História S.O.S Stiles Ao Mar - Stiles

— Stiles! O que você está fazendo aí? — Fui acordado mais uma vez pelos gritos de Lydia, eu estava tonto e por um momento não sabia de nada, até que me lembrei o que tinha acontecido e percebi que ainda estava sentado no chão, eu devia estar muito cansado para dormir desse jeito, já que nunca fiz isso — Anda Stiles, se mexe, não vai ser bom se continuar aí. — Lydia falou me puxando para cima e me obrigando a ficar de pé — Você vai me contar tudo, mas por enquanto é melhor tomar um banho, você está simplesmente horrível.

— Sim, senhora. — Não ousei contestar ela, até porque, eu tinha consciência de que minha atual situação não era agradável à ninguém, muito menos minha melhor amiga, que por mais louca que seja às vezes, sempre teve uma preocupação especial comigo. Quando entrei debaixo do chuveiro e senti a água quente correr pela minha pele, uma enorme sensação de alívio me preencheu. Eu não acredito que Derek tenha realmente feito isso comigo, e o que exatamente era ele, até pensei ter sido drogado de alguma forma, mas acho que não há nenhuma droga que cause alucinações tão minimalistas e detalhadas assim. E mesmo que aja, qual a chance de eu ter sido drogado justamente por ela, e ela ter se encaixado perfeitamente para o que Derek faria. Não, aquilo foi real. Seus olhos é aquela transformação física são reais sim, por mais fantástico que possa parecer, eu sei que é real. E se existe um, podem haver mais, o problema é saber reconhecer eles. Se todos tivesse a mesma personalidade de Derek, não acho que seria um grande problema, aparentemente eu só preciso deixar ele com raiva para que se transforme, e pra minha sorte, ou azar, eu faço isso apenas respirando no mesmo ambiente que ele. Mesmo sentindo que as ameaças de morte de Derek sempre foram verdadeiras, agora elas pareciam ser mais ainda, e mesmo assim, eu continuo me sentindo atraído por aquele idiota, isso não é algo que eu possa deixar de lado. Duvido que toda a raiva de Derek sobre mim seja apenas porque eu sinto uma atração por ele, um cara como ele já deve ter feito milhares se ajoelharam perante si, mas a sua insistência comigo me leva a acreditar que há algo a mais em relação a mim, mesmo que possa ser um desejo insaciável de me matar. Termino meu banho, me seco e já coloco meu pijama, Lydia já havia deixado ele no banheiro — Lydia, você pode me emprestar seu notebook? — Ela apenas concordou enquanto ia em direção ao banheiro. Peguei o notebook dela e me sentei na mesa. Sempre fui muito bom em achar coisas, mas essa estava me dando um bom trabalho, como eu pesquisaria “Homem-Monstro”, “Homem com olhos vermelhos e presas”? Sinceramente, tudo o que me aparecia eram lendas e folclores típicos de cada povo, dezenas de criaturas tinham descrições parecidas ou até mesmo idênticas, as únicas coisas diferentes são os nomes, que variam de país para país. Aquilo estava me cansando, não consegui achar nada objetivo, eu só queria uma resposta direta para algo que talvez nem fosse real.

— Pode ir abrindo o jogo, Stiles! — Lydia chegou ao meu lado, meio que gritando, me dando o maior susto. Me apressei e fechei tudo o que tinha aberto em seu notebook, eu não precisava me preocupar em apagar histórico, ela nunca olha mesmo. Lydia só tem notebook para assistir suas séries, ela ama as de sobrenatural, principalmente “The Vampire Diaries”, eu não gosto muito, mas acompanho também, bom, admito que é pelos atores. Voltei a me focar em Lydia e contei tudo o que tinha acontecido, desde o começo do dia com o Theo até a loucura de Derek, além é claro do que estava pesquisando agora — Stiles, quando estava com Theo, ele não te ofereceu nenhuma bebida com gosto estranho? E o Derek? Não fez nada suspeito enquanto você não prestava atenção? Não sentiu cheiros diferentes, algum tipo de gás entorpecedor talvez?

