História Sorry, I care; hiatus - Introdução

        Seul, algumas horas antes.
    -Mandou me chamar, senhora Nari?
    -Oh, sim. Entre por favor, Yang Mi. Por onde posso começar?  -A mulher à minha frente parecia pensar muito antes de proferir qualquer palavra- Querida, você sabe que é nossa melhor colunista e que sua coluna na revista é uma das mais prestigiadas, o que não é por menos, afinal você conseguiu fazer boa parte da população feminina coreana se interessar por filmes da cultura nerd com apenas um artigo. Recentemente começamos a trabalhar em um projeto voltado à experiências no exterior e eu, particularmente, creio que não há ninguém melhor para o cargo que você, mas o chefe da repartição de esportes da editora está tentando enviar um de seus colunistas -revirou os olhos nervosa- Onde estou querendo chegar é... Seria ÓTIMO para a nossa revista que você fosse, mas para isso você precisa de uma nova matéria. Algo chocante e que surpreenda tanto o público quanto os donos, entende?
    Pensei por alguns instantes e soltei a primeira ideia que me veio à mente: -Algo como "10 passos para chegar ao coração dele sem se apegar"?
    -Algo assim seria ótimo, mas desde que com fundamentos ou com uma "experiência própria".
    -Ah, entendi, senhora. Pode contar comigo, darei meu melhor e com certeza me basearei em experiências próprias.
    Saí da sala contente comigo mesma, por ser competente ao nível de receber essa proposta, afinal sempre quis sair da Coréia e essa era uma oportunidade que eu não poderia dispensar. Agora, é claro, só precisava encontrar alguém para ser minha "experiência própria" nessa loucura toda. 
    Não me leve a mal, não é que eu nunca tenha estado em relacionamentos. Acontece que eu nunca fui a pessoa a estar ali só por diversão e não se apegar nunca, sempre fui muito sentimental. Mas agora precisa ser diferente, meu futuro depende disso e eu não posso falhar.
        Seul, agora.
       [Ligação]
    -Você tá me zoando que a Nari pediu isso?
    -Não, Hoseok. Ela realmente que que eu escreva uma matéria, digamos... BOOM.
    -E caso você surpreenda o chefão, vai morar na gringa? -podia ouví-lo rindo ao telefone por estar me perguntando as mesmas coisas a cinco minutos.
    -Pela sétima vez, sim! Por que é mesmo que eu ainda sou sua amiga?
    -Porque eu sou o melhor amigo do mundo, mais animado e mais lindo! E também porque me ama desde a escola secundária e não poderia viver sem mim, óbviamente.
    -É o mais humilde também, né?
    -Humildade pra que, meu amor? Eu sou tudo isso e muito mais, beijinhos. -agora quem estava gargalhando era eu- Eu sei que sou um ótimo comediante, bebê, mas agora tenho que desligar porque Taehyung está chegando e eu já estou com saudades.
    -Hoseok, vocês se viram hoje de manhã! -revirei os olhos mesmo sabendo que ele não podia ver minha ação- É melhor você se certificar de não me ligar acidentalmente, não quero ouvir e nem pensar no que vocês vão passar o resto do dia fazendo.
    -MI! -me repreendeu em meio a seus risos escandasos que me alegravam tanto- Você não está 100% errada nessas suas ideias aí, eu preciso aproveitar que meu namorado me ama e não vai me abandonar por um emprego na América como CERTAS MELHORES AMIGAS -mesmo que não pudesse vê-lo, tinha em mente o bico infantil que ele com certeza estava fazendo.
    -Ah, Hoseok, não fala assim. Eu não vou te esquecer nunca; nem mesmo se eu sair do planeta! Eu vou sentir saudades, mas o emprego será bom e, com sorte, poderei voltar para te visitar algumas vezes no ano. Mas vai aproveitar seu namorado sim, enquanto eu tento ter ideias de como conseguir alguém para a matéria.
    -Isso quer dizer que a senhora vai à caça hmmmm. -disse meu melhor amigo com um tom de malícia- Depois o saafado sou eu.
    -Para! -disse rindo- Eu odeio você, tchau!
    -Não vou desligar enquanto você não disser que me ama e que eu sou fabuloso.
    -HOSEOK!
    -To falando sério... Se demorar muito, o Tae vai chegar e você vai ouvir o que não quer.
    -Tá bom, tá bom. Eu te amo e você é a coisa mais fabulosa do mundo.
    -E...
    -E o melhor amigo de todos. Agora, tchau.
    -Também te amo, mesmo você sendo uma burrinha que podia simplesmente ter desligado. Tchauzinho!
       [//Fim da ligação]
    Era bom saber que, mesmo quando tudo estava de ponta cabeça em minha vida, eu poderia contar com Hoseok pra me fazer rir e me apoiar. Mesmo que algumas vezes me deixasse de lado para grudar no namorado, ele era um ótimo amigo e não estava errado sobre eu ir "à caça". Precisava encontrar alguém para a matéria rápido, já se passavam seis dias desde o começo do mês e precisava entregá-la em, no máximo, quinze dias.
    Tomei um bom banho, ecolhi uma roupa deveras atraente, arrumei meu cabelo, me maquiei e enfim estava pronta! Decidi dirigir até uma boate mais distante, sem nenhuma razão especial além da minha intuição. Não preciso dizer que não era algo que me agradava; um lugar onde a música é quase tão alta quanto o ego da maioria que o frequenta, cheio de almas vazias a procura de uma transa por diversão ou  de alguém para se divertir e em seguida descartar. Ri comigo mesma; esses pensamentos me faziam parecer uma velha. Talvez esse seja um dos motivos pelos quais nunca consegui fazer ninguém ficar por muito tempo.
    Ao finalmente chegar à boate, sacudi a cabeça espantando esses pensamentos e entrei de cabeça erguida. Fiz uma rápida "varredura" pelo local e não demorei a ter a atenção rooubada por um homem em particular. Ele estava sentado em uma das poucas mesas do lugar, próximo ao bar, seu olhar era distante e parecia triste com algo. Por algum motivo até então desocnhecido, senti vontade de abraçá-lo e dizer que tudo ficaria bem, mas não estava ali para isso. Estava ali para encontrar um "cobaia" e, de certa forma, senti que ele não merecia isso, mas ao mesmo tempo uma parte de mim torcia para que ele me notasse.
    Num momento inconsequente, fui em direção à sua mesa. Não sabia muito bem o que estava fazendo e só me dei conta do que estava acontecendo, quando já estava com uma bebida nas mãos e apontando para a cadeira à sua frente na mesa. Tomei fôlego e enfim perguntei, chamando sua atenção;
    -Com licença... Está esperando alguém? 
    -Não, sou só eu mesmo.
    -Então será que... Posso me sentar aqui?
    -É claro, fico honrado com uma companhia tão bela.
    -Meu nome é Jang Yang Mi, mas pode me chamar de Yang Mi. Prazer.
    -Eu sou Park Jimin, o prazer é todo meu. -sorriu sedutor.
    Ótimo, a operação "Conquistar um cara sem se apegar" começou e em grande estilo. Perfeito!

    Ou não.