História "Sorte" de Garota - Pequenas Deduções

Quando Ellie decidiu mudar de colégio não imaginava que viveria tanto em tão pouco tempo. Em menos de uma semana, já havia sido xingada, julgada, acusada, humilhada e todas as palavras possíveis terminadas em "ada" no dicionário.

A palavra "diferente" nunca tinha feito tanto sentido, e estava convencida de que o Imagine Teen era na verdade um manicômio disfarçado.

— Bem, lá vamos nós para mais um dia! Até mais Luph.

De tudo o que havia passado até agora, ainda se podia tirar coisas boas. Conheceu pessoas novas, e apesar de algumas serem um tanto hostis, malucas e psicóticas, no fundo eram legais, pela primeira vez em sua vida, havia encontrado pessoas que valiam a pena. Pensava, enquanto cruzava a rua para entrar no colégio. Era um dia novo, resolveu não entrar na primeira aula hoje, queria ficar sozinha escrevendo, onde ela considerava ser o seu paraíso.

" Olá, caro leitor... É engraçado falar com voce assim tão informalmente, mais engraçado ainda porque voce na verdade sou eu, e o Luph, mas ele não conta, é um gato, ele não sabe ler, na verdade nem ouvir. Só sabe criticar a minha história.

Esses últimos dias tem sido bastante intensos. Esse colégio, essas pessoas, minha abstinência por miojo tudo está bagunçando a minha vida, os miojos principalmente.

Tudo começou quando esbarrei em um garoto, e ele, me mostrou esse jardim onde estou escrevendo agora. Mathew, esse é o nome dele, ele é divertido, inteligente, e o único defeito é que ele parece um tanto carente de atenção, pois vive tocando nas pessoas.

Há também Ethan, os dois são irmãos, mas Ethan consegue ser um pouco mais bonito, ele também é inteligente, e cuida muito bem dos amigos, mesmo mal me conhecendo me defendeu em um incidente que eu me meti, se não fosse por ele provalmente não estaria aqui agora, sim eu sou meio dramática.

Também conheci uma garota chamada Amy, ela é incrivelmetente irritante quando se trata de garotos, não cala a boca um minuto, e consegue ser mais estressante do que um namorado, não que eu tenha muita experiência com isso, de fato não tenho nenhuma, mas, voltando a Amy, ela é chata, mas é legal.

Conheci James e Isa, e sim, preciso falar dos dois como um só por que são um casal. Ainda não tenho uma opinião formada sobre os dois, mas algo muito estranho aconteceu, Isa deduziu que eu estava dando em cima do seu amor doce, logo eu que não conquisto nem meu gato, a não ser quando lembro de dar sua ração.

E por último, mas não menos importante (eu sempre quis escrever isso) temos Aaron, o garoto chega a ser chato de tão ignorante, mas é bom em guardar segredos. Contanto que não abram o caderno velho dele. Ele não tem amigos, vive sozinho, não gosta de conversas, eu diria que ele é um vampiro, mas o vi sair ao sol, e ele não brilhou, nem ao menos pegou fogo".

Enquanto isso na sala, alguns alunos davam por falta de Ellie. Mathew estava inquieto, havia sentado ao lado de Aaron para discutir o trabalho de português, mas só conseguia pensar na garota.

— Ela está mais atrasada que o normal.
— An? Quem?
— Ellie.
— Ah sim, a sua namorada.
— Ela não é minha namorada, é minha amiga. Mas claro que você não sabe a diferença, não tem amigos.

Aaron fingiu não ouvir, era mais fácil do que discutir com Mathew e ser obrigado a dar um soco em sua cara. Deixou o garoto falando sozinho, e saiu da sala, precisava se acalmar.

— Devia imaginar que estaria aqui. — o garoto falava enquanto se aproximava para sentar ao lado de Ellie.
— O que faz aqui?
— Esse lugar não é exclusivo seu.
— (risos) Entendi a referência.
—  Estava precisando me acalmar, aquele seu amigo ruivo consegue ser mais irritante que você.
—  Eu sei que consegue ser melhor do que isso.
— O que?
— Esse seu escudo que você cria para afastar as pessoas e se proteger, eu entendo, parte de mim é assim. Também gosto de ficar sozinha.
— An? Do que você está falando?
— Eu sei que me entendeu, conheci vários garotos como você, os "rebeldes", mas nenhum deles escreviam em cadernos velhos, então acredito que seja um tanto solitário, mais do que procura ser.
— Acha mesmo que me conhece? Não tem noção alguma de quem eu sou garota!
— Eu não conheço nem a mim mesma, mas eu sei que há muitos motivos pra alguém escrever, e eles nem sempre são bons.
— Fale por você!
— Mas estou falando exatamente por mim, eu escrevo por paixão.. Eu amo livros, mas também para preencher o vazio de ser abandonada.
— Está falando dos seus pais não é?
— Voce conversou com Mathew sobre o nosso trabalho?
— O que? Não precisa mudar de assunto, se não quer falar eu entendo, sou ignorante, não insensível.
— Obrigado. Falei que conseguia ser bem melhor.

Com o tempo Ellie ia percebendo que por trás daquele ser ignorante, havia alguém diferente. Era o primeiro garoto bipolar que ela conhecera, os outros eram apenas rebeldes, mas Aaron tinha um lado misterioso, e acreditava que esse lado não era tão ruim.

O sinal tocou, o garoto olhava para a garota como se a esperasse levantar.

— Não vai entrar? — ele perguntou, apontando a garota para a sala de aula da qual ele havia saído, e ela, nem entrado.
— Não, acho melhor eu ir pra casa.
— E quanto ao trabalho?
— A gente dá um jeito amanhã. Ainda temos uma semana não é mesmo?
— Seria melhor se fizéssemos hoje.
— Pra isso precisamos de Mathew.
— Ninguém precisa daquele garoto irritante.
— Ei, você é o irritante aqui, e o trabalho é em trio, não da pra fazer sem ele.
— Mas daria pra começar...
— E o que sugere?
— Na sua casa ou na minha?