— O Theo não fez nada, e o Derek, além de tentar me matar, também não fez nada demais. — Respondi vendo ela estreitar os olhos para mim, claramente desconfiada — Acredita em mim, Lydia, eu sei que o que vi não foi nenhum tipo de alucinação! Era real, é real! Mas eu não consigo encontrar nenhuma resposta que realmente me tire dúvidas, ao contrário, cada vez mais minhas dúvidas só aumentam! E o pior é que não consigo parar de pensar no louco do Derek, eu estou ferrado!

— Ei, calma Stiles. — Lydia ficou me chacoalhando até que eu parasse de falar e prestasse atenção nela — Já pensou que pode estar complicando demais? Quanto mais você procura, mais informações acaba tendo, e consequentemente mais dúvidas. Para mim, é bem óbvio o que Derek é, porque eu não busco complicar as coisas, eu simplesmente uso o que tenho com um pouco mais de informações e pronto, já tenho a resposta em mãos, afinal eu sou uma gênia, todo mundo sabe disso, sou maravilhosa... — Enquanto Lydia continuava a se gabar, eu peguei algumas bolachas que estavam em cima da mesa e comecei a comer, com, provavelmente, a maior cara de tédio que alguém poderia fazer. Ela deve ter ficado falando de si mesma por pelo menos mais cinco minutos, até que parou e me olhou como se realmente fosse começar a falar algo útil — Derek Hale com seus olhos vermelhos, garras e presas é com certeza um dos lobisomens mais gatos que eu já vi fora das minhas séries e filmes. — Eu queria ter feito algo super exagerado de uma pessoa extremamente surpresa, mas as únicas coisas que eu consegui fazer foi revirar os olhos e bater minha cabeça na mesa. Era o que estava merecendo. Lydia em toda sua falação estava certa, eu compliquei demais algo que só precisava do básico para poder ser resolvido — Agora Stiles, presta atenção, você deve ter percebido que os talheres deste cruzeiro são todos de prata, então amanhã de manhã, nós vamos enfiar algumas facas nele, talvez ele morra, mas é a vida.

— Isso não é a vida, Lydia. — Falei e ela apenas deu de ombros, acho que ela só queria mesmo é ver se um lobisomem pode ser realmente morto por prata ou não, isso se Derek for mesmo um lobisomem, parece tão surreal que eu estou começando a duvidar da minha própria afirmação ao ter dito que aquilo era verdadeiro. Mas eu não tenho nada a perder, Derek já estava querendo me matar, uma faquinha aqui e outra ali, não vai fazer a mínima diferença agora. Conversei mais um pouco sobre coisas totalmente aleatórias com Lydia e resolvi que daria uma volta, eram nove da noite ainda então haveria bastante gente fora de seus quartos, isso deveria manter Derek a uma distância segura para mim, eu espero. Antes de sair de uma leve revirada pelo quarto procurando algo que talvez fosse precisar. Aquele cruzeiro era enorme, Theo tinha me dito que tinha até um shopping ali, eu gostaria de ir, mas agora estou com preguiça, fora que já deve estar fechado, apenas algumas prováveis lojas vinte e quatro horas deveriam estar abertas. Queria ir com Theo, mas depois de hoje e sua atitude um tanto quanto infantil, me pergunto se seria mesmo uma boa ideia, quer dizer, Theo é um cara bonito, é legal, e sabe tratar os outros muito bem quando quer, e tem várias outras qualidades, mas às vezes, simplesmente não dá para saber o que ele quer. É óbvio que ele quer me conquistar, não que precise de muito para isso, mas Theo não sabe disso e eu estou adorando a forma que ele me trata, mas ele quer algo mais, eu não me surpreenderia se ele quisesse um relacionamento longo, e dependendo de onde ele morasse, seria perfeito. Na escola, todos morreriam de inveja, Theo era um Deus. Mas também tem Derek, que mesmo querendo me matar, eu não consigo parar de pensar dele, e muito menos me imaginar sendo afastando dele, tem algo me movendo para cima de Derek, e tem algo movendo ele para cima de mim, mesmo que de formas diferentes. Talvez, esse ser disputado que me tornei, desde que cheguei aqui, tenha algo a ver com isso, só que Derek é afetado de um modo diferente já que é um lobisomem. Ou isso tudo é só a minha cabeça querendo arranjar possíveis motivos para eu continuar encantando com Derek, mesmo ele sendo um louco, azedo, lobisomem e com sérios problemas no controle da raiva. Sinceramente, eu já não sei o que faço da minha vida. Quando dei por mim, mais uma vez estava de frente para a piscina, o céu estava encoberto por grandes nuvens negras, deixando que ambiente fosse tomado por um ar sombrio. Senti um arrepio percorrer meu corpo e me arrependi de ter vindo aqui fora, não tinha ninguém ali e a noite estava escura, perfeita para um monstro, vulgo Derek, matar alguém muito bonito, vulgo eu. Ouvi uma risada baixinha mas grossa, meu alerta de perigo não disparou então eu já sabia quem era, e aquilo só piorava a situação.

