História S.O.S Stiles Ao Mar - Derek

— Não! Chega de apostas! — Gritei chamando a atenção de todos — Theo você ganhou, sendo que nem devia ter me apostado, não sou propriedade sua para ficar jogando dessa maneira. — Falei deixando bem óbvia minha irritação por Theo ter me apostado, sorte que ele ganhou, se não as coisas ia ficar feias. Me virei para o garoto que perdeu e continuei — Garoto, já era. Você teve uma chance que nunca deveria ter tido, porque, novamente, eu não sou propriedade de ninguém aqui para ser apostado! E você... — Me virei para trás e mais uma vez meu sensor de perigo apitou — Chegou tarde, Parrish, não vai mais ter aposta alguma!

— Isso não é justo! — O garoto gritou vindo até mim. Theo avançou mas fiz um sinal para que ele parasse, o garoto não faria nada demais. Doce ilusão, o garoto se ajoelhou na minha frente e pegou uma mão minha, não há um tom de vermelho mais vivo que eu nesse momento — Por favor, me dá outra chance! Prometo que vou ganhar, prometo que vou te fazer feliz!

— Ei, isso já está virando uma palhaçada! — Theo disse vindo até mim e me puxando para si, fazendo com que eu puxasse minha mão que o garoto segurava — Anda Stiles, vamos para uma segunda rodada, deixa eu ganhar você de novo e acabar de vez com esse idiota que não quer acordar pra vida!

— Eu também vou querer participar! — Parrish falou levantando a mão com uma animação estranha — Abram o jogo para outros competidores também! Nada mais justo que isso! — Parrish parecia estar incitando uma rebelião, alguns dos outros garotos que estavam mais para trás, gritaram concordando e foram chegando mais perto, dizendo que também queriam participar.

— Justiça é o caramba! — Falei me soltando de Theo e saindo de perto de todos aqueles que achavam que tinham o direito de apostar eu. Fizeram uma fila, um do lado do outro, deveria ter uns dez, no mínimo e todos estavam me olhando com curiosidade, fora aqueles outros garotos que faziam de tudo para incentivar os amigos que estavam na frente — Querem apostar mesmo? — Perguntei vendo eles concordaram freneticamente — Então apostem para ver quem de vocês vai ser o primeiro a ser fodido! — Gritei, e talvez tenha sido um pouco alto demais, muitas pessoas olharam para mim, e eu voltei a ficar vermelho quando lembrei que tinha crianças perto — Theo, obrigado pelo lobo de pelúcia, mas do fundo do meu coração, espero que venha falar comigo somente quando perceber que não pode ficar me apostando, e quando estiver disposto a se redimir. À todos vocês... — Disse olhando para cada um, até Parrish, que me encarava com um sorriso convencido, como se soubesse o que eu vou falar, ou esperasse algo mais — Es-esquece. — Falei e sai correndo dali, eu não sabia mesmo o que falar, Parrish tinha me deixado sem palavras, e não foi de um jeito bom. Tem algo muito errado sobre ele, e até o final dessa viagem eu vou descobrir. Depois de sair da visão deles, comecei a caminhar normalmente. Por que eu não sou tão disputado assim em casa? Bom, lá eu tenho o Xerife, que é um pai superprotetor mesmo quando não há motivos. Uma vez eu me afoguei tomando um copo d’água, e ele estava em casa, o desespero dele era preocupante, mesmo depois de ter voltado ao normal ele insistia na ideia de eu deveria ir ao hospital, ou pelo falar com Melissa, para ver se tinha algum risco a mais. Uma vez, fui chamado para sair por um garoto um ano mais velho, mas o garoto acabou me dando um bolo, e bom, sabem como adolescentes são. Quando cheguei em casa, meu pai perguntou o porquê de eu estar triste, e eu contei. Descobri alguns dias depois, pelo mesmo garoto que me deu bolo, que alguém tinha atirado em todos os pneus de seu carro, além de ter feito um risco enorme na lataria do carro. Quando cheguei mais tarde em casa, eu corri e abracei meu pai, contando o que eu tinha descoberto. Ele se negou até o último segundo, mas de noite, rolamos no chão quando ele admitiu que tinha sido mesmo ele.

É claro que também tem o Scott, mesmo agindo um pouco estranho quando descobriu que eu era gay, nunca se afastou de mim, e sempre que alguém desconhecido chegava perto, ele se tornava um cão de guarda, se Scott não confiava na pessoa, pode ter certeza que nunca mais a veria na vida. Cheguei na porta do meu quarto e parei um pouco, estava cansado de carregar aquele lobo gigante e também estava cansado de ficar a manhã e tarde toda brincando, meus braços estavam doloridos por demais. Abri a porta e percebi que meus problemas ainda não tinham acabados, o lobo não passava pela porta, não importa de que modo eu tentasse, a porta era alta, mas estreita — Aí glória, essas coisas só acontecem comigo mesmo! — Empurrei o lobo e ele ficou preso na porta, agora ele não passava e nem voltava, se eu não achar uma solução logo vou ter que dormir no corredor, e não vai ser algo legal. Ainda mais com tantos garotos me querendo, obviamente nu. Olhei para um lado do corredor e para o outro, tendo a certeza que ele estava vazia fui para o outro lado me encostando na parede. Fiz um pequeno alongamento, sentindo alguns dos meus ossos estalar, acho que estou ficando velho, foquei meu olhar no lobo e comecei a correr em sua direção. O corredor é bem largo, então vai ter espaço para que eu tome impulso, se não vai por bem, terá que ser por mal. Quando estava bem perto, saltei, jogando todo meu peso sobre o lobo e vitória! Bem, vitória para o lobo, ele mal se mexeu enquanto eu caia no chão e batia minha cabeça. Minha sorte é que não foi uma batida muito forte, infelizmente isso não ajudava a diminuir a dor. Fechei os olhos e parei um pouco.

