História "Sorte" de Garota - Não mais Sozinho

"O que é crescer? Em um dia você está sentada no sofá ao lado dos seus pais, assistindo a novela favorita da sua mãe, enquanto seu pai lê um artigo qualquer de jornal. Você olha em volta e vê seu gatinho estirado no chão se espreguiçando e pensa, talvez seja isso a definição de familia. E então, em um belo dia você acorda com as mesmaa criaturas invadindo o seu quarto para se despedir. Foi aí que cresci. Você pode achar que fora consequência do tempo em que estive sozinha, mas aquele momento, ouvir aqueles dois seres dizendo que me amavam muito, mas precisavam partir, fora um choque, choque este, que nunca quis sentir. Que amor era aquele de que eles diziam, que os faziam acreditar que iam ficar melhores sem mim? Que não fizera suporem que apenas talvez, eu pudesse ir? Mas a questão é, eu queria ir? A resposta de nada importa, já que a pergunta nunca havia sido feita."

— Ellie ?

— An, o que ?

— Você esta escrevendo nesse caderno a tempos, não ouviu o que eu disse ?

— Primeiro, não é CADERNO — disse em um tom um pouco mais alto do que o de costume — é um livro! Segundo, eu não ouvi.

— Eu sei — respondeu, enquanto se recostava em seus ombros a fim de ler o que a garota havia escrito.

— E o que está fazendo? — perguntou Ellie ao notar o sacrifício de Aaron para de se aconchegar.

— Eu, estou tomando o meu espaço!

— Não se toma o que não se tem…

— Ah se toma, o dicionário concordaria.

— Cala a boca!

— Sabe que estou certo, sempre estou.

— É como eu sempre digo, se ache menos.

A verdade é que Aaron não queria tomar lugar algum, a palavra pra ele, tinha definição de algo forçado, e ele não desejava obrigar Ellie a nada, gostava de vê-la escrevendo, a as vezes, gostava do que ela escrevia. Queria apenas ficar ali ao seu lado enquanto o mundo acabava la fora, literalmente.

A chuva viera do nada, trazia paz, silêncio, e Aaron gostava disso, para ele chuva era sinonimo de aconchego, era estar só, coisa que o mesmo não conseguira desde que a conheceu. Já não se sentia mais sozinho. Pensava longe, enquanto lia o que a garota escrevia, ou tentava, já que apenas algumas palavras eram fixadas em seu subconciente, e embora "PAIS" fora citada uma única vez, foi ali que havia ficado. O que eram pais para ele? Como definir essa palavra com base no que ele havia convivido, e presenciado ao conhecer os pais da sua garota? Sempre ouviu das pessoas que pai era quem criava, mas o que seria criar? Alimentar? Garantir uma cama para domir ao fim de uma noite, ou seria aquela mesada que para ele era uma forma de compensar alguma coisa? Sem esquecer do "respeito" que nem eles mesmo tinham por eles, seus filhos?! O pouco que conhecera de pais, dava a ele a conclusão de que nunca iria ser um deles.

— Ô garoto, me responde quando eu tiver falando com você!

— O jogo virou, não é mesmo?

— Cala boca e só responde!

— Eu calo antes ou depois de responder? To confuso.

— Responde, idiota.

— Sim Ellie, eu aceito dormir com você, mais uma vez, não precisa ficar nervosinha.

— Não foi isso que eu perguntei, mas essa seria a resposta.

— Quem é você, e o que fez com a minha garota?

— Não vou dormir com você seu idiota, mas eu deixo você dormir aqui embaixo, no quarto dos meus pais.

— Agradeço, e dispenso, tenho que ir pra casa hoje.

— O que? Mas, por que??

— Preciso ver minha mãe!