— Por que continua voltando? Achei que ia ficar no seu quarto até amanhã, estou surpreso que tenha tido a coragem de sair antes. — Derek estava com as mãos nos bolsos do casaco, sua expressão era de leveza e ele estava muito bonito, infelizmente. Quem o visse assim, não diria que ele era louco, mas suas palavras calculadas e frias evidenciavam bem isso, mesmo que talvez só eu percebesse — Está pensativo. Olhando agora, eu diria que o que lhe fiz ainda foi pouco, não parece muito abalado. É claro, é apenas uma forma de ver. — Ele sorriu e mais uma vez senti meu corpo se contrair, Derek conseguia ser ameaçador até mesmo na sua postura. Ele dava um passo de cada vez, mas eu não podia fazer nada, se eu desse um passo para trás, cairia na piscina, se corresse para qualquer lado, Derek me pegaria antes que eu sequer processasse, a única coisa que podia fazer era continuar no lugar e ir me encolhendo cada vez mais. Ele parou a quatro passos de distância, seu sorriso sumiu, seus olhos brilhavam em vermelho mais uma vez e Derek simplesmente ficou me encarando. Não achei que fosse possível, mas de tudo que ele poderia fazer, essa com certeza era a pior coisa. O medo de piscar e ter sua garganta rasgada, o medo de dar um último suspiro, o medo de fazer qualquer coisa mínima e isso terminar na sua morte, era assim que eu estava me sentindo, seus olhos pareciam estar tentando me derrotar de dentro para fora, e isso com certeza estava acontecendo. Não consegui aguentar, levantei minha mão em direção ao meu rosto, mais em menos de um segundo, ele estava perto de mais segurando com força me pulso e impedindo qualquer movimento. A minha primeira lágrima correu pelo meu rosto, a primeira desde que minha mãe morreu quando eu tinha seis anos, prometi a mim mesmo que não choraria mais, que seria forte. Quando meu pai teve problemas com a bebida e acabava quase morrendo no sofá, tudo o que eu queria fazer era chorar, mas eu fui forte, e agora, um cara que eu não tinha ideia da existência consegue me fazer chorar apenas me encarando, e o pior de tudo é que é um choro de medo, não de tristeza ou dor, mas medo. Derek conseguiu isso, e era a pior sensação que eu já senti. Levantei minha outra mão tentando secar as outras lágrimas que começaram a cair, mas Derek também a segurou. Minha visão estava ficando turva, mas eu consegui ver bem quando o brilho em seu olhos aumentou. Meu coração disparou quando senti seus dedos passando por minha bochecha, minhas mãos já não estavam mais presas, eu podia atacar ele agora, mas eu não consegui — Não devia estar chorando... — Eu não teria ouvido o que Derek disse se ele não estivesse na minha frente, ele abaixou sua cabeça e a respiração foi ficando cada vez mais pesada, eu conseguia ouvir rosnados misturadas a ela. Ele estava se transformando de novo. De repente, Derek olhou para mim e seus olhos vermelhos pareciam ter perfurado minha alma, senti os dedos dele secarem minhas lágrimas enquanto caia de joelhos no chão, ele me levantou e me pôs na espreguiçadeira mais próxima, eu estava quase desmaiando mas consegui manter minha consciência até que ele terminasse de dizer — Não pense que isso vai mudar alguma coisa, Stiles.