casas, assim como as janelas. Estava tão encantado com tudo aquilo, que mal percebeu o sorriso que Baekhyun lhe direcionava.

“Essas flores só florescem nessa época do ano, sabia?” Disse ele, e ficou surpreso ao perceber que aquele lugar era seguro, pelo que tudo indicava. Nenhum Smiley em volta, e dificilmente algum conseguiria chegar ali. “Elas nascem sempre bem acumuladas e nessa mesma região, morrem em uns cinco dias… Eu não faço ideia do porquê delas nascerem somente aqui, e olha que já rodei vários lugares, cima a baixo, e nunca encontrei outro lugar como este.” Informou o moreno, agora olhando ao seu redor, o sorriso ainda em seus lábios.

“Aqui é… Lindo…” Comentou Chanyeol e, mais uma vez, sentindo-se um completo idiota, tentou evitar um choro. Pensou em sua vida anteriormente, mas não sobre os acontecimentos que fizeram com que parasse ali, e sim, como nunca saberia da existência de tal lugar se não tivesse descido. Para ser sincero consigo mesmo, aquilo estava fora do alcance de sua imaginação, não era algo que tenha visto antes, nem ao menos algo que pudesse ser parecido com aquela colina. Olhou para o espaço aberto, para as diversas borboletas voando ao seu redor e teve de virar o rosto para esconder a lágrima que escorrera de seus olhos. “Desculpe, é que eu… Nunca imaginei que pudesse haver um lugar assim…” Confessou ao perceber que Baekhyun havia parado e sorrir e lhe encarava com seriedade.

“Tudo bem, não deve ser fácil crescer sem saber como o mundo realmente é.” Disse o moreno, olhando novamente para as flores. “Deve ser revoltante descobrir que parte da sua vida foi baseada em mentiras e ocultações… Você tem aguentado isso muito bem, se quer saber. Se fosse outra pessoa, teria enlouquecido logo nas primeiras semanas. Acho que eu mesmo teria enlouquecido.”

“Para ser sincero… Eu não sei como não enlouqueci.” Respondeu, dando uma risada sem graça enquanto limpava as lágrimas. Era fato que todo aquele choque de realidade era pesado demais para sua mente absorver com calma. Ser praticamente atirado em um lugar totalmente diferente, depois de um momento traumático, e ter de descobrir diversas mentiras sobre a vida além das montanhas, quase o enlouqueceu, de fato.

“Pelo visto você é mais forte do que pensa, então.” Ele sorriu novamente após dizer aquilo, e Chanyeol sentiu seu coração bater um pouco mais forte, ainda mais porque percebera que uma pequena borboleta pousara nos cabelos castanhos claros do moreno. Ele realmente era lindo, nem mesmo as marcas no rosto tiravam sua beleza, desejava, apenas, não tê-las feito, pois ainda sentia a dor da culpa. “Vem comigo.” Instruiu ele, começando a caminhar por entre as flores, apenas por alguns segundos até encontrarem um espaço aberto, onde havia algumas pedras em volta de uma fogueira aparentemente bem antiga. “Pelo visto esse lugar continua intacto.” Disse, jogando sua bolsa sobre o chão. “Deixe sua bolsa aqui também, temos que procurar algo pra servir de combustível pra fogueira, além de alguma coisa para comer.”

Andaram, então, mais um pouco ao redor dali e conseguiram, em pouco tempo, material para a fogueira. Baekhyun, obviamente, conseguira também dois coelhos e três pássaros com suas flechadas certeiras. Voltaram para o local no qual deixaram suas bolsas e Chanyeol não podia conter a felicidade de estar cercado de flores, Baekhyun (que agora preparava as aves e os coelhos) até mesmo dera algumas risadas por sua tamanha empolgação. Agora ambos estavam sentados, um ao lado do outro, esperando para que os animais assassem, enquanto observavam a paisagem em volta.

“Tinha uma brincadeira que eu fazia quando eu era pequeno.” Comentou Baekhyun, cortando o silêncio no qual se encontravam antes. “Que era fazer uma pergunta, e ver se a pessoa respondia ou não. Obviamente antes incluía dar um cascudo na cabeça de quem se recusasse a responder, mas se quiser brincar, podemos deixar a parte do cascudo de lado, até porque acho que já apanhamos demais, não é?” Ele riu uma gargalhada animada. Chanyeol ainda se sentia mal por tê-lo socado, mas pelo visto o menor já havia lhe perdoado.