— Se fingir de morto não vai evitar sua morte pelas minhas mãos. — Ouvi Derek falar e me sentei num pulo, me sentindo tonto logo depois, comecei a me arrastar até sentir o lobo nas minhas costas — Está com medo? — Ele se abaixou na minha frente e estendeu o braço, apoiando ele ao lado da minha cabeça.

— Eu não estava me fingindo de morto, eu só estou com dor de cabeça! — Falei e segurei seu pulso, jogando sua mão para o lado, seus olhos verdes pareciam ter assumido um brilho mortal, apenas com este meu movimento. Esse cara é com certeza um psicopata.

— Já usou essa desculpa, não é? — Ele perguntou me encarando profundamente — E você não respondeu minha outra pergunta, está com medo?

— Me-me deixa em paz! Eu não sou obrigado a responder perguntas idiotas como essas! — Falei e antes que pudesse evitar sua mão já estava segurando meu pescoço. Derek não estava me machucando, mas era óbvio pelo aperto, que não queria deixar que eu saísse tão facilmente. Ele me forçou a encará-lo, sua íris verde parecia estar mudando de cor, era como se o sangue estivesse invadindo elas. Parrish ativava meu radar de perigo, Derek, o de curiosidade, eu não me sentia ameaçado por ele, mas ainda assim sentia medo. É algo estranho, mas é assim que ele estava fazendo eu me sentir no momento, curioso e com medo. Eu não admitiria para Derek que estava com medo, mas algo me dizia que ela já sabia disso, talvez fossem seus olhos totalmente vermelhos agora, ou o sorriso doentio que ele tinha, independente de qual fosse, ele parecia estar se divertindo e muito com a situação — Vai embora.

— Ainda não. — Ele disse e sorriu mais um pouco, tive certeza que estava alucinando quando seus dentes começaram a parecer maiores e suas orelhas mais pontudas. Ele soltou meu pescoço, eu me levantei e comecei a correr o mais rápido que conseguia. Minhas pernas tremeram e cai de joelhos no chão, ele estava parado na minha frente, não tinha como alguém ser tão rápido. Derek aprecia normal de novo, exceto pelos olhos, que continuavam vermelhos — O que foi? Parece tão fraco agora, o que aconteceu com toda aquela disposição de ontem de noite quando me jogou duas vezes na piscina? — Eu não falei nada, abaixei minha cabeça e fiquei sentado no chão, eu não sei o que está acontecendo, se Derek é assim, ontem foi pura sorte, eu peguei ele desprevenido. Talvez pudesse fazer de novo, me levantei devagar sob o olhar de Derek, mantive a cabeça baixa, não queria que ele percebesse aonde eu estava mirando. Chutei, e falhei. Ele segurou meu pé com uma mão, impedindo que chegasse ao alvo, e agora eu estava sobre uma perna só — Não vai funcionar uma segunda vez! Eu não consigo acreditar que tenha mesmo tentado algo tão baixo de novo! — Ele rosnou? Sim, com certeza isso foi um rosnado. Derek jogou minha perna para o lado com muita força, me fazendo girar e ficar de costas para ele, aproveitei e corri mais uma vez, em direção ao meu quarto. Infelizmente, aquele lobo ainda estava tampando a entrada, cheguei em frente ao lobo e pulei escalando ele rapidamente e caindo dentro do quarto. Me senti aliviado ao ver que Derek tinha parado do outro lado, espero que ele não tente escalar, me senti extremamente burro ao ver que ele nem precisou, Derek simplesmente entrou jogando o lobo em qualquer canto do quarto. Totalmente útil para impedir que eu entrasse, mas para alguém que queria me matar, ele simplesmente saia da frente — Pelúcia interessante.

— Vai embora. — Disse enquanto ele se aproximava de mim, nem me importei mais em correr, tenho certeza que não importa o lugar que eu vá, ele vai conseguir entrar de qualquer maneira. A parede tocou minhas costas e Derek parou na minha frente, ele estendeu sua mão e tocou na minha bochecha, seus olhos pareciam estar mais vermelhos ainda, não entendo como isso pode ser possível.

— Derek! — Quando percebi a mão de Derek já estava nos bolsos de sua calça e ele encarava Malia, que estava parada na porta, com tédio — Meu pai quer está procurando você a muito tempo, anda logo! — Derek não olhou mais para mim, apenas passou reto por Malia e sumiu da minha vista.

— Como sabia que ele estava aqui? — Perguntei já sentando no chão, tenho certeza que estava horrível.

— Apenas um pressentimento. — Ela respondeu e saiu fechando a porta, me deixando sozinho ali, exausto. Eu, definitivamente, precisava descobrir mais sobre Derek Hale.