História Sou sua - Escutar a conversa dos outros é feio

Depois de meia hora ele já estava na portaria e o porteiro já tinha permitido sua passagem,dei uma última olhada pela casa pra ver se estava tudo em ordem,ok.A campainha tocou e eu fui atender a porta,dei uma olhadinha no olho mágico pra dar uma conferida no material,kkkk,e,nossa não tinha reparado em tudo aquilo.

-Oi.-dei dois beijinhos nele,que cheiroso.

-Oi Laura.

-Entra...-dei o lado pra ele entrar,ele o fez mas em seguida parou.

-Então,espero não estar te incomodando,foi meio em cima da hora né?

-Capaz,fica à vontade,a casa é sua,quer beber alguma coisa?

-Obrigado e não.Desculpa a indescrição mas,você mora sozinha?

-Sim,gosto de liberdade,não dar satisfações à ninguém.

-Isso é muito bom.

-Vem comigo pra cozinha,estou terminando a comida

-Nossa,o cheiro está muito bom.

Fomos até a cozinha e eu pude perceber que ele estava um pouco travado,decidi abrir um vinho e servir em duas taças,quem sabe assim ele não fique mais à vontade.

-Aceita?

-Claro,obrigado.

-Olha,como não sei o que você gosta de comer,fiz um pouco de cada coisa:lasanha,arroz,massa,molho á bolonhesa,frango ao molho branco e de sobremesa,pudim e mousse de morango.

-Nossa,nem precisava de tudo isso,até um arroz com ovo frito já estava bom,mas pode ter certeza que vou experimentar um pouco de tudo.-que sorriso lindo que ele tem.

-Bom,me ajuda á pôr a mesa?

-Claro,onde ficam os pratos?

-Na segunda porta á esquerda.

E não é que o vinho deu efeito,ele estava mais solto e brincalhão,como hoje na loja.Já tinhamos terminados de jantar e de lavar a louça,que ele fez questão de o fazer,bem prestativo o moço.Estávamos voltando pra sala quando ele pediu pra usar o banheiro,mostrei à ele e fui me sentar no sofá.Liguei o som baixinho e ouvi um toque de celular,mas não sabia de onde vinha,até que escutei David falando,ou melhor discutindo.Não aguentei a curiosidade e fui pé por pé até a porta do banheiro pra escutar.

-Não Sara,hoje eu não vou voltar pra casa-meu Deus,ele mora com a namorada e não vai ir pra casa hoje...-não vai adiantar nada você chorar,não me convence de nada.-deu uma pausa,ela deveria estar furiosa porque dava pra ouvir o tom de sua voz-Faça o que quiser,toma a cartela toda e dorme por um ano...já perdi muito tempo contigo,passar bem Sara.-desligou.

Voltei o mais rápido que pude sem fazer barulho e me sentei no sofá,logo em seguida ele chegou na sala e sentou-se no outro sofá,ele estava vermelho.

-Quer escolher uma música/-coisa feia,nem parece que eu estava ouvindo tudo atrás da porta.

-Você gosta de pagode?

-Sim,se você quiser,pode colocar,vou pegar o vinho que esqueci na cozinha e já volto.

-Tá bom.-quando eu já estava voltando percebi que seu celular estava tocando de novo e ele o  desligou,ficando meio sem graça quando viu que eu percebi o que fez.

-Sei que vai me achar um idiota,mas minha namorada,ex,sei lá,estava me enchendo o saco.-deu um sorrisinho sem graça.

-Sem problemas-vou tentar sondar-quer dividir alguma coisa,posso te ajudar.

-Não quero te chatear com meus problemas.

-Pode falar,não me incomodo,-vamos,fala e mata minha curiosidade-as vezes é bom ouvir uma opinião de alguém de fora.

-Pois é,já me disseram isso,mas tudo bem eu conto.

Depois de quase duas horas de explicações,eu fiquei abismada com tudo,que mulher mais idiota.

-Falei demais né?-falou coçando a cabeça,percebi que fazia isso quando ficava meio envergonhado.

-Posso te fazer uma pergunta bem pessoal e indiscreta?

-Depois de ter me ouvido pode fazer a pergunta que quiser.-levantou as mãos em forma de rendição e sorriu.

-Como você consegue ficar ao lado dela por tanto tempo sem ficar com vontade de transar.

-No começo foi punk,mas depois a gente acostuma,toma um banho gelado e...-meu senhor,ele se mansturba,preciso ouvir isso.

-E...

-Que vergonha,mas sim,eu me ajudo,se é que me entende.-ele ficou vermelho e escondeu o rosto atrás das mãos,que fofo.

-Tá e porque se envergonhar disso,todo mundo faz,-tentei imaginar a cena,kkkkk

-Porque é diferente falar pra uma mulher.

-Nossa,tá mas depois que você decidiu esperar a coisa começou a desandar pelo que entendi.

-Sim.

-E você não está mais aguentando isso,certo?

-Certo.

-Então porque você não larga fora,sabe,você está atrasando ela,que vai sofrer se você terminar com ela,mas que pode conhecer alguém,assim como você.porque uma hora ela vai querer levar esse relacionamento pra outro nível e assim só vai piorar depois.-ele baixou a cabeça.

-E o pior é que eu sei,mas não tenho coragem de fazer isso.

-Você não ama ela.

-Não sei.

-Não perguntei,eu aformei isso,você não a ama,deixa ela achar alguém que possa amar ela de verdade.

-Já fiz isso,mas depois a gente volta.

-E começa o ciclo de novo,você se acostumou a ter alguém contigo,não interessa que vão se magoar,vocês aceitaram essa forma louca de estarem juntos.

-O que você acha que eu deva fazer?

-Deixar ela ir embora,pelo bem dos dois.Ainda bem que vocês não transam,imagina se tivesse uma criança envolvida nisso tudo?

-Tudo que eu mais quero,um filho,meu filho.

-Sabia que mulher tem prazo de validade?

-Como assim?

-Mulher tem idade pra ter filhos,você não,quanto mais tempo você arrastar a relação de vocês pra depois dar um basta,ela não vai ter tantas chances de ter um filho,acha isso justo?

-Não,vou conversar com ela amanhã,decidir o que fazer.Obrigado por me escutar,de verdade.

-Estarei sempre aqui pra te ouvir.-dei um sorriso sincero pra ele,que me devolveu um sorriso iluminado.

-Se não fosse por você não estaria agora te enchendo o saco.

-Pois é,mas não fica assim.

-Eu já vou indo,obrigado pela janta e por me ouvir,você teve muita paciência.

-Não foi nada,mas volta pra casa e pensa com calma em tudo isso.-fomos até a porta e eu abri pra ele.

-Até...

-Até David.

Ele se foi e eu fechei a porta,será que fiz mal em dar palpite,porque vai que ele entenda tudo errado,sei lá,que droga,me arrependi.