“Posso perguntar qualquer coisa?” Questionou, curioso e temendo ter entendido errado.

“Qualquer coisa, mas caso não queira responder, você tem que dizer a frase: me recuso a responder. Você não pode também fazer uma pergunta atrás da outra, porque a segunda vai ser invalidada e não poderá repeti-la depois. Também estaria sujeito a levar um cascudo, nesse caso, mas prometo que não vou te dar nenhum.” Ele sorriu, olhando novamente para frente, parecendo bem interessado nos animais que assavam.

“Tudo bem, então, eu acho…” Concordou, ainda meio receoso.

“Já que você parece com medo, vou começar. Aquele homem que você matou para se defender… Ele era mais que um amigo, não era?” Chanyeol, naquele momento, percebeu que a brincadeira era realmente séria. Pensou em responder a recusa, mas do que adiantaria? Baekhyun já havia adivinhado suas preferências, e ele não parecia, de fato, se importar com aquilo.

“Sim, ele era mais que um amigo…” Contou, por fim, sentindo um amargor nos lábios ao lembrar daquele homem que um dia tanto amou, e que agora tentava enterrar cada vez mais fundo no passado. Após confessar aquilo que tanto tentou ocultar de todos, sentiu seu coração bater forte pelo medo. Tinha medo de como ele reagiria, medo de como seria olhado, tinha medo de que o outro sentisse repulsa de si. Contudo, percebeu que o moreno lhe direcionava um sorriso compadecido no mesmo momento no qual levou uma das mãos para apertar levemente seu ombro.

“Espero que você saiba que tudo o que fez foi em legítima defesa. E para ser sincero, agora que sei disso, eu consigo odiar esse pedaço de lixo ainda mais.” Disse Baekhyun, parecendo irritado ao falar do homem que nunca realmente conheceu, mas que mesmo assim era digno de seu ódio. “Bem, sua vez.” Mudou logo de assunto, parecendo perceber que aquilo o deixaria incomodado se continuassem a falar. Chanyeol agradecia aos céus pelo mais velho ser bom em ler expressões faciais. Pensou, então, no que poderia perguntar. Tinha tantas coisas pelas quais estava curioso… Principalmente o acontecimento do dia anterior, mas tinha medo de questionar qualquer coisa relacionada àquilo. Baekhyun, ao contrário de si, não era um livro aberto. Ele se fechava e era praticamente impossível tirar qualquer informação pessoal dele. Apostava que talvez escutasse diversas vezes a frase ‘me recuso a responder’, mas ao menos tinha uma chance de tentar saber um pouco mais dele.

“Por que você vive indo de cidade em cidade, na superfície, em vez de apenas morar em uma?” Talvez aquela pergunta fosse a mais segura de ser feita, até dado momento. Baekhyun, que segundos antes dava uma golada no cantil de água, deu uma risada de boca cheia, engolindo rápido o líquido.

“Eu sabia que perguntaria algo assim.” Ele sorriu, voltando a tampar o cantil em mãos. “Eu sou mercante, Chanyeol, por isso vivo de cidade em cidade. Você deve ter percebido que não é fácil se locomover entre elas, já que não existe nenhum sistema que as interligue. Ser mercante paga bem, porque não são todos que se arriscam e que sabem se locomover aqui sem morrer nas primeiras horas. Ter poder aquisitivo aqui em baixo é importante, não são todos que conseguem viver de uma maneira decente...” Informou o moreno, remexendo os animais diante da fogueira para que assassem de outros lados. Entretanto, estava chocado com a informação. Muitas coisas começavam a fazer sentido. “Ok, minha vez: por que você fica me encarando, principalmente quando estou lendo ou tomando banho?” Mais uma vez aquele sorriso sacana voltara aos lábios de Baekhyun, que o encarava sem vergonha alguma na face.

“Eu…” Abriu a boca para tentar falar algo, mas sentiu um nó na garganta por tamanha vergonha. “Me recuso a responder.” Respondeu, rapidamente, sem ao menos pensar mais um pouco na possibilidade de dizer a verdade. Baekhyun, ao ouvir aquilo, dera uma risada curta e balançara a cabeça negativamente e, ao que tudo parecia, ele estava começando a se divertir com aquela brincadeira.

“Tudo bem, sua vez novamente.” Instruiu ele. Daquela vez, já havia outra pergunta formada em sua mente.

“Pra que serve aquela jaula nos fundos daquela sua caverna?” Aquilo era algo que realmente o intrigava. Obviamente Baekhyun possuía diversos artefatos curiosos, porém eram todos pequenos e ele sempre lhe respondia para o que cada um servia, e quais seus propósitos, menos aquela jaula.

“Me recuso a responder.” Disse ele, calmamente e sem hesitar, as orbes amendoadas encarando seus olhos com intensidade. Ele realmente não parecia possuir medo algum, ou receio. “Você ainda tem esperanças de voltar pra sua montanha ou alguma outra?” Naquele momento, Chanyeol se viu confuso. Ponderou consigo mesmo sobre aquela pergunta e percebeu que não sabia ao certo como respondê-la. A vida ali em baixo não era fácil, não conseguia mentalizar um futuro ou um objetivo de vida. Em Elenath ele possuía um sonho, antes de tudo esvair-se de suas mãos. Seus dirigíveis e seus balões agora pareciam apenas ideias de uma criança boba que um dia sonhou em poder pilotá-los e desenhá-los para que todos pudessem usar seus modelos inovadores. Sabia que provavelmente morreria se voltasse para Elenath, mas, de certa forma, sentia uma pontada de esperanças ao pensar na possibilidade de ir para uma das outras montanhas.

“Talvez… Não sei... Não pensei muito nisso.”

“Espero que você lembre sobre o que eu disse sobre não ter como voltar.” Baekhyun comentou, agora parecendo um tanto compadecido por relembrá-lo daquela informação.

“Eu sei, eu me lembro...” Respondeu, tentando dar por encerrada aquela conversa, e mais uma vez o moreno pareceu entender. “Você nasceu em Nost?” Perguntou novamente, agora curioso para saber mais sobre o passado de Baekhyun. Ao que tudo indicava, aquela era a cidade natal do rapaz, já que Corvo havia dado algumas informações vagas sobre o moreno mais jovem.

“Não.” Ele respondeu, curto e direto. Chanyeol esperou mais alguma informação, mas ele apenas sorriu, sorrateiro, e lhe perguntou: “Você já se aliviou desde que chegou ou não?” Mais uma vez aquele assunto constrangedor. Olhou rapidamente para frente, contraindo os lábios pelo nervosismo. Encarou o fogo, os animais assando, as borboletas e até mesmo tentou analisar as flores a sua frente, tudo porque seu coração voltara a disparar pela vergonha.

“Eu me recuso a responder!” Disse, acanhado. O menor deu uma pequena gargalhada.

“Vou interpretar isso como um não.” Ele ainda ria, finalmente retirando dois espertos de perto do fogo, cada um contendo uma ave e entregou um para si. “Falei sério ao dizer que poderia fazer, juro que não olho. Sei como é difícil ficar só na vontade, não precisa ficar se torturando por tanto tempo.” Completou ele, dando uma mordida na ave assada, parecendo saborear o fato de finalmente fazerem uma refeição decente, que não fosse a base de frutas e alguns vegetais. Resolveu, então, tomar mais um pouco de coragem e continuar com aquele assunto, já que o outro havia trazido à tona.

“Você não é virgem, certo?” Aquela pergunta parecia possuir uma resposta óbvia, ainda mais pela forma que o menor tratava o assunto, com aquela tamanha naturalidade, mas queria ter completa certeza.

“Chanyeol, há anos eu vou de cidade em cidade, conheço diversas pessoas… A última coisa que sou é virgem.” Ele sorriu ao terminar de falar, os olhos castanhos mais uma vez fixados no seu rosto. “Se bem que como tenho que bancar sua babá, há meses que não consigo fazer nada com ninguém, estou tendo que me virar sozinho.” Completou ele, rindo.

“Então você… Você… Fica fazendo aquilo… Comigo perto?!” Questionou, ficando chocado com a informação, e o moreno mais uma vez dera uma gargalhada alta.

“Me recuso a responder porque, pelo visto, esqueceu que tem que ser uma pergunta por vez. Sua segunda pergunta acaba de ser invalidada.” Ele alertou, e Chanyeol notou que realmente havia jogado sua pergunta por cima, sem sequer esperar o outro fazer a sua. Resolveu se calar, esperando não parecer tão afoito por ter ouvido tais coisas. Baekhyun havia parado de mastigar e pelo visto elaborava sua nova pergunta. Ele o encarou novamente, franzindo um pouco a testa, como se tentasse enxergar melhor seu rosto, analisando-o. Chanyeol, então, levou os próprios dedos a face, com medo de estar sujo ou de estar com alguma mancha estranha, além da esbranquiçada que o Smiley havia lhe presentado com sua baba preta e corrosiva. Observou os finos dedos morenos de Baekhyun deslizarem pelos próprios cabelos castanhos queimados de sol, retirando-os de seu rosto, até que, por fim, ele lhe fizeram a pergunta: “Você tem vontade de me beijar?”

Chanyeol sentiu seu coração bater forte. Engoliu a própria saliva e teve de prender uma respiração que quase saíra audível demais. Mais uma vez, o menor conseguira arrancar as palavras de sua boca, conseguira deixá-lo estático e sem reação. Há diversos e diversos dias, sonhava em como deveria ser beijar aqueles lábios pequenos e um tanto ressecados, que observava, vez ou outra, enquanto ele dormia ou estava distraído. Queria tanto beijá-lo, tanto… Sabia que havia se apaixonado, todavia sentia-se completamente indefeso perante ao outro, sem esperanças de ser correspondido. Naquele momento, teve certo medo de dizer a verdade, temia ser tudo uma brincadeira, e que no final Baekhyun apenas gargalhasse como ele sempre fazia. Aquilo doeria demais em seu peito, mas o ser humano nem sempre é capaz de controlar as próprias palavras.

“Tenho…” Sussurrou no momento no qual virara novamente a cabeça, encontrando o olhar do moreno. Ele não sorria, mas não parecia irritado, apenas o encarava, sem desviar um segundo sequer os olhos de si. Chanyeol sentiu que poderia sair dali a qualquer segundo, correndo para longe, tudo para tentar fugir da situação na qual havia se metido, desejando poder retirar o que havia acabado de confessar.

“Sua vez, Chanyeol.” Ele instruiu novamente, ainda sério, o olhar fixo no seu. Sentiu suas mãos suando, seu coração batia tão rápido quanto as asas de um beija-flor, e seu estômago embrulhara tanto que praticamente se sentira enjoado. Apertou os dedos no tecido de sua calça, engolindo mais saliva enquanto fechava os olhos para fazer sua próxima pergunta. Chanyeol sabia que estava condenado, era tarde demais para tentar fugir daquele assunto.

“Se eu tentasse te beijar… Você retribuiria?” Questionou de forma quase inaudível, temendo até mesmo ouvir a si próprio dizer aquilo. Obviamente havia se arrependido da pergunta logo após tê-la feito, sabia que, dependendo da resposta, ela poderia ser dolorosa e que talvez um ‘me recuso a responder’ pudesse doer ainda mais que um não. Sentiu que choraria de desespero, realmente não era uma pessoa forte, era um praticamente um bebê chorão e sabia daquilo. Sentiu-se envergonhado, se segurando para simplesmente não sair de seu assento e realmente fugir daquele local. Houve um silêncio onde apenas o som do fogo queimando poderia ser ouvido, até que, ao abrir um poucos os olhos e observar Baekhyun, com sua visão periférica, pôde ver os lábios do moreno se partirem para dar, por fim, a tão temida e ansiada resposta.

 

 

 

 

 

 

 

 

“Sim.”

 

 

 


Notas Finais


Terminamos mais um capítulo, aee! Então, o que acharam? Curiosa pela opinião de vocês!
Essa história tá ficando grandinha, né? No início achei que teria apenas 10, me enganei completamente! Mas espero que estejam gostando desse tamanhão todo de fic, viu? Juro que estou fazendo com muito esforço.

Ps: sou lerda pra responder comentários, mas eu li TODOS e vou tentar responder tudinho logo! Eu amo cada comentáriozinho, e não tenham medo de mandar uns grandes porque adoroooooo!

Vejo vocês no próximo capítulo!
twitter: @tiinkerbaek com dois "i"